Mia Miller
"Venha comigo", disse o homem, guiando-me pela boate. O ambiente havia mudado desde aquela noite. A decoração da boate agora exalava requinte e ao mesmo tempo remetia a um ambiente de caça. Ao abrir a porta daquele escritório, meu coração acelerava, sabendo que enfrentaria o pai do meu filho. Ao entrar, deparei-me com uma versão dura e fria dele. Ainda atraente, seu maxilar era mais definido, músculos evidentes sob a camisa social azul, cabelos ligeiramente mais longos. Encarei seu rosto, percebendo que eu mal conhecia o pai do meu próprio filho. Comecei a falar, minhas mãos trêmulas a cada palavra. "Ele é seu filho." Ele parou por um momento, atônito. Seu olhar era gélido, parecendo não acreditar. "Esse filhote não é meu." afirmou friamente, sem me encarar. "Olha..." Sentei-me na cadeira. "Por que eu mentiria? Passei anos sem contar a você que tinha um filho, e agora você acha que estou mentindo? E porque chama meu filho de filhote?" "Você acha mesmo que vou acreditar nessa história? É dinheiro que você deseja humana? "Eu nem sei seu sobrenome." Passei a mão entre os cabelos. "Você aparece aqui, me dizendo que temos um filho, que ele está sequestrado, e acha tudo normal? Eu nem lembrava que você existia", ele gritou. Minha mente voltava no exato momento em que me entreguei para este homem. Como eu pude ser tão burra? "Eu não quero seu dinheiro ou nada do tipo", murmurei. "A única coisa que quero é meu filho de volta. Eu não sei mais a quem recorrer, e somente por isso estou aqui. “ "Por que você não me contou?" Ele segurou meu braço com força.” O encarei com as lágrimas descendo. De todas as vezes em que imaginei em contar para o pai de Lorenzo que ele tinha um filho, esse era um dos piores cenários possíveis. Eu não o conhecia, e não sabia porque tinha vários seguranças aqui fora, e por que ele parecia ser rico porém suspeito. Todas as minhas suspeitas se confirmaram quando ele avançou para cima de mim fazendo-me arrepiar até o último fio de cabelo. Ele permaneceu em silêncio por um momento, me avaliando com desconfiança "Se isso for verdade, você vai precisar me contar todos os detalhes. Não esconda nada, ou as coisas vão ficar muito ruins para você." Respirei fundo. Meu coração batia descompassado, e o medo se instalava em cada fibra do meu corpo. “ Após aquela noite em que nós… comecei a sentir algumas coisas nas semanas seguintes. Então decidi fazer um teste." Ele esmurrou a parede com raiva. "O maldito preservativo, eu não usei." O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pela minha respiração irregular. O medo estava presente em cada palavra que eu pronunciava, enquanto eu tentava manter a compostura diante dos olhos dele. "Eu estava completamente sozinha. Como eu poderia chegar até o cara com quem dormi apenas uma noite e dizer que estava esperando um filho? Além disso, eu nem sabia quem você era." Fiz menção de abrir a bolsa e peguei o celular com calma, erguendo a imagem do papel de parede com a foto de Lorenzo. Ethan pareceu analisar a imagem, seus olhos fixos na tela, sem saber o que me dizer. "O filhote é idêntico a mim..." Sua voz carregava uma mistura de choque e irritação. "M*****a, como você pode fazer isso?"soltou um rosnado." Porque esse homem está chamando meu filho de filhote, ele é louco? Meus dedos tremiam, levantei da cadeira enquanto segurava o celular, mostrando a imagem do nosso filho, a única conexão visível entre nós naquele momento. Ele parecia transtornado. "Não estou mentindo", insisti, mantendo meu olhar fixo no dele. "Tudo aconteceu tão rápido." Ele passou a mão pelos cabelos, frustração pintada em seu rosto. "A última coisa que queria era envolvê-lo nisso, mas alguém levou meu bebê ." Faremos o teste de DNA" Ele deu duas voltas na sala, fazendo com que minha ansiedade aumentasse ainda mais. "Não preciso de um teste de DNA. Ele é idêntico a mim." "Então, irá me