Dentre todas as situações possíveis,eu nunca imaginei ver meu pai saindo morto da nossa casa. Eu não tinha cabeça para nada, enquanto meu filho estava sequestrado, eu ainda tinha de lidar com o luto da morte do meu pai.
Eu me perguntava, ali sozinha fitando o teto, o que eu fiz de errado para merecer tantas coisas ruins?
Realmente eu não sabia.
Sentei-me no chão da sala, os meus braços envolviam minhas pernas enquanto o vazio e a dor consumiam meu peito. A casa estava silenciosa, fria, refletindo o estado do meu coração. Meu pai se foi, e meu filho, meu pequeno Lorenzo, estava nas mãos de alguém que eu nem conhecia. O peso de tudo isso era insuportável, e eu não sabia mais o que fazer.
Comecei a pensar em todas as escolhas que fiz até agora, questionando cada uma delas. Como cheguei a esse ponto? Como permiti que minha vida desmoronasse assim? Se eu tivesse contado a Ethan sobre Lorenzo antes... Talvez nada disso estivesse acontecendo. Mas eu não sabia quem ele era. Eu mal sabia o que esperar daquela noite, e muito menos que a consequência seria tão devastadora.
Então comecei a chorar. Eu sabia que aquilo não resolveria nada,mas ao menos seria um alívio momentâneo.
Foi então que o telefone tocou.
Na tela apareceu o nome de Charlotte. Atendi prontamente.
"Amiga." ela disse já sabendo do que houve." Me desculpe por não atender, eu estava no hospital."
"Tudo bem." falei limpando as lágrimas com a camisa."
"Eu vou para aí urgentemente."
"Não precisa, Char, não há nada que possamos fazer.Eu quero ficar um pouco sozinha. Eu só vou focar em achar meu filho."
Ela me disse algumas palavras de conforto, mas nada parecia ser suficiente. Eu havia perdido a única pessoa que eu tinha, e o mundo parecia não ter mais cores.
E fora isso, eu ainda tinha um milhão de problemas, como meu filho sequestrado, uma hipoteca para pagar, e sem emprego.
Meus pensamentos voltaram para meu pai ao olhar o quadro em nossa sala. Nós dois abraçados, sorrindo em minha formatura. Flashbacks de momentos felizes surgiram na minha mente como se estivessem tentando me confortar. Seu olhar de orgulho…Lembrava-me das noites em que ele ficava acordado até tarde, ajudando a estudar para as provas. Ele sempre foi meu porto seguro, a rocha em que eu me apoiava, e agora essa rocha estava destruída.
Flashback:
"Pai, eu não sei se posso fazer isso", disse eu, quando estava prestes a começar a faculdade. Ele sorriu, aquele sorriso que sempre me acalmava. "Você pode fazer qualquer coisa, Mia. E eu estarei aqui para te apoiar em cada passo do caminho."Eu não sabia que aquele apoio custaria tanto a ele. Ele adquiriu uma dívida enorme para pagar meus estudos. Ele nunca me disse, nunca quis que eu soubesse. Agora ele se foi, e a culpa me sufocava. Não consegui protegê-lo, assim como não consegui proteger meu filho.
Tudo isso era a minha culpa.
De repente, ouvi o som de um carro parando na frente da casa. Levantei-me, o coração batendo acelerado, quando a porta se abriu e Ethan entrou. Ele estava diferente, mais controlado, mas seus olhos carregavam uma intensidade que me fez recuar instintivamente. Ele olhou ao redor da sala, seus olhos caindo sobre as caixas com os pertences do meu pai, antes de voltar seu olhar para mim.
Era nítido o quanto ele me odiava por ter escondido que ele tinha um filho.
"Ethan..." minha voz saiu fraca, quase um sussurro.
Ele avançou, parando à minha frente, a presença dele era avassaladora. Eu me sentia pequena diante dele, a dor e a ansiedade misturadas com uma sensação crescente de medo. Ele parecia ter o controle de tudo, e isso me aterrorizava.
"Me explique o que aconteceu," ele ordenou com a voz firme e sem qualquer traço de emoção. Ele se aproximou mais invadindo meu espaço pessoal.
Tentei manter a compostura, mas minha voz tremeu enquanto eu falava. "Meu pai... ele se foi. E meu filho... Ethan. Eu não sei o que fazer."
Ele olhou para mim por um longo momento, avaliando minhas palavras. "E você está me dizendo que só agora decidiu envolver-me nisso? Quando já perdeu o controle da situação?"
"Eu não sabia a quem recorrer," respondi, minhas mãos tremendo. "Eu pensei que... talvez..
Ele bufou, um som quase animalesco que me fez estremecer. "Eu já disse que vou ajudar a encontrar o menino. Mas ouça bem, Mia. Quando o encontrarmos, ele será meu."
Senti o chão desabar sob meus pés. "O que você quer dizer com 'seu'? Ele é meu filho, Ethan. Não pode simplesmente tirar ele de mim! Eu acabei de perder meu pai, você é um monstro" gritei."
