Acordei com os raios de sol entrando no meu quarto. Hoje é o meu primeiro dia de folga em um longo tempo e eu estava decidida que seria dedicado a dar um jeito nessa casa. Apesar de não ser dia da empregada, não vejo motivos pelos quais eu não possa fazer isso sozinha e enfim conseguir localizar todas as minhas coisas. O dia amanheceu com uma temperatura muito atípica para essa época do ano, ontem estava -2ºc, hoje está 10ºc. Não que esteja calor, mas está confortável. Sempre fui muito resistente ao frio, enquanto as pessoas usavam casacos pesados, um moletom era o suficiente para mim, minha mãe costumava dizer que o sangue grego e ruim do meu pai que corria nas minhas veias me mantinha aquecida. Era apenas mais um motivo para ela esfregar as nossas diferenças na minha cara. Queria afastar esses pensamentos e todos os outros, então aproveitei que ainda estava cedo e vesti legging, um top e um casaco e saí para correr. Como eu amo essa cidade, as pessoas são tão gentis e as paisagen
- Você está tentando me matar? Está me perseguindo? O que você está fazendo aqui? -pergunto recuperando o fôlego. - Eu estava passando na rua. Te chamei e você não ouviu, faz 15 minutos que estou tentando te alcançar. -ele parecia mais cansado que eu. Ambos permanecemos em silêncio por um momento. - Pra que? - Para… -ele pausa. - Conversar? - Se nem você sabe, quem dirá eu. Estou de folga, se precisar de algo de trabalho me chame amanhã. Se for algo pessoal, já disse que prefiro que não diga. - Porque você é tão difícil? Você precisa aprender a escutar os outros. Não existe apenas o seu lado da história. -se defende.- Eu acho que você devia parar de falar comigo, de modo geral. Porque quanto mais você fala, com mais ódio eu fico. -levanto a voz mais do que deveria. Ele bufa e dá um passo na minha direção encarando os meus lábios, eu sabia que ele iria me beijar.. - Não ouse me tocar. - ele para quando me escuta. - Você não tem esse direito. - Desculpe. -ele suspira profunda
Levo alguns segundos para me situar no mundo de novo. Penso em ir atrás dela e fazê-la me escutar, nem tive chance de me explicar. Mas nenhuma explicação me vem à mente, nada para dizer que vá contra as verdades que ela me disse. “Um cara como você não vale a confusão”. Essas palavras continuam reverberando nos meus pensamentos e me deixando nervoso. O que ela quis dizer com isso? Ela se acha tão superior assim?Respiro fundo e me viro para retornar a cidade, com as pernas pesadas e o peito doído. Hoje acordei disposto a conversar com a Giny e cancelar nosso acordo. Agora vejo tudo de forma diferente. Entro em casa e procuro ela na sala, na cozinha e não a encontro. Hoje acordei disposto a conversar com a Giny e cancelar nosso acordo. Agora vejo tudo de forma diferente. Parece que nos últimos meses tenho vivido fora do meu corpo, coberto por ideias e pensamentos que não são meus. Sempre fui um cara cabeça e corri atrás dos meus objetivos, tenho um futuro idealizado atrás dele que
O restante do meu domingo foi dedicado a tentar esquecer os problemas por um momento, mas infelizmente meu cérebro não é fácil de ser enganado. Eu pulei alguns anos da escola, consegui admissão antecipada e me formei na Harvard Business School aos 20 com especialização em Marketing. Fui hiperestimulada por diversas atividades desde muito pequena, minha mãe me colocaria em qualquer coisa com tanto que ela não precisasse olhar para mim, mas isso combinado com a minha memória eidética e o meu QI de 176 formam o que as pessoas costumam chamar de superdotada. Parece loucura, mas o que eu queria mesmo era a física teórica, estudar o universo e o que faz de nós especiais. Mas aparentemente isso não era adequado para alguém como eu. Para alguém que passou por experiências traumáticas, não ter a habilidade de esquecer é um martírio diário. Eu fiz tudo que estava ao meu alcance para desafogar a minha mente, li um livro, escutei música, abri todas as caixas restantes da mudança (encontrei o