ajudar?" Implorei, segurando meu celular com a imagem de Lorenzo, como se aquilo pudesse transmitir minha angústia. Um suspiro tenso escapou de seus lábios enquanto processava a informação. "Ajudarei." Um pequeno alívio momentâneo percorreu meu corpo. Um sorriso se formou em meus lábios, misturado com a umidade das lágrimas que ameaçavam cair. Ethan parou em minha frente, sua respiração irregular próxima à minha, criando uma proximidade desconfortável. Estávamos tão perto, eu podia sentir o seu calor. Ele se aproximou do meu ouvido, a voz sussurrante enviando arrepios pela minha espinha. "Quando eu o achar, esqueça que ele é seu filho, humana, ele fará parte do meu povo." Um frio percorreu minha espinha, parte pela promessa, parte pela proximidade súbita. Tentei manter a compostura diante da situação, mas eu não ia entregar meu filho para este lunático! Antes que eu pudesse protestar ou gritar, ele encerrou a conversa com um tom de autoridade. "Vá para casa. Amanhã cedo, meu motorista irá te buscar. E não conte nada a ninguém." Minhas mãos tremiam ao guardar o celular na bolsa, enquanto as lágrimas continuavam a rolar pelo meu rosto. As palavras de Ethan ecoavam na minha mente. "Como… Você não pode fazer isso." As palavras saíram em meio ao choro. "Eu posso tudo,humana." Uma aliança inesperada formava-se na busca desesperada por Lorenzo, mas a que custo? A resposta estava além da minha compreensão. Percorri o corredor do escritório, flanqueada por dois homens estranhos. O segurança, impassível, reforçou que tinha ordens explícitas para me levar para casa. Como eu poderia recusar? Adentrei o carro com o coração pulsando forte no peito, os pensamentos tumultuados diante do que estava acontecendo. Com o celular nas mãos, cogitei ligar para o número da polícia . No entanto, uma sensação inquietante me deteve. Não podia arriscar a vida de Lorenzo. Olhei desconfiada ao meu redor, sentia medo. O veículo seguiu pelas ruas, cada esquina aumentando a distância entre mim e a boate,eu me via entre escolhas difíceis, sem saber em quem confiar. Um sms chegou em meu celular, número desconhecido. Era ele… "Aqui está meu telefone, vamos resolver isso logo." Ao chegar em casa joguei a bolsa no sofá e fui correndo até meu pai, eu iria inventar uma história. Ele já estava debilitado com o tratamento e eu não podia preocupá-lo. Eu não iria conseguir dormir sem saber onde meu filho estava. "Papai" gritei" Papai estou em casa, o senhor já tomou os remédios? " gritei novamente após não ouvir respostas. Rapidamente entrei no quarto ao meu pai não me responder. Ao adentrar senti minhas mãos suarem e calafrios invadirem meu corpo imediatamente. Um grito sufocado saiu de meus lábios quando o encontrei caído no chão ao lado da poltrona. Corri ajoelhando-me ao seu lado, o sacudindo freneticamente. "Papai" , meus olhos encheram de lágrimas quando percebi que ele não respondia" Com as mãos tremendo, liguei para a emergência, explicando o que havia acontecido em meio a soluços e lágrimas. Cada segundo que passava era uma eternidade, e a sensação de desamparo me consumia por dentro. Quando os paramédicos chegaram, eu sabia no fundo do meu coração que já era tarde demais. Eles tentaram reanimá-lo, mas seus esforços foram em vão. Infelizmente ele não suportou o câncer. Meu pai se foi. Meu filho foi sequestrado, sem saber onde ao menos ele estava ou se estava vivo. Minha vida sem rumo, e agora havia perdido meu pai. Eu não tinha forças para formular uma frase. Me joguei de joelhos no chão me perguntando o porquê de tanta dor. Peguei o celular e disquei diversas vezes para Charlotte, ela era a única pessoa que eu ainda tinha Mas sem sucesso, ela não atendia . Eu não sabia o que fazer ao olhar as sirenes da ambulância em minha frente,num ato desesperado acabei discando para o número mais improvável. Ethan. "Preciso de ajuda, e não sei a quem recorrer" falei do outro lado da linha