Um coquetel para comemorar a minha nomeação como CEO. Eles realmente acreditam que precisa disso? Quem está surpreso com minha nomeação?
Além de ser o mais velho dos herdeiros Albertelli. Acredito que o fato do meu irmão Ricardo ter se formado em medicina está mais que óbvio de que ele em nenhum momento desejou trabalhar na empresa da família. Ou seja, essa recepção é uma verdadeira perda de tempo.Um circo armado pelo conselho, para a mídia, já que é possível ver um repórter a cada metro quadrado.Quando um garçom se aproximou de mim, pego uma taça de champanhe e tomo todo o líquido em uma única golada, coloco a taça sobre a bandeja e pego outra.— Mat… — Só de ouvir essa voz irritante, desejo que um buraco se abra sobre os meus pés para me engolir.— Michele. — Praticamente rosno seu nome.— Mat querido, há quanto tempo? Nunca mais você me ligou.— Por qual motivo ligaria para você, Michele? — Pergunto segurando a vontade de revirar os meus olhos.— Para conversarmos bobinho. Convidar-me para sair — enquanto fala desliza a unha do dedo indicador na lapela do meu terno — ou para fazer outras coisitas. — completou com uma piscadela.Michele Albuquerque é filha de um dos nossos acionistas minoritários e membro do conselho, Rodrigo Albuquerque, ele tenta forçar algum tipo de relação entre mim e sua filha, inclusive foi dele a ideia descabida de casamento antes de eu ser nomeado CEO do Conglomerado. Ela é tão irritante, vazia e mimada que nem amizade vejo-me tendo com essa mulher.— Quem sabe outro dia, querida. — Respondo retirando seu dedo de cima de mim.— Podíamos marcar… — Ela começa, mas antes mesmo de terminar sua fala invento uma desculpa.— Licença, mas eu preciso falar com um conhecido que acaba de chegar. Sabe como são essas coisas né? Preciso dar atenção a todas as pessoas importantes.Não espero Michele abrir a boca novamente. Sigo rumo ao bar, sendo interceptado no meio do caminho por algumas pessoas.— Já estou cheio desse evento! — Bufo comigo mesmo quando finalmente chego ao bar. — Será que se eu fugir alguém notará?Provavelmente. Já que estão todos aqui para me bajular.Depois de horas, — pelos era essa a minha impressão — não aguentava mais falar com diretores, gerentes, acionistas e sei lá mais o que.Olhei para todos os lados procurando uma desculpa para sair daquele lugar e quando vi minha secretária sorrindo para mim de um jeito indecente que eu conhecia bem, tinha a desculpa perfeita para sair desse lugar!— O que ela está fazendo aqui? — Minha mãe disparou parando em minha frente.De onde ela surgiu?— Quem? — Perguntei ainda atordoado.— Precisamos dar um jeito de colocá-la para fora sem chamar atenção.Ainda estava completamente perdido, enquanto minha mãe disparava palavras sem coerência alguma. Sinceramente? Estou tentando acompanhar, mas não estou entendendo nada. Quem tem que ser colocado para fora?— Filho, sinto muito que essa mulher tenha aparecido justo hoje para estragar o seu dia especial.Parei de tentar compreender o que minha mãe dizia e comecei a procurar em todos os lugares alguém que pudesse ser uma presença indesejada.Foi quando meus olhos pousaram sobre uma mulher próxima à entrada, ela olhava para todos os lados como que procurando alguém, estava um pouco mais velha, mas eu ainda conseguiria reconhecê-la em qualquer lugar em que a encontrasse.Elisa.No momento em que a reconheci meu coração começou a disparar feito louco em meu peito.Coração traidor!Quão fodido isso pode ser?Sem nem mesmo perceber o que estava fazendo, meus pés começaram a me levar em sua direção. Ainda conseguia escutar a voz da minha mãe atrás de mim, mas não estava compreendendo nada do que ela dizia. O meu foco estava totalmente na mulher à minha frente. Quanto mais eu me aproximava dela, mas meu coração parecia querer saltar fora do meu peito. Percebi o exato momento em que ela me reconheceu em meio às pessoas, pois pude ver em seu rosto uma expressão de… alívio talvez?Em uma reação automática do meu corpo, agarrei seu pulso e sair arrastando-a para fora, escutei o seu resmungo, mas ignorei.Sair pelo corredor lateral e foi em direção a primeira porta que encontrei gire a maçaneta e para o meu alívio estava aberta entrei na sala trazendo-a junto comigo.