Mia Miller Estar com duas crianças recém-nascidas era um trabalho enorme. Eu me revezava entre trocar fraldas, acalmar o choro de Amara e Gael, e tentar garantir que Lorenzo não se sentisse deixado de lado. Era exaustivo, mas meu coração estava cheio. Mesmo assim, as raras pausas, como o banho quente que eu acabara de tomar, eram momentos que me mantinham sã.Ethan, como sempre, estava ali, me apoiando. Ele tinha os gêmeos em seus braços enquanto eu enxugava o cabelo. “O que você vai fazer com aquela casa?” perguntei, tentando puxar conversa enquanto ajustava a toalha.“Qual casa?” Ele levantou os olhos, sua expressão confusa por um segundo antes de perceber. “Ah, a mansão. Aquela onde nos encontramos pela primeira vez.”“Sim, essa mesma. Fiquei curiosa. Desde que nos mudamos para a reserva, você nunca mais mencionou ela.”“Era dos meus pais,” ele respondeu, seus olhos escurecendo com uma lembrança antiga. “Planejo deixar aquela casa para o nosso primogênito. Lorenzo.”“Lorenzo?” Ol
Mia Miller Queria fazer uma surpresa para o meu noivo. Desci do ônibus com a pequena mala nas mãos, olhando a cidade. Há dois meses eu não via o céu desta cidade. Eu sentia tanta falta do ar puro do Colorado. Segurei as chaves do apartamento de Collin e sorri. Ele não sabia que eu viria, e nesse horário provavelmente ele estava trabalhando. Decidi esperá-lo aqui, já que passei duas longas semanas longe da cidade tentando arrumar um emprego. Tive algumas entrevistas por lá, mas como podem ver, não fui contratada. No auge dos meus vinte e dois anos eu me sentia uma perdedora. Girei a chave na fechadura e abri a porta. Ao entrar na sala, me deparei com tudo bagunçado, típico dele. Nos últimos nove meses, estávamos preparando o nosso casamento. Apesar de ainda estar desempregada, meu quase esposo disse que isso não era um problema para ele. Eu o amava. Joguei a mala no sofá e fui até a geladeira pegar água. Estava exausta, mas hoje eu queria fazer algo especial. Collin era p
Mia Miller Adentrei a porta do bar e meus olhos buscaram freneticamente por Charlotte entre a multidão. Minhas mãos tremiam e meu coração martelava no peito.Não há palavras suficientes no dicionário que possam descrever tudo que estava sentindo.Procurei com os olhos e finalmente avistei Charlotte, em um canto escuro do bar.Lutei contra o aperto no peito enquanto percorria o corredor, tentando me concentrar nas luzes piscando, que pareciam tentar acalmar toda a dor em mim."Mia, você está bem?" Ela se aproximou e me abraçou."Charlotte…" Minha voz mal conseguia sustentar a dor que tomava conta de mim. "Ele… Ele estava com ela."Eu nem me sentei e já comecei a contar cada detalhe.Minhas palavras escapavam entre soluços, a raiva e a mágoa transbordando a cada sílaba. O abraço dela era um porto seguro naquele momento. O peso da traição se instalava em meu peito, transformando cada respiração em um esforço."Tudo que acreditava ser sólido desmoronou, Char. Acreditei tan
Mia Miller Atualmente. Abri a janela do carro, sentindo o vento gelado balançar meus cabelos desarrumados. O clima mais frio sempre me atraiu, mas hoje parecia penetrar em minha pele, arrepiando meu corpo instantaneamente.Olhei para Lorenzo, que dormia confortavelmente no bebê conforto e recordei daquela noite. Dois anos se passaram, e ele era idêntico ao homem com quem perdi a virgindade no estacionamento de um bar.Descobrir a gravidez foi um completo choque. Aquele teste de gravidez me fez desabar no chão, como uma criança.Eu não queria esse filho. Mas no momento em que ele nasceu, e eu vi o seu rosto… a traição de Collin, o desespero de não saber como me virar, tudo sumiu. Somente ele importava."Você acha que isso vai dar certo?" perguntei, minha voz trêmula, enquanto tentava manter a compostura. Vocês devem estar se perguntando como tudo isso aconteceu…E até eu me pergunto."O emprego lá paga bem", ela respondeu, seu olhar firme tentando me convencer."O que voc
