Ethan Greenwood
O cheiro de cigarro se mistura com a música em volume baixo. Meus olhos e minha audição percorriam meticulosamente o movimento no bar, captando cada detalhe, era mais uma aquisição. Uma boate escondida, camuflada por trás de um bar aparentemente inocente, era uma de nossas melhores estratégias para esconder nosso segredo. Eu já frequentava esse bar há muito tempo, e quando surgiu a oportunidade de comprá-lo, não pensei duas vezes. Na verdade eu era dono da maior madeireira aqui no Colorado, e expandia outros negócios por aqui. Eu mandava e desmandava na minha matilha, e não deixava de conseguir inimigos onde quer que passasse. "O senhor me parece animado hoje, meu Alpha." meu beta se aproximou de mim, erguendo um braço no balcão enquanto seu olhar percorria o ambiente. "Novos negócios são sempre excitantes, Nick." Apoiei-me no balcão, virando-me para encará-lo, um sorriso sutil desenhando meus lábios enquanto observava atentamente a multidão ao nosso redor." Mas odeio esses humanos" "O cheiro deles é insuportável" Nick comentou" Ser um Alpha num mundo de humanos exigia de todos nós muito cuidado e sigilo. "Temos que suportá-los." Tínhamos uma reserva aqui em Estes Park, onde podíamos ser somente lobos. Segui para a reserva de carro, precisava resolver algo com os membros da matilha. Algum dos lobos se rebelou e eu não tolerava esse tipo de atitude. Chego na reserva e sinto o ar sobressaindo sob meus pulmões. A sensação de estar em casa é maravilhosa. Nick meu beta, me segue como forma de proteção e principalmente porque ele é meu braço direito. "Meu Alfa, é um prazer vê lo aqui." o delta responsável por auxiliar a reserva me recebe" "Me mostre onde está o filho da mãe"me referi ao lobo que nos desobedeceu ." Segui até a masmorra que tínhamos construído justamente para esse tipo de situação. Os Lobos se rebelavam, e a lealdade entre nós era importante. Quem não seguisse as regras da matilha, seria exilado. Talvez as exageradas expectativas que todos tinham sobre mim me deixaram exaustos. Eu era o primeiro na linha do trono de sucessão dos alphas. E quando meu pai morreu, eu sabia que eu seria o próximo. Fui criado para ser um, e ensinado a ser forte. Os humanos nos odiavam, e era recíproco. Vivíamos escondidos, na nossa forma não natural, e eu só podia de fato ser quem eu era na reserva. Mas aos olhos de todos, eu era somente um CEO respeitado. Me dirigi novamente ao bar, para só depois ir para casa. Tudo cansativo, e o que eu desejava às vezes era somente ser livre. Entrei no escritório somente para finalizar o fechamento da folha de hoje, e um dos lobos que fazem a minha segurança me chamou. "Tem uma mulher que está lhe procurando meu Alfa, ele se aproximou". "Mulher?" arqueei a sobrancelha" Não sei quem pode ser lobo, estou muito ocupado e não quero visitas, mande ela partir" fui andando em seguida a boate" "Ela disse que seu nome é Mia Miller, senhor." Parei instantaneamente em frente ao ômega. Ao ouvir esse nome, imediatamente o flashback surgiu em minha mente; ela em meu colo, suas mãos percorrendo meu abdômen, subindo e descendo loucamente. Ela foi a única humana que realmente me atraiu. Mia Miller, cujo nome eu me recordava claramente, definitivamente tinha algo incomum. Precisava saber o que ela queria e porque apareceu depois de anos. "Mande ela entrar" falei friamente" Me sentei na cadeira, pensando como essa mulher me achou e o que ela poderia querer. Já se passaram exatamente dois anos desde que fui fraco e acabei dormindo com ela. A porta se abriu lentamente mostrando a figura da humana que continuava com o mesmo rosto angelical. Olhei firmemente para ela, mantendo minha seriedade. "Por que me procurou?" Minha voz soa amendontrosa. Por mais que estivesse surpreso em vê-la, demonstrar emoções não fazia parte de um alfa. "Eu preciso de sua ajuda"suas pernas balançavam como se estivesse nervosa" "Não entendo por que está aqui e como me achou" franzi a testa." "Minha intuição dizia que alguém desse bar podia saber algo sobre você. Meu filho foi sequestrado. E eu não tenho recursos para ir atrás dele, me disseram que se eu ligasse para alguém, o matariam no mesmo instante. " ela fala tudo rapidamente e embolado. " "E o que eu teria a ver com a vida do seu filho?" a observo." "Porque ele também é seu filho."cuspiu as palavras. " Senti o chão sumir das minhas vistas. Meu corpo estremeceu, e me apoiei na mesa de escritório. Ao ouvir essas palavras, senti uma torrente de emoções que há muito tempo eu havia enterrado. A ideia de ter um filhote, ainda mais com uma humana, era inconcebível para mim. Meu mundo, tão