entre soluços."Mia Miller Dentre todas as situações possíveis,eu nunca imaginei ver meu pai saindo morto da nossa casa. Eu não tinha cabeça para nada, enquanto meu filho estava sequestrado, eu ainda tinha de lidar com o luto da morte do meu pai.Eu me perguntava, ali sozinha fitando o teto, o que eu fiz de errado para merecer tantas coisas ruins?Realmente eu não sabia.Sentei-me no chão da sala, os meus braços envolviam minhas pernas enquanto o vazio e a dor consumiam meu peito. A casa estava silenciosa, fria, refletindo o estado do meu coração. Meu pai se foi, e meu filho, meu pequeno Lorenzo, estava nas mãos de alguém que eu nem conhecia. O peso de tudo isso era insuportável, e eu não sabia mais o que fazer.Comecei a pensar em todas as escolhas que fiz até agora, questionando cada uma delas. Como cheguei a esse ponto? Como permiti que minha vida desmoronasse assim? Se eu tivesse contado a Ethan sobre Lorenzo antes... Talvez nada disso estivesse acontecendo. Mas eu não sabia q
Mia Miller.Enquanto separava as coisas do meu pai. Eu pensava em meu bebê, será que ele estava se alimentando? Será que estava chorando com saudades.Meu corpo já não tinha forças, eu não conseguia me erguer.Como prometido, as despesas do velório foram todas pagas por Ethan. Pelo menos, meu pai seria enterrado de uma forma digna.Não havia quase ninguém aqui, somente eu e Charlotte, não tínhamos família próxima. "Mia, você precisa se alimentar." ela segurou em minha mão.""Eu não sinto fome. Só quero meu filho de volta." "Se você não se alimentar, não terá forças para trazê-lo de volta. Por favor…"Ela tinha razão. E hoje, o maldito motorista me levaria até sabe Deus onde.Eu me perguntava como poderia ter um filho tão doce e meigo, com um homem horrível. Ele era frio, calculista e algo nele me causava calafrios.Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. "Eu só espero que essa loucura termine logo. Eu não sei quanto mais posso ague
Ethan GreenwoodDei um gole na bebida enquanto observava atentamente a foto de Mia Miller em meu computador. Era uma imagem recente, mas ainda capturava a essência dela; aquele olhar desafiador, misturado com uma vulnerabilidade que me intrigava. Como uma simples humana poderia despertar algo em mim? Algo que eu não sentia há anos?Eu não era do tipo que se envolvia facilmente. Se eu me relacionava com alguém, geralmente era com mulheres escolhidas a dedo, e sempre lobas.Era mais fácil assim – sem complicações, sem surpresas. Mas Mia... Mia era diferente. Desde o momento em que a vi, algo mudou. O cheiro dela, aquele toque suave e ao mesmo tempo eletrizante... me deixou completamente desarmado.Eu sabia que estava cruzando uma linha perigosa quando me envolvi com ela. Naquela noite, esqueci de tudo e apenas me deixei levar pelo desejo. Acreditava que seria apenas um momento, uma lembrança fugaz. Mas agora, dois anos depois, aqui est
Mia Miller Observo tudo ao meu redor enquanto estou sozinha naquela sala. Algumas das fotos me intrigam,só haviam poucas delas, Ethan e uma senhora,muito bonita que parecia muito com ele. Olho mais de perto e fico chocada com a semelhança entre ele e Lorenzo, quando de repente me assustei com uma voz me chamando."Senhorita Miller." a mulher com um uniforme preto e branco soa meu nome calmamente.""Olá" falo timidamente.""Me chamo Mariah, sou uma das funcionárias do lar do Sr Greenwood. Ele me pediu que te levasse ao seu quarto.""Meu quarto? " arqueei a sobrancelha." Eu não irei ficar aqui, eu só estava esperando que ele voltasse para..""Ordens dele." ela me cortou." Ele não estava brincando. Quando eu concordei com as regras daquele maluco,eu achei que eu poderia ao menos voltar para casa. Eu não queria ficar aqui. De forma alguma.Olhei para a saída da mansão e reparei nos dois seguranças que mais pareciam uns brutamontes. Eu não teria como sair daqui, e nem se tivesse,
