Uma Doce Babá Para Dois CEOs
Uma Doce Babá Para Dois CEOs
Por: Ravena
Capítulo 1

Capítulo 1

Milena Silveira

Não aguento mais. Meu corpo inteiro dói, e, mais uma vez, acordo em um hospital. Isso está me destruindo...

Olho para o lado ainda zonza: flores como sempre, um quarto moderno, cheio de aparelhos. Qual será a mentira no prontuário desta vez? Com dificuldade, a vista ainda turva li...

"Paciente queda, caiu da escada."

Moro em uma cidade do interior do Paraná. Quando conheci João, nunca imaginei que, ao assinar os papéis do casamento, estaria selando minha possível sentença de morte. Tudo mudou depois que meus pais morreram. Sem ninguém no mundo, tornei-me prisioneira dele. O filho que eu não podia lhe dar era sempre a desculpa para as surras no começo, raras, mas agora quase diárias. Mas João é o prefeito da cidade, um exemplo de cidadão de bem. Eu? Apenas uma mulher desastrada, que vive se machucando sozinha...

— Ah, meu amor, você acordou. — Sua voz melosa me enoja. — Quando cheguei em casa, você estava caída aos pés da escada. Foi desesperador, meu amor, onde dói?

A encenação dele sinceramente, é digna de um Oscar. Viro o rosto, incapaz de olhar para ele. Depois de tudo o que ouvi ontem e do que sofri em suas mãos, acordar aqui novamente me tira o chão. Ele sabe que não tenho para onde correr. Sabe que ninguém acreditaria em mim. Afinal, segundo ele e os laudos forjados por sua amante, sou emocionalmente instável.

— Estou bem. Apenas me desequilibrei no topo da escada, sou muito desastrada mesmo.

Contribuo com sua mentira, esperando que assim ele me deixe em paz.

— Você precisa ter mais cuidado, meu amor. O que seria de mim sem você?

Seus dedos tocam meus cabelos, e acariciam de leve o meu rosto, e a vontade de vomitar me domina. Mas não posso demonstrar nada. Preciso agir. Preciso fugir. Mas como? Não aguento mais esse inferno.

A porta do quarto se abre, e Ayla entra. Graças a Deus, ela está de plantão hoje.

— Bom dia. Caiu de novo, Milena?

Ela pergunta, olhando diretamente para João, que rapidamente disfarça.

— Que bom que está aqui. Mile gosta muito de você. — Ele sorri falsamente. — Preciso voltar para a prefeitura, mas mais tarde volto para te buscar. Se Deus quiser, vamos para casa, meu amor.

Ele beija minha testa, e meu corpo se contrai involuntariamente. O jeito como ele coloca Deus em suas falas, me deixa ainda mais enojada. Assim que ele sai, Ayla se aproxima e segura minha mão.

— Você vai acabar morrendo, Mile, até quando vai continuar com isso minha amiga?

As lágrimas, que segurei por tanto tempo, vêm como uma enxurrada, devastando o que restava de mim. Já me sinto vazia há muito tempo, mas não posso mais suportar.

— O que eu posso fazer? — Minha voz sai fraca. — Ele controla tudo. Não há nada nesta cidade que aconteça sem que ele saiba.

— Vou visitar meu irmão em São Paulo na próxima semana. Você pode ir comigo, escondida. Vou de carro, não tem como ele saber. Quando se der conta, você já estará longe.

— É muito arriscado. Ele vai descobrir... e vai te machucar.

— Não vai. O importante é tirar você daqui antes que ele te mate, Mile. Pelo amor de Deus.

Ayla hesita, mas depois diz:

— Ele se aproveita do fato de seus pais terem morrido. Mas e se o Luan souber disso? E se contarmos a ele?

Minha respiração falha.

— Não! — Minha resposta sai imediata. — Já desconfio que o "acidente" dos meus pais não foi um acidente. Se ele fizer algo com meu irmão também, eu nunca me perdoaria.

Luan. Meu irmão. Dois anos mais novo que eu, estudante em Princeton. Um verdadeiro gênio. Ele é tudo o que tenho. Nunca permitiria que se envolvesse com a sujeira de João.

— Vai ficar tudo bem, Ayla. Eu estou bem. Já me acostumei com o descontrole do João.

Mentira. Não estou bem. E ninguém se acostuma com isso. Mas não quero que mais ninguém se machuque por minha causa.

Ayla me medica, e acabo adormecendo. Tenho um pesadelo — mais um de tantos. Mais uma versão das inúmeras formas que já imaginei minha morte nas mãos dele. Acordo suando, tremendo, sem conseguir respirar. Talvez Ayla esteja certa. Se eu fugir, talvez tenha uma chance.

No fim do dia, recebo alta. Saio do hospital ao lado de João. Alguns repórteres estão por ali, mas já nem se dão ao trabalho de publicar nada. São barrados pelo dono do jornal, amigo íntimo de João. Seguimos para casa. Pelo menos por alguns dias, ele me tratará bem. Até que algo o irrite novamente e eu me torne, mais uma vez, o alvo de sua fúria.

— Querida, vá descansar. Preciso participar de algumas reuniões, mas logo subo. Vou pedir para Berenice levar seu jantar, e cuidado ao subir as escadas meu bem.

Sínico maldito, ele me beija, e meu estômago se revira automaticamente.

Subo as escadas que, eventualmente, sempre caio. Três anos. Três anos de inferno. O primeiro ano foi difícil, mas depois que falhei em lhe dar um herdeiro, tudo piorou. Mesmo com tratamentos, não consegui engravidar. O que antes era um casamento difícil se tornou um pesadelo sem fim.

Entro no quarto imenso, tão grande quanto o vazio dentro de mim. Tomo um banho para tirar o cheiro de hospital e observo as novas marcas pelo meu corpo. Passo os dedos sobre a costela trincada. Dói. Muito. Tomo analgésicos e um remédio para dormir. Assim que me deito, o quarto escuro me envolve, e apago rapidamente.

O que me desperta são gemidos. Sons estranhos. Ainda grogue pelos remédios, tento abrir os olhos lentamente.

Vejo uma garrafa quase vazia de uísque ao lado da cama, roupas espalhadas pelo chão. Percebo que o dia começa a amanhecer. Meu corpo está pesado, mas o choque me desperta.

Na chaise do quarto, João está transando com Ester.

Minha psiquiatra.

Minha psiquiatra e amante dele.

O choque me paralisa. Eu já sabia que eles tinham um caso. Mas ver aquilo, na minha casa, na minha frente, me revira por dentro. O que mais ele poderia ser capaz de fazer?

Meu sangue ferve.

Não posso mais esperar.

A ideia de fugir com Ayla, de repente, não parece tão ruim, eu preciso sair daqui...

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