— Eu quero.
— Tenho que avisar que ele é homem formado, mas completamente insuportável. Acha que sua autoridade é a única que importa no mundo e isso deixa qualquer um estressado. Em outras palavras é apenas um mimado que tem tudo do bom e do melhor e quer mais e mais sem pensar nas outras pessoas, basicamente, uma pessoa sem coração.
— Eu acho que só preciso servi-lo e depois sair, não vou mexer com seu coração.
— Não precisa, porque como eu disse, ele não tem. - Mel sorriu. — Ele também não é um homem muito bom em relacionamentos. Evite falar de sua família ele não gosta de saber nada dos seus empregados. E também não fale sobre a dele, e nem fique fazendo perguntas demais.
— Senhora… eu só preciso do emprego, esse tipo de coisa é algo natural. Não vou comentar nada. - Mirela a encarou de novo e sorridente, buscou suas coisas depois de pagar o café e desceu da cadeira pronta para ir.
— Então vamos que estou ansiosa. - Saiu primeiro deixando a ruiva para trás que acabou sorrindo também arrumado suas coisas para segui-la.
— Mel, por favor, se você não se sentir bem naquele lugar, desista e volte para cá. Não precisa ficar num lugar onde você não se sente bem.
— É só uma entrevista de emprego. E preciso fazer alguma coisa, é pelo irmão. Acho que servir um cara que não gosta de falar é fácil, e se eu vou ganhar um bom dinheiro, melhor ainda.
— Tudo bem. Boa sorte. - Desejou para a garota mesmo sabendo que o homem não era fácil. Já tinha ouvido reclamações demais de Mirela para saber que o homem não era bom.
Mel saiu da lanchonete avistando a mulher mais velha em frente a um carro preto, falava ao telefone e enquanto se aproximava a viu brigar com alguém e desligar o celular, fechar os olhos respirando profundamente antes lhe encarar de novo.
— Está tudo bem? Precisa de alguma coisa? - Perguntou Mirela ainda encarando os olhos verdes de Mel. Ela era bonita, provavelmente seu chefe iria gostar. — Se não precisa, vamos indo. Meu chefe mora quase na entrada da cidade.
— Sério? - Entrou no carro com um sorriso no rosto. O cheiro do automóvel era reconfortante, perfeito para ser sincera. E durante o caminho, parecia melhorar. — Achei que gente rica gostasse de morar de frente para o mar, ou bem no meio da cidade.
— Nem todo rico gosta disso. - Contou a outra — Meu chefe, por exemplo, ele gosta de silêncio, de viver no escuro, não gosta de pessoas, muito menos de falar com elas.
O trajeto durou menos de quarenta minutos o que chegou a ser cansativo para uma pessoa ansiosa como Mel. Estava esperançosa de que finalmente pudesse arrumar um emprego em que lhe ajudasse de uma vez por todas para que não precisasse mais ter que correr de um canto a outro com medo até de sorrir para não ser demitida. O seu irmão precisava daquele dinheiro, da cirurgia, dos remédios, de tudo e ela daria, de um jeito ou de outro.
Logo as duas pararam em frente aos portões de um condomínio. Tudo muito sigiloso com códigos e até senhas para que a o portão pudesse abrir. Quando Mirela comentou sobre seu chefe ser rico, não achou que fosse tanto. As casas daquele lugar eram lindas demais, com espelho e varandas cheias de flores, uma riqueza sem tamanho. Uma casa em frente à outra com cores claras, esbanjando elegância e alegria.
Estava admirada e nem ia esconder isso. Não ia mesmo. Jamais. Seu sorriso só crescia conforte as casas passavam diante de seus olhos, até que as casas mais bonitas começaram a sumir, uma mais distante que a outra, até o carro dobrar outra esquina mostrando agora apenas um caminho longo até finalmente parar em frente a uma casa completamente diferente das que passou.
Mel primeiramente encarou a casa de dentro do carro, era grande, como um grande castelo, desde a fachada a varanda sem cor e sem flores apenas com cortinas negras e vidros que nada podia se ver. Nada ali mostrava alegria, sequer parecia que alguém morava ali.