Eu nem tinha estacionado o Mustang na frente da casa quando vi Maya sorrindo e correndo pela grama em direção ao carro. - Meu Deus mulher, você está divina, simplesmente maravilhosa! -digo enquanto ela entra no carro.Maya usava uma roupa toda preta, com botas, chapéu e um corset modelando o torso. - De onde surgiu tudo isso? -digo com as duas mãos abertas apontada em direção aos seios dela. Ela puxa os ombros do casaco e me olha de lado.- Gostou, isso é tudo para você. Não aguentamos e caímos na risada enquanto eu saio com o carro. Seguimos conversando e rindo durante todo o trajeto. - A Mel ficou com o pai? -pergunto. - Ela está com os meus pais desde ontem, quis ficar hoje também. Ela só fala dessa festa de aniversário, eu a amo, mas se ouvir falar mais uma coisa sobre balões, comida e docinhos eu vou perder a cabeça.- E o Mark?- O Mark queria vir junto, mas eu disse não, hoje é a noite das garotas. - Porque? Ele pode vir, quanto mais gente melhor, eu preciso me distrair
De repente o tempo começa a passar de forma diferente, é como se tudo se movesse em câmera lenta. Eu não consigo me mover, eu não consigo piscar, eu não consigo respirar. Como uma deusa diante dos meus olhos vejo Rain montada em um touro de mentira com as pernas completamente expostas, apenas uma faixa jeans sobre a cintura que cobre muito pouco e a cada movimento do touro parece que ela vai cobrir menos ainda. É fisicamente doloroso tirar os olhos dela, mas sinto o braço de Giny apertando mais o meu e retorno a realidade. - O que eles estão fazendo? credo. - ela diz. - Eles estão apenas se divertindo, você deveria experimentar um dia desses. - meu irmão fala irônico. - Mark, por favor. - repreendo. - Com licença, vou ver a minha mulher. -ele sai e vai em direção ao grupo. Olho para ela de novo e impressionantemente ela segue em cima do touro embalada pelos gritos do pessoal em volta. - Vamos sentar ali no canto? - Como? - olho para Giny sem ter processado o que
- Ele viu ela cantando depois do Baile na sexta. Ela canta bem não é? - meu irmão fala e eu respiro aliviado. - Acho que vamos descobrir isso agora. As luzes do palco se acedem e as três outras mulheres, também vestidas a caráter, estão paradas ao redor de Rain como se fossem fazer uma coreografia super ensaiada. Então uma melodia que todo mundo conhece ecoa pelo bar, elas vão cantar Jolene. Essa mulher tem a voz de um anjo, eu poderia ouvi-la cantar para sempre. Eu poderia olhar para ela para sempre também. Seus quadris se movem de forma sincronizada com a melodia e os pés sabem exatamente para onde ir. Ela usa um colete amarrado por uma espécie de cordão na frente, deixando todo o decote exposto, e com a mesa posicionada bem em frente ao palco, eu consigo ver até a pequena cicatriz do tiro. Eu gostaria de saber mais dessa história, do que aconteceu de verdade. Olho em volta e vejo todos os homens olhandos, vidrados, e consigo imaginar exatamente o que está passando na mente de
Ela vai em direção ao balcão, mas ao invés de ir ao caixa se impulsiona e senta sobre o bar. - Eu quero 6 doses de tequila, uma para cada mês que eu moro em Roseburg. -ela pede para o garçom. - Garota, vamos para casa. AGORA. -sou enfático. - Acho que você esqueceu que não pode mandar em mim. -ela fala baixinho -E UMA DOSE DE TEQUILA PRA TODO MUNDO, POR MINHA CONTA. Todos levantam o copo pra ela e riem. O garçom coloca as seis doses dela sobre a mesa e me alcança uma. - Não obriga, estou dirigindo. - Eu bebo a dele. -ela pega a bebida da mão do garçom e alinha com as dela.Bebendo uma de cada vez, cada uma em apenas um gole, em um instantes ela já tinha terminado com todas. No primeiro passo em direção ao balcão ela cambaleia e eu tento segura-lá mas sou impedido. - Não toca em mim. Levanto as mãos em sinal de rendimento. Ela vai até o caixa e paga uma conta de impressionantes quase 10 mil dólares antes de irmos em direção a porta. - Como vocês gastaram tudo isso? -pergunto