- O que você quer fazer comigo, afinal? Me deixar louco?
- O que “você” quer fazer comigo, David? Não acha que já sofri o bastante com a traição de Andress?
- Do que está falando? – Fiquei confuso, não entendendo o que ela queria dizer.
- Sobre você dizer que é noivo de TumbaLinda, mas que é tudo por conta de um contrato assinado por seus pais, quando me acordo no meio da noite e os encontro juntos debaixo de uma árvore, se divertindo.
- Se divertindo? – ri, com sarcasmo – Acha mesmo que eu estava me divertindo?
- Quer saber? Eu acho que sim.
- Estávamos justamente discutindo a porra do contrato.
Ela riu:
- Acha que acredito que estavam tratando de negócios numa floresta, àquela hora da noite?
Suspirei e a encarei. Seus cabelos estavam soltos, levemente ondulados, com os fios loiros e
- Estou... Acho que estou bem... – Ela disse nervosamente, sentada no chão.- O que pretendia fazer, afinal? – Eu quis saber, ainda nervoso.- Queria... Que você soubesse que eu estava aqui, porra! – Tumalina me olhou com raiva.Eliardo meneou a cabeça em sinal de desaprovação e me olhou. Depois perguntou a Tumalina:- Vou acionar o sinalizador. Acho que precisa de um médico, por conta do bebê.- Eu... Não preciso de um médico. Estou bem... Já disse.- Está grávida e se afogou. Não podemos botar a saúde do bebê em risco... Tampouco a sua. Me sinto responsável por vocês todos aqui.Quando olhei em volta percebi que quase todos estavam por ali. Maria Eduarda, ainda na beira, observava tudo de longe, atentamente e imaginei que não viria por conta de ter que nadar para chegar, mas certamente estava pr
POV MARIA EDUARDASentei-me no chão e ajeitei a cabeça de David sobre as minhas pernas, enquanto alisava seu rosto repetidamente, o molhando com minhas lágrimas. Ele parecia desacordado e a respiração era curta e rápida.Por que eu demorei tanto para assumir o quanto era louca por aquele homem? Eu passei a vida inteira tentando encontrar alguém que gostasse de mim exatamente do jeito que eu era e ali estava David, que me ajudou sem pedir nada em troca quando entrou junto nos meus planos de vingança contra Andress.E daí que ele tivesse escondido que estava noivo de Tumalina? Ele não mentiu na parte que afirmou que não tinha dormido com ela, que o filho não era dele e principalmente ao confessar que o casamento era por conta de um contrato entre seus pais.Realmente eu não tinha como compará-lo com Andress, porque eles não tinham nada em comum. E eu hav
Como aquilo era possível?- Ele gosta de você. – Élida observou, sem me olhar, seguindo com a cabeça na direção do irmão, que ainda nadava.- Eu gosto dele – confessei – E isto é tão estranho que me assusta.- David e eu também somos estranhos. Não no sentido de mal nos conhecermos, mas de hábitos e atitudes, entende? Tivemos tudo que o dinheiro pode comprar... E também boa parte do que ele faz a gente perder, por questão de ambição.Respirei fundo e peguei a mão dela, enquanto ambas olhávamos na direção do homem que amávamos e nadava no lago tentando dissipar todos os seus medos:- O que sinto por ele é forte e tenho medo. Já sofri muito e é como se meu cérebro implorasse para que eu não me jogasse de cabeça de novo. E sei muito bem sobre a ambi
Élida levantou e despediu-se do irmão com um beijo e acenou para TumbaLinda, indo para a barraca emprestada por Zaud. TumbaLinda, por sua vez, não fez menção de sair de onde estava, sentada ao lado de David, onde pareciam manter uma conversa bem amigável.Senti o vento aumentar a intensidade e desisti de ficar ali stalkeando o casal perfeito que havia se formado “do nada”. Não era segredo para ninguém que eu morria de medo de tempestades e só de o vento ficar mais forte meu coração já acelerava.Deitei e fiquei rolando de um lado para o outro, sem conseguir dormir. Não levou mais de cinco minutos e minha bexiga estava estourando, sendo que eu havia feito xixi não fazia muito tempo.David acharia que eu estava espionando os dois, o que não era verdade. Então saí da barraca e disfarçadamente apertei os ganchos ainda mais no ch&a