— Eu tenho que ser franca com você antes de entrar. - Mirela quebrou o silêncio arrumando sua bolsa no ombro e encarou Mel que tentou sorrir, mas alguma coisa lhe dizia apenas para ficar no carro e ir embora. — O meu chefe quer alguém que o sirva particularmente… Mas eu não preciso te contar tudo. Ele pode te falar alguma coisa.
Abriu a porta do seu lado encarando aquela casa velha que já estava enjoada de entrar e sair. Esperou que Mel fizesse o mesmo e juntas seguiram para a entrada. Mirela já era mais que bem-vinda, estava para pegar suas coisas e ir e morar ali uma vez que passava mais tempo naquelas salas do que em outro lugar.
Assim que entrou, Mel encarou primeiramente o lustre enorme no hall, brilhante e aparentemente chique, bem iluminado e podia jurar que aquilo não era um simples cristal.
— Gostou? Tem algumas peças em diamantes, o que o torna único e especial para um colecionador de coisas caras e sem sentido. - Comentou a mais velha. Entraram na sala bem organizada e todo canto ali era decorado e cuidado com todos os detalhes de uma pessoa que gostava de mostrar o quanto era rica, e que tinha mais dinheiro do que podia mostrar.
Contudo, as cores escuras e o silêncio da casa diziam o quão triste ela era, e isso não era uma coisa boa.
— Mirela, você voltou. - Mel seguiu o som da voz que se aproximava e encontrou uma senhora bem arrumada e uniformizada. — Que bom que voltou. O Sr. Levi não parece está de bom humor.
— Eu sei. Mas eu trouxe alguém que vai animá-lo - Apontou para Mei que sorriu dando um pequeno tchau. A senhora a olhou dos pés a cabeça e estreitou os olhos, o que não passou despercebido por Mel que estranhou na hora. — Vamos subir.
Antes de dar o primeiro passo, Mel parou para encarar a senhora que mesmo sem sorrir, lhe desejou sorte.
Sorte para quê?
Quem diabos estava lá em cima?
Hã?
A escadaria com um corrimão de madeira escurava ficava quase de frente para a porta.
Era longa, mas a vista de cima era ainda melhor. Dava para ver a sala completamente além de uma mesa grande num canto afastado. Talvez algumas portas fosse a da cozinha que dava para ver dali, mas podia-se notar o quanto tudo estava bem arrumado e cuidado por pessoas profissionais que claramente dariam sua vida para pagar qualquer escultura, vaso ou quadro daquele lugar.
Seguiu Mirela por um corredor passando por mais portas do que esperava alguns quadros na parede e até de uma família antiga, ou seria a do dono daquela casa tão grande? E em falar em casa grande, porque não havia ninguém no lugar? Tão vazio e silencioso.
Ah, mas é claro. Ele não gostava de gente, então não deveria ter ninguém, mas aquele silêncio também era devastador. Mirela parou em frente a uma das portas e virou para Mel novamente, com um belo sorriso no rosto, disse:
— Eu vou entrar primeiro. Você fica e espera um pouco. Vou apenas anunciar e dizer que está aqui e pronta para sua entrevista. Logo, logo vou descer qualquer coisa só voltar e descer as escadas que estará livre, tudo bem?
Mel apenas balançou a cabeça já sentindo uma energia pesada demais para continuar parada ali.
Mirela fechou as portas atrás de si vendo o homem a frente nem mesmo se importar para sua presença. A cadeira de couro negro estava virada para a mesa onde só se via as costas da mesma e os cabelos negros que caiam ao redor de sua nuca. As cortinas do lado esquerdo estavam bem fechadas, mas havia uma pequena claridade onde parou apenas por não gostar de viver na escuridão como aquele homem maluco.
— Sr. Santiago. - Chamou o homem que não virou. Tinha que se segurar para não surtar de vez. Trabalhar para aquele homem era complicado. Sobreviver com aquela atitude mimada de não querer ver as pessoas ou simplesmente olha-las como se não fossem nada. — Eu trouxe uma pessoa.
— Uma pessoa. - Ele virou de repente largando as folhas em suas mãos e levantou devagar de sua cadeira. — Que outra decepção você acha que trouxe?
