Depois de mais uma noite no trabalho, eu caminhava para casa com passos lentos, tentando não pensar no quanto minha vida parecia monótona. Cada dia era uma repetição do outro, mas naquela noite algo estava prestes a ser diferente, mesmo que eu ainda não soubesse disso.O cheiro fresco da primavera ainda pairava no ar, mas o frio da noite já começava a dominar, formando uma fina camada de gelo sobre as poças na calçada. Levantei a gola do casaco e enfiei as mãos nos bolsos, tentando me proteger do vento gelado. Foi quando ouvi meu nome, uma voz familiar que fez meu coração parar por um segundo.— Holly.Eu congelei no lugar, incapaz de me mover. Grady O’Neil estava ali, à minha frente, com o braço apoiado na porta aberta do carro. Ele parecia diferente... mais magro, mais cansado. Sua presença me atingiu como uma onda, e por um momento, eu não consegui dizer nada.— Oi, Grady — murmurei, finalmente encontrando minha voz.Ele me olhou por um instante, os olhos sérios e intensos.— Eu qu
Eu estava perdida em meio à tensão crescente. Grady estava diante de mim, sua expressão sombria e os olhos faiscando com uma raiva que me fazia estremecer. Sua pergunta ressoou no ar como uma lâmina afiada.— Pode me explicar o motivo disto? — ele perguntou, a voz dura como aço.— Eu... eu queria agradecer — murmurei, quase sem força, enquanto sentia a garganta apertar.— Por quê? Sentiu-se na obrigação? — Ele não tentou esconder a amargura em suas palavras.Respirei fundo, tentando me manter firme, mesmo que minhas mãos tremessem.— Porque significou muito para mim saber o que você fez.Ele riu, mas foi um riso frio, cortante.— Sem essa, Holly. Nada que eu faça significa alguma coisa para você.O silêncio que se seguiu foi insuportável. Eu mal conseguia respirar, lutando contra as lágrimas que insistiam em cair. Não queria demonstrar tanta fraqueza, mas não consegui evitar.— Você vai vender a oficina? — perguntei com a voz baixa, quase inaudível.Ele me encarou, os olhos estreitos,
Eu não conseguia desviar os olhos de Grady enquanto ele me segurava, enquanto sua voz se entrelaçava na minha, quase um murmúrio completo de emoção.— Não posso deixá-la. Eu tentei, mas não posso.Aquelas palavras invadiram cada canto do meu coração, me desmontando por dentro. Meus movimentos se tornaram instintivos, naturais. Meus quadris o acolheram, e eu me perdi no calor dele, no abandono completo de qualquer racionalidade.Mesmo depois, enquanto meu corpo descansava sob o dele, eu me sentia alerta, gravando cada detalhe. O peso do seu corpo era um consolo. O cheiro da sua pele, misturado ao suor, me envolvia de uma forma que só ele conseguia. Minha mão explorava lentamente as costas nuas de Grady, cada toque revelando o que havia dentro de mim.Eu queria que aquele momento durasse para sempre. Era o tipo de coisa que parecia ao mesmo tempo infinita e quebradiça, e meu coração se apertava ao perceber sua fragilidade.Grady gemeu baixinho, mexendo-se para se afastar. Meu coração qu
Ele me segurou com tanto cuidado, enxugando as lágrimas que escapavam dos meus olhos, como se quisesse apagar toda a dor que senti ao longo daquele tempo. Grady me puxou para mais perto, seu olhar era puro, honesto, e suas palavras me atingiram como um raio.— Eu não quero que você mude. Nunca quis isso, Holly. Eu só queria que você precisasse de mim — ele disse, sua voz baixa, carregada de emoção.Minhas defesas começaram a ruir. Eu sempre precisei dele, mesmo quando lutei contra esse sentimento. Mesmo quando tentei me convencer do contrário.— Grady, eu não sei o que teria feito se você não tivesse voltado. Preciso tanto de você...Ele segurou minha nuca com delicadeza, e quando seus lábios encontraram os meus, todo o peso que carreguei durante meses simplesmente desapareceu. Eu me perdi naquele beijo, meu corpo relaxou contra o dele, como se finalmente estivesse onde sempre pertenceu.Quando nos afastamos, ele me olhou com um sorriso suave, e percebi o motivo: minha pele estava sen
