Lívia .Observo a maneira como suas costas sobem e descem com certo esforço, o modo como praticamente me expulsou do quarto gritando em fúria. Marcos veio correndo, com esforço ajudou Bruno a se levantar da cama, seu corpo fraco demais para sustentar o próprio peso, a pele sem cor com a perda de sangue e seus grunhidos doloridos em cada passada até o banheiro fazendo algum corte reabrir. Vou descartando os panos sujos de sangue pelo segundo dia consecutivo, enquanto tento manter as feridas abertas limpas. A pele branca rasgada e a tatuagem que passava pela omoplata esquerda deformada. Os fios bagunçados caindo pela testa e a barba por fazer marcando o queixo, com a respiração fraca. Meus olhos se enchem de lágrimas outra vez, sinto uma impotência tão grande. "Vá passear com Magnólia e Lia." A voz grave com um tom autoritário chama a minha atenção. Suspiro, torcendo o pano na bacia que já está completamente vermelha do sangue, fico calada passando com cuidado nos machucados. "Lívia
BrunoAdmiro a minha mulher entre os meus braços, cada um dos traços expressos no rosto ameno demonstra o medo que sente das minhas palavras. Porém, a respiração pesada entrega a excitação escondida embaixo do desejo em ser a boa garota de sempre.Pecadores nascem corrompidos pela maldade, aceitar os pedaços perdidos na escuridão dos pensamentos mais cruéis é um caminho sem volta.Deveria continuar fiel a Camorra, deveria ter como única amante a máfia e nesses momentos o meu desejo mais sombrio é envolver a mão em torno do pescoço delicado dela, foder sua buceta e deixar que morra entre os meus dedos solucionando uma boa parte dos problemas.Mas Lívia é a minha droga alucinógena, viciante e o misto de dúvidas que faz a minha mente perturbada querer envolver entre os braços a consolando.Ela fica ainda mais nervosa, percebo ter deixado o monstro brincar próximo demais a superfície.Pisco abrindo um sorriso de lado, aproximando as nossas testas, passando nossos lábios um no outro. Finjo
LíviaEstou incomodada com o silêncio de Bruno, depois da loucura que fez pela tarde para embarcar de volta para os Estados Unidos. Chegamos ao aeroporto já de noite, agora na poltrona do jato particular, ele está no celular e no notebook teclando sem parar. Suspiro desviando o olhar e encontrando o de Lia que aponta para Magnólia, existe um sentimento tão triste em seu olhar como se estivesse perdida."Resolva isso agora!" O grito atrai nossa atenção. Bruno tem a face avermelhada apertando o celular com força suficiente para quebrar. "Bruno, o que aconteceu?" Questiono baixinho passando a mão em seu joelho.Ele suspira com força, e Marcos pega um controle ligando a televisão pequena. Jornal on A música de abertura se inicia até o globo girar com detalhes dourados, a câmera se aproxima exibindo duas mulheres. As duas loiras, uma com cabelos curtos e a outra com os fios longos. "Bom dia, Denver, sejam bem vindos a mais um café da manhã entre os famosos, me chamo Drika Carter e ho
LíviaO restante da viagem foi feita entre a fúria de Bruno ligando para seus funcionários e os olhares preocupados da Lia e da Madre. Entrei em um estado de topor imaginando o tipo de loucura na qual a minha vida se torna a partir de agora. Por algum motivo que Bruno havia alertado, mas não prestei atenção, desembarcamos no aeroporto passando pelo saguão.A quantidade de flashes cegando minha visão, os braços dele apoiam os meus quadris para manter o passo firme, mesmo que meu coração esteja agitado. É incrivel a quantidade de perguntas sendo jogadas ao vento como se fosse simples assim, estar ao lado do Bruno parece ser uma montanha russa de emoções a todo momento precisando adaptar-me a um novo ambiente. Dentro do carro, não consigo sair do silêncio, deixo que ele converse, observo as ruas da cidade que cresci admirando os prédios chiques e a movimentação das pessoas em busca das suas conquistas pessoais.Parece um mundo diferente diante de tantas descobertas, não sinto como se tiv
