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Capítulo Cinco- Elisa Brandão

Assim que atravesso a porta respiro profundamente e encosto-me a ela tentando controlar as batidas do meu coração. Não foi uma decisão fácil procurar Matheus após tantos anos, mas estou disposta a fazer de tudo para salvar a vida da minha filha até mesmo me humilhar na frente do homem que um dia eu jurei que iria odiar para sempre.

Está frente a frente com ele me abriu várias feridas, foi como voltar no tempo e me ver novamente como a Elisa de sete anos atrás, assustada e sem entender o porquê do homem que eu amava estar me acusando de algo que eu não fizera.

Sabia que nosso reencontro não seria fácil, mas não imaginava que meu coração fosse reagir como se o tempo não houvesse passado.

Precisei de uma força descomunal para não demonstrar o quanto sua presença estava me afetando. Quando ele segurou meu pulso e saiu me arrastando corredor a fora não consegui reagir, pois estava completamente impactada com sua presença e com seu toque em minha pele.

Matheus Albertelli sempre foi um homem bonito, mas agora estava além disso. O tempo foi muito generoso com ele, isso não era nem um pouco justo com os meros mortais.

Eu não deveria estar aqui refletindo o quanto meu ex-namorado melhorou em questão de beleza quando tenho uma filha doente para cuidar.

— O que você está fazendo aqui, sua trambiqueira? — Fecho os olhos na tentativa de me controlar.

Essa com certeza era a voz de uma pessoa que eu não fazia a menor questão de reencontrar.

— Também não posso dizer que estou feliz em reencontrá-la, senhora Albertelli.

— É muito descarada mesmo. — Olho para mulher em minha frente em seus trajes elegantes, com o rosto cheio de procedimentos estéticos e novamente a sensação de viagem no tempo me atingem com tudo. — O que você está fazendo aqui? Por acaso veio tentar concretizar o golpe do baú? Já não basta uma tentativa falha?

Existiam muitas palavras que eu poderia usar para definir a minha ex-sogra e nenhuma delas me pareciam adequadas o suficiente para aquela cobra venenosa, com todo respeito as cobras é claro.

— O que eu tinha para fazer aqui, já está feito. Se a senhora quiser saber, pergunte ao Matheus. — Não queria prolongar ainda mais aquela conversa desnecessária.

— Se você pensa que vai voltar para a vida do meu filho, como se nada tivesse acontecido, está redondamente enganada. Ele está noivo e muito feliz.

Não sei ao certo que tipo de reação eu deveria ter diante daquela revelação a única coisa que sei é que meu coração estúpido resolveu errar algumas batidas justamente naquele momento.

— Como havia dito, já cumpri com meu objetivo aqui, com licença. — Digo passando por ela sem lhe dirigir mais atenção.

***

— Olaf, você está derretendo!

— Por algumas pessoas vale a pena.

Olho para minha filha sentada no sofá assistindo sua animação favorita e ofego fortemente. Mesmo tentando me concentrar em fazer o nosso jantar, o encontro que tive mais cedo com o seu pai não sai da minha cabeça.

Caramba! Esse homem me afeta mais do que eu imaginava.

Desde que voltei para casa a minha mente fica vagando entre o presente e o passado.

Durante os primeiros meses da minha gravidez, muitas vezes me peguei desejando que minha filha não fosse sua. Coisa que era impossível já que ele era o único homem com qual eu mantinha relação.

Por mais que eu quisesse bancar o ser superior e não me importar de ser chamada traidora, isso ainda me doía. Ainda mais quando eu pensava que por causa dessa mentira a minha filha perdeu a oportunidade de conviver com pai.

— Cheguei! — Sou tirada dos meus pensamentos pela voz da minha mãe.

De onde estou na cozinha consigo observar a minha mãe se dirigir até Elena e beijar-lhe a face, o design em conceito aberto do apartamento dá esse privilégio.

Minha mãe sempre foi minha força e minha fortaleza sempre me apoiou em tudo, mas nos últimos sete anos ela tem sido incrível como a avó e me auxiliando incondicionalmente na educação de minha filha e desde que ela ficou doente minha mãe tem me dado mais força e apoio do que nunca.

Após trocar meia dúzia de palavras com Elena ela vem minha direção beija a minha face e logo seguida pergunta em voz baixa para que somente eu escute:

— Como foi o encontro com o Matheus ?

— Mais difícil do que eu imaginava. — Suspiro ainda pensando no encontro — Acredito que não estava preparado para esse reencontro.

— O que você quer dizer com isso? Ele não aceitou numa boa a novidade de que é pai ou ele mexeu mais com você do que imaginava que iria? — Pergunta colocando a ecobag com compras em cima da bancada.

— Não viaja, mãe. Lógico que é a primeira opção, ele não aceitou bem. — Viro de costa para que ela não constate a verdade em meus olhos. — Esqueceu de que ele acredita que o traí? No mínimo deve estar pensando que eu escondi minha gravidez por algum motivo mesquinho.

— Matheus é um babaca por acreditar num negócio desse!

— Nisso eu concordo. — Viro novamente para ela. — Por hora o que realmente importa é que ele convença a família a fazer o exame, e se Deus quiser alguém será compatível com minha filha.

— Tem razão, meu amor. Vamos orar para que nossa Elena fique curada rápido.

Minha mãe termina de falar e eu sinto o celular vibrar no bolso traseiro da minha calça, pego e vejo uma mensagem de um número desconhecido. Quando leio o que está escrito meu coração começa a bater forte enchendo minha alma de esperança.

Número Desconhecido:

Quero conhecer minha filha.

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