Mia Miller
Atualmente. Abri a janela do carro, sentindo o vento gelado balançar meus cabelos desarrumados. O clima mais frio sempre me atraiu, mas hoje parecia penetrar em minha pele, arrepiando meu corpo instantaneamente. Olhei para Lorenzo, que dormia confortavelmente no bebê conforto e recordei daquela noite. Dois anos se passaram, e ele era idêntico ao homem com quem perdi a virgindade no estacionamento de um bar. Descobrir a gravidez foi um completo choque. Aquele teste de gravidez me fez desabar no chão, como uma criança.Eu não queria esse filho. Mas no momento em que ele nasceu, e eu vi o seu rosto… a traição de Collin, o desespero de não saber como me virar, tudo sumiu. Somente ele importava. "Você acha que isso vai dar certo?" perguntei, minha voz trêmula, enquanto tentava manter a compostura. Vocês devem estar se perguntando como tudo isso aconteceu… E até eu me pergunto. "O emprego lá paga bem", ela respondeu, seu olhar firme tentando me convencer. "O que você realmente faz lá?" indaguei, arqueando as sobrancelhas, a ansiedade me consumindo. "Mia," ela me encarou séria, "você quer ou não o emprego?" "Eu quero qualquer coisa. Preciso pagar o tratamento do meu pai", confessei, sentindo um nó na garganta ao pensar na doença dele. Outra novidade terrível a seguir: Meu pai havia descoberto um câncer. E ele era a única pessoa que eu tinha, já que minha mãe morreu precocemente. O peso das preocupações me golpeou com força quando me dei conta da situação financeira desesperadora. Charlotte parecia ter a solução, embora seus próprios segredos me atormentassem. Dor e medo: Era tudo o que sentia. Hipoteca, desemprego, contas a pagar. Lágrimas já não eram suficientes para expressar a magnitude do desespero. Fiz o acordo com o banco de pagar a hipoteca lentamente, porém agora demitida, nem isso eu conseguiria. "Farei qualquer coisa por eles", pensei em silêncio, com determinação ardente. Encarei minha reflexão no vidro do carro, mínimas mudanças em minha aparência. Os cabelos mantinham a mesma textura, os olhos verdes brilhavam, e eu usava um vestido simples, como de costume. "Me explica sobre esse emprego", solicitei, tentando focar na questão crucial. "Bom, Mia… Trabalho agradando homens milionários. Acha que consegui esse carro, essas roupas com um diploma universitário?" ela explicou naturalmente, e meus olhos se arregalaram." Eles me dão o que quero se eu fizer o que eles querem." Estava determinada a qualquer coisa. Me sentia um fracasso, e se tivesse que me deitar com homens para dar o básico ao meu pai e filho, eu faria. "Você teria dinheiro suficiente para pagar a hipoteca e o tratamento de seu pai. Pense somente nisso.Sendo bonita assim, poderá ter qualquer homem aos seus pés". Suspirei. O silêncio se instaurou no caminho, e observei meu pequeno adormecer, seus traços tão semelhantes ao homem que eu tentava esquecer. Preferi manter essa gravidez em segredo, temendo as consequências de envolver outra pessoa nesse caos que era minha vida. Eu era pai e mãe de Lorenzo com orgulho. O trajeto até a tal boate para a entrevista de garçonete se desenrolava por caminhos desconhecidos, enquanto me perdia nos pensamentos, observando o céu de Nova York pela janela. De alguma forma eu considerava a vida como algo instável. Há dois anos atrás, eu afirmava que iria me casar com Collin. Seríamos felizes,teríamos dois filhos e um cachorro, mas nada nunca seria do jeito que planejamos. E em meio a promessas estúpidas, veio a traição. Alguns dizem que não entendem qual o sentido da vida. Outros procuram insaciavelmente preencher seus vazios. Eu também me perguntava isso. Mas depois de me ver com um filho de um homem que provavelmente nem lembra que eu existo, mãe solteira e uma carga enorme para dar conta eu só afirmo que o sentido da vida é: resistir. E meu diploma de merda não me ajudava em nada. Ninguém queria contratar uma mãe solteira que cuidasse do pai doente. O mundo vai te desestabilizar, as