— Eu gostaria que você tentasse.— O quê?— Gostaria que você tentasse substituir o pai deles.Grady ficou em silêncio por um momento, o olhar penetrante, como se tentasse decifrar as palavras que acabara de ouvir.— Como assim? — perguntou, com uma expressão de suspense em seu rosto.— Quero que você sinta que tem direitos paternos. Quero que me ajude a criá-los, a ser uma figura importante em suas vidas. Eu desejo que eles cresçam como você, e não como o pai deles.A dúvida surgiu no olhar de Grady, e ele se aproximou, mais cauteloso.— Tem certeza?— Absoluta.Grady parecia contemplar a profundidade do que eu estava pedindo. Então, com um sorriso suave, ele disse:— O que acha da ideia de me deixar adotá-los?Eu olhei para ele, com o coração acelerado, e disse:— Na hora que você quiser.Ele não conseguiu esconder a emoção em seu rosto.— Eu os quero agora, Holly.— Então, eles são seus — respondi, sentindo um sorriso trêmulo se formar nos meus lábios.Grady me fitava, ainda atônit
— Você vai se casar com a mamãe? — Trevor perguntou, com os olhos brilhando de curiosidade. A pergunta era simples, mas carregada de uma emoção genuína que fez meu coração disparar.Grady olhou para ele, com um sorriso tranquilo, e respondeu:— Vou, Trev.Logo, Ryan, que estava ao lado do irmão, não perdeu tempo e perguntou, cheio de entusiasmo:— Você vai ser nosso pai?Aquelas palavras me tocaram de uma maneira inesperada. Não sabia se Grady estava tão preparado para uma pergunta tão direta, mas ele respondeu com um sorriso gentil:— Vou tentar.A felicidade de Ryan foi instantânea. Ele pulou de alegria e, sem esperar muito, disparou outra pergunta, mais infantil, mas igualmente importante:— Grande! E podemos ter um cachorro?Grady, com o sorriso mais doce, me abraçou um pouco mais forte e, com uma certa leveza, respondeu:— Sim, vocês podem ter um cachorro.Eu pude ver o brilho nos olhos de Ryan. Ele saltou de felicidade, e logo olhou para Trevor, que ainda parecia absorver tudo.
Olhando para trás, ainda parecia um sonho. Nossa cerimônia de casamento fora tudo o que eu sempre quis: íntima, familiar e cheia de amor. Decidimos fazer tudo no hotel, o lugar onde nossas vidas realmente começaram a se entrelaçar de forma definitiva.As crianças estavam absolutamente adoráveis. Trevor e Ryan usavam ternos e gravatas que pareciam ter sido feitos para eles. Eu me lembro do orgulho no olhar de Grady ao vê-los tão arrumados, como dois pequenos cavalheiros. Eles ficaram o tempo todo brincando que eram "os seguranças oficiais do casamento". Já Megan... ah, minha pequena princesa. Ela estava radiante em um vestido branco que eu mesma confeccionei especialmente para ela. O tecido delicado, com pequenos detalhes de renda, a fazia parecer uma fada saída de um conto de fadas. Quando ela me viu pela primeira vez no vestido de noiva, exclamou:— Mamãe, você parece uma princesa de verdade!E embora eu tenha escolhido algo simples, o vestido que confeccionei para mim representava e
Estava focada nos detalhes finais do vestido quando senti dois braços fortes me envolverem por trás. Grady encostou o queixo no meu ombro, e aquele gesto tão simples foi suficiente para me fazer suspirar.— Oi, meu amor — murmurei, inclinando levemente a cabeça para encontrar seu rosto.Ele me deu um beijo carinhoso na bochecha antes de soltar um suspiro pesado.— Tenho algo pra te contar, Holly.Deixei de lado o vestido e me virei para encará-lo, imediatamente sentindo uma pontada de preocupação.— O que foi?Ele esfregou a nuca, claramente desconfortável.— Preciso fazer uma viagem curta. É trabalho. Um cliente importante encomendou algumas peças, e eu mesmo preciso fazer a entrega.— Viajar? — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.Grady segurou minhas mãos, apertando-as com firmeza.— Eu prometo que vai ser rápido. Em 48 horas, estarei de volta.Assenti, mesmo que meu coração estivesse apertado. Tínhamos acabado de nos casar, e já teríamos que ficar separados, ainda que por