Estava focada nos detalhes finais do vestido quando senti dois braços fortes me envolverem por trás. Grady encostou o queixo no meu ombro, e aquele gesto tão simples foi suficiente para me fazer suspirar.— Oi, meu amor — murmurei, inclinando levemente a cabeça para encontrar seu rosto.Ele me deu um beijo carinhoso na bochecha antes de soltar um suspiro pesado.— Tenho algo pra te contar, Holly.Deixei de lado o vestido e me virei para encará-lo, imediatamente sentindo uma pontada de preocupação.— O que foi?Ele esfregou a nuca, claramente desconfortável.— Preciso fazer uma viagem curta. É trabalho. Um cliente importante encomendou algumas peças, e eu mesmo preciso fazer a entrega.— Viajar? — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.Grady segurou minhas mãos, apertando-as com firmeza.— Eu prometo que vai ser rápido. Em 48 horas, estarei de volta.Assenti, mesmo que meu coração estivesse apertado. Tínhamos acabado de nos casar, e já teríamos que ficar separados, ainda que por
Estar com Holly era como estar em casa, mas, mesmo assim, havia um peso que eu ainda carregava. Assumir um compromisso com uma mulher incrível, que vinha acompanhada de três crianças cheias de vida, era uma decisão que não tomei de forma leviana. Desde o momento em que me vi de joelhos, segurando a mão dela e pedindo que fosse minha esposa, soube que estava abrindo as portas para um novo capítulo da minha vida.Lembro-me de cada detalhe daquele pedido. O nervosismo, o suor nas palmas das mãos, e, acima de tudo, o medo de que ela pudesse hesitar. Mas quando os olhos dela brilharam e um sorriso suave tomou conta de seu rosto, tive certeza de que estava no caminho certo.— Sim, Grady, mil vezes sim — ela respondeu, antes mesmo que eu pudesse terminar minha pergunta.Naquele instante, a alegria foi maior do que qualquer dúvida. Mas, ao longo do tempo, as inseguranças começaram a aparecer. Não era sobre o amor que sentia por Holly — esse era inabalável —, mas sobre o peso da responsabilida
As 48 horas longe de casa pareciam ter passado lentamente, mas agora, no caminho de volta, meu coração estava mais leve. Eu e Erick havíamos feito uma venda bem-sucedida para um cliente importante, e tudo indicava que as coisas estavam se encaminhando para um futuro ainda melhor. Estávamos animados, conversando sobre os planos para a oficina e a família.Erick havia cochilado no banco do passageiro, o ronco suave dele preenchendo o silêncio dentro dq caminhonete. A estrada estava movimentada, mas eu mantinha o foco. Cada quilômetro percorrido me aproximava de Holly e das crianças, e isso me dava forças.De repente, um caminhão carregando várias árvores cortadas entrou na minha frente. As enormes toras estavam amarradas com cordas grossas, mas era óbvio que o peso fazia com que tudo balançasse. Bufei impaciente e pressionei a buzina, esperando que o motorista acelerasse ou mudasse de faixa. Mas ele continuava lento, obstruindo minha visão.O tráfego estava complicado, e ultrapassá-lo p
O relógio na parede parecia se mover devagar, cada segundo uma inquietação crescia em meu peito. Já haviam se passado 72 horas desde que Grady partiu, e ele não voltou como prometido. Tentei afastar os pensamentos ruins, mas o aperto no coração era forte demais para ignorar.“Se ele fosse se atrasar, ele teria avisado”, pensei, enquanto pegava o celular pela décima vez naquela manhã.Disquei novamente o número de Grady, mas o som frio da mensagem de “fora de área” me recebeu mais uma vez. O desespero começou a se instalar.— Droga, Grady... onde você está? — murmurei, abraçando-me como se isso fosse conter a angústia.Eu sabia que ficar parada em casa não me ajudaria. Decidi ir até a casa de Liz, a única pessoa que talvez tivesse alguma notícia. Erick estava viajando com Grady, e Liz também devia estar ansiosa.Peguei minha bolsa e caminhei até o carro. As crianças estavam com Tammy, então, pelo menos, não precisavam ver minha preocupação. Durante o trajeto, tentei me convencer de que