— Quer saber de uma coisa? Eu não ligo nem um pouco se você começar a gritar e surtar porque algumas pessoas não querem fazer o que você manda. - Cruzou os braços.
— As garotas que você trouxe eram mais obedientes do que o necessário, eu não quero um-.
— Olha, olha, olha, para de falar um pouco. Tem uma garota atrás da porta que precisa de um trabalho e você precisa de uma empregada. Ela é bonita, divertida e gente boa. Você vai explicar o que quer, e se ela quiser pode muito bem ficar e te venerar. Mas eu quero férias, quero um momento, quero dias para ficar em paz.
— Se eu não tenho paz, você também não vai ter paz. - Bradou do outro lado batendo contra a mesa, Mirela nem se assustou. Já tinha se acostumado com os surtos do homem em sua frente.
— Eu vou embora, e mandá-la entrar. - Avisou ao homem que começou a sair de trás da mesa. Não queria nem ficar para ver no que ia dar. Talvez outra xícara de um café quente e forte pudesse fazê-la mais feliz. Saiu do quarto procurando por Mel, talvez aquele troglodita gostasse da menina. — Mel, você pode entrar.
— Tem certeza? - Parou diante da porta e sorriu meiga — Eu ouvi gritos.
— Tenha apenas paciência, e se ele disser alguma coisa que não gostar, é só correr.
Mel tentou falar alguma coisa, mas acabou apenas deixando que a mulher passasse com um sorriso no rosto para ir embora. Mel respirou fundo e depois soltou mantendo toda calma possível. Não precisava se sentir nervosa já que tinha feito tantas e tantas entrevistas que nem precisava mais decorar o que falaria. Abriu a porta devagar visto que havia um silêncio grande lá de dentro.
Assustou-se ao reparar numa cama do outro lado além de itens tão pessoais. Será que a entrevista seria no quarto do homem? Para quê?
Quando abriu toda a porta avistou de longe uma mesa grande de madeira e enfim, um homem sentado em sua cadeira. Sua face ficou vermelha ao notar que os olhos lá de dentro vinham em sua direção com curiosidade. Entrou de uma vez extremamente menos confortável do que lá fora.
O quarto era escuro, apesar das janelas serem grandes cobertas por cortinas grossas, no entanto, havia uma pequena fresta deixando um pouco da luz do sol entrar ali.
Era sombrio e até difícil de sentir bem parada ali. Caminhou mais um pouco parando diante da mesa. O homem era bonito de fato, alto e os cabelos negros contornavam o rosto másculo com uma pequena barba por fazer. Era charmoso e apesar de ignorar, Mel sentiu o corpo tremer, e suas pernas pesaram quando o viu afastar a cadeira para se levantar.
Ele era incrivelmente alto, e mesmo que estivesse longe, podia-se ver o quanto aquele homem malhava para ter aqueles ombros largos que mesmo com a camisa largada ao seu corpo, notava-se cada músculo dividido.
Já do outro lado, o homem encarava a mulher daqui com certa curiosidade. Aonde que Mirela havia olhado para a garota baixa, de cabelos ruivos e com uma pele tão branca que parecia não ver um sol há anos e a cidade quente que hora ou outra rachava o chão de tão quente era responsável pela cor saudável em algumas pessoas, menos na pequena menina. Além das roupas nada luxuosas, onde, ou de onde tinha saído aquilo?
— Bom dia. - Ela disse empinando o nariz. Ao menos a voz dela era bonita. Ele saiu de trás da mesa rodeando a mesma com passadas pequenas, queria entender e estudar cada pedaço daquela criatura bonita, em todo caso. — Eu, vim pelo… Bom, ela me trouxe pelo emprego.
