Capítulo 4

Capítulo 4

Sara

Minutos antes…

Ao entrar na sala do senhor Henrique e focar em quem iria me entrevistar, senti meu peito disparar, ele era lindo e seus olhos me olharam de uma forma tão… Intensa, me esquadrinhando que me deixou quente e sem ar.

Me vi mais tímida do que geralmente sou e precisei reunir toda a coragem que eu não tinha para lhe dar bom dia.

Assim que as palavras saíram da minha boca, ele pareceu perceber que apenas me olhava sem me mandar entrar em sua sala.

Ele me deu um sorriso matador e senti minha calcinha molhar apenas com seu sorriso de lado, pelo visto eu sofreria se conseguisse esse emprego.

Ele apontou a cadeira a sua frente e eu forcei minhas pernas até ela e me sentei de frente para ele. Meu coração parecia uma escola de samba de tanto que batia em meu peito a medida que sua voz alcançava meus ouvidos, uma voz máscula, grave e, ao mesmo tempo, sensual.

Devo estar ficando louca, isso sim.

Nossa conversa sobre minha formação foi ótima e no final da entrevista ele me deu o emprego. Henrique se pôs a minha frente e meu ar se foi com esse movimento, eu aposto que meu rosto estava vermelho como um tomate maduro. Sua mão surgiu no meu campo de visão após ele a estendeu em minha direção e tratei logo de me colocar de pé e segurar.

Contudo, assim que nossas mãos de tocaram, um choque passou por elas e eu soltei sua mão de modo brusco, assustada com o que acontecera.  Henrique percebeu minha reação, notei isso com seu franzir de cenho, mas ele nada falara do meu modo entranho de agir, o que meu deixou aliviada.

Não saberia explicar o porquê de agir daquele modo.

Ainda passei alguns minutos, parada como um poste após ter minha mão apertada pela dele. E ele me trouxe a realidade dizendo que eu já estava dispensada. Saí quase correndo de sua sala, o deixando com a certeza que eu era uma louca.

Só esperava não ter perdido meu emprego antes mesmo de começar a trabalhar.

Já do lado de fora da empresa, eu estava prestes a pedir um táxi quando Gustavo, amigo e delegado do meu irmão, ia passando em seu carro e me ofereceu uma carona.

— Como vai, Sarinha? — me cumprimentou com um beijo no rosto assim que entrei em seu carro que me deixou corada.

Gustavo é amigo e trabalha com meu irmão desde que eu tinha uns 18 anos e sempre foi muito simpático comigo.

— Vou muito bem, Gustavo. E você, como está?

— Melhor agora. Você está linda. — falou dando um sorriso de lado e pondo o carro em movimento.

Gustavo é um cara lindo, loiro, alto, musculoso e de olhos em um tom verde-claro.

Ele sempre foi muito galante comigo, mas nunca levei a sério suas cantadas ou elogios, homens como ele ou Henrique, meu futuro chefe, só ficam com mulheres padrão, coisa que está bem longe da minha realidade.

— Obrigada. — respondi ao seu elogio.

— O que fazia em frente a essa empresa? Se não tiver nenhum problema em me responder, claro. Não quero ser inconveniente.

— Não está sendo. Vim para uma entrevista de emprego. — respondi tímida.

— E conseguiu?

— Sim — respondi, feliz.

— Meus parabéns! — retribuiu o meu sorriso.

— Você fica ainda mais linda sorrindo sabia? — ele pergunta me molhando com intensidade.

— Para com isso, Gustavo. Eu não sou linda. Bonitinha, talvez — tentei fazer piada, mas ele não riu.

— Linda, encantadora, gentil, alegre e de uma timidez que encanta qualquer um. Gosto de você e não é segredo para ninguém, Sara.

— Gustavo, eu…

— Só me escuta, está bem? — Concordei com a cabeça e ele parou no carro em uma rua.

— Eu não sei mais o que fazer para te mostrar o quanto sou sincero no que sinto em relação a você. — ele respira fundo. — Quero apenas uma chance para te mostrar que posso te amar e cuidar de você como merece.

— Gustavo, eu não sou a mulher certa para você, eu… Gosto de você apenas como um amigo. Não quero te machucar, você merece alguém que sinta o mesmo que você.

— Mas eu te quero, Sara. Não outra, apenas você. — ele tocou em meu rosto retirando uma mecha de cabelo caia nele.

— Eu não quero te iludir, Gustavo.

Ele se inclinou e me deu um beijo no rosto. — Vou te esperar. Não importa quanto demore, mas você ainda perceberá que posso te fazer feliz.

Não falei nada e ele se endireitou no banco e colocou o carro em movimento de novo, me levando para casa.

— Obrigada pela carona. — falei assim que ele parou na porta da minha casa.

— Não precisa me agradecer. É sempre um prazer para mim te ter por perto. — pegou minha mão e beijou me dando um de seus lindos sorrisos.

— Tchau! — me inclinei e lhe deu um beijo na bochecha antes de sair do carro.

Ele deu partida no carro e eu entrei em casa. Fui para cozinha tomar água e encontrei minha mãe e meu irmão Caíque lá.

— Como foi lá, filha? — ela perguntou parando de enxugar os pratos.

— Foi bem, mãe, eu estava muito nervosa, mas consegui a vaga. — falei muito contente com a minha conquista.

Meu irmão veio me abraçar e me pegou no braço me rodando.

— Me larga caíque, vou cair, sou pesada.

— Pesada nada. — desdenhou — Meus parabéns, maninha. — me deu um beijo na testa após me colocar no chão.

— Obrigada!

— Que folia é essa aqui, hein? — perguntou Rafael e Alexandre entrando na cozinha. Eles haviam vindo almoçar.

— A Sara conseguiu o emprego.

— Parabéns, maninha — recebi abraços e beijos de todos. Minha mãe fez minha comida favorita para comemorar e almoçamos todos juntos em um clima bem descontraído.

Amo minha família, eles são meu tudo e sempre me apoiaram. Meu pai é bem severo e não demonstra muito carinho, mas sabemos que ele nos ama muito. O único defeito dos meus pais é que eles são bem rígidos e sempre falam que filha deles não sai de casa sem ser casada e tem que se manter virgem até o casamento. Coisa que eu não sou mais, porém eles não precisam saber, não é?

À noite meus irmãos convidaram uns amigos para uma balada para comemorarmos a minha conquista e lá conheci Amely.

Amely é uma mulher linda, negra e bem resolvida com seu corpo, ela é alegre, divertida e debochada, eu sinto que podemos nos tornar boas amigas.

No outro dia levei meus documentos no RH da empresa, acertei todos os trâmites e começaria meu trabalho na segunda.

Só esperaria me dar bem no trabalho e conseguir a minha independência financeira.

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