Eu faria pior: tiraria a Montez Deocca de suas mãos. E seria a CEO, passando a transformar a empresa numa grande desenvolvedora de perfumes, que seriam importados para todo o mundo. Eu marcaria o meu nome na história dos perfumes. E por fim, faria Andress não ter mais ninguém com quem contar... Nem a própria mãe. Aquele homem ficaria sem nada. E sofreria tudo que sofri... Porém em dobro.A vida voltava a sorrir para mim... E mais cedo do que eu imaginava!- Sim... Você foi uma filha da puta comigo! – suspirei, fingindo sentir imensamente – E sim, embora não devesse, eu sou uma boa pessoa, mesmo com aqueles que me ofenderam e me roubaram... Confesso que não queria, mas é da minha natureza. Eu não contarei a Andress... Em nome do que tenho de mais sagrado na minha vida... Que é...Eu ri. Eu não tinha nada de mais sagrado na vida. Eu era uma pessoa sem nada
- É uma jacutinga. – Zaud identificou.David olhou para a ave já sem vida que segurava:- Eu sinto muito... Não sabia.- E é justo por este motivo que pessoas como você não deveriam participar desta expedição. – Eliardo vociferou.- Então da próxima vez avise antes de receber o dinheiro das pessoas qual sua preferência de público para trazer para o seu passeio. – David respondeu à altura, encarando Eliardo e pondo o tal frango que não era frango ao lado da fogueira.- David tem razão... Não havia restrições para participar da expedição – falei em sua defesa – Você inclusive trouxe uma mulher “grávida”. – Olhei para TumbaLinda, que me fuzilou com o olhar.- Ela não estava grávida. – Adriana tentou me explicar.- Eliardo
Virei para frente, tentando desfocar dele, já sentindo meu coração acelerar violentamente.- Não tenho um hábito em especial para dormir. Eu nunca tive um animal de estimação porque meu avô não deixava. Se pudesse escolher um animal eu escolheria um peixe.- Por que um peixe?- Quando imagino um animal de estimação para mim vejo um peixe colorido sozinho num daqueles aquários redondos. Um peixe beta... Tão solitário quanto eu.- Mas você era casada há pouco tempo atrás. Ainda assim se sentia solitária?- Hoje percebo que sim. E a resposta da última pergunta...- Qual era mesmo a pergunta? – Ele franziu a testa, talvez tentando lembrar.- Eu penso em você algumas vezes ao dia, desde que o conheci – confessei, sentindo minhas bochechas parecerem pegar fogo – E juro que tentei muitas delas apagar o pensamento... Porque tive e tenho medo.- Medo de sofrer e ser enganada, como Andress fez com você. E... Eu fiz o mesmo que ele. – Dav
- Como você está, David? – Élida apareceu junto de Verbena, ambas subindo pelas rochas para chegarem até nós.- Estou legal! – ele sorriu, tentando tranquilizar a irmã.Élida sentou-se ao lado dele e Verbena ao meu lado.- Você não teve culpa de ter pego aquela ave. – Verbena disse.- Eu sei. Mas realmente acho que Eliardo cobra muito de mim. Se o desejo dele é fazer esta expedição com pessoas que entendam desta floresta e saibam tudo sobre a fauna e flora local, deve ser bem claro quando disponibilizar os pacotes turísticos para compra.- Concordo – Élida o abraçou – Estou pensando em avaliar esta empresa de turismo com apenas uma estrela ao final da expedição.David riu e meneou a cabeça:- Vamos ver como ele se comporta até o final.Élida deu um beijo no rosto