— Eu, vim pelo… Bom, ela me trouxe pelo emprego.Estava nervosa e não iria negar, e quanto mais ele se aproximava, menos a voz saia, as palavras fugiam de sua mente. Pôde notar mais de perto a cor dos olhos, era lindo, mais bonito do que qualquer pessoa.— Da onde você é? - Questionou, a garota corou como se fosse uma grande adolescente… Isso era charmoso, bem diferente das outras garotas que adentraram seu quarto naquela semana. Céus, a menina ali não era nada do tipo que dormia em sua cama.— Do norte da cidade. De um lugar onde tem barulho e luz, um lugar onde parece ter vida, bem diferente daqui. - O homem levantou as sobrancelhas, surpreso.— O que? Acha que não tem luz o suficiente? Quer dizer que algo está morto? Que? Eu? - Apontou para si. — Tá dizendo que aqui não tem animação? - Ela balançou a cabeça, assentindo. — Eu não gosto de barulho.— Deu para notar - desviou o olhar, e vendo que ele não disse mais nada, voltou a encará-lo encontrando uma face confusa, — Digo… Eu acho
Quanto mais andava para longe daquela casa, mais queria sumir e não voltar nunca mais. Quando parou no meio daquele labirinto sem saber para onde caminhar, ela olhou ao redor, procurou saber onde realmente estava e o que podia fazer, mas nada, nada. De repente se assustou até com o toque do celular dentro do bolso, o tirou na mesma hora e o desespero tomou conta do seu peito quando viu que era o número do hospital.— Alô? - Ela engoliu a seco — Já estou a caminho.E desatou a correr ainda mais até chegar ao hospital.— Como esta meu irmão? – Perguntou desesperada quando chegou à porta do quarto. — Ele piorou, ficou melhor? Por favor, não me assuste desse jeito.— Sim, sim, apenas a pressão subiu ele ficou um pouco mal. O médico veio rápido e tudo ficou bem. – Disse a mulher. Mel sentou no banco do lado da porta.— Ah meu Deus, eu fiquei com medo de algo ter acontecido. Estava muito longe, eu corri peguei alguns ônibus. Saco!— Não preciso repetir o que digo todos os dias; ele precisa
Olhando para o seu irmão, Mel temia alguma coisa a mais de ruim acontecer. Não queria vê-lo morrer ou muito menos sofrer ainda mais. A doença o atacava cada vez mais, e ela precisava pagar uma cirurgia que iria ajudá-lo muito, mas como fazer se não tinha o dinheiro?Duas semanas atrás tinha fugido da casa de um maluco, e desde então, não deixou de procurar por um emprego que não precisasse tirar a roupa, mas nada estava aberto no mercado. A faculdade de medicina tinha sido trancada, e fora ela, a única experiência de trabalho que tinha era como garçonete, e nem assim, conseguiu encontrar alguma coisa.Respirou fundo quando a porta do quarto abriu, uma médica apareceu revelando um sorriso de conforto chegou perto do garoto deitado na cama e puxou o remédio diário injetando no tubo que estava diretamente ligado a veia de Maurício, aplicou vendo Mel querer chorar com a cena. Quando terminou, jogou a seringa e retirou as luvas, deu a volta na cama e parou diante de Mel que olhou para o la
— Levi? - Marlon encarou o filho adentrar sua sala e caminhar devagar até o pai. — Não estava te esperando.— Ando sem muita coisa para fazer. - Avisou para o outro que assentiu voltando a se sentar.— A empresa está bem, não mandei muito porque tudo o que precisava ser feito, você fez em um mês e meio, está tudo bem? – Levi desviou o olhar ajeitando o terno caro.— Sim! – olhou para o pai.— Sei que tem alguma coisa errada, mas não é da minha conta – Levi apenas o olhava, sem animo, ou motivação — Precisa de quê, de uma puta para mudar sua cara?— Estou bem.— Não parece – Marlon levantou andando pela sala. — Conheço o filho que tenho, está diferente e isso é porque a moça saiu de sua casa?— Não está falando sério? – Levantou também. — Sou adulto, não preciso que fique me vigiando.— Não sou eu. É sua madrasta. – contou e Levi bufou. — Sabe que eu não me importo com o que você faz, apenas com o trabalho que entrego em suas mãos. Você é adulto e sabe das suas decisões. Mas me avise s