pessoas vão te foder psicologicamente e te trair, mas você vai encontrar forças de onde nem sabia que existiam. Pois nada nunca é sobre nós. A vida nunca para por você. "Por que está indo por aqui?" Olhei ao redor. "Nunca vi esse caminho, é bonito", comentei sorrindo ao olhar as cerejeiras que haviam. "É bem bonito, mas vazio. Por isso, sempre corto caminho para a boate por aqui, é bem melhor." De repente, nosso carro foi interceptado, e pude ouvir a batida forte. Quando me levantei, estávamos rodeadas por homens encapuzados. Meu coração acelerou, e um frio na espinha anunciou que algo terrível estava prestes a acontecer. Lancei um olhar de pânico para Charlotte, que compartilhava do mesmo temor. A ação foi rápida e brutal. Homens armados nos ordenaram a sair do carro, apontando armas e gritando ameaças. O desespero tomou conta de mim quando Charlotte foi violentamente levada como vítima, deixando-me atônita e sozinha à beira da estrada. Um deles se aproximou e pegou meu filho também. Os olhinhos de Lorenzo me encarando sem entender o que estava acontecendo. "Por favor, levem tudo, mas não machuquem o meu filho!" implorei, as palavras saindo trêmulas enquanto via meu mundo desmoronar diante dos meus olhos. "Se você se mexer antes de darmos partida no carro, eu te mato", um dos homens falou com uma frieza assustadora. "E nem pense em ligar para a polícia, pois quem pagará é o moleque." Engoli seco. O carro arrancou com força, deixando-me ali, perdida e confusa. O desespero misturado com o medo se manifestava em lágrimas incontroláveis enquanto eu tentava compreender o que acabara de acontecer. Meu filho foi levado, e eu não sabia quem estava por trás daquela ação cruel. Ao chegar naquele beco sombrio, encontrei Charlotte no chão, machucada e atordoada. Seus olhos revelavam um terror que eu mal conseguia compreender. Minha mente girava em um turbilhão, mas o que mais me desesperava era a ausência de Lorenzo. "Onde está meu filho?" gritei, quase sem ar, enquanto uma onda de pavor me dominava. As palavras de Charlotte eram confusas, seu rosto contorcido pela dor e pelo medo. Cada segundo parecia uma eternidade, e a ansiedade me corroía. "Que inferno", gritei. "Preciso salvar meu filho." Pedi ajuda e conseguimos uma carona que nos deixou mais próximo ao carro de Charlotte. Eu dirigi e deixei ela na casa de seus pais com o carro. Eu não tinha tempo! Minha pequena criança só tinha dois anos, sozinho com esses monstros. Eu precisava fazer alguma coisa, mas se ligasse para as autoridades, tinha medo do que poderia acontecer. Esses homens pareciam perigosos. Charlotte virou-se para mim ainda debilitada e falou. "O que fizeram com Lorenzo, amiga?" "Eu não faço a menor ideia", as lágrimas escorriam. "Preciso de ajuda… Não tenho recursos, irei atrás do pai dele." "Não!" praticamente gritou, e eu a encarei. "Você não deveria ir atrás do pai dele", sugeriu. Não dei ouvidos a ela, naquele momento eu era uma mãe desesperada que iria salvar a sua cria. O desespero me empurrava para uma única solução: O pai de Lorenzo. Um homem com quem compartilhei uma noite intensa e que agora era minha última esperança. Enquanto as lágrimas misturavam-se com a chuva que começava a cair, eu me perguntava: por que diabos fizeram isso? O que fazia dele alguém tão importante para esses homens? Aquelas perguntas ecoavam na minha mente, tornando o desespero ainda mais profundo. Meus pés adentraram e eu reparei a fachada, estava diferente da noite que eu me lembrava. O local onde minha vida mudou totalmente. Minhas mãos tremiam e meu coração batia rápido. Retiro meu casaco molhado e me encostei no balcão parecendo sentir cada batida do meu coração. Me escorei no balcão e falei com o homem alto à minha frente. "Preciso achar um homem, ele se chama Ethan" falei com as mãos trêmulas. Só de ter a possibilidade de encontrar ele novamente eu quase ficava sem ar. "Quem é você?"ele me analisou de cima a baixo.” "Mia Miller." Eu não