Uma Linda Babá
Uma Linda Babá
Por: aly
Um

— EMILY! TRAZ LOGO A DROGA DO MEU CAFÉ!

Respira Emily, respira fundo!

Enquanto minha obesa tia, Bethany, batia sua bengala na mesa, eu tentava não surtar, mais uma vez.

— Já estou levando! — digo alto, mas sem gritar como ela.

Coloco as torradas e o chá em cima da bandeija e vou para a sala.

Ela estava sentada diante da tv, com suas pernas em cima da mesinha de centro e a bengala do lado da poltrona.

— Mas que droga, Emily! — ela reclama. Coloco a bandeja no seu colo. — E que porcaria é essa?

— O que deu pra fazer! Não tem nada no armário.

— Vá fazer compras.

— Com que dinheiro? — cruzo os braços.

— Oras, já gastou todo o dinheiro do mês?

— Cem euros não dá pra nada.

— Você que não sabe poupar. No meu tempo...

Aquela foi a minha deixa para parar de ouvir. Olho para a tv, em que passava aqueles programas em que as pessoas tinham que descobrir os preços dos produtos, para poder ganhar algum prêmio em dinheiro. Eu e meu pai sempre assistíamos esses programas aos sábados a noite. Fazíamos pipocas e bebíamos cerveja.

Depois que eu fiz dezoito, meu pai disse que eu poderia beber cerveja. Mas só em casa, porque fora, ainda era proibido.

— EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ! — olho para ela. — QUE MANIA ESSA SUA DE NÃO ME DAR ATENÇÃO.

Dou uma respirada funda.

— Desculpe. — digo. — Apenas... lembrei do papai.

Aponto para a tv.

Falar do meu pai, era a única coisa que a fazia calar a boca. Ele era seu único irmão e ela o amou com todas as suas forças

— Pegue meu cartão e faça as compras do mês. — diz. — Leve o carro.

— Tudo bem.

Saio da sala e subo as escadas. Entro em seu quarto e pego dentro de sua bolsa, o cartão. Depois vou para o meu quarto. Olho-me rapidamente no espelho. Estava vestindo uma calça jeans, uma blusa branca de manguinhas e all star. Passo a mão pelo meu cabelo preto e coloco um gorro branco. Pego minha jaqueta jeans e a visto. Agarro na pequena bolsa, coloco o cartão e o meu celular dentro. Desço correndo e pego nas chaves, do carro e da casa, em cima da mesa perto da porta.

— ESTOU INDO! — grito.

— SEM DEMORAS!

Saio de casa e vou para o carro, que na verdade, era uma mini van.

Minha tia adquiriu problemas de obesidade após a morte do seu pai, meu avô. Ela comia sem parar e não saia de casa. Acabou dessa forma. Ela tem muitos problemas de saúde, então precisa ir ao médico direto.

E por mais egoísta que parece, eu aguento mais viver com ela.

Como seu último pedido, meu pai, lhe pediu para que cuidasse de mim, e a mim, fez o mesmo pedido. E eu cumpri, isso por cinco meses. Mas eu estou esgotada. Esgotada de gritos, de reclamações e de sempre receber desprezo.

Tenho procurado emprego, mas pelo fato de meu pai nunca ter me deixado fazer esforço na vida, alegando que eu era sua princesa, ninguém me contratava. Eu não tinha experiencia em nada.

Deixo o carro no estacionamento do supermercado. Puxo um carrinho e coloco minha bolsa dentro. Entro no supermercado e começo a procurar os produtos que preciso.

[...]

Termino de colocar os produtos na esteira.

— AYLA, PARA! — olho para trás.

Havia uma mulher grávida em um caixa. Ela olhava na direção de uma menininha loira.

— LIS VEM AQUI!

Olho para frente e vejo outra menininha loira idêntica a primeira, correr até a mulher grávida. A outra menininha de aproxima da outra e lhe puxa o cabelo, então as duas começam a correr.

