Lucian caminhava pelas ruas movimentadas, rindo sozinho. O encontro com a Vitória foi melhor do que ele esperava. Ver o desespero nos olhos dela, o medo tomando conta de cada movimento… aquilo o divertia.Lucian: (murmurando para si mesmo, com um sorriso cruel) Logo, logo, Vitória… logo você vai ser minha de novo. Você pode correr, pode gritar, mas eu sempre vou estar por perto…Ele ajeitou o capuz do casaco e andou rapidamente para fugir da área antes que a polícia chegasse. Não seria esperto da parte dele ficar ali e correr o risco de ser preso. Não quando estava tão perto do que queria.Minutos depois, as viaturas da polícia chegaram ao local, sirenes piscando, iluminando o estacionamento com luzes vermelhas e azuis. Os agentes saíram dos carros em alerta, com armas engatilhadas, mas não havia mais ninguém ali.O investigador Manoel desceu do carro irritado, olhando ao redor.Manoel: (bufando) Droga! Ele já sumiu.Os agentes foram a vasculhar a área, mas tudo o que retornou foram m
A noite estava tranquila na casa de Eduardo e Karina. Depois de um longo dia de trabalho, eles finalmente puderam relaxar um pouco. Mas, apesar do ambiente aconchegante, o peso das últimas semanas ainda pairava sobre eles.Enquanto Karina terminava de preparar o jantar na cozinha, Eduardo estava sentado no sofá, pensativo. Ele suspirou fundo, passando as mãos pelo rosto, quando sua esposa se aproximou e se sentou ao seu lado.Karina: (pegando na mão dele) No que está pensando?Eduardo: (suspirando) Em tudo o que está acontecendo… Vitória e meu pai estão vivendo com medo por causa desse desgraçado do Lucian. Eu só queria que ele fosse preso logo para que a gente pudesse viver em paz.Karina assentiu, compartilhando do mesmo desejo.Karina: Eu também… Não aguento mais ver todo mundo com medo, sem saber o que pode acontecer a qualquer momento.Eduardo: (segurando a mão dela com mais força) Mas ele não vai ganhar, Karina. Eu prometo. Nossa família vai ficar bem.Ela sorriu suavemente, bus
Os dias foram intensos para Olavo, Vitória, Eduardo e Karina. Desde que começaram a trabalhar juntos na clínica temporária, o ritmo era acelerado, mas recompensador. Todos estavam unidos, ajudando o negócio da família a crescer e se preparar para a grande mudança quando a nova clínica ficasse pronta.Karina havia deixado seu trabalho na escola para se dedicar totalmente à clínica. Com sua experiência e dedicação, ajudava a organizar tudo, enquanto Eduardo conciliava os atendimentos com a administração. Vitória, sempre atenta e cuidadosa, mantinha tudo em ordem, garantindo que Olavo tivesse o suporte necessário para liderar a equipe.Naquela tarde, após um longo expediente, eles se reuniram na pequena sala de descanso da clínica. O cheiro do café recém-passado tomava conta do ambiente, e Olavo, sentado ao lado de Vitória, observava a movimentação ao redor com um sorriso satisfeito.Olavo: Ver todos nós trabalhando juntos… Isso me deixa orgulhoso. Logo teremos a nova clínica pronta, e e
Foram semanas de planejamento, cada detalhe pensado com frieza. Lucian e Milene finalmente elaboraram o plano perfeito. Nada poderia dar errado dessa vez.A estratégia foi simples, mas eficiente: novas pessoas começaram a trabalhar na escola de Carlinhos. Professores e funcionários temporários, rostos desconhecidos, infiltrados para facilitar a entrega sem levantar suspeitas. Era por meio deles que Lucian e Milene conseguiam o que tanto desejavam.E o plano funcionou.Naquele dia, o sol brilhava forte no céu. Carlinhos estava animado para voltar para casa e contar para Olavo e Vitória sobre um desenho que fez na aula. Ele nem imaginava o perigo que o esperava.Quando o sinal tocou e as crianças começaram a sair, um dos “novos funcionários” da escola se mudou com um sorriso amigável.Homem desconhecido: Oi, Carlinhos, tudo bem? Sua mãe pediu para você levar até ela. Aconteceu um probleminha, mas não precisa se preocupar, está tudo bem.Carlinhos franziu a testa, desconfiado.Carlinhos:
A noite foi fria e silenciosa quando Vitória, com o coração pesado, terminou de escrever a carta para Olavo. Suas mãos tremiam enquanto dobrava o papel cuidadosamente, deixando-o sobre a escrivaninha do quarto. Ela sabia que ele jamais permitiria que ela ficasse sozinha, mas não poderia arriscar a vida de Carlinhos.Respirou fundo e pegou sua bolsa. Seu corpo foi tomado pelo medo, mas sua mente foi decidida. Saiu da casa com passos silenciosos, certificando-se de que ninguém a visse. A rua estava vazia, apenas o som distante do vento balançando as árvores preenchia o silêncio aterrorizante.Seu celular vibra. Uma nova mensagem.Lucian: Boa garota. Entre no carro preto estacionado na esquina. E lembre-se: se tentar alguma gracinha, eu não garanto que o menino continue respirando.Vitória sentiu um arrepio e percorreu sua espinha. Ela engoliu seco e caminhou até o carro indicado. Quando abriu a porta e entrou, encontrou Milene no banco do passageiro, com um sorriso vitorioso no rosto.M
O telefone tocou novamente, e Olavo atendeu no primeiro toque, seu coração acelerado pela tensão era Lucian.Olavo: Já tenho o dinheiro. — Ele disse firme, tentando manter a calma, apesar do ódio fervendo em suas veias. — Mas antes, quero uma prova de vida.Do outro lado da linha, Lucian riu.Lucian: Sempre tão previsível, doutor. — Ele zumbiu, antes de virar a câmera do celular.Olavo sentiu o peito pressionado ao ver Vitória e Carlinhos. O menino chorava baixinho, agarrado à mãe, e Vitória o abraçava com força, tentando acalmá-lo. Seus olhos estavam vermelhos, mas sua voz era doce e firme ao sussurrar palavras de conforto para o filho.Vitória: Está tudo bem, meu amor. Mamãe está aqui… Vai ficar tudo bem.A imagem voltou para Lucian, que brilhou de maneira cruel.Lucian: Agora você já viu que eles estão vivos. Em duas horas, no lugar marcado. E com o meu dinheiro. Se tentar algo, se vier com a polícia, eu juro que esse reencontro vai ser o último.Antes de desligar, Lucian olhou par
Vitória olhou pela janela do quarto, fixando o olhar nas colinas do pequeno município onde vivia. O sol se punha devagar, tingindo o céu com uma laranja forte que ela raramente tinha tempo de apreciar. As sombras da noite chegaram, e junto delas, as lembranças dos dias de sua infância e juventude, pesadas e vívidas como se nunca tivessem partido.Crescer no supermercado da família não foi exatamente um sonho, mas um destino decidido. Filha única de Everaldo e Marisa, Vitória sempre sabia que seus pais queriam mais que uma menina. Eles queriam um sucessor, um herdeiro para a “Família Damasceno” e o pequeno império do supermercado que sustentava a casa e a imagem deles na cidade. Mas ela era o que eles tinham, e cabia a ela preencher o vazio da expectativa frustrada.Desde cedo, sua rotina era meticulosamente traçada: escola, casa, igreja. Aos domingos, Vitória usava seu vestido mais bonito e acompanhava a mãe à missa, ouvindo, no caminho, como ela deveria ser recatada, comportada, "dig
Olavo Castellani, médico de 40 anos, terminou mais um dia de trabalho exaustivo, em que mal teve tempo para começar. Depois de um banho rápido, foi à cozinha e pegou uma de suas muitas marmitas congeladas, que enchiam o congelador. Era assim quase todas as noites: uma refeição solitária, rápida, antes de encontrar algum momento de paz. Com um copo de uísque na mão, caminhou até a varanda do apartamento, sentou-se e permitiu-se, mais uma vez, relembrar sua vida.Ele nasceu em uma família rica e tradicional, onde todos eram médicos. Desde pequeno, sempre soubemos que o mesmo destino o aguardava. Como único filho, carregava a expectativa dos pais de seguir os passos deles e dar continuidade ao legado familiar. Seus pais, rígidos e muito religiosos, vinham de um casamento arranjado. Não havia amor entre eles; sua união era um negócio de família, algo que Olavo cresceu observando em silêncio.Na faculdade de medicina, o peso dessas expectativas tornou-se ainda maior quando seu pai foi info