tinha respostas, mas uma coisa era certa: eu faria qualquer coisa para ter Lorenzo de volta, inclusive confessar que nunca contei para seu pai que ele tinha um filho.Ethan Greenwood O cheiro de cigarro se mistura com a música em volume baixo. Meus olhos e minha audição percorriam meticulosamente o movimento no bar, captando cada detalhe, era mais uma aquisição. Uma boate escondida, camuflada por trás de um bar aparentemente inocente, era uma de nossas melhores estratégias para esconder nosso segredo. Eu já frequentava esse bar há muito tempo, e quando surgiu a oportunidade de comprá-lo, não pensei duas vezes.Na verdade eu era dono da maior madeireira aqui no Colorado, e expandia outros negócios por aqui. Eu mandava e desmandava na minha matilha, e não deixava de conseguir inimigos onde quer que passasse. "O senhor me parece animado hoje, meu Alpha." meu beta se aproximou de mim, erguendo um braço no balcão enquanto seu olhar percorria o ambiente."Novos negócios são sempre excitantes, Nick." Apoiei-me no balcão, virando-me para encará-lo, um sorriso sutil desenhando meus lábios enquanto observava atentamente a multidão ao
Mia Miller "Venha comigo", disse o homem, guiando-me pela boate.O ambiente havia mudado desde aquela noite. A decoração da boate agora exalava requinte e ao mesmo tempo remetia a um ambiente de caça. Ao abrir a porta daquele escritório, meu coração acelerava, sabendo que enfrentaria o pai do meu filho.Ao entrar, deparei-me com uma versão dura e fria dele. Ainda atraente, seu maxilar era mais definido, músculos evidentes sob a camisa social azul, cabelos ligeiramente mais longos. Encarei seu rosto, percebendo que eu mal conhecia o pai do meu próprio filho.Comecei a falar, minhas mãos trêmulas a cada palavra. "Ele é seu filho."Ele parou por um momento, atônito. Seu olhar era gélido, parecendo não acreditar. "Esse filhote não é meu." afirmou friamente, sem me encarar."Olha..." Sentei-me na cadeira. "Por que eu mentiria? Passei anos sem contar a você que tinha um filho, e agora você acha que estou mentindo? E porque chama meu filho de filhote?""Você acha mesmo que vo
Mia Miller Dentre todas as situações possíveis,eu nunca imaginei ver meu pai saindo morto da nossa casa. Eu não tinha cabeça para nada, enquanto meu filho estava sequestrado, eu ainda tinha de lidar com o luto da morte do meu pai.Eu me perguntava, ali sozinha fitando o teto, o que eu fiz de errado para merecer tantas coisas ruins?Realmente eu não sabia.Sentei-me no chão da sala, os meus braços envolviam minhas pernas enquanto o vazio e a dor consumiam meu peito. A casa estava silenciosa, fria, refletindo o estado do meu coração. Meu pai se foi, e meu filho, meu pequeno Lorenzo, estava nas mãos de alguém que eu nem conhecia. O peso de tudo isso era insuportável, e eu não sabia mais o que fazer.Comecei a pensar em todas as escolhas que fiz até agora, questionando cada uma delas. Como cheguei a esse ponto? Como permiti que minha vida desmoronasse assim? Se eu tivesse contado a Ethan sobre Lorenzo antes... Talvez nada disso estivesse acontecendo. Mas eu não sabia q
Mia Miller.Enquanto separava as coisas do meu pai. Eu pensava em meu bebê, será que ele estava se alimentando? Será que estava chorando com saudades.Meu corpo já não tinha forças, eu não conseguia me erguer.Como prometido, as despesas do velório foram todas pagas por Ethan. Pelo menos, meu pai seria enterrado de uma forma digna.Não havia quase ninguém aqui, somente eu e Charlotte, não tínhamos família próxima. "Mia, você precisa se alimentar." ela segurou em minha mão.""Eu não sinto fome. Só quero meu filho de volta." "Se você não se alimentar, não terá forças para trazê-lo de volta. Por favor…"Ela tinha razão. E hoje, o maldito motorista me levaria até sabe Deus onde.Eu me perguntava como poderia ter um filho tão doce e meigo, com um homem horrível. Ele era frio, calculista e algo nele me causava calafrios.Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. "Eu só espero que essa loucura termine logo. Eu não sei quanto mais posso ague