"Posso e vou," ele disse friamente, seus olhos fixos nos meus, sem ceder um milímetro. "Você não tem ideia do que estamos lidando aqui. Lorenzo é mais do que apenas seu filho, Mia. Ele faz parte de algo maior, algo que você nunca entenderia."
"Isso não faz sentido!" Eu estava à beira das lágrimas, a angústia crescendo dentro de mim. "Você não pode simplesmente tomar essa decisão por mim!"
Ethan se inclinou para mais perto, e eu pude sentir o calor de sua respiração contra minha pele. "Você entrou em um mundo que não conhece. Quando o encontrarmos, ele estará sob a minha proteção. Se isso significar tirá-lo de você, então é o que farei."
As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. Eu não entendia completamente o que ele queria dizer, eu estava totalmente confusa, mas a seriedade em sua voz e a intensidade em seus olhos me diziam que ele não estava brincando.
"Eu nunca vou deixar você levar meu filho de mim," sussurrei, mas mesmo assim eu pude ouvir o medo na minha voz.
Ele endireitou-se, a expressão dura. "Vamos ver sobre isso. Agora, se quiser seu filho de volta, faça o que eu digo. Amanhã cedo, meu motorista estará aqui. Já acionei que for possível para achar o meu filhote. E sobre o seu pai, irei arcar com todos os custos do velório e o que mais você necessitar."
Ele virou-se para sair, deixando-me sozinha no silêncio opressor da casa. Sentei-me de volta no chão, sentindo-me mais perdida do que nunca. Meu pai estava morto, e agora parecia que estava prestes a perder meu filho também.
Eu precisava de um plano. E, de alguma forma, precisava descobrir quem realmente era Ethan e o que ele estava escondendo.
Mia Miller.Enquanto separava as coisas do meu pai. Eu pensava em meu bebê, será que ele estava se alimentando? Será que estava chorando com saudades.Meu corpo já não tinha forças, eu não conseguia me erguer.Como prometido, as despesas do velório foram todas pagas por Ethan. Pelo menos, meu pai seria enterrado de uma forma digna.Não havia quase ninguém aqui, somente eu e Charlotte, não tínhamos família próxima. "Mia, você precisa se alimentar." ela segurou em minha mão.""Eu não sinto fome. Só quero meu filho de volta." "Se você não se alimentar, não terá forças para trazê-lo de volta. Por favor…"Ela tinha razão. E hoje, o maldito motorista me levaria até sabe Deus onde.Eu me perguntava como poderia ter um filho tão doce e meigo, com um homem horrível. Ele era frio, calculista e algo nele me causava calafrios.Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. "Eu só espero que essa loucura termine logo. Eu não sei quanto mais posso ague
Ethan GreenwoodDei um gole na bebida enquanto observava atentamente a foto de Mia Miller em meu computador. Era uma imagem recente, mas ainda capturava a essência dela; aquele olhar desafiador, misturado com uma vulnerabilidade que me intrigava. Como uma simples humana poderia despertar algo em mim? Algo que eu não sentia há anos?Eu não era do tipo que se envolvia facilmente. Se eu me relacionava com alguém, geralmente era com mulheres escolhidas a dedo, e sempre lobas.Era mais fácil assim – sem complicações, sem surpresas. Mas Mia... Mia era diferente. Desde o momento em que a vi, algo mudou. O cheiro dela, aquele toque suave e ao mesmo tempo eletrizante... me deixou completamente desarmado.Eu sabia que estava cruzando uma linha perigosa quando me envolvi com ela. Naquela noite, esqueci de tudo e apenas me deixei levar pelo desejo. Acreditava que seria apenas um momento, uma lembrança fugaz. Mas agora, dois anos depois, aqui est
Mia Miller Observo tudo ao meu redor enquanto estou sozinha naquela sala. Algumas das fotos me intrigam,só haviam poucas delas, Ethan e uma senhora,muito bonita que parecia muito com ele. Olho mais de perto e fico chocada com a semelhança entre ele e Lorenzo, quando de repente me assustei com uma voz me chamando."Senhorita Miller." a mulher com um uniforme preto e branco soa meu nome calmamente.""Olá" falo timidamente.""Me chamo Mariah, sou uma das funcionárias do lar do Sr Greenwood. Ele me pediu que te levasse ao seu quarto.""Meu quarto? " arqueei a sobrancelha." Eu não irei ficar aqui, eu só estava esperando que ele voltasse para..""Ordens dele." ela me cortou." Ele não estava brincando. Quando eu concordei com as regras daquele maluco,eu achei que eu poderia ao menos voltar para casa. Eu não queria ficar aqui. De forma alguma.Olhei para a saída da mansão e reparei nos dois seguranças que mais pareciam uns brutamontes. Eu não teria como sair daqui, e nem se tivesse,