— POR FAVOR, MENINAS!

O homem termina de empacotar minhas coisas e as coloca no carrinho. Entrego o cartão para a mulher e torno a olhar para trás.

A mulher grávida estava segurando duas sacolas de papel e as meninas loiras ainda corriam.

— Aqui!

Olho para a mulher e pego meu cartão.

— Olhe minhas compras por um minuto? — peço e ela assente.

Vou até as meninas loiras.

— Olá meninas! — elas me olham. — O que aquela linda moça grávida é de vocês?

— Nossa mamãe. — a de blusa verde diz.

— Então ela está esperando seu irmãozinho?

— E irmãzinha. — a de vermelho responde. — São Dóris e Ernest.

— Nossa, que demais.

Elas sorriem uma pra outra.

— Me contem mais! — pego na mão de uma e da outra, e as puxo na direção da mãe. — Estão ansiosas para a chegada deles?

— Muito! — a de vermelho diz pulando.

— Como é seu nome? — a de verde pergunta.

— Sou Emily! E vocês?

A mulher grávida me lança um sorriso de alívio e anda na minha frente.

— Eu sou Ayla. — a de vermelho diz.

— Eu sou Lis!

— Que lindos nomes. E vocês são lindas meninas.

Chegamos perto de um carro e a mulher coloca as compras na parte de trás. Me abaixo e olho para as gêmeas.

— Meninas, vocês precisam ajudar a mamãe. Nesse momento, vocês precisam ouvi-la e obedecê-la mais que tudo. Tudo bem?

— Está bem, Emily! — elas dizem juntas.

— Vamos lá meninas, subam no carro!

Elas sorriem para mim e fazem o que a mãe diz.

— Muito obrigada... Emily né!?

— Sim.

— Sou Elizabeth! — ela sorri.

— Mas não foi nada, Elizabeth. Vi que estava com um pouco de trabalho.

— É. — ela suspira. — Elas fizeram a babá se despedir por muito esforço. — ela solta uma risada. — Então acabo com muito trabalho.

— Oh, entendo.

— Você trabalha Emily?

— Eu? Não, não. Não tenho experiência em nada.

— Mas sabe segurar a atenção de uma criança. Nesse caso duas. — sorrio. — Quer trabalhar pra mim?

— Sério?

— Sim! Claro. Estou com seis meses e não posso fazer certas coisas.

— Oh, meu Deus! Eu... eu nem acredito.

— Você não quer?

— Eu quero! Eu quero muito. — a abraço, empolgada. — Oh, desculpe.

— Não, tudo bem. — ela sorri. — Tenho uma pergunta.

— Claro.

— Você já nos viu antes?

A olho confusa.

— Vocês? Você e as meninas?

— É.

— Por aqui? Não. — balanço a cabeça negativamente. — Geralmente venho aqui aos domingos, mas...

— Está tudo bem, Emily! — ela sorri. — Só queria tirar uma dúvida.

— Tudo bem.

— Aqui está! — ela tira um papel e uma caneta da bolsa. Ela encosta o papel no carro e anota algo. — Meu endereço. Pode começar amanhã?

Olho o papel e vejo que é três ruas depois da minha casa.

— Sim, claro. Que horas?

— Amanhã logo após o café. Quero mostrar-lhe tudo e te contar algumas coisas.

— Tudo certo. Estarei lá.

— Obrigada.

Sorrio para ela.

Elizabeth acena para mim e entra no carro. Vejo-a sair do estacionamento e ando até meu carro.

— Ai meu Deus! — dou um salto.

Minhas compras.

Corro para dentro do supermercado e vou até o caixa.

— Desculpe a demora. — digo para a mulher e olho minhas compras. — Obrigada.

Ela sorri e eu saio dali. Coloco as compras na mala e tomo a partida do carro.

Eu não consigo acreditar! Arrumei um emprego!

Agora eu só precisava arrumar uma forma de contar isso a minha tia, que com toda certeza, irá surtar.

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