Ethan GreenwoodDei um gole na bebida enquanto observava atentamente a foto de Mia Miller em meu computador. Era uma imagem recente, mas ainda capturava a essência dela; aquele olhar desafiador, misturado com uma vulnerabilidade que me intrigava. Como uma simples humana poderia despertar algo em mim? Algo que eu não sentia há anos?Eu não era do tipo que se envolvia facilmente. Se eu me relacionava com alguém, geralmente era com mulheres escolhidas a dedo, e sempre lobas.Era mais fácil assim – sem complicações, sem surpresas. Mas Mia... Mia era diferente. Desde o momento em que a vi, algo mudou. O cheiro dela, aquele toque suave e ao mesmo tempo eletrizante... me deixou completamente desarmado.Eu sabia que estava cruzando uma linha perigosa quando me envolvi com ela. Naquela noite, esqueci de tudo e apenas me deixei levar pelo desejo. Acreditava que seria apenas um momento, uma lembrança fugaz. Mas agora, dois anos depois, aqui est
Mia Miller Observo tudo ao meu redor enquanto estou sozinha naquela sala. Algumas das fotos me intrigam,só haviam poucas delas, Ethan e uma senhora,muito bonita que parecia muito com ele. Olho mais de perto e fico chocada com a semelhança entre ele e Lorenzo, quando de repente me assustei com uma voz me chamando."Senhorita Miller." a mulher com um uniforme preto e branco soa meu nome calmamente.""Olá" falo timidamente.""Me chamo Mariah, sou uma das funcionárias do lar do Sr Greenwood. Ele me pediu que te levasse ao seu quarto.""Meu quarto? " arqueei a sobrancelha." Eu não irei ficar aqui, eu só estava esperando que ele voltasse para..""Ordens dele." ela me cortou." Ele não estava brincando. Quando eu concordei com as regras daquele maluco,eu achei que eu poderia ao menos voltar para casa. Eu não queria ficar aqui. De forma alguma.Olhei para a saída da mansão e reparei nos dois seguranças que mais pareciam uns brutamontes. Eu não teria como sair daqui, e nem se tivesse,
Mia MillerAbro os olhos lentamente e ao olhar para o teto, percebo onde estou, isso não é um pesadelo. Eu estava acordando na casa de Ethan. Maldição.Prontamente, meu primeiro pensamento do dia é pensar no meu filho. Como está o meu bebê, é inevitável não deixar que as lágrimas caiam toda vez que pensava em Lorenzo. Eu só queria abraçar o meu bebê e nunca mais soltá-lo. Nunca mais.Ouço uma batida na porta e olho para o relógio em meu celular, são oito da manhã; quem será que está me incomodando a essa hora.Me levanto rapidamente e olho para mim, dormi com a mesma roupa que estava no corpo, uma calça jeans super apertada.Abri a porta lentamente ainda coçando os olhos e dei de cara com ele.Seu terno extremamente alinhado, sua barba perfeitamente feita e os cabelos arrumados, o que esse homem queria."Bom dia" ele disse em um tom sério."Eu revirei os olhos. Ele não era a primeira pessoa que eu queria ver, na verdade era a última, eu o odeio."Se arrume, vam
Ethan Greenwood A raiva me consumiu quando eu vi aquele babaca se aproximar da humana; Ele a olhava como se ela fosse dele.E ela era minha propriedade.Após Mia sair da sala da delegacia perguntei ao chefe de polícia sobre o cara."Quem é aquele cara que estava conversando com a Mia?""Collin." o delegado falou." Um dos policiais que trabalha na parte administrativa.""Não quero que ele se meta em nada sobre o sequestro do meu filho. E muito menos que ele saiba, você é bem pago para isso." disse sério." "Pode deixar senhor."Saí da sala fervendo de raiva.Era fácil ter a polícia nas minhas mãos. Eles trabalhavam muito, e ganhavam pouco. O que fazia a ganância crescer demasiadamente.Precisamos esconder nossos segredos. As lendas sobre criaturas sobrenaturais no Colorado, ainda eram contadas por anciãos mais velhos, mas mesmo assim a geração atual não acreditava, já que nunca houve indícios. Mas mal sabem eles, que existíamos, não na mesma quantidade de antes, mas ainda ér