Livia Aperto a coxa do Bruno assustada, ao ver uma quantidade enorme de pessoas na frente de um prédio luxuoso, estamos quase próximos ao centro da cidade, mas em um bairro de luxo. Eles se viraram para o carro e começaram a correr atrás enquanto Marcos manobra até estarmos dentro de uma garagem coberta. "Sempre vai ser assim?" Questiono. O suspiro dele atrai até a atenção de Lia, aguardamos ansiosas sua resposta."É mais pela notícia, os boatos, as fofocas que inventam tudo para vender e lucrar em cima da minha imagem." Ele se aproxima colocando uma mecha do meu cabelos atrás da orelha. "Por isso que redobrei a sua segurança, não responda nada porque eles sempre vão distorcer as suas palavras." Fico um pouco agoniada com isso, sei que ele percebeu, mas não quero falar sobre isso agora, descemos do carro juntos de mãos dadas, as luzes vão se acendendo conforme passamos Lia e Marcos estão ao nosso lado quando flashes disparam nas nossas costas. Bruno olha para trás, com uma expres
Bruno LafaieteToda a raiva que sinto parece emergir no momento em que coloco os pés fora do apartamento, indo na direção das escadas de segurança no corredor, com Marcos ao lado."Então?""Ela nem reparou na porra do apartamento." Fecho os punhos com força. "Minha esposa passou mal, uma crise de ansiedade por causa daqueles dois e nem mesmo reparou na casa.""Você queria um prêmio por passar uma semana no notebook olhando fotos de imobiliárias?" Questiona com ironia na voz.Paro antes de abrir a porta corta fogo, a vontade em esmurrar Marcos agora é enlouquecedora.Ele ergue as mãos em rendição, sem nenhuma palavra entre nós, descemos os lances de esccada que levam ao andar fechado apenas para as minhas diversões, com a chave única do apartamento abro as portas, do lado de dentro é só um grande saguão sem nenhum movel.Caminho direto para o corredor que leva para os quartos que transformei em celas, as portas de metal e um sistema de reconhecimento facial necessário para liberar a en
Bruno LafaieteDesço do carro na lateral do restaurante, conferindo se nenhum paparazzi está posicionado para tirar alguma foto. O Maitê abre a porta de maneira eficiente abaixando a cabeça com respeito. Caminho por entre os funcionários da cozinha cumprimentando alguns, ao passar pelas portas duplas acompanho o homem até a sala refinada exclusiva para reuniões da família. As paredes feitas em vidro fosco blindadas permitem a visão de todos os clientes, a mesa quadrada disposta para dois. "Uma garrafa do melhor vinho italiano." Peçoabrindo o cardápio apenas para folhear, confiro as horas sabendo que o atraso dela é apenas para fazer charme, acreditando fielmente que tem algum tipo de controle sob mim. Quando se passa mais dez minutos e a mensagem de Miguel falando sobre a preocupação de Lívia comigo chega, preciso trincar a mandíbula para controlar a raiva. O som da porta se abriu e o clique dos saltos contra a madeira. Inspirei o perfume doce demais, erguendo o corpo da cadeira
Lívia Minhas costas doem contra o sofá que apesar de macio não ameniza as preocupações que carrego, o filme apesar de interessante não prende a minha atenção, as companhias ao redor ajudam a diminuir a sensação de solidão no meu coração. Tomei um banho relaxante como nunca em uma banheira gigante no quarto que Miguel havia indicado, mas sinceramente, não prestei atenção em nada além disso e na roupa que estava no close. Uma calça de moletom grande e uma camisa de basquete. Parei um momento pensando em Bruno que realmente se dedicou em encontrar coisas das quais gosto. A enorme janela de vidro fosco ressalta a Luz da lua que por uma localização linda se encaixa na visão do apartamento. São horas desde que ele saiu, fugi dos noticiários, do celular, dos pensamentos confusos. Busquei respirar e acomodar a minha mente no aqui e agora, por um momento funcionou. Já nesse instante parece enlouquecedor, a ansiedade toma conta tanto quanto o cansaço. O gosto amargo do estômago agitado só