rigidamente estruturado, começou a desmoronar aos poucos. Como um Alfa, eu sempre me orgulhei de minha disciplina, de meu controle absoluto sobre minhas emoções e minhas ações. Mas naquele momento, senti como se estivesse à beira de um abismo, e qualquer passo em falso me faria cair. Apoiando-me na mesa, respirei fundo, tentando recobrar a compostura. Não poderia deixar que ela visse qualquer sinal de fraqueza. Mia Miller. O nome que eu não conseguia esquecer. Ela foi a única humana que realmente me atraiu, que fez com que eu baixasse minha guarda por uma noite. A lembrança de suas mãos percorrendo o meu corpo , seus toques ardentes e desesperados, veio à tona, e junto com ela, a constatação do que aquilo significava agora. Um filhote. Meu filhote. Meu coração, que há muito havia se endurecido, agora batia com uma força quase dolorosa. E então, uma nova emoção começou a tomar conta de mim: raiva. Uma raiva intensa, que queimava como um fogo feroz. Ela escondeu isso de mim. Mia sabia da existência de nosso filho e manteve esse segredo por dois anos. Essa humana iria pagar por ter me feito isso. Esse era um dos motivos pelos quais eu não me envolvia com essa raça, eles não respeitavam nada. Mas eu agora tenho um filho híbrido. Essa mulher tinha algo diferente que eu nem conseguia explicar, o destino nos uniu por um motivo, e se ele fosse meu filho, eu iria resgatar a minha cria das mãos dela e fazer com que ele esquecesse que um dia foi humano.Mia Miller "Venha comigo", disse o homem, guiando-me pela boate.O ambiente havia mudado desde aquela noite. A decoração da boate agora exalava requinte e ao mesmo tempo remetia a um ambiente de caça. Ao abrir a porta daquele escritório, meu coração acelerava, sabendo que enfrentaria o pai do meu filho.Ao entrar, deparei-me com uma versão dura e fria dele. Ainda atraente, seu maxilar era mais definido, músculos evidentes sob a camisa social azul, cabelos ligeiramente mais longos. Encarei seu rosto, percebendo que eu mal conhecia o pai do meu próprio filho.Comecei a falar, minhas mãos trêmulas a cada palavra. "Ele é seu filho."Ele parou por um momento, atônito. Seu olhar era gélido, parecendo não acreditar. "Esse filhote não é meu." afirmou friamente, sem me encarar."Olha..." Sentei-me na cadeira. "Por que eu mentiria? Passei anos sem contar a você que tinha um filho, e agora você acha que estou mentindo? E porque chama meu filho de filhote?""Você acha mesmo que vo
Mia Miller Dentre todas as situações possíveis,eu nunca imaginei ver meu pai saindo morto da nossa casa. Eu não tinha cabeça para nada, enquanto meu filho estava sequestrado, eu ainda tinha de lidar com o luto da morte do meu pai.Eu me perguntava, ali sozinha fitando o teto, o que eu fiz de errado para merecer tantas coisas ruins?Realmente eu não sabia.Sentei-me no chão da sala, os meus braços envolviam minhas pernas enquanto o vazio e a dor consumiam meu peito. A casa estava silenciosa, fria, refletindo o estado do meu coração. Meu pai se foi, e meu filho, meu pequeno Lorenzo, estava nas mãos de alguém que eu nem conhecia. O peso de tudo isso era insuportável, e eu não sabia mais o que fazer.Comecei a pensar em todas as escolhas que fiz até agora, questionando cada uma delas. Como cheguei a esse ponto? Como permiti que minha vida desmoronasse assim? Se eu tivesse contado a Ethan sobre Lorenzo antes... Talvez nada disso estivesse acontecendo. Mas eu não sabia q
Mia Miller.Enquanto separava as coisas do meu pai. Eu pensava em meu bebê, será que ele estava se alimentando? Será que estava chorando com saudades.Meu corpo já não tinha forças, eu não conseguia me erguer.Como prometido, as despesas do velório foram todas pagas por Ethan. Pelo menos, meu pai seria enterrado de uma forma digna.Não havia quase ninguém aqui, somente eu e Charlotte, não tínhamos família próxima. "Mia, você precisa se alimentar." ela segurou em minha mão.""Eu não sinto fome. Só quero meu filho de volta." "Se você não se alimentar, não terá forças para trazê-lo de volta. Por favor…"Ela tinha razão. E hoje, o maldito motorista me levaria até sabe Deus onde.Eu me perguntava como poderia ter um filho tão doce e meigo, com um homem horrível. Ele era frio, calculista e algo nele me causava calafrios.Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. "Eu só espero que essa loucura termine logo. Eu não sei quanto mais posso ague