— O quê faz aqui? — Queria dizer muito mais que isso, no entanto, aquelas foram as primeiras palavras que saíram da minha boca.— Preciso falar com você. É urgente! Mas antes poderia soltar meu pulso, por favor? Está me machucando.Quando percebi que ainda estava tocando-a, soltei seu pulso como se estivesse em brasa.— Não consigo imaginar nada de tão urgente ou importante que você tenha para falar comigo depois de tantos anos.Ela bufou. Parecia tentar se controlar, levou o dedo polegar e indicador até o espaço entre seus olhos, apertou o topo do nariz, respirou profundamente e disparou em uma vez.— A única coisa capaz de me fazer passar por cima do meu orgulho; a saúde da nossa filha.Ainda estava me sentindo um pouco atordoado com suas últimas palavras, a sensação era de que meu cérebro transformou-se em gelatina, mas lentamente suas palavras foram me gerando entendimento e comecei a gargalhar depois de um tempo a risada foi substituída por raiva. — Você não tem vergonha sua...Antes mesmo que eu pudesse completar a frase ela ergueu o dedo indicador apontando para minha direção de forma ameaçadora e disse:— Se eu fosse você pensaria duas vezes antes de tentar me ofender, pois eu posso lhe garantir que não sou mais a mesma Elisa que você conheceu. Surpreso com suas palavras e ainda atordoado com sua presença, sem o menor pudor percorri o seu copo com os olhos. Agora de perto conseguia ver que seu rosto mesmo maquiado não escondia olheiras e um semblante cansado, mas ainda assim continuava linda e atraente. O corpo com curvas nos lugares certos estava vestido com um tubinho azul.Porra! Como pode estar mais gostosa do que era há sete anos?— Isso eu posso ver. —
Assim que atravesso a porta respiro profundamente e encosto-me a ela tentando controlar as batidas do meu coração. Não foi uma decisão fácil procurar Matheus após tantos anos, mas estou disposta a fazer de tudo para salvar a vida da minha filha até mesmo me humilhar na frente do homem que um dia eu jurei que iria odiar para sempre.Está frente a frente com ele me abriu várias feridas, foi como voltar no tempo e me ver novamente como a Elisa de sete anos atrás, assustada e sem entender o porquê do homem que eu amava estar me acusando de algo que eu não fizera.Sabia que nosso reencontro não seria fácil, mas não imaginava que meu coração fosse reagir como se o tempo não houvesse passado.Precisei de uma força descomunal para não demonstrar o quanto sua presença estava me afetando. Quando ele segurou meu pulso e saiu me arrastando corredor a fora não consegui reagir, pois estava completamente impactada com sua presença e com seu toque em minha pele.Matheus Albertelli sempre foi um homem
Ser pai não era realmente algo que estava nos meus planos ou que eu havia desejado. Lógico que em algum momento eu sabia que isso iria acontecer. Como herdeiro, tinha sobre mim a pressão de me casar e ter filhos, mas isso realmente não era algo com o qual eu me preocupava até o momento. Não posso negar que a notícia da paternidade mexeu com algo dentro de mim. Eu não sabia que a possibilidade de ser pai me animaria e assustaria na mesma proporção. Esse era um sentimento inédito para mim.Quanto mais olhava a foto da pequena, Elena, mas desejava ser pai dela. Não sei se estava delirando, mas realmente conseguia ver alguns traços meus nela, mesmo sendo uma mini cópia da mãe. Linda! Quando crescer vai dar muito trabalho. Terei que espantar muitos marmanjos!De onde veio isso? Eu nem recebi a confirmação de que ela era realmente minha e já estava fazendo planos futuros?Ainda existe o fato de a menina estar doente. Ela é tão pequena… não posso nem imaginar como está sendo difícil para El
Inferno!— Não acredito que aquela mulher resolveu sair das profundezas do inferno justamente hoje!— Pelo amor de Deus não começa, Olga.— Não começa com o quê, Carlos? Vai me dizer que você aprova o que seu filho fez? O Matheus não cansa de ser um cão mandado da Elisa? É só ela aparecer e chamar que meu filho sai abanando o rabinho atrás dela? Que espécie de feitiço é esse que essa mulher jogou nele?— É claro que não aprovo, mas Matheus já é adulto e ele sabe o que faz.— Eu não vou permitir que aquela caçadora de herança volte para vida do meu filho.Não vou mesmo. Tive muito trabalho para separar aqueles dois no passado. Não vou permitir que aquela pobretona venha destruir todos os meus planos.Quando meu filho começou a namorar Elisa, não dei muita bola, no começo, pois acreditei que ela seria só mais um passatempo na vida dele, como qualquer outra. Conforme o passar do tempo as coisas começaram ficar sérias entre eles, eu tive que dar meu jeito para separá-los, principalmente
