— Eu, vim pelo… Bom, ela me trouxe pelo emprego.
Estava nervosa e não iria negar, e quanto mais ele se aproximava, menos a voz saia, as palavras fugiam de sua mente. Pôde notar mais de perto a cor dos olhos, era lindo, mais bonito do que qualquer pessoa.
— Da onde você é? - Questionou, a garota corou como se fosse uma grande adolescente… Isso era charmoso, bem diferente das outras garotas que adentraram seu quarto naquela semana. Céus, a menina ali não era nada do tipo que dormia em sua cama.
— Do norte da cidade. De um lugar onde tem barulho e luz, um lugar onde parece ter vida, bem diferente daqui. - O homem levantou as sobrancelhas, surpreso.
— O que? Acha que não tem luz o suficiente? Quer dizer que algo está morto? Que? Eu? - Apontou para si. — Tá dizendo que aqui não tem animação? - Ela balançou a cabeça, assentindo. — Eu não gosto de barulho.
— Deu para notar - desviou o olhar, e vendo que ele não disse mais nada, voltou a encará-lo encontrando uma face confusa, — Digo… Eu acho que ninguém iria querer se aproximar de um lugar assim.
— Ainda sim, você está aqui. - Ela suspirou agarrando a alça de sua bolsa, pronta para correr. Mordeu os lábios que eram delicadamente observados por ele. A garota era bonita. Embora não fossem nada comparadas as mulheres que estiveram ali durante todo aquele mês. — Eu sou Levi Santiago, aposto que escutou meu nome por aí em algum lugar, as pessoas gostam de falar.
— Na verdade não. Não ando acompanhando tanto assim o mundo dos famosos. Mas eu queria dizer que estou aqui para preencher a vaga de emprego. A Sra. Mirela disse que precisava de alguém para servi-lo em particular e eu tenho experiência. - Ele estreitou os olhos, descruzou os braços se aproximando mais da garota dando uma leve volta.
Seu cheiro era doce, um perfume barato qualquer, tinha certeza. Mas como ela tinha experiência para o que ele queria? Ela não parecia ser aquele tipo de mulher, era doce e linda. Mas as aparências enganam, não é? Hora essa…
— Eu não acho que você se encaixe no que eu procuro. Por favor, saia e chame Mirela para mim. - Ela ergue uma sobrancelha, o que foi? Ela não iria obedecer. — Peço com toda delicadeza do mundo, para você sair e mandar aquela mulher entrar. - Foi debochado enquanto voltava para seu lugar.
— Espera, como é que é? - Ele parou voltando-se para ela. Odiava quando não atendiam aos seus comandos ou questionavam algo que ele ordenava, encarou-a novamente, agora com mais curiosidade em saber o que diabos ela ainda estava fazendo ali. — Eu disse que tenho experiência e já trabalhei servindo outros lugares. E eu… Eu… Eu preciso do emprego. - Deu um passo a frente sabendo que podia até está fazendo besteira, mas não pensaria duas vezes se fosse para salvar seu irmão. — Eu preciso do emprego então se me der uma chance, prometo não decepcionar.
— Você quer mesmo a vaga de emprego, meu bem? - Ela demorou a balançar a cabeça concordando, o tom da voz dele tinha mudado, estava mais grave e charmosa. O que era aquilo? Algum tipo de hipnotismo? Era normal sentir o corpo arrepiar mesmo quando foi tocada?
— Sim. Eu quero. - Afirmou forte e determinada, e ele riu um sorriso que a desaminou completamente. Não era gentil, mesmo que parecesse tão bonito.
— Então tira a roupa.
— O que você disse? - Questionou.
— Eu tenho certeza que aquela mulher lá embaixo não te disse nada do que eu quero. E você não pode preencher a vaga. Mas se você está dizendo que quer o emprego e prometendo que não vai me decepcionar, então me prova, tira a roupa e vamos começar.
— Eu não vou tirar a roupa, seu tarado. - Brigou empinando novamente o nariz, a petulância assustou o outro, o surpreendendo. — Achei que servi-lo particularmente queria dizer-
— Dizer que você seria o meu passa tempo preferido. - Ela deu outro passo para trás. — Eu não quero uma empregada para me servir chá, eu quero uma mulher em que eu possa tê-la quando quiser, na minha cama.
— Então você arrume uma esposa, seu idiota. Que tipo de homem anuncia que quer uma empregada e a manda tirar a roupa?
