Sarah.Dias depois...— Cristal está cada dia mais linda e esperta. — Sorri para o comentário da Amely.Estávamos em sua casa, em um almoço em família, conversando e rindo dos nossos maridos. Eles eram uns bobos quando o assunto era os filhos.Essas crianças os tinham amarrados em seus dedos mindinhos.— Sim, tem dias que ela fala tantas coisas sem sentido e que só ela entende, que me deixa louca. — Rimos.— Theo também está na fase de tagarelar sem parar, ele é ciumento e possessivo como o pai.— Lembro de quando os gêmeos tinham essa idade. — Cristine falou, saudosa. — Era irritante e lindo, ao mesmo tempo. Dylan sempre fazia um esforço enorme para entendê-los, mas nem sempre era possível, pois os dois conversavam ao mesmo tempo. Nossa risada aumentou.— Já estou me preparando para quando os gêmeos estiverem assim. — Duda comentou, seus filhos ainda eram bebês de poucos meses. — Sei que será trabalho em dose dupla.— Quantas risadas! — Nossos maridos se aproximaram de nós. — Podemos
Sarah.Dois meses depois…Ouvi o chorinho de Raquel, mas estava tão cansada que não me levantei para vê-la.Desde que ela havia nascido, dois dias depois do nosso casamento, eu não tinha muito tempo para dormir. Minha filha tomava muito do meu tempo e, como eu já era mãe de uma criança pequena, não tinha muita desenvoltura para lidar com as duas ao mesmo tempo. Era tudo muito novo para mim. Muitas vezes liguei chorando para minhas amigas, pedindo socorro, ou chamei minha sogra para me ajudar a saber o que Raquel queria, pois tinha vezes que ela não parava de chorar por nada. Minha segunda filha era mais difícil de lidar do que Cristal.Descobri assim que ela sofria com cólicas e que tive que mudar minha alimentação e passar a fazer massagem relaxante com óleo para bebês, passava horas com ela em meu colo, dava banhos relaxantes e fazia exercícios abdominais, tudo para aliviar as cólicas.Foram dois meses bem cansativos, o que resultou em muitas noites de choro da minha parte. Henrique
CristineMeses depois…Estávamos no jardim da nossa casa vendo as crianças brincarem. Era aniversário dos gêmeos e nossos amigos estavam aqui com os filhos para comemorarmos juntos.Eu os conheci por meio de Dylan, que era amigo de Marcos, que se casou com Amely há dois anos e, por consequência, Henrique, irmão de Marcos, assim como Sarah, sua esposa, Maria Eduarda, amiga de Amely, e seu marido Alan. Nós nos tornamos bem amigos, quase família.Sarah senta ao meu lado, rindo das palhaçadas que Henrique fazia com os meninos.— Meu marido é um palhaço.— Ele gosta muito das crianças.— Sim, só seu ciúme com nossas filhas que me dá nos nervos. — Sorrio para ela.Dylan não é diferente quando o assunto é Milena.— Raquel está cada dia mais esperta. — Ela estava engatinhando no cercadinho com os filhos da Duda e do Alan.— Sim. — Ela olhou para a filha batendo palmas ao conseguir pegar o brinquedo e sorriu.Voltei meus olhos para o celular, onde havia chegado uma mensagem de um amigo polici
Sarah.Assim que fiquei sozinha com Henrique, me virei e o olhei.— Fui abusada por um amigo dos meus irmãos quando eu tinha 18 anos. — O quê? Me diz que isso é mentira. Isso é mentira, não é? — suplicou, gesticulando com as mãos, sem saber como agir depois do que revelara.Sem poder conter, as lágrimas não paravam de cair, neguei com a cabeça.— Infelizmente, é verdade, Henrique. Anderson me violentou, se aproveitou que eu estava bêbada e abusou de mim.Henrique pegou um copo que estava sobre a mesa e o quebrou na parede.Ainda bem que estávamos sozinhos, ou teríamos gritos ecoando pela cozinha devido ao susto do copo se espatifando na parede.Sem conseguir mais controlar meu corpo devido à angústia que me tomava, sentei-me e comecei a chorar mais fortemente.Henrique logo me alcançou, me abraçou apertado e me consolou.— Me perdoe. Perdoe-me. Levantei o rosto e fitei seus olhos negros.— Pelo quê? — Por tudo o que aconteceu. Por tudo o que esse miserável lhe fez.— Você não tinha
SarahAssim que saímos da casa de Cristine e Dylan, seguimos para nossa casa. Estava triste e abalada por tudo que me aconteceu hoje. Henrique também estava calado, refletindo sobre tudo que lhe contei. As coisas estavam estranhas e um clima quase fúnebre havia se instaurado entre nós.— Você está bem? — Henrique me perguntou. Ele estava com Cristal em seus braços. Ela dormia profundamente.Já havíamos chegado à nossa casa.— Não, mas vou ficar. — Peguei Raquel de sua cadeirinha e nos encaminhamos para dentro de casa.— Subimos para o andar dos quartos e colocamos as meninas em suas camas.Raquel já havia mamado e logo pegaria no sono. Eu não precisava ficar com ela até dormir e era grata por isso.Após nossas filhas dormirem, saímos do quarto delas e fomos para o nosso.— Henrique? — O chamei.— Sim? — me respondeu em tom de pergunta.— Está tudo bem? — Meu lábio tremeu ao lhe perguntar isso. Confesso que temia sua resposta, temia que me visse de outro modo ou que deixasse de me amar.
