- Não sou um monstro, Duda! Estou sendo objetivo, só isto.- Foi Ashley que botou todas estas coisas horríveis na sua cabeça?- Ashley não sabe do real estado financeiro da Montez Deocca.- Talvez quando ela saiba o deixe. E você chorará no ombro de quem quando isto acontecer, Andress?- No seu? – Riu com deboche.- Não sei se até lá meu ombro ainda estará disponível para você. Mas o de sua mãe estará... Mabel o ama e sempre o acolherá. Aliás, nós duas o amamos. E juro que farei tudo que for possível para arrancá-lo de dentro de mim, custe o que custar.- Porra, Duda! – ele gritou – Não tem amor a si mesma? Eu não tocava em você há meses antes do acidente... Sequer ficava duro ao seu toque... Como pode implorar tanto por afeto?No mesmo instante veio um flash na minha cabeça, de um momento de intimidade, em que nós dois dividíamos a cama.Virei-me para o lado de Andress e passei a mão pelo seu peito, chegando ao seu pau. - Estou cansado, Duda. – Ele suspirou.- Pode ficar aí paradinh
Vivi a vida em prol de um homem. E ele tinha razão: Onde estava meu amor próprio?Levantei, atordoada, cansada, decepcionada, anojada. Mas não mais triste. Deixei aquilo tudo acontecer. Porque minha mãe sempre mandou eu ser o que os outros queriam e não o que eu queria ser. E no fim o que ela fez? Me abandonou! Foi embora sem nunca dar notícias. Se passaram 16 anos e Maria Dolores nunca mais tentou saber de mim.Cheguei a ir à nossa antiga casa na periferia. Mas já havia muito tempo que ela havia partido. E os vizinhos haviam explicado que minha avó já tinha morrido faziam muitos anos.Eu tive amor por todo mundo, menos por mim mesma. Fiquei dependente de Andress simplesmente porque ele sorriu-me e pegou minha mão quando eu precisava. Aquele pedido de casamento no shopping havia sido só uma brincadeira de criança.Andress tinha razão... Talvez nunca houve amor de fato. Tampouco paixão. Simplesmente transformamos nossa amizade num casamento porque era propício e conveniente, já que meu
Parei de novo no apartamento de Verbena. Expliquei-lhe detalhadamente tudo que havia acontecido e que por hora eu só tinha aquele lugar para ficar. Mas que assim que vendesse o carro, procuraria uma moradia.Embora ela quisesse que eu ficasse por ali, eu sabia que não podia. Mal conhecia aquela mulher... No entanto graças a ela estava viva. E não só por ter sido a minha médica, mas também por ter pago minha estadia no hospital e me acolhido quando eu não tinha mais ninguém.Pedi o celular de Verbena emprestado e liguei para tia Maya.- Tia Maya, sou eu, Duda.Houve um breve silêncio antes que ela dissesse:- Ah, sim, minha sobrinha bastarda. Achei que estivesse morta. Como posso ter certeza de que é você mesma que está falando? Afinal, este não é o seu número.- Não estou morta, tia. E quero o endereço do lugar para onde mandou meu avô.Ouvi a risada cínica dela do outro lado da linha:- Ah, sim... Eu quase havia esquecido que a sobrinha bastarda era bondosa... Ou ao menos sempre fing
- Por que você veio, Rob? Não estava morto? – Não demonstrou nenhum tipo de sentimento.Senti as lágrimas escorrerem mornas pelas minhas bochechas, não conseguindo contê-las:- Sou a filha de Rob, vô. Duda... Sua neta. Eu sofri um acidente e estive em coma por muito tempo. Mas estou aqui agora...Verbena pegou minha mão e fez levantar:- Não adianta você lhe dizer qualquer coisa. Ele a olha mas vê o tal Rob.- Rob... É o meu pai... Que eu sequer conheci. – Limpei as lágrimas.- Não chore, Rob... Deixe de ser fraco, seu imbecil! – Alterou a voz.Dei um passo para trás, assustada. Nunca vi meu vô falar aquelas coisas para ninguém. O Alexis Hauser que eu conhecia não faria mal nem à uma mosca.- O que... Fizeram com ele? – Olhei para Verbena, preocupada.Ela apertou minha mão de forma carinhosa:- Certamente seu avô está com Alzheimer. A pessoa portadora da doença pode ter dificuldades em lembrar-se de coisas ou pessoas. Problemas com a linguagem e com a fala também podem se desenvolver