— Eu pedi uma submissa, não uma empregada. - Ela desviou o olhar — Eu avisei que estava no lugar errado, e ainda assim, disse que estava errado. Então me prove que eu estava errado, tire as roupas e vamos nos divertir. Eu pago muito bem por momentos únicos. Se estiver precisando tanto assim do emprego, não vai se importar.
— Eu prefiro esfregar essa cara inteira ajoelhada, completamente ridícula e sem cor duas vezes por dias, ao ter que tirar a roupa e deixar que você me toque - Bradou zangada — Você é um grande babaca, será que não tem respeito?
— Como é que é? - Ele se espantou, desde quando uma pessoa lhe tratava daquela forma? Ainda mais uma mulher como aquela?
— Isso mesmo que você ouviu. Você é um doente e maluco. E não se pode chamar uma mulher assim, de submissa, você acha que é algo deus do mundo. Que ridículo. Como você é ridículo - Bradou mais alto, achando cada vez mais absurdo.
— Com… Com quem você acha que está falando? - Ele voltou a caminhar em sua direção — Você está achando que pode falar comigo do jeito que quiser? Está errada. Uma coisa é você não querer ficar, outra é me ofender e eu nem disse nada.
— Você já falou o suficiente, seu psicopata - Deu as costas a ele indo em direção a porta. Além de gritar, o ofender não lhe obedecer deu as costas como se não fosse nada. — Você não pode tratar as mulheres desse jeito, é por isso que não arrumou nenhuma para ficar ao seu lado.
— Com todo dinheiro que eu pago, não quero ter que escutar nenhum tipo de reclamação. - Bradou a seguindo. Ela não tinha o direito de sair falando aquilo como se o conhecesse.
A frase “com todo dinheiro que eu pago” a fez vacilar no caminho, mas mesmo assim, abriu a porta voltando ao corredor e seguiu adiante.
— Parece que nem mesmo com uma fortuna alguém é capaz de ficar e te aturar - Ele a alcançou no topo da escada a puxando pelo braço, o contato a fez estremecer e nem era de medo. Aquela pegada tão firme, como via em filmes, a arrepiou por completo, no entanto, não podia se deixar levar por isso. Voltou a encarar os olhos negros combinando com os cabelos dele, e até sentiu sua garganta secar. Ele era bonito, até demais. — O que está fazendo? - Sua pergunta saiu trêmula. — Me solta.
— Ninguém fala assim comigo desse jeito, e vai embora como se não fosse nada.
— Você está achando que é deus do mundo ou alguma outra coisa importante? Que deplorável ter que pagar alguém para o que? Dormir com você? O que adianta ter toda essa beleza se é tão insuportável que nem pagando uma fortuna, tem alguém? - ela puxou o braço enquanto ele articulava alguma frase para dizer, mas a surpresa de ouvir aquilo de alguém era maior. — Eu vou embora agora. E não me segure, não me toque, não me siga, não me procure. Babaca!
Desceu as escadas correndo até está fora daquele lugar. Parou do lado de fora em frente ao carro de Mirela e poderia até voltar para pedir uma carona, mas ela simplesmente correu em pela estrada e só pararia quando não pudesse nem ver a torre daquela casa.
Do topo da escada, Levi encarava a porta ainda aberta, seus punhos se fecharam com tanto ódio que mal conseguia caber em seu grande corpo. Como que uma mulher daquela aparecia do nada falava tudo aquilo para si e saia correndo? Ninguém falava assim com ele. Encarou toda a sala embaixo avistando os olhos arregalados de Mirela perto da porta da cozinha e podia adivinhar que as outras estavam por perto.
Ele desceu as escadas a vendo tentar fugir, mas não foi rápido o suficiente, sabia que viria briga.
— O que você acha que está fazendo? Quando mandei que buscasse outra das minhas garotas, achei que estivesse procurando no lugar certo, então você me traz uma desclassificada sem contar o que tinha que fazer. Sentiria pena da garota se ela não fosse tão petulante e respondona.
— No lugar certo? Quantas e quantas mulheres eu te trouxe aqui nas últimas semanas e as mandou ir embora. Achei que estivesse procurando algo novo. Já que nenhuma das outras foram aceitas. - Explicou calma, não queria se estressar. — Você é exigente demais e age como se todo mundo tivesse errado, e não fosse o suficiente.
— E nenhuma é. - Cruzou os braços — Traga outra. Eu pago você muito bem para fazer o que eu mando e quando eu mando. Então faça o seu trabalho. - Mirela assentiu ainda com ódio. Ele deu costas para ir embora, mas parou. — Qual é o nome daquela mulher?
— Mel Albuquerque.
