Era a primeira vez que eu sentava à mesa junto aos Dulevsky para o jantar. Fazia pouco tempo que havia trazido minhas coisas para a casa de David. Assim que o jantar foi servido, observei Dodô dando uma averiguada se tudo estava certo, a contento para a família. Quando se certificou que nada havia saído errado, me olhou e sorriu de forma satisfeita:
- Tenham um bom jantar!
Ela estava se retirando quando David disse:
- Dodô?
A mulher parou com os braços cruzados à frente do corpo, de forma respeitosa:
- Sim, senhor Dulevsky! Algo não ficou do seu agrado? - Franziu a testa, repassando com os olhos tudo que estava à mesa, preocupada.
- Realmente algo não ficou do meu agrado... – David disse de forma séria.
- O que, senhor?
David pôs a mão sobre a minha, que estava à mesa e depois olhou para minha mãe novamente:
- N&at
Élida pensou um pouco antes de dizer:- Não tenho certeza do que sinto por ela... Sei que eu era bem implicante... Mas talvez por ciúme dela com David.- E depois que soube que ela também era sua irmã, mudou algo dentro de você? – Perguntei.- Eu não tenho certeza.- E não precisa ter – Dodô foi quem disse – Pode passar a gostar dela, se as atitudes de sua irmã forem boas e gentis.- Ela não era uma pessoa muito legal. – Élida deixou claro.- Mas pessoas podem mudar... – sorri e toquei a mão dela, que ainda estava sobre o terrário – E eu sou a prova disto.A menina me olhou e sorriu. Observei novamente o terrário e vi um pequeno envelope colorido entre as plantas desérticas. Peguei-o e mostrei à Élida:- Tinha visto?- Não... – Ela abriu o minú
Ouvi Alexis Hauser cantando com dificuldade, enquanto sorria encantado para Mabel:“In a little while from nowIf I'm not feeling any less sourI promise myself to treat myselfAnd visit a nearby towerAnd climbing to the topWill throw myself offIn an effort toMake it clear to whoeverWants to know what it's like when you're shattered”“"Daqui a pouco tempoSe não me estiver a sentir menos azedoPrometo a mim mesmo tratar-meE visitar uma torre próximaE subindo ao topoAtirar-me-ei de láNum esforço dePara deixar claro a quemQuerer saber como é quando se está destroçado"Minha mãe limpou as lágrimas e Mabel deitou a cabeça ao lado de seu amado, continuando a música com os olhos fechados, como se realmente estivesse lá, no lugar em que só o
- Não precisa me elogiar... Vou dormir com você. – Pisquei, deixando claro.Ele riu:- Disto não tenho dúvidas... Afinal, se tivesse intenção de dormir com qualquer outro homem... Eu mataria cada um deles.Olhei ao redor e a música suave tocava ao fundo e estranhamente o bar estava vazio. Observei o horário no meu relógio:- Este não é um horário com um movimento razoável por aqui?- Mandei fechar o bar.- Mandou fechar o bar do Hotel Imperatriz? – Perguntei, atordoada.- Sim.Balancei a cabeça e peguei a taça com a minha bebida, sorvendo vagarosamente, enquanto dizia:- Ok, vamos tratar de negócios. Está disposto a vender sua metade na Montez Deocca para mim?- Sempre há interesse em negociar com você, senhorita.- Hum, isso me agrada! – Sorri e sorvi o l&iacu
- Sim – peguei a gargantilha e pus os cabelos dela para o lado, fechando em seu pescoço – Embora já tenha encontrado sua mãe, sei que havia um apego emocional à joia – olhei para Dodô, que estava junto de Élida e Rael – Me desculpe por não ter encontrado antes.Ela me abraçou com força e depois me beijou, daquele jeito que me fazia apaixonar-me por ela mais uma vez.- Já fez seu pedido? – Perguntei-lhe.- Não... Eu não tenho o que pedir, David. Tenho tudo que quero e preciso. – Me olhou com carinho.- Também não tenho nada a pedir. – Confessei.Maria Eduarda me puxou pela gola da camisa e disse num fio de voz:- Transe comigo...- Aqui? – Olhei para os lados, confuso, percebendo todos próximos.- Com a sua língua... Na minha boca... – Ofegou.Sorri e enfiei m