— Bom dia meu amorzinho – ela abriu a porta do quarto assustando seu irmão que quase saltou na cama de alegria. — Mel – se agitou e Mel correu para baixar seu rosto. — Estava com saudade de seus abraços. — E eu de ver seu sorriso meu amor, que saudade de você – parou o abraço e encarou o rosto do irmão. — Maurício, trouxe um café diferente pra você só porque está de volta, meu anjinho, eu sentir sua falta demais. — Eu sei, a médica falou que você não saiu daqui enquanto eu não tinha acordado – Mel confirmou com a cabeça. — Eu sei que precisava trabalhar então me desculpa por isso. - Mel apenas assentiu, não precisava pedir desculpas de nada, e estava tudo certo com seu novo trabalho. Adorava aquele lugar e agradecia todos os dias por ele. — eu vejo você como minha mãe, Mel. — É mesmo? E você me fala isso assim do nada? – Mel se emocionou quase que de repente, e abraçou o irmão. — Eu poderia sentir mais falta da mamãe se você não estivesse comigo. Então obrigada por está comigo sem
— Não parece óbvio? - Eles voltaram a se encarar — Eu quero você. Ela desviou o olhar um momento. Levi parecia sincero, tão cheio de si, sua voz era como um tom de comando e a sua mente lhe traia enquanto queria obedecer, mas seu coração a mandava ser quem realmente era, uma mulher que não aceitaria aquele tipo de trabalho nunca. Hora essa. — O que o Sr. Acabou de dizer? — Que eu quero você - Não achou que ele fosse repetir, mas se enganou — É muito difícil você entender? Tem alguma coisa nessa frase que não consegue compreender? Suspirou voltando a desviar o olhar, mordeu os lábios querendo soltar um palavrão… Expirou, não ia surtar, não ia, não ia, não ia. — É um pouco difícil sim de compreender quando já falei que não quero que me siga que me toque que fique por perto. E que não quero ser sua submissa, sua mulher, sua qualquer coisa que queira pagar. - Ele perdeu o sorriso — Acha que pode chegar aqui no meu local de trabalho dizendo que me quer e eu tenho que aceitar? Que tipo
Naquela manhã, Mel acordou mais disposta que todos os outros dias. As coisas estavam começando a dar certo na sua vida… Ao menos em algumas formas, uma vez que já tinha um emprego, mesmo que demorasse a ganhar tudo o que fosse precisar, mas já tinha uma ideia. Saiu do apartamento com um riso no rosto, passou na padaria que Maurício gostava levando para ele seu salgado preferido. Ele poderia comer alguma coisa. Passou um tempo com o garoto que sorria e se animava todas as vezes que via a irmã, e assim que ela partia, o sorriso diminuía, mas ainda era bonito como tal. Quando deu horário, saiu do quarto encontrando a enfermeira de sempre. — Oi… Como ele passou a noite? Ele está indo bem? - Queria saber de tudo, está ciente de tudo. — Ele está bem, Mel. Reage aos remédios perfeitamente bem, mas sabe que ele não pode viver assim para sempre, certo? A cirurgia ainda é a melhor opção. – Ela concordou com a cabeça — Escutei que você conseguiu um emprego. – Apontou para o uniforme mal escon
Seus olhos se encheram de lágrimas, mas de puro ódio. Mexendo com aquele lugar, ela perderia o emprego, e se perdesse o emprego, não tinha como cuidar do seu irmão. E se mexeu com o irmão dela, ela virava uma onça. E era isso que ele veria assim que chagasse na casa dele. Quarenta minutos depois de ônibus, ela desceu alguns quilômetros da casa dele e depois de passar por toda aquela segurança do condomínio andou rápido, porque queria chegar o mais depressa possível. Quem ele pensava que era? Ela só conseguia pensar nisso. Chegou ao jardim grande e até achou bonito ele morar no condomínio aberto, cheio de glamour, pessoas importantes talvez, as casas eram afastadas uma da outra, e tinha paz, mas a paz dele morreria. Apertou a campainha e seus olhos verdes estavam fervendo de raiva, pura raiva, só raiva. Quando a porta foi aberta ela entrou sem ser convidada ou se apresentar. Não deixou o luxo da sala a parar e subiu as escadas sem olhar pra trás, ainda lembrava-se do caminho que tinha