— Mel. - Ele repetiu o nome dando um sorriso de lado. — O nome é doce, mas ela é amarga. Pode me trazê-la novamente?
— Tenho certeza que você é bem amargo e duvido que ela volte aqui, você assustou a menina. - Ele fechou a cara e Mirela tomou seu rumo rapidamente.
De fato, poderia ser que ele tinha assustado, sabia que ela não era aquele tipo de garota, mas ela veio pelo dinheiro, e estava disposto a pagar para tocar seu rosto bonito, o cabelo longo e ruivo. Linda e sorridente.
Quanto mais andava para longe daquela casa, mais queria sumir e não voltar nunca mais. Quando parou no meio daquele labirinto sem saber para onde caminhar, ela olhou ao redor, procurou saber onde realmente estava e o que podia fazer, mas nada, nada. De repente se assustou até com o toque do celular dentro do bolso, o tirou na mesma hora e o desespero tomou conta do seu peito quando viu que era o número do hospital.— Alô? - Ela engoliu a seco — Já estou a caminho.E desatou a correr ainda mais até chegar ao hospital.— Como esta meu irmão? – Perguntou desesperada quando chegou à porta do quarto. — Ele piorou, ficou melhor? Por favor, não me assuste desse jeito.— Sim, sim, apenas a pressão subiu ele ficou um pouco mal. O médico veio rápido e tudo ficou bem. – Disse a mulher. Mel sentou no banco do lado da porta.— Ah meu Deus, eu fiquei com medo de algo ter acontecido. Estava muito longe, eu corri peguei alguns ônibus. Saco!— Não preciso repetir o que digo todos os dias; ele precisa
Olhando para o seu irmão, Mel temia alguma coisa a mais de ruim acontecer. Não queria vê-lo morrer ou muito menos sofrer ainda mais. A doença o atacava cada vez mais, e ela precisava pagar uma cirurgia que iria ajudá-lo muito, mas como fazer se não tinha o dinheiro?Duas semanas atrás tinha fugido da casa de um maluco, e desde então, não deixou de procurar por um emprego que não precisasse tirar a roupa, mas nada estava aberto no mercado. A faculdade de medicina tinha sido trancada, e fora ela, a única experiência de trabalho que tinha era como garçonete, e nem assim, conseguiu encontrar alguma coisa.Respirou fundo quando a porta do quarto abriu, uma médica apareceu revelando um sorriso de conforto chegou perto do garoto deitado na cama e puxou o remédio diário injetando no tubo que estava diretamente ligado a veia de Maurício, aplicou vendo Mel querer chorar com a cena. Quando terminou, jogou a seringa e retirou as luvas, deu a volta na cama e parou diante de Mel que olhou para o la
— Levi? - Marlon encarou o filho adentrar sua sala e caminhar devagar até o pai. — Não estava te esperando.— Ando sem muita coisa para fazer. - Avisou para o outro que assentiu voltando a se sentar.— A empresa está bem, não mandei muito porque tudo o que precisava ser feito, você fez em um mês e meio, está tudo bem? – Levi desviou o olhar ajeitando o terno caro.— Sim! – olhou para o pai.— Sei que tem alguma coisa errada, mas não é da minha conta – Levi apenas o olhava, sem animo, ou motivação — Precisa de quê, de uma puta para mudar sua cara?— Estou bem.— Não parece – Marlon levantou andando pela sala. — Conheço o filho que tenho, está diferente e isso é porque a moça saiu de sua casa?— Não está falando sério? – Levantou também. — Sou adulto, não preciso que fique me vigiando.— Não sou eu. É sua madrasta. – contou e Levi bufou. — Sabe que eu não me importo com o que você faz, apenas com o trabalho que entrego em suas mãos. Você é adulto e sabe das suas decisões. Mas me avise s
— Bom dia meu amorzinho – ela abriu a porta do quarto assustando seu irmão que quase saltou na cama de alegria. — Mel – se agitou e Mel correu para baixar seu rosto. — Estava com saudade de seus abraços. — E eu de ver seu sorriso meu amor, que saudade de você – parou o abraço e encarou o rosto do irmão. — Maurício, trouxe um café diferente pra você só porque está de volta, meu anjinho, eu sentir sua falta demais. — Eu sei, a médica falou que você não saiu daqui enquanto eu não tinha acordado – Mel confirmou com a cabeça. — Eu sei que precisava trabalhar então me desculpa por isso. - Mel apenas assentiu, não precisava pedir desculpas de nada, e estava tudo certo com seu novo trabalho. Adorava aquele lugar e agradecia todos os dias por ele. — eu vejo você como minha mãe, Mel. — É mesmo? E você me fala isso assim do nada? – Mel se emocionou quase que de repente, e abraçou o irmão. — Eu poderia sentir mais falta da mamãe se você não estivesse comigo. Então obrigada por está comigo sem
