Megan entrou na sala exatamente quando me sentei entre Luke e Grady. Ela se aproximou dele e entregou-lhe uma lata de blocos de armar.— Você abre a tampa para mim? — ela pediu, com um sorriso tímido.Grady colocou sua xícara sobre a mesa e tirou a tampa de metal com facilidade.— Está se divertindo, querida? — ele perguntou, com uma voz suave.— Estou, mas os meninos fazem muito barulho. Era nítido que Megan parecia estar cada vez mais cansada. Grady então afastou-se um pouco, criando espaço no sofá.— Sente-se aqui ao meu lado e brinque com os blocos no braço do sofá. — Ele a convidou, de maneira gentil.Megan não hesitou e rapidamente se acomodou no espaço que ele preparou para ela, seu pequeno corpo quase desaparecendo entre os estofados. Eu os observava, o rosto sério, uma sensação desconfortável apertando meu peito. A aproximação de Megan a Grady parecia tão natural, mas, por alguma razão, não conseguia deixar de me sentir insegura.Levantei os olhos para ver Joyce me observand
Eu o encarei com uma sensação de raiva e frustração. Que diferença pode fazer uma explicação? — perguntei, tentando manter a calma, mas minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia.Ele me olhou diretamente, a mandíbula tensa.— Talvez eu não queira deixar você com ideias erradas.Eu ri, mas sem humor algum, sentindo o sarcasmo escorrer pelas palavras que saíram da minha boca.— Não tenho ideias erradas, Grady. Não estou procurando por refeições grátis, se é o que você acha. Só estou tentando levar a minha vida da melhor maneira que posso. — As palavras saíram como uma explosão, cheias de tudo que eu vinha acumulando há tempos. — Não estou à procura de um pai relutante para os meus filhos, nem de alguém que me salve cada vez que cair de cara no chão!— Era esse tipo de ideia errada que eu queria evitar. — A firmeza na voz dele só alimentou minha raiva.Senti o calor subindo pelas minhas bochechas enquanto eu me levantava, já incapaz de ficar sentada ali.— É mesmo, Grady? — questio
Grady me encarava com intensidade, e eu sentia as palavras dele perfurarem uma barreira que eu nem sabia que existia.— Isso não é verdade — murmurei, tentando soar firme, mas minha voz vacilou.— É sim, Holly. — Ele deu um passo à frente, hesitando antes de continuar, mas não me poupou. — Você já teve alguém na sua vida em quem realmente confiasse? Uma amiga íntima? Alguém com quem pudesse dividir tudo, sem reservas?Minha garganta apertou. A resposta estava clara na minha mente, mas eu não tinha forças para dizê-la em voz alta. Cruzei os braços, tentando conter um tremor que não era de frio. Não confiei em ninguém assim. Não me permiti.Grady soltou um suspiro pesado, como se carregasse o peso de minha resposta não dita.— Holly, eu sei que falei muitas besteiras, que agi como um idiota algumas vezes. Mas sempre acreditei que poderíamos resolver isso. Que, de alguma forma, conseguiríamos.Olhei para o chão, porque encarar aqueles olhos azuis cheios de frustração e mágoa era demais.