Ethan GreenwoodDei um gole na bebida enquanto observava atentamente a foto de Mia Miller em meu computador. Era uma imagem recente, mas ainda capturava a essência dela; aquele olhar desafiador, misturado com uma vulnerabilidade que me intrigava. Como uma simples humana poderia despertar algo em mim? Algo que eu não sentia há anos?Eu não era do tipo que se envolvia facilmente. Se eu me relacionava com alguém, geralmente era com mulheres escolhidas a dedo, e sempre lobas.Era mais fácil assim – sem complicações, sem surpresas. Mas Mia... Mia era diferente. Desde o momento em que a vi, algo mudou. O cheiro dela, aquele toque suave e ao mesmo tempo eletrizante... me deixou completamente desarmado.Eu sabia que estava cruzando uma linha perigosa quando me envolvi com ela. Naquela noite, esqueci de tudo e apenas me deixei levar pelo desejo. Acreditava que seria apenas um momento, uma lembrança fugaz. Mas agora, dois anos depois, aqui est
Mia Miller Observo tudo ao meu redor enquanto estou sozinha naquela sala. Algumas das fotos me intrigam,só haviam poucas delas, Ethan e uma senhora,muito bonita que parecia muito com ele. Olho mais de perto e fico chocada com a semelhança entre ele e Lorenzo, quando de repente me assustei com uma voz me chamando."Senhorita Miller." a mulher com um uniforme preto e branco soa meu nome calmamente.""Olá" falo timidamente.""Me chamo Mariah, sou uma das funcionárias do lar do Sr Greenwood. Ele me pediu que te levasse ao seu quarto.""Meu quarto? " arqueei a sobrancelha." Eu não irei ficar aqui, eu só estava esperando que ele voltasse para..""Ordens dele." ela me cortou." Ele não estava brincando. Quando eu concordei com as regras daquele maluco,eu achei que eu poderia ao menos voltar para casa. Eu não queria ficar aqui. De forma alguma.Olhei para a saída da mansão e reparei nos dois seguranças que mais pareciam uns brutamontes. Eu não teria como sair daqui, e nem se tivesse,
Mia MillerAbro os olhos lentamente e ao olhar para o teto, percebo onde estou, isso não é um pesadelo. Eu estava acordando na casa de Ethan. Maldição.Prontamente, meu primeiro pensamento do dia é pensar no meu filho. Como está o meu bebê, é inevitável não deixar que as lágrimas caiam toda vez que pensava em Lorenzo. Eu só queria abraçar o meu bebê e nunca mais soltá-lo. Nunca mais.Ouço uma batida na porta e olho para o relógio em meu celular, são oito da manhã; quem será que está me incomodando a essa hora.Me levanto rapidamente e olho para mim, dormi com a mesma roupa que estava no corpo, uma calça jeans super apertada.Abri a porta lentamente ainda coçando os olhos e dei de cara com ele.Seu terno extremamente alinhado, sua barba perfeitamente feita e os cabelos arrumados, o que esse homem queria."Bom dia" ele disse em um tom sério."Eu revirei os olhos. Ele não era a primeira pessoa que eu queria ver, na verdade era a última, eu o odeio."Se arrume, vam
Ethan Greenwood A raiva me consumiu quando eu vi aquele babaca se aproximar da humana; Ele a olhava como se ela fosse dele.E ela era minha propriedade.Após Mia sair da sala da delegacia perguntei ao chefe de polícia sobre o cara."Quem é aquele cara que estava conversando com a Mia?""Collin." o delegado falou." Um dos policiais que trabalha na parte administrativa.""Não quero que ele se meta em nada sobre o sequestro do meu filho. E muito menos que ele saiba, você é bem pago para isso." disse sério." "Pode deixar senhor."Saí da sala fervendo de raiva.Era fácil ter a polícia nas minhas mãos. Eles trabalhavam muito, e ganhavam pouco. O que fazia a ganância crescer demasiadamente.Precisamos esconder nossos segredos. As lendas sobre criaturas sobrenaturais no Colorado, ainda eram contadas por anciãos mais velhos, mas mesmo assim a geração atual não acreditava, já que nunca houve indícios. Mas mal sabem eles, que existíamos, não na mesma quantidade de antes, mas ainda ér
Mia Miller.Sinto meu corpo todo suado e acordo com um sobressalto, meu coração disparado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ao olhar ao redor, percebo que estou segura, mas a sensação de angústia não me abandona. Foi só um pesadelo, mas o medo e a ansiedade permanecem vivos dentro de mim.Sonhei com meu filho. Ou melhor, não dá para chamar aquilo de sonho. Foi um reflexo dos meus maiores medos, uma lembrança dolorosa de tudo o que estava em jogo."Meu amor, você vai ficar bem," sussurro, tentando convencer a mim mesma tanto quanto a ele. Lorenzo. Meu Lorenzo. A lembrança do dia em que ele nasceu preenche minha mente, tão meigo, tão frágil. Seu corpinho cabia em minhas mãos como se fosse uma extensão do meu próprio ser. Na maternidade, apenas meu pai estava lá, radiante com a ideia de ser avô. Ele nunca me julgou, apenas foi um avô incrível para o Lorenzo, algo que nunca poderei agradecer o suficiente.Às vezes, me pego pensando em como minha vida seria diferente se eu ti