— Não parece óbvio? - Eles voltaram a se encarar — Eu quero você. Ela desviou o olhar um momento. Levi parecia sincero, tão cheio de si, sua voz era como um tom de comando e a sua mente lhe traia enquanto queria obedecer, mas seu coração a mandava ser quem realmente era, uma mulher que não aceitaria aquele tipo de trabalho nunca. Hora essa. — O que o Sr. Acabou de dizer? — Que eu quero você - Não achou que ele fosse repetir, mas se enganou — É muito difícil você entender? Tem alguma coisa nessa frase que não consegue compreender? Suspirou voltando a desviar o olhar, mordeu os lábios querendo soltar um palavrão… Expirou, não ia surtar, não ia, não ia, não ia. — É um pouco difícil sim de compreender quando já falei que não quero que me siga que me toque que fique por perto. E que não quero ser sua submissa, sua mulher, sua qualquer coisa que queira pagar. - Ele perdeu o sorriso — Acha que pode chegar aqui no meu local de trabalho dizendo que me quer e eu tenho que aceitar? Que tipo
Naquela manhã, Mel acordou mais disposta que todos os outros dias. As coisas estavam começando a dar certo na sua vida… Ao menos em algumas formas, uma vez que já tinha um emprego, mesmo que demorasse a ganhar tudo o que fosse precisar, mas já tinha uma ideia. Saiu do apartamento com um riso no rosto, passou na padaria que Maurício gostava levando para ele seu salgado preferido. Ele poderia comer alguma coisa. Passou um tempo com o garoto que sorria e se animava todas as vezes que via a irmã, e assim que ela partia, o sorriso diminuía, mas ainda era bonito como tal. Quando deu horário, saiu do quarto encontrando a enfermeira de sempre. — Oi… Como ele passou a noite? Ele está indo bem? - Queria saber de tudo, está ciente de tudo. — Ele está bem, Mel. Reage aos remédios perfeitamente bem, mas sabe que ele não pode viver assim para sempre, certo? A cirurgia ainda é a melhor opção. – Ela concordou com a cabeça — Escutei que você conseguiu um emprego. – Apontou para o uniforme mal escon
Seus olhos se encheram de lágrimas, mas de puro ódio. Mexendo com aquele lugar, ela perderia o emprego, e se perdesse o emprego, não tinha como cuidar do seu irmão. E se mexeu com o irmão dela, ela virava uma onça. E era isso que ele veria assim que chagasse na casa dele. Quarenta minutos depois de ônibus, ela desceu alguns quilômetros da casa dele e depois de passar por toda aquela segurança do condomínio andou rápido, porque queria chegar o mais depressa possível. Quem ele pensava que era? Ela só conseguia pensar nisso. Chegou ao jardim grande e até achou bonito ele morar no condomínio aberto, cheio de glamour, pessoas importantes talvez, as casas eram afastadas uma da outra, e tinha paz, mas a paz dele morreria. Apertou a campainha e seus olhos verdes estavam fervendo de raiva, pura raiva, só raiva. Quando a porta foi aberta ela entrou sem ser convidada ou se apresentar. Não deixou o luxo da sala a parar e subiu as escadas sem olhar pra trás, ainda lembrava-se do caminho que tinha
Ela ficou petrificada no lugar como já era de se esperar vindo de uma mulher como ela. Levi saiu de trás dela indo para frente, como se não tivesse a mandado fazer nada, alias nem estariam ali se ela tivesse obedecido no inicio. Levi era um homem mimado sim, acostumado a ter dinheiro, poder, bons contatos, dinheiro, poder, respeito, dinheiro... Tudo que um homem podia ter, ele tinha em dobro. As pessoas faziam o que ele queria, quando queria, mas quando ela disse não e saiu correndo, aquilo quebrou a bolha que ele vivia deixando o todo poderoso incrédulo e com força de vontade de cravar os dentes naquela boca carnuda e afiada. Como queria. Foi atrás dela porque ela fugiu e quando encontrou, levou mais patada, por isso, ela ia pagar caro por sua infantilidade e desobediência perante a um homem como ele, importante, rico, milionário, cheio de desejos e anseios. — Não vou esperar o dia todo – olhou para o relógio. — Ou a tarde toda, é só tirar a roupa. Você já fez isso antes, sabe c