Piranhas

— Orlando, esta mulher não participará do funeral do meu pai. Faça o que for preciso, mas ela não ficará no mesmo ambiente que eu e minha irmã, tampouco chegará perto do corpo sem vida do meu pai — ordenei de forma discreta.

Orlando nunca me decepcionava. Conseguia fazer qualquer coisa que eu pedisse, sem me incomodar com nada.

Enquanto eu passava os olhos rapidamente nas pessoas presentes, já começando a ficar inquieto e mesmo no lugar arejado e fresco, sentindo um leve suor tomando conta da minha testa, uma mulher loira me chamou a atenção. Nossos olhos se cruzaram de imediato e ela sorriu.

— Quem é aquela? — perguntei à Dodô.

— Laura Chevalier. Sobrinha de Magnus e Katrina Chevalier.

— Preciso do número do telefone dela.

— Alguma coisa importante, senhor David? — Dodô pareceu preocupada.

— Não, nada importante! É só uma piranha para ele passar a noite. — Élida riu.

— Agora entendo porque alguns pais dizem que irão passar sabão na boca das crianças. — Olhei-a de forma repreensiva.

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