Olho para o relógio do meu celular, apreensiva, estava faltando menos de uma hora para o fim do meu horário de trabalho. O motivo da minha agitação é Matheus Albertelli, que decidiu conhecer Elena hoje. Eu não sei o que esperar desse encontro e isso está me tirando do eixo.Tenho medo dele falar alguma coisa que magoe minha filha, que ele e sua família querem tirá-la de mim, por mais que eu tenha um bom emprego e condições financeiras para pagar um bom advogado, ele tem o sobrenome que abre portas e isso é o suficiente.— Que carinha de preocupação é essa, minha linda? — Me assusto com a voz, mas logo abro um sorriso quando vejo a quem ela pertence.Romeu Bellucci, também conhecido como meu chefe. Bonito, rico, educado, um verdadeiro cavalheiro e excelente amigo, no entanto um cafajeste de primeira.Eu costumava perguntar-lhe quando ele iria dar um jeito na sua vida, a resposta era sempre a mesma; “No dia que você aceitar se casar comigo”, ou seja
Estava agitado desde cedo, sem conseguir conter minha ansiedade. Dá para acreditar que eu vou conhecer minha filha? Será que é assim que os pais se sentem antes de seus filhos nascerem?Passei o dia no escritório entre contratos e e-mails, mas não consegui me concentrar em nada, apenas no relógio e em como ele parecia estar mais lento do que o normal. Quando finalmente não consegui mais me conter no lugar, decidi pegar a chave do carro e dirigir até o Hotel em que Elisa trabalha.Mesmo sem conhecer, Elena, já tinha aceitado o fato de que ela era realmente minha filha, afinal Elisa não tinha motivos para mentir sobre isso. Deveria estar muito chateado com ela por ter me escondido isso, mas decidi que era melhor compensar o tempo perdido sendo um pai presente e ajudando-a a se curar.Quando cheguei ao hotel não foi difícil encontrar, Elisa. Quando me identifiquei na recepção fui informado de que poderia dirigir-me ao andar administrativo e que minha entrada já estava autorizada, estran
Não foi surpresa alguma descobrir que, Elisa, havia se mudado, ao invés do bairro simples no subúrbio da cidade, agora morava em uma área nobre, muito próxima do meu endereço, por sinal. Enquanto dirigia, pensava nas surpresas que a vida nos reservava. No início da semana minha única preocupação era assumir o meu cargo de CEO e garantir que a transição se desse da melhor forma possível. Agora só conseguia pensar se Elena iria gostar do bicho de pelúcia, que eu havia comprado ontem, após sair do hospital onde meu irmão trabalha.Um bicho branco e preto que levei horas para escolher, pois não fazia ideia de qual tipo de animais são os favoritos das crianças. Na verdade eu não entendo nada do mundo delas e agora começo a pensar que existe a possibilidade da minha filha me achar um chato.Sobre o que vamos conversar? Quais tipos de assuntos agradam as crianças? Não posso conversar sobre o mercado financeiro e de como o desempenho da Bovespa essa semana está favorável a novos negócios.De
— Isso é verdade mamãe?Eu vou matar o Matheus! Como ele me apronta uma dessa? Olho para ele e vejo seus ombros caídos. Ele sabe que fez merda. Ótimo!— Mamãe?Elena me chama aguardando uma resposta para sua pergunta. No seu rostinho posso ver expectativa e confusão. Ela é muito inteligente por isso opto pela verdade.— Sim filha, Matheus é seu pai. — Pela minha visão periférica vejo-o respirar aliviado com minha confirmação.— Oba! — Grita e pula em cima de Matheus.Sua reação não me surpreende, — ela sempre quis saber quem era o pai, mesmo não perguntando com frequência, eu sabia que não ter um pai era uma coisa que a incomodava em algumas situações. — a Matheus sim, já que ele cai sentado no chão, por ainda estar agachado. Olho para minha mãe e a vejo limpar uma lágrima que caiu de seus olhos em meio a um sorriso, ela também sabia o desejo secreto da nossa menina de ter um pai. Quem é mãe sabe que os filhos são nossos pontos fracos— Eu trouxe um presente para você. — Ele diz ten