MaeveA vida parecia mais leve nos dias que se seguiram, como se um peso tivesse sido tirado das nossas costas. Cada manhã que passava ao lado de Ricardo era uma confirmação de que estávamos no caminho certo. Estávamos mais unidos, e a nossa relação parecia crescer e se fortalecer a cada conversa, a cada sorriso trocado.Numa tarde ensolarada, ele apareceu na editora onde eu trabalhava, uma surpresa que me pegou completamente desprevenida. Com um buquê de flores nas mãos, ele me olhou como se fosse a primeira vez.— Posso te levar para um almoço? — ele perguntou, com aquele sorriso que fazia meu coração bater mais forte.— Acho que posso abrir uma exceção hoje — respondi, sorrindo de volta, sentindo as bochechas aquecerem.Descemos para o carro dele, e assim que entramos, ele me olhou, aparentemente ansioso.— Tenho um lugar especial para te mostrar — disse ele, enquanto dirigíamos.Chegamos a um parque isolado, com uma área arborizada onde ele havia preparado um piquenique. O cenário
MaeveEstávamos a poucas semanas do término oficial do contrato, mas as coisas já eram tão diferentes que ele quase parecia uma lembrança distante. Ricardo e eu estávamos juntos de uma forma que nenhum documento poderia definir. Agora, nosso vínculo era verdadeiro, com intenções e sentimentos que iam muito além de qualquer papel.Naquela noite, Ricardo me convidou para um jantar em sua casa. Fui recepcionada com um ambiente caloroso, como se ele tivesse planejado cada detalhe. A mesa estava arrumada com elegância, e havia algo no ar que me dizia que aquele jantar não era apenas mais um encontro.Sentamos e começamos a conversar. Eu contava sobre o trabalho, e ele ouvia atentamente, enquanto ocasionalmente segurava minha mão, transmitindo uma segurança que me confortava.De repente, enquanto tomávamos um vinho, ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para algo importante.— Maeve, eu... — começou ele, e sua voz estava mais séria. — Eu preciso que saiba que nunca planejei qu
A manhã estava radiante. O céu de um azul límpido parecia abençoar o dia que marcaríamos para sempre. Ricardo e eu estávamos em frente ao altar, rodeados apenas pelas pessoas que verdadeiramente importavam em nossas vidas. Era uma cerimônia simples, mas cheia de significado. Depois de tudo que havíamos passado, sentia que aquele era o começo de um novo capítulo, escrito com amor e sinceridade.Os convidados estavam emocionados. Clara, a mãe de Ricardo, mantinha-se mais discreta, mas eu sabia que, com o tempo, seu olhar sobre nós havia mudado. Ela finalmente percebera que não se tratava de uma questão de aparência, de status ou de vantagens; era sobre o amor, um amor verdadeiro que eu e seu filho decidimos construir e viver.— Maeve Emerson — Ricardo começou, segurando minhas mãos e olhando-me com uma ternura que ainda me fazia perder o fôlego. — Desde o momento que entrei em sua vida, nada mais foi igual. Eu sei que as coisas não começaram da maneira mais simples, mas cada momento ao
MaeveEu sabia que aquela manhã mudaria tudo. O peso da decisão já apertava meu peito quando bati na porta do escritório de Ricardo. Ouvi sua voz abafada me chamar e entrei, tentando manter a calma.— Maeve, sente-se — ele disse, sem desviar os olhos dos documentos sobre sua mesa.Me acomodei na cadeira de couro, sentindo a tensão crescer. Ricardo finalmente levantou o olhar, suas sobrancelhas arqueadas em uma expressão de impaciência. Eu sabia que ele não esperava que algo assim viesse de mim.— O que é agora? — Ele fechou a pasta à sua frente, cruzando os braços.Respirei fundo, forçando as palavras a saírem firmes.— Eu estou pedindo demissão, Ricardo.O silêncio que se seguiu foi sufocante. Ele me encarou, surpreso, como se estivesse tentando entender o que eu havia acabado de dizer.— Demissão? — Ele repetiu, a palavra soando como um desafio. — E qual é o motivo dessa decisão repentina?Minha voz vacilou, mas continuei.— Minha avó está muito doente, e as contas do hospital são..