Liz percebeu o clima pesado que pairava na sala. Não era difícil notar que aquela mulher bem-vestida, que me encarava com um olhar frio, trazia um fardo do passado.— Crianças! — Liz chamou, sua voz sempre gentil, mas dessa vez com um tom decidido. — Que tal brincarmos no quintal? Vocês podem tomar banho de mangueira! Vai ser divertido!Ryan e Trevor gritaram animados, enquanto Megan hesitou, lançando um olhar preocupado para mim.— Vá com eles, querida — sussurrei, forçando um sorriso tranquilizador. Ela obedeceu, ainda relutante, e segurou a mão de Liz, que rapidamente os conduziu para fora da casa.Quando a porta se fechou, o silêncio tomou conta. Só restávamos eu e Sheron.Eu respirei fundo, tentando processar a cena surreal à minha frente. A mulher que sempre me julgou, que nunca aceitou meu relacionamento com Derick, estava ali, na minha sala. Sheron Derick Simpson.Meu coração estava disparado. Por que ela tinha vindo? Como descobriu onde eu morava? Cada pensamento parecia mais
— Seu marido é o quê? Mecânico? — Sheron perguntou, com um sorriso irônico se formando nos lábios finos. — Uma profissão que mal consegue colocar comida na mesa.Eu fiquei boquiaberta, incapaz de acreditar no nível de desprezo que essa mulher tinha.— Como você sabe tanto da minha vida? — perguntei, com o tom afiado.Sheron ajeitou o coque impecável e sorriu com uma calma que me irritou profundamente.— Eu tenho as minhas fontes, querida. Não se engane, eu sempre sei o que preciso saber.Antes que eu pudesse respondê-la, Liz entrou na sala ofegante, a expressão dela cheia de preocupação.— Holly! — ela chamou, com a voz trêmula e acelerada. — Ligaram do hospital...Meu coração parou.— Do hospital? — perguntei, sentindo as pernas ficarem fracas.— É o Erick e o Grady — Liz continuou, tentando recuperar o fôlego. — Eles sofreram um acidente de carro... Estão internados!As palavras dela ecoaram na minha mente, e senti o chão sumir sob meus pés.— Meu Deus... — foi tudo o que consegui d
As últimas semanas haviam sido intensas. Grady e eu estávamos tentando voltar à nossa rotina após o acidente. Ele ainda sentia dores de cabeça, mas os médicos garantiram que era normal e que passaria com o tempo. Observávamos as crianças brincando no quintal. Os risos delas eram como música, ajudando a silenciar os pensamentos turbulentos que ainda insistiam em rondar minha mente.Grady segurava minha mão, e por um momento tudo parecia tranquilo. Mas o som de um motor se aproximando quebrou a serenidade. Um carro preto de vidros fumê estacionou em frente à nossa casa, e um calafrio percorreu minha espinha. Grady apertou minha mão, notando minha tensão.— Quem será? — ele murmurou, sua voz carregada de alerta.Antes que eu pudesse responder, a porta do carro se abriu, e um homem alto e bem vestido desceu com passos firmes. Ele segurava um envelope pardo em suas mãos e parecia saber exatamente o que estava fazendo.— Boa tarde! — disse ele com formalidade, parando a poucos metros de ond
O ambiente do tribunal estava tenso, com um silêncio que parecia gritar. Meu coração estava acelerado enquanto caminhávamos até nossos assentos, com Grady ao meu lado e o nosso advogado liderando o caminho.Sheron já estava lá, sentada de forma confiante, com aquele olhar de superioridade que me deixava inquieta. Seu advogado, um homem impecavelmente vestido e claramente experiente, mantinha uma postura firme, parecendo pronto para atacar.Quando nossos olhares se cruzaram, senti o desprezo evidente nos olhos dela, mas não deixei transparecer nenhuma fraqueza. Pelo menos, tentei.Grady colocou a mão nas minhas costas, num gesto de apoio. Sussurrou baixo:— Estamos juntos nisso, Holly. Não se esqueça disso.Assenti, apertando minha bolsa com força.O juiz entrou na sala, e todos se levantaram. Ele era um homem mais velho, com uma expressão neutra e firme. Quando nos sentamos novamente, o julgamento começou.O advogado de Sheron foi o primeiro a falar. Ele se levantou com confiança e co