O vento frio de outono arrancava as últimas folhas ressecadas das árvores lá fora. Eu observava tudo pela janela, sentindo o vidro gelado na testa, como se aquilo pudesse me ancorar. O céu cinzento parecia uma extensão do meu humor. Era primeiro de novembro, e fazia duas semanas que Grady havia partido.Duas semanas de dias longos e noites ainda mais desoladoras.A cada toque do telefone ou batida na porta, meu coração pulava, torcendo para que fosse ele. Mas não era. Sempre não era. Repeti esse ritual muitas vezes, sempre me agarrando a uma esperança vazia. Em um momento de desespero, na noite anterior, cheguei a ligar para ele. A voz gravada na secretária eletrônica foi a única resposta que recebi. Desliguei antes mesmo de terminar a mensagem.Era inútil. Ele havia dito tudo o que tinha para dizer e, claramente, não pretendia voltar.Suspirei e olhei para o relógio de pêndulo na parede. Tinha duas horas até que as crianças voltassem da escola. Precisava usar bem esse tempo.Dias atr
Eu estava atordoada. Meus dedos tremiam enquanto passava os olhos sobre os papéis que Stan havia me entregado. O primeiro documento era uma Xerox de um recibo de cartão de crédito. Quase quinhentos dólares. Uma loja de artigos de rodeio em Billings, Montana. Um par de botas de couro e duas calças jeans. Era a assinatura de Derek ali. Não havia como negar.Minha visão ficou turva por um instante, mas eu precisava olhar o próximo papel. Outro recibo. Dessa vez, oitenta e oito dólares, gastos em um quarto de hotel. A data era uma semana antes de sua morte. Meu coração apertou, mas não havia tempo para lamentos. Mais recibos, alguns de valores pequenos, outros de somas maiores. Mas o que mais me chocou foi a quantidade.Fechei os olhos, tentando vencer a tontura que ameaçava me dominar. Quando os abri, fixei meu olhar em Stan e, com uma voz que nem parecia minha, perguntei:— Quanto?— Mais de cinco mil dólares.O chão pareceu desaparecer sob meus pés. Minhas mãos tremiam enquanto apertav
Levou um bom tempo para me controlar, embora ainda estivesse trêmula. Deixei os recibos sobre a televisão e saí à procura de Trevor. Não havia sinal dele no pátio, e uma sensação de apreensão me tomou por inteiro. Corri até a ravina, esperando encontrá-lo sentado sob alguma árvore, mas o lugar estava completamente deserto. A preocupação aumentava a cada passo. Voltei para casa, mas não entrei.Quando contornei o pátio, parei de repente. O alívio me imobilizou.As três crianças estavam sentadas nos degraus da varanda, silenciosas, com a tensão estampada nos rostinhos pequenos. Ryan levantou a cabeça assim que me viu.— Vamos ter de voltar? — perguntou, com a voz trêmula.Forçando um sorriso tranquilizador, me sentei junto a eles e segurei as mãos de Ryan.— Não, querido. Não há motivo para vocês se preocuparem, está bem? Não é nada que eu não possa resolver.— Papai fez uma coisa ruim, não foi? — Trevor indagou, o corpo inteiro tremendo de choque.— Sim. — Segurei seu queixo e fiz com
Eu sabia que a manhã seguinte não seria fácil, mas enfrentar o gerente do banco e admitir a situação em que Derek nos deixara parecia um pesadelo. Passei as horas antes do encontro com o estômago embrulhado, pensando em como contar a alguém, um estranho, que eu precisava de um empréstimo para cobrir as dívidas de meu marido. Quando finalmente entrei no banco, minhas pernas pareciam feitas de chumbo, e minha garganta estava seca como areia.Assim que me sentei na frente do gerente, tentei manter a compostura, mas sentia cada músculo do meu corpo tenso. Para minha surpresa, ele era muito mais simpático do que eu imaginava. Contei sobre as dívidas de Derek, sobre como só agora eu havia descoberto o tamanho do problema. Ele ouviu sem qualquer reação de julgamento, apenas assentindo com a cabeça, como se tivesse ouvido histórias como a minha mil vezes antes.— Vou precisar que preencha este formulário com seus bens e dívidas, Sra. Simpson — disse ele, passando-me os papéis.Minha mão tremi
Quando Liz entrou, todo o ar gelado do lado de fora parecia ter vindo com ela.— Posso entrar? — perguntou, tirando o casaco com pressa.Olhei para ela, fingindo uma seriedade que estava longe de sentir.— Por que não poderia? A menos que esteja com alguma doença contagiosa...Liz revirou os olhos e se aproximou, colocando o casaco na cadeira mais próxima.— Bem, eu só não sabia se uma costureira famosa como você ainda queria se misturar aos plebeus.Soltei uma risada, balançando a cabeça.— Do que você está falando, Liz? Acordou de bom humor hoje?Ela apoiou as mãos na cintura, com um sorriso maroto.— Fui até a cidade buscar minha correspondência e, no caminho, me encontrei com a Sra. Brandon. Ela estava em êxtase, completamente fascinada pelas suas criações. Juro, Holly, ela falava de você como se fosse a próxima Christian Dior!— Não a leve tão a sério — respondi, sorrindo. — Ela é exagerada em tudo.— Posso dar uma olhada no vestido da noiva?Cruzei os braços, fitando-a com falsa