Olho para o relógio do meu celular, apreensiva, estava faltando menos de uma hora para o fim do meu horário de trabalho. O motivo da minha agitação é Matheus Albertelli, que decidiu conhecer Elena hoje. Eu não sei o que esperar desse encontro e isso está me tirando do eixo.Tenho medo dele falar alguma coisa que magoe minha filha, que ele e sua família querem tirá-la de mim, por mais que eu tenha um bom emprego e condições financeiras para pagar um bom advogado, ele tem o sobrenome que abre portas e isso é o suficiente.— Que carinha de preocupação é essa, minha linda? — Me assusto com a voz, mas logo abro um sorriso quando vejo a quem ela pertence.Romeu Bellucci, também conhecido como meu chefe. Bonito, rico, educado, um verdadeiro cavalheiro e excelente amigo, no entanto um cafajeste de primeira.Eu costumava perguntar-lhe quando ele iria dar um jeito na sua vida, a resposta era sempre a mesma; “No dia que você aceitar se casar comigo”, ou seja
Estava agitado desde cedo, sem conseguir conter minha ansiedade. Dá para acreditar que eu vou conhecer minha filha? Será que é assim que os pais se sentem antes de seus filhos nascerem?Passei o dia no escritório entre contratos e e-mails, mas não consegui me concentrar em nada, apenas no relógio e em como ele parecia estar mais lento do que o normal. Quando finalmente não consegui mais me conter no lugar, decidi pegar a chave do carro e dirigir até o Hotel em que Elisa trabalha.Mesmo sem conhecer, Elena, já tinha aceitado o fato de que ela era realmente minha filha, afinal Elisa não tinha motivos para mentir sobre isso. Deveria estar muito chateado com ela por ter me escondido isso, mas decidi que era melhor compensar o tempo perdido sendo um pai presente e ajudando-a a se curar.Quando cheguei ao hotel não foi difícil encontrar, Elisa. Quando me identifiquei na recepção fui informado de que poderia dirigir-me ao andar administrativo e que minha entrada já estava autorizada, estran
Não foi surpresa alguma descobrir que, Elisa, havia se mudado, ao invés do bairro simples no subúrbio da cidade, agora morava em uma área nobre, muito próxima do meu endereço, por sinal. Enquanto dirigia, pensava nas surpresas que a vida nos reservava. No início da semana minha única preocupação era assumir o meu cargo de CEO e garantir que a transição se desse da melhor forma possível. Agora só conseguia pensar se Elena iria gostar do bicho de pelúcia, que eu havia comprado ontem, após sair do hospital onde meu irmão trabalha.Um bicho branco e preto que levei horas para escolher, pois não fazia ideia de qual tipo de animais são os favoritos das crianças. Na verdade eu não entendo nada do mundo delas e agora começo a pensar que existe a possibilidade da minha filha me achar um chato.Sobre o que vamos conversar? Quais tipos de assuntos agradam as crianças? Não posso conversar sobre o mercado financeiro e de como o desempenho da Bovespa essa semana está favorável a novos negócios.De
— Isso é verdade mamãe?Eu vou matar o Matheus! Como ele me apronta uma dessa? Olho para ele e vejo seus ombros caídos. Ele sabe que fez merda. Ótimo!— Mamãe?Elena me chama aguardando uma resposta para sua pergunta. No seu rostinho posso ver expectativa e confusão. Ela é muito inteligente por isso opto pela verdade.— Sim filha, Matheus é seu pai. — Pela minha visão periférica vejo-o respirar aliviado com minha confirmação.— Oba! — Grita e pula em cima de Matheus.Sua reação não me surpreende, — ela sempre quis saber quem era o pai, mesmo não perguntando com frequência, eu sabia que não ter um pai era uma coisa que a incomodava em algumas situações. — a Matheus sim, já que ele cai sentado no chão, por ainda estar agachado. Olho para minha mãe e a vejo limpar uma lágrima que caiu de seus olhos em meio a um sorriso, ela também sabia o desejo secreto da nossa menina de ter um pai. Quem é mãe sabe que os filhos são nossos pontos fracos— Eu trouxe um presente para você. — Ele diz ten