Ethan Greenwood O cheiro de cigarro se mistura com a música em volume baixo. Meus olhos e minha audição percorriam meticulosamente o movimento no bar, captando cada detalhe, era mais uma aquisição. Uma boate escondida, camuflada por trás de um bar aparentemente inocente, era uma de nossas melhores estratégias para esconder nosso segredo. Eu já frequentava esse bar há muito tempo, e quando surgiu a oportunidade de comprá-lo, não pensei duas vezes.Na verdade eu era dono da maior madeireira aqui no Colorado, e expandia outros negócios por aqui. Eu mandava e desmandava na minha matilha, e não deixava de conseguir inimigos onde quer que passasse. "O senhor me parece animado hoje, meu Alpha." meu beta se aproximou de mim, erguendo um braço no balcão enquanto seu olhar percorria o ambiente."Novos negócios são sempre excitantes, Nick." Apoiei-me no balcão, virando-me para encará-lo, um sorriso sutil desenhando meus lábios enquanto observava atentamente a multidão ao
Mia Miller "Venha comigo", disse o homem, guiando-me pela boate.O ambiente havia mudado desde aquela noite. A decoração da boate agora exalava requinte e ao mesmo tempo remetia a um ambiente de caça. Ao abrir a porta daquele escritório, meu coração acelerava, sabendo que enfrentaria o pai do meu filho.Ao entrar, deparei-me com uma versão dura e fria dele. Ainda atraente, seu maxilar era mais definido, músculos evidentes sob a camisa social azul, cabelos ligeiramente mais longos. Encarei seu rosto, percebendo que eu mal conhecia o pai do meu próprio filho.Comecei a falar, minhas mãos trêmulas a cada palavra. "Ele é seu filho."Ele parou por um momento, atônito. Seu olhar era gélido, parecendo não acreditar. "Esse filhote não é meu." afirmou friamente, sem me encarar."Olha..." Sentei-me na cadeira. "Por que eu mentiria? Passei anos sem contar a você que tinha um filho, e agora você acha que estou mentindo? E porque chama meu filho de filhote?""Você acha mesmo que vo
Mia Miller Dentre todas as situações possíveis,eu nunca imaginei ver meu pai saindo morto da nossa casa. Eu não tinha cabeça para nada, enquanto meu filho estava sequestrado, eu ainda tinha de lidar com o luto da morte do meu pai.Eu me perguntava, ali sozinha fitando o teto, o que eu fiz de errado para merecer tantas coisas ruins?Realmente eu não sabia.Sentei-me no chão da sala, os meus braços envolviam minhas pernas enquanto o vazio e a dor consumiam meu peito. A casa estava silenciosa, fria, refletindo o estado do meu coração. Meu pai se foi, e meu filho, meu pequeno Lorenzo, estava nas mãos de alguém que eu nem conhecia. O peso de tudo isso era insuportável, e eu não sabia mais o que fazer.Comecei a pensar em todas as escolhas que fiz até agora, questionando cada uma delas. Como cheguei a esse ponto? Como permiti que minha vida desmoronasse assim? Se eu tivesse contado a Ethan sobre Lorenzo antes... Talvez nada disso estivesse acontecendo. Mas eu não sabia q
Mia Miller.Enquanto separava as coisas do meu pai. Eu pensava em meu bebê, será que ele estava se alimentando? Será que estava chorando com saudades.Meu corpo já não tinha forças, eu não conseguia me erguer.Como prometido, as despesas do velório foram todas pagas por Ethan. Pelo menos, meu pai seria enterrado de uma forma digna.Não havia quase ninguém aqui, somente eu e Charlotte, não tínhamos família próxima. "Mia, você precisa se alimentar." ela segurou em minha mão.""Eu não sinto fome. Só quero meu filho de volta." "Se você não se alimentar, não terá forças para trazê-lo de volta. Por favor…"Ela tinha razão. E hoje, o maldito motorista me levaria até sabe Deus onde.Eu me perguntava como poderia ter um filho tão doce e meigo, com um homem horrível. Ele era frio, calculista e algo nele me causava calafrios.Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. "Eu só espero que essa loucura termine logo. Eu não sei quanto mais posso ague