MaeveA batida na porta me fez sentir um aperto no peito. Já sabia quem era. Quando abri, Ricardo estava lá, com seu habitual ar de confiança. Ele não disse nada por um momento, apenas me olhou como quem já sabia a resposta.— Então, Maeve, qual é a sua decisão? — Ele perguntou, direto, como sempre.Eu o encarei, lutando com os pensamentos que me mantinham acordada na noite anterior. Minha avó estava cada vez mais frágil, e as contas do hospital estavam muito além do que eu poderia pagar. Mas aceitar aquela proposta... era algo que não consegui decidir tão facilmente.— Ainda não sei, Ricardo. Isso é muita coisa para digerir — respondi, cruzando os braços.Ele entrou na sala sem esperar um convite, olhando ao redor, como se estivesse inspecionando o ambiente.— Olha, Maeve, eu sei que você tem muitas preocupações. Sua avó, o hospital... Mas eu já falei, essa é uma oportunidade que vai te ajudar muito. Estou falando de 200 mil dólares depositados diretamente na sua conta assim que o ac
MaeveO silêncio no carro era pesado enquanto Ricardo dirigia em direção à casa de sua mãe. Mesmo depois do acidente, ele insistiu que a viagem continuasse, e, por mais que eu quisesse protestar, sabia que ele estava certo. Não podíamos perder tempo, e a promessa de que estaríamos de volta para o aniversário da minha avó ainda ressoava na minha cabeça. Meu pé doía, mesmo imobilizado, e o desconforto da viagem apenas me lembrava do caos em que minha vida havia se tornado.Olhei de soslaio para Ricardo. Ele parecia tranquilo, focado na estrada, mas o silêncio entre nós era quase ensurdecedor. Algo estava diferente nele desde a visita ao hospital, como se o gesto da surpresa com minha avó tivesse quebrado uma barreira.— Você está quieta — ele disse, sem tirar os olhos da estrada.— Só estou pensando — respondi, suspirando em seguida. — Em tudo que está acontecendo. Minha avó, esse acordo...Ele assentiu lentamente, sem desviar o olhar.— Eu sei que não é fácil, Maeve. Mas você tomou a d
MaeveQuando entrei na sala, me senti imediatamente fora de lugar. O ambiente era imaculado, o luxo transbordava de cada canto: desde os móveis finos até os quadros pendurados nas paredes. E então, havia eu, com meu vestido simples, nada de grife, nada que chamasse a atenção. Meu pé imobilizado apenas tornava tudo ainda mais constrangedor. Eu podia sentir os olhos da mãe de Ricardo me analisando de cima a baixo, cada detalhe das minhas roupas.Ela sorriu, mas havia algo em seu olhar.— Então, Maeve... — sua voz era doce, mas carregada de curiosidade, como se estivesse esperando uma explicação para o que via. — Ricardo me contou sobre o acidente. Uma pena. Mas... devo dizer que estou surpresa. Não esperava que minha futura nora fosse... tão simples.Ricardo, ao meu lado, percebeu o tom imediatamente. Ele olhou para mim de soslaio, sem saber como eu reagiria.— Ah, eu... — comecei, sentindo o calor subir ao meu rosto. — Eu realmente não tive muito tempo para me arrumar adequadamente dep
MaeveEu não conseguia dormir. As palavras da mãe de Ricardo ecoavam na minha mente como um disco quebrado, repetindo sem parar. "Surpresa... refinada... sofisticada." Elas me rasgavam por dentro, expondo todas as inseguranças que eu já sabia que tinha. Talvez ela tivesse razão. Talvez eu realmente não pertencesse àquele mundo.Sentada na beira da cama, olhei para o meu pé enfaixado. O curativo agora parecia mais uma metáfora para minha vida. Eu estava remendada, tentando seguir em frente, mas me sentia prestes a desmoronar a qualquer momento. As lembranças da minha avó no hospital também não ajudavam.O silêncio no quarto era sufocante, e eu sabia que, a qualquer momento, as lágrimas viriam. Minha avó, aquela que sempre esteve ao meu lado, agora estava em uma cama de hospital, frágil e doente. E eu? Estava aqui, fingindo ser algo que não era para garantir que ela pudesse ter pelo menos um pouco mais de tempo.Antes que pudesse me afundar ainda mais nos meus pensamentos, ouvi uma leve