Olhei-me no espelho pela milésima vez. Eu tinha aquele vestido vermelho vivo há anos e nunca havia usado. Era de uma marca conceituada, porém muito simples para um grande evento e chamativo demais para uso no dia a dia. Era tomara que caia com o busto liso e justo e a parte da saia era com grande quantidade de tecido igual a parte superior, porém com um belo caimento e fazendo volume, mesmo que longa. Optei por sandálias douradas de salto fino e sem acessórios, já que achei que o modelo expunha demais a parte dos meus seios.Amarrei meus cabelos num rabo de cavalo baixo, de forma a acentuar meu pescoço longo. Sempre que me perguntavam a parte do meu corpo que mais gostava eu dizia ser os olhos porque tinha vergonha de assumir que amava meu pescoço.Quem em são consciência gostava do próprio pescoço? Eu!Toquei o colo, sentindo falta do meu cordão com dois coraç
- Vlady vai achar que você é uma mulher linda, prevenida e que não quer ganhar uma DST. – Piscou.Balancei a cabeça e ri, fechando a porta. Desci de elevador e peguei um táxi até o Hotel Imperatriz, que ostentava cinco estrelas e para o qual me dirigi ao bar interno quando cheguei.O tal doutor Vlady estava hospedado no Hotel porque a casa estava em reforma. Segundo Verbena ele tinha posses e nenhum interesse em relacionamento sério ou casamento. Quarenta anos, solteiro, sem filhos.POV DAVIDEu não esperava ficar tanto tempo em Noriah Norte sem conseguir voltar à Noriah Sul ou mesmo à Itália. Com a morte recente de meu pai eu não confiava em ninguém para assumir a filial na Itália nem para me auxiliar na matriz.Élida me ligava todos os dias querendo que eu a trouxesse. Mas era praticamente impossível deixar uma menina
- Foi ele que a deixou! Aposto nisto porque parece magoada. – Fui sincero – E este assunto a deixa desconfortável e pensativa.- Não achei que Verbena fosse lhe contar sobre isto. – Ficou séria.- E realmente não contou nada.Peguei a taça dela que estava sobre a mesa e observei a marca de seu batom na borda, bebendo exatamente onde seus lábios haviam tocado, sentindo o gosto do uísque misturado com o doce do suco de cereja, imaginando beijar seus lábios enquanto meus olhos não conseguiam sair dos dela.De forma séria bebeu um gole do uísque e depois o segundo. Trocamos os copos novamente e a mulher bebeu o restante da sua bebida de uma vez, exatamente no mesmo lugar que eu havia tocado meus lábios. Teria sido um beijo, porém na borda da taça?Foda-se que ela estava interessada no meu dinheiro. Eu não casaria com ela nem nada d
- Deseja outra dose? – Ouvi o barman perguntando a ela e olhei para os lados, observando se alguém estava filmando ou fotografando nós dois. Ela poderia ter sido enviada por minha noiva desvairada.- Não, ela não deseja outra dose. – Peguei sua mão apressadamente, antes que o tal Vlady aparecesse.- Senhor Du... – ele me olhou, certamente preocupado com a aliança.- Eu já disse que estamos satisfeitos... Sem mais bebidas... – Fui ríspido.- A aliança! – Ele ficou confuso.- Jogue fora... Ela dá azar! – Maria Eduarda disse, piscando para ele, enquanto eu praticamente a arrastava para fora do bar em direção ao elevador.Encaminhei-a para o elevador VIP. Eu não gostava de dividir espaços pequenos com pessoas estranhas, independentemente de onde fosse. Observei-a olhando atentamente para a porta do elevador, as m&