Mia MillerAbro os olhos lentamente e ao olhar para o teto, percebo onde estou, isso não é um pesadelo. Eu estava acordando na casa de Ethan. Maldição.Prontamente, meu primeiro pensamento do dia é pensar no meu filho. Como está o meu bebê, é inevitável não deixar que as lágrimas caiam toda vez que pensava em Lorenzo. Eu só queria abraçar o meu bebê e nunca mais soltá-lo. Nunca mais.Ouço uma batida na porta e olho para o relógio em meu celular, são oito da manhã; quem será que está me incomodando a essa hora.Me levanto rapidamente e olho para mim, dormi com a mesma roupa que estava no corpo, uma calça jeans super apertada.Abri a porta lentamente ainda coçando os olhos e dei de cara com ele.Seu terno extremamente alinhado, sua barba perfeitamente feita e os cabelos arrumados, o que esse homem queria."Bom dia" ele disse em um tom sério."Eu revirei os olhos. Ele não era a primeira pessoa que eu queria ver, na verdade era a última, eu o odeio."Se arrume, vam
Ethan Greenwood A raiva me consumiu quando eu vi aquele babaca se aproximar da humana; Ele a olhava como se ela fosse dele.E ela era minha propriedade.Após Mia sair da sala da delegacia perguntei ao chefe de polícia sobre o cara."Quem é aquele cara que estava conversando com a Mia?""Collin." o delegado falou." Um dos policiais que trabalha na parte administrativa.""Não quero que ele se meta em nada sobre o sequestro do meu filho. E muito menos que ele saiba, você é bem pago para isso." disse sério." "Pode deixar senhor."Saí da sala fervendo de raiva.Era fácil ter a polícia nas minhas mãos. Eles trabalhavam muito, e ganhavam pouco. O que fazia a ganância crescer demasiadamente.Precisamos esconder nossos segredos. As lendas sobre criaturas sobrenaturais no Colorado, ainda eram contadas por anciãos mais velhos, mas mesmo assim a geração atual não acreditava, já que nunca houve indícios. Mas mal sabem eles, que existíamos, não na mesma quantidade de antes, mas ainda ér
Mia Miller.Sinto meu corpo todo suado e acordo com um sobressalto, meu coração disparado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ao olhar ao redor, percebo que estou segura, mas a sensação de angústia não me abandona. Foi só um pesadelo, mas o medo e a ansiedade permanecem vivos dentro de mim.Sonhei com meu filho. Ou melhor, não dá para chamar aquilo de sonho. Foi um reflexo dos meus maiores medos, uma lembrança dolorosa de tudo o que estava em jogo."Meu amor, você vai ficar bem," sussurro, tentando convencer a mim mesma tanto quanto a ele. Lorenzo. Meu Lorenzo. A lembrança do dia em que ele nasceu preenche minha mente, tão meigo, tão frágil. Seu corpinho cabia em minhas mãos como se fosse uma extensão do meu próprio ser. Na maternidade, apenas meu pai estava lá, radiante com a ideia de ser avô. Ele nunca me julgou, apenas foi um avô incrível para o Lorenzo, algo que nunca poderei agradecer o suficiente.Às vezes, me pego pensando em como minha vida seria diferente se eu ti
Mia Miller O silêncio na mansão de Ethan era pesado, quase sufocante. Com ele fora, a casa parecia um labirinto de segredos, e meu desejo de descobrir o que realmente estava acontecendo só aumentava. Caminhando pelos corredores, minha curiosidade me levou a explorar cada canto, cada porta, na esperança de encontrar algo que revelasse mais sobre o homem misterioso que controlava cada pequena parte da minha vida agora.Olhei bem, não havia ninguém aqui.Como ele conseguia viver nesse silêncio? Ele não tinha pais? Parentes?Foi então que ao olhar para trás me bati com algo"Ai que merda." murmurei ao esbarrar o braço em uma porta."Era uma porta no final de um corredor escuro, diferente das outras. O puxador de metal estava desgastado, como se fosse usado com frequência, contrastando com o resto da mansão imaculada. Algo sobre aquela porta me chamou. Sem pensar, minha mão foi instintivamente ao puxador. Tentei girar a maçaneta, e para minha surpresa, a porta cedeu, rangendo ao abrir.