Mia MillerAbro os olhos lentamente e ao olhar para o teto, percebo onde estou, isso não é um pesadelo. Eu estava acordando na casa de Ethan. Maldição.Prontamente, meu primeiro pensamento do dia é pensar no meu filho. Como está o meu bebê, é inevitável não deixar que as lágrimas caiam toda vez que pensava em Lorenzo. Eu só queria abraçar o meu bebê e nunca mais soltá-lo. Nunca mais.Ouço uma batida na porta e olho para o relógio em meu celular, são oito da manhã; quem será que está me incomodando a essa hora.Me levanto rapidamente e olho para mim, dormi com a mesma roupa que estava no corpo, uma calça jeans super apertada.Abri a porta lentamente ainda coçando os olhos e dei de cara com ele.Seu terno extremamente alinhado, sua barba perfeitamente feita e os cabelos arrumados, o que esse homem queria."Bom dia" ele disse em um tom sério."Eu revirei os olhos. Ele não era a primeira pessoa que eu queria ver, na verdade era a última, eu o odeio."Se arrume, vam
Ethan Greenwood A raiva me consumiu quando eu vi aquele babaca se aproximar da humana; Ele a olhava como se ela fosse dele.E ela era minha propriedade.Após Mia sair da sala da delegacia perguntei ao chefe de polícia sobre o cara."Quem é aquele cara que estava conversando com a Mia?""Collin." o delegado falou." Um dos policiais que trabalha na parte administrativa.""Não quero que ele se meta em nada sobre o sequestro do meu filho. E muito menos que ele saiba, você é bem pago para isso." disse sério." "Pode deixar senhor."Saí da sala fervendo de raiva.Era fácil ter a polícia nas minhas mãos. Eles trabalhavam muito, e ganhavam pouco. O que fazia a ganância crescer demasiadamente.Precisamos esconder nossos segredos. As lendas sobre criaturas sobrenaturais no Colorado, ainda eram contadas por anciãos mais velhos, mas mesmo assim a geração atual não acreditava, já que nunca houve indícios. Mas mal sabem eles, que existíamos, não na mesma quantidade de antes, mas ainda ér
Mia Miller.Sinto meu corpo todo suado e acordo com um sobressalto, meu coração disparado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ao olhar ao redor, percebo que estou segura, mas a sensação de angústia não me abandona. Foi só um pesadelo, mas o medo e a ansiedade permanecem vivos dentro de mim.Sonhei com meu filho. Ou melhor, não dá para chamar aquilo de sonho. Foi um reflexo dos meus maiores medos, uma lembrança dolorosa de tudo o que estava em jogo."Meu amor, você vai ficar bem," sussurro, tentando convencer a mim mesma tanto quanto a ele. Lorenzo. Meu Lorenzo. A lembrança do dia em que ele nasceu preenche minha mente, tão meigo, tão frágil. Seu corpinho cabia em minhas mãos como se fosse uma extensão do meu próprio ser. Na maternidade, apenas meu pai estava lá, radiante com a ideia de ser avô. Ele nunca me julgou, apenas foi um avô incrível para o Lorenzo, algo que nunca poderei agradecer o suficiente.Às vezes, me pego pensando em como minha vida seria diferente se eu ti
Mia Miller O silêncio na mansão de Ethan era pesado, quase sufocante. Com ele fora, a casa parecia um labirinto de segredos, e meu desejo de descobrir o que realmente estava acontecendo só aumentava. Caminhando pelos corredores, minha curiosidade me levou a explorar cada canto, cada porta, na esperança de encontrar algo que revelasse mais sobre o homem misterioso que controlava cada pequena parte da minha vida agora.Olhei bem, não havia ninguém aqui.Como ele conseguia viver nesse silêncio? Ele não tinha pais? Parentes?Foi então que ao olhar para trás me bati com algo"Ai que merda." murmurei ao esbarrar o braço em uma porta."Era uma porta no final de um corredor escuro, diferente das outras. O puxador de metal estava desgastado, como se fosse usado com frequência, contrastando com o resto da mansão imaculada. Algo sobre aquela porta me chamou. Sem pensar, minha mão foi instintivamente ao puxador. Tentei girar a maçaneta, e para minha surpresa, a porta cedeu, rangendo ao abrir.
Ethan GreenwoodFui até o bar resolver algumas coisas. Contas a pagar, a receber, estoques para verificar, problemas e mais problemas.Mesmo tendo muito recurso para que outras pessoas façam o trabalho por mim, gosto de acompanhar as coisas pessoalmente.Meu beta se aproxima, com um olhar um pouco sério e para diante a mesa do escritório."Alfa.""Oi Nick." disse calmamente enquanto eu olhava alguns papéis.""Temos uma pista sobre o seu filhote." disse estreitando os olhos de leve."Rapidamente tirei a atenção da pilha de folhas e olhei para ele."O que descobriram?"perguntei.""Um bando de lobos. Eles buscam e vendem recompensas. Alguns dos nossos informantes o viram com um menino parecido com as descrições de Lorenzo.""E por que eles iriam pegar justamente ele?""Isso é o que precisamos saber senhor."Mexi nos cabelos. "Malditos andarilhos." rosnei."Ele era só um garoto de dois anos, com lobos selvagens e bandidos. O garotinho que eu nem sabia que era meu filho, q