Eu ouvia um som contínuo, que parecia dentro do meu cérebro. Queria abrir os olhos, mas não conseguia. Minhas pálpebras tinham dificuldade de se movimentarem. Num grande esforço, consegui enfim abrir os olhos. A claridade me perturbou.Várias pessoas correram na minha direção, falando coisas que eu não conseguia entender. Todos usavam roupas azuis e seus cabelos estavam cobertos por toucas do mesmo tecido.- Chamem a doutora Adams... A encontrem, onde quer que esteja. – Uma mulher ordenou.Comecei a me remexer e percebi que haviam várias espécies de fios conectados ao meu corpo, que me impediam de movimentar-me.Tentei identificar onde estava, mas minha mente permanecia estranha... E eu não conseguia conectar os pensamentos direito.- Batimentos normais... Pressão normalizada. – Ouvi uma das mulheres ao meu lado falando enquanto observava as máquinas que brilhavam e faziam sons estridentes que era como se vivessem dentro do meu cérebro.Consegui movimentar a cabeça para o lado e ident
Eu tinha tantas perguntas, mas nenhuma resposta.- Eu... Vou tentar lhe explicar o que houve... – ela pareceu hesitante – Mas quero que se mantenha calma, ok?- Ok... – Senti o coração acelerar, amedrontada por ter acontecido algo com Andress.- Você chegou aqui no hospital vítima de um afogamento.- Afogamento? – Respirei fundo, sentindo o corpo estremecer levemente – Eu... Não sei nadar.A doutora foi até um armário de duas portas que havia num canto e retirou de lá um pequeno plástico com algo dentro. Entregou-me e observei a aliança, retirando-a enquanto tocava o metal dourado e largo. Dentro estava escrito o meu nome: “Maria Eduarda Montez Deocca”. Pus no dedo e era muito larga para se minha. Certamente era de Andress.- Quando chegou ao hospital, estava em estado de hipóxia, com severa redução de oxigênio no cérebro. Encontramos esta aliança dentro da sua mão, que estava fechada.- Por que... Não entregaram para Andress?- Porque Andress só veio naquele dia que você deu entrada
- O senhor Alexis Hauser foi interditado pela família e se encontra numa clínica de repouso. Ao menos... Foi o que li no jornal há um tempo atrás.- Como assim? – Fiquei atordoada.- Talvez seja muita informação para pouco tempo, Maria Eduarda.- Eu sou a família dele. Meu avô só tem a mim. Como assim “alguém” o interditou? E se realmente foi feito, não foi pela “família”.- Irei intervir na ligação para seu marido.- Acha que consegue? – Fiquei esperançosa.- Falarei diretamente com a diretora do hospital. Tenho uma boa relação com ela.- Obrigada, doutora Verbena... Muito obrigada. Sei que tenho uma grande dívida com a senhora. E prometo que pagarei cada centavo. Não sei o que está acontecendo, mas garanto que minha família tem posses e...- Não quero seu dinheiro, Maria Eduarda. Sinceramente, tenho o bastante e o que paguei para que ficasse internada aqui não me fará falta alguma.- Desculpe... Se a ofendi.Ela respirou fundo e voltou ao semblante tranquilo:- Está tudo bem. Assim
Parecia que ter sido ontem que aquilo tudo aconteceu. Eu sorri, sozinha, observando para fora do automóvel. Sabia que aos poucos iria lembrando de tudo.Cerca de quarenta minutos depois estávamos entrando na propriedade onde ficava a mansão Deocca, dentro de um dos mais conceituados condomínios de luxo de Noriah Norte.A casa ficava cercada de um gramado gigantesco. Não muito grande em extensão, mas extremamente luxuosa, tinha praticamente 50% vidro na sua composição, o que fazia com que durante o dia houvesse muita luz natural e à noite proporcionava uma bela visão da lua e das estrelas. Ri ao lembrar do quanto eu tinha medo de temporais e pedia a Andress que cobrisse as vidraças do quarto para evitar os relâmpagos que pareciam tomar conta do ambiente em tempestades.Andress sempre dizia que era desnecessário, que bastava eu abraçá-lo que tudo ficaria bem. Então eu me obrigava a ficar em seus braços enquanto ele alisava meus cabelos até o tempo ruim passar.O primeiro andar abrigava