CristineTrês meses depois. Olho pela janela de uma das salas do fórum e suspiro.Estou bem próxima de condenar Anderson e sua esposa. Consegui reunir muitas provas contra ele e convenci diversas mulheres, que ele abusou, a depor contra ele.Ele vai a júri popular e sua condenação é certa.Sarah é uma dessas mulheres que aceitaram prestar queixa contra ele. Foram meses de noites em claro estudando, investigando e reunindo provas para chegar onde estamos hoje.A revelação sobre o estupro que Sarah sofreu caiu como uma bomba, abalando a todos. Henrique se culpou ainda mais por tudo que fez a ela depois que soube pelo que ela passou nas mãos de Anderson. Seus irmãos se culparam, como já era esperado, e quiseram fazer justiça com as próprias mãos. Foi tenso controlar todos os ânimos naquele dia.A história foi revelada no final da festa. Sarah me deixou encarregada de contar todos os detalhes do caso e depois revelou que fora uma das vítimas dele. No dia da festa, só estavam: Henrique, Ma
Henrique.Meses depois...Ouvi a risada cristalina das minhas filhas ecoando pelo jardim e meu coração se aqueceu. Era um som que me trazia paz, algo que eu jamais imaginei que faria parte da minha vida. Se, anos atrás, alguém me dissesse que um dia eu estaria feliz por estar casado e me tornar um homem de família, provavelmente eu teria dado um soco na cara dessa pessoa e seguido minha vida como se essa ideia nunca tivesse sido dita.Família, mulher, filhos... nunca foi o que eu quis. Eu era um cafajeste sem remorso, um homem que se recusava a se apegar. Mas o destino é traiçoeiro, e hoje sou grato a ele por ter me mostrado o que realmente importa. Deus me deu algo que eu não sabia que precisava: uma família. Minha esposa, minhas filhas, os meus bens mais preciosos. Elas me deram um propósito, algo pelo que lutar e me tornar um homem melhor a cada dia.— E esse sorriso bobo? — A voz de Marcos, meu irmão, me tirou do transe.Ele parou ao meu lado e pousou a mão em meu ombro. Olhei para
Henry Davis MichelLevo o copo de uísque à boca enquanto olho a foto do meu casamento. Emanuele, minha falecida esposa, foi a mulher mais bela que já tive a oportunidade de ver e a amei alucinadamente durante todos os anos em que convivemos.Ainda a amo, na verdade.Casei-me com ela ainda muito jovem, com 20 anos, e logo depois tivemos o nosso único filho, Michel. Fui feliz com ela até o dia de sua morte, há 10 anos. A sua perda foi a dor mais intensa que já senti. Algo que não desejo nem para o meu pior inimigo.Emanuele morreu decorrente de um acidente de carro quando ainda morávamos em Nova York. Após passar três dias internada, recebi a notícia de que seu quadro havia se agravado e, para minha tristeza e infelicidade, ela não resistiu e morreu, levando minha vida com ela. Dessa união feliz que tivemos, nasceu Michel, o meu único filho.Ele já tem 40 anos, nunca se casou e me dá muitos cabelos brancos com sua vida promíscua. Sua vida é de noitadas e sexo sem compromisso, o que me d