— Acredito que o resultado não é novidade para ninguém. — Ricardo fala depois de abrir o resultado do exame. — Positivo, como esperávamos.Depois de quase uma semana o resultado do exame de DNA ficou pronto e como o meu irmão disse o resultado não é novidade para ninguém, como eu disse para, Elisa, no dia em que conheci a minha filha eu já não tinha mais dúvidas sobre a paternidade, eu sabia que aquela menina incrível era minha. Desde aquele dia estamos mantendo contato diariamente. Ricardo a conheceu há dois dias e eles aparentemente se deram muito bem, ele está amando essa história de ser tio.Não posso julgá-lo por isso, eu mesmo estou totalmente apaixonado por Elena. Minha filha é linda, inteligente, falante e cheia de vida. Mesmo com a doença ela continua sendo uma criança feliz e credito isso a Elisa que tem se esforçado para que a filha tenha uma infância normal, dentro do possível.Durante essa semana eu tive o privilégio de conhecer a Elisa mãe, e se eu já estava me sentindo
Até onde eu teria coragem de ir para salvar a vida da minha filha? Teria coragem de ter outro filho com o homem que mais me magoou? Do homem que me abandonou grávida e me acusou de traição, sem eu ter cometido?A resposta mais óbvia deveria ser sim, eu teria coragem de qualquer coisa para salvar Elena, até mesmo ter outro filho.No entanto, esse homem é Matheus Albertelli, o homem que um dia foi o amor da minha vida, herdeiro de uma das maiores fortunas do mundo, filho de uma mulher capaz de qualquer coisa pra manter, pessoas como eu, longe de sua família. Desde que Ricardo nos aconselhou a ter outro filho, não consigo tirar as palavras de Matheus da minha cabeça. “Já temos um. Qual o problema de termos outro, Elisa?”Como ele não está surtando? Estamos falando de um filho, caramba! Uma responsabilidade para vida toda. Elena não foi planejada, ela simplesmente aconteceu. Agora a situação é outra. Essa nova criança viria com a missão de salvar a vida da irmã. — E o que você pretend
— Estou curioso para saber o que você quer falar comigo. — Meu pai entra em minha sala, novamente sem bater, falando. — O que é tão importante que você não poderia falar no jantar de amanhã?Liguei ontem para ele e disse que tinha algo muito importante para falar com e não poderia ser com a presença da minha mãe. Por algum motivo não quero que ela saiba da existência da Elena, por enquanto. — Eu tenho uma filha. — Passo os próximos minutos falando sobre Elena. Como descobri sobre a sua existência, o exame de DNA, a doença e a necessidade do transporte.Meu pai escuta tudo com atenção, fazendo somente algumas interrupções a fim de sanar algumas dúvidas. Quando termino de relatar tudo, fico esperando o sermão que estranhamente não vem.— Porra! Sabia que algum dia essa mania de Olga ficar se metendo na vida de vocês um dia iria dar merda. — fico alarmado com sua forma de falar, ele não é de usar palavrões.— Do que você está falando pai? — pergunto preocupado de que o meu pai não tenha
Escuto o apito do elevador e fico surpreso quando as portas se abrem e encontro um sorriso lindo me esperando. — Papai! — Elena pula em cima de mim, não me dando tempo para me preparar.— Oi princesa linda, como você está?— Estava com saudades, você não veio me visitar ontem — faz bico e eu posso jurar que é a coisa mais linda que já vi em toda a minha vida. — O papai teve que resolver algumas coisas de adulto ontem. Como prometido, passei a noite de ontem lamentando pelo passado e bebendo, tive que exercer uma força sobre humana, a noite toda, para não ligar para Elisa implorando seu perdão.Hoje pela manhã após tomar um banho gelado e duas aspirinas, comecei a trabalhar em algumas ideias para me reaproximar e percebi que a melhor forma é por meio de Elena. Coisa que não será sacrifício algum, pois amo essa pequena.— Hum. — Cruza os bracinhos e não parece muito satisfeita com a minha resposta.— Tenho um presente para você. — Digo me abaixando para pegar a caixa atrás de mim.