07. Negociação

                                    Mia Miller.

Enquanto separava as coisas do meu pai. Eu pensava em meu bebê, será que ele estava se alimentando? Será que estava chorando com saudades.

Meu corpo já não tinha forças, eu não conseguia me erguer.

Como prometido, as despesas do velório foram todas pagas por Ethan. Pelo menos, meu pai seria enterrado de uma forma digna.

Não havia quase ninguém aqui, somente eu e Charlotte, não tínhamos família próxima. 

"Mia, você precisa se alimentar." ela segurou em minha mão."

"Eu não sinto fome. Só quero meu filho de volta." 

"Se você não se alimentar, não terá forças para trazê-lo de volta. Por favor…"

Ela tinha razão. E hoje, o maldito motorista me levaria até sabe Deus onde.

Eu me perguntava como poderia ter um filho tão doce e meigo, com um homem horrível. Ele era frio, calculista e algo nele me causava calafrios.

Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. "Eu só espero que essa loucura termine logo. Eu não sei quanto mais posso aguentar."

Charlotte me puxou para um abraço, e ali, em seus braços, eu permiti que as lágrimas caíssem novamente. Meu pai se foi, Lorenzo estava perdido, e o peso de tudo isso parecia esmagar-me. Mas eu sabia que precisava encontrar forças, por mais que parecesse impossível.

Quando finalmente me afastei, Charlotte me olhou com uma expressão determinada. "Vamos sair daqui, Mia. Você precisa comer algo. Faça isso por Lorenzo."

Assenti, mesmo que sem convicção, deixando que ela me guiasse para fora do velório. Ethan podia ser um monstro, mas eu não deixaria que ele tirasse meu filho de mim. Eu lutaria com todas as forças que me restavam.

Que inclusive eram bem poucas.

Fiquei em casa sozinha, Charlotte precisava ir pois tinha que trabalhar. Eu me segurava a todo momento para não chorar, o que parecia uma tarefa impossível.

Quando o carro preto parou na frente da minha casa, meu coração começou a bater mais rápido. Era cedo, e o motorista estava lá, exatamente como Ethan havia dito. Eu não sabia o que esperar, mas a ideia de entrar naquele carro me deixou inquieta.

"Senhorita." o homem alto de figura impassível falou e eu só balancei a cabeça."

Subi no veículo em silêncio, e o motorista, um homem de rosto sério e expressão impassível, deu a partida sem dizer uma palavra.

 O caminho foi longo, e à medida que nos afastamos do centro da cidade, meu desconforto só aumentava. 

Passamos por ruas arborizadas e áreas residenciais luxuosas, até que, finalmente, o carro adentrou um portão de ferro forjado que se abriu automaticamente. A propriedade em que entramos era imensa.

Quando o carro parou em frente aquela mansão, meus olhos se arregalaram  de surpresa.

 A construção era imponente, com uma arquitetura que misturava elementos clássicos e modernos. A fachada de pedras cinzentas e grandes janelas de vidro brilhava sob a luz do sol e  havia uma longa escadaria de mármore que levava até a entrada principal, onde duas grandes portas de madeira entalhada esperavam para ser abertas.

Desci do carro, sentindo o frio na barriga intensificar-se. O lugar era impressionante, mas ao mesmo tempo intimidante e frio. Eu nunca tinha visto algo assim antes. Quem era Ethan Greenwood realmente? Ele era muito mais do que eu tinha imaginado, e isso só aumentava meu medo.

O homem indicou que eu o seguisse. 

Subimos os degraus,e eu permaneci em silêncio.  As portas se abriram assim que nos aproximamos, revelando um saguão grandioso. 

O piso de mármore quase brilhava. 

Olhei ao redor, quase sem acreditar no que via. As paredes eram adornadas com obras de arte, e móveis luxuosos preenchiam o ambiente, mas havia algo frio e distante em tudo aquilo. Era como se a grandiosidade da mansão refletisse a personalidade de Ethan:

impressionante, mas perigosa.

O então motorista me conduziu por um corredor, onde os quadros nas paredes quase pareciam me observar. Passamos por diversas portas fechadas, até que finalmente ele parou diante de uma delas, abrindo-a para que eu entrasse. 

"Fique aqui. O sr Greenwood virá recebê-la."

Eu me sentei em um dos sofás, sentindo a suavidade do estofado, mas sem conseguir relaxar.

 Cada segundo ali parecia aumentar minha ansiedade. Eu não sabia o que Ethan queria de mim, ou qual seria o próximo passo, mas uma coisa era clara: eu estava completamente apavorada.

Enquanto esperava, tentei imaginar como uma pessoa poderia possuir tanto poder e riqueza, e ao mesmo tempo ser tão frio e cruel. 

"Vejo que é bem observadora." a voz grossa e firme ecoou sobre a sala."

"Você mora aqui?" a pergunta saiu involuntariamente."

"Depende." ele me olhou de cima a baixo." Prefiro mais a casa na floresta, é meu habitat natural."

Habitat natural? Esse cara era um lunático. Isso sim.

"Enfim, o que você quer? O que sabe do meu filho?"perguntei apertando os dedos."

Ele deu passos em círculos pela sala, como se estivesse fazendo a ronda pelo ambiente. Esse não se parecia com aquele homem sexy e sedutor que eu conheci naquele bar.

"Vou trazer ele de volta, eu lhe prometi. E promessas são dívidas.Eu tenho inimigos, algum deles pode ter descoberto antes de mim que eu tinha um filho, e o sequestrado."

Arregalei os olhos. Se ele tinha inimigos, coisa boa não deveria ser.

"Quem é você?" perguntei."

"Você é curiosa demais Mia Miller. Não gosto de pessoas curiosas, gosto de quem recebe as ordens."

"Eu só quero o meu filho de volta." murmurei."

Ele deu um sorriso sarcástico.

"Ah… Sobre isso, mudei de ideia."

O silêncio constrangedor que reinou na sala fez minha respiração ficar ofegante, ele veio em  passos lentos, se aproximando do meu rosto.

"Respiração ofegante. Suor. Coração acelerado." ele dedilhou a ponta dos meus lábios." Hmm, você está com medo."

A tensão entre nós aumentava a cada milésimo de segundo. Sua boca estava a centímetros de distância da minha e seus olhos azuis penetrantes percorriam todo o meu rosto.

"Não. Não tenho medo de você."

"Não seja medíocre.." deu um sorrisinho." Se não tem, comece a ter."

"Sobre o quê você mudou de ideia?" 

"Eu não vou mais tirar Lorenzo de você quando o achar."

Uma faísca de esperança surgiu em meu rosto. Será que havia alguma bondade nesse homem?

"Sério?" perguntei."

"Uhum.. Por que você será minha, irá me obedecer, ser minha propriedade. Você só precisará seguir as regras, e irá pagar por toda sua mentira, humana."

Meu coração bateu descompassado. O que ele estava propondo, isso era loucura!

"Você deve estar brincando." soltei uma risada sarcástica."

"Não estou brincando, sou um homem e líder sério. Se não concordar com isso tudo bem, de uma forma ou de outra, eu irei achar a criança e ele nunca mais verá você. "

Ele fez menção de sair da sala e eu rapidamente levantei e gritei.

"ESPERA!" ele olhou para trás." Faço o que você quiser, só traga meu filho em segurança."

Um sorriso de satisfação surgiu em seus lábios, e eu desejei nunca ter me envolvido com esse homem.

"Sábia escolha, até que você não é tão burra. Agora você é minha, Mia Miller."

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