De repente o tempo começa a passar de forma diferente, é como se tudo se movesse em câmera lenta. Eu não consigo me mover, eu não consigo piscar, eu não consigo respirar. Como uma deusa diante dos meus olhos vejo Rain montada em um touro de mentira com as pernas completamente expostas, apenas uma faixa jeans sobre a cintura que cobre muito pouco e a cada movimento do touro parece que ela vai cobrir menos ainda. É fisicamente doloroso tirar os olhos dela, mas sinto o braço de Giny apertando mais o meu e retorno a realidade. - O que eles estão fazendo? credo. - ela diz. - Eles estão apenas se divertindo, você deveria experimentar um dia desses. - meu irmão fala irônico. - Mark, por favor. - repreendo. - Com licença, vou ver a minha mulher. -ele sai e vai em direção ao grupo. Olho para ela de novo e impressionantemente ela segue em cima do touro embalada pelos gritos do pessoal em volta. - Vamos sentar ali no canto? - Como? - olho para Giny sem ter processado o que
- Ele viu ela cantando depois do Baile na sexta. Ela canta bem não é? - meu irmão fala e eu respiro aliviado. - Acho que vamos descobrir isso agora. As luzes do palco se acedem e as três outras mulheres, também vestidas a caráter, estão paradas ao redor de Rain como se fossem fazer uma coreografia super ensaiada. Então uma melodia que todo mundo conhece ecoa pelo bar, elas vão cantar Jolene. Essa mulher tem a voz de um anjo, eu poderia ouvi-la cantar para sempre. Eu poderia olhar para ela para sempre também. Seus quadris se movem de forma sincronizada com a melodia e os pés sabem exatamente para onde ir. Ela usa um colete amarrado por uma espécie de cordão na frente, deixando todo o decote exposto, e com a mesa posicionada bem em frente ao palco, eu consigo ver até a pequena cicatriz do tiro. Eu gostaria de saber mais dessa história, do que aconteceu de verdade. Olho em volta e vejo todos os homens olhandos, vidrados, e consigo imaginar exatamente o que está passando na mente de
Ela vai em direção ao balcão, mas ao invés de ir ao caixa se impulsiona e senta sobre o bar. - Eu quero 6 doses de tequila, uma para cada mês que eu moro em Roseburg. -ela pede para o garçom. - Garota, vamos para casa. AGORA. -sou enfático. - Acho que você esqueceu que não pode mandar em mim. -ela fala baixinho -E UMA DOSE DE TEQUILA PRA TODO MUNDO, POR MINHA CONTA. Todos levantam o copo pra ela e riem. O garçom coloca as seis doses dela sobre a mesa e me alcança uma. - Não obriga, estou dirigindo. - Eu bebo a dele. -ela pega a bebida da mão do garçom e alinha com as dela.Bebendo uma de cada vez, cada uma em apenas um gole, em um instantes ela já tinha terminado com todas. No primeiro passo em direção ao balcão ela cambaleia e eu tento segura-lá mas sou impedido. - Não toca em mim. Levanto as mãos em sinal de rendimento. Ela vai até o caixa e paga uma conta de impressionantes quase 10 mil dólares antes de irmos em direção a porta. - Como vocês gastaram tudo isso? -pergunto
Acordei me sentindo nova em folha. Completamente renovada. Uma das maiores bênçãos que recebi foi a habilidade de não sentir ressaca. Sempre me disseram que isso acontecia porque eu era jovem, mas os anos estão passando e não ganho nem uma dor de cabeça após uma noitada. E por mais idiotice que possa parecer, não sinto um pingo de arrependimento pelo “episódio” da madrugada passada. Au contraire. É divertido vê-lo perder a pose e ficar desconcertado. Óbvio que eu não iria dormir com ele, só queria provocar. Dei a ele algo para pensar nos próximos dias. Atrasada (como sempre) pego o meu collant, as minhas sapatilhas e coloco dentro da mochila, hoje dou aulas no centro infantil no meu intervalo da tarde. Trabalho em alguns horários a mais para compensar as duas tardes na semana que estou em classe. Passo correndo pela Rosa, que trabalha aqui em casa, roubo uma panqueca do prato e saio correndo. -Pode pelo menos sentar para comer menina? O seu café tá pronto. - ela grita enquanto eu
Precisei de dois pontos pequenos na palma da mão, levei um sermão por causa das outras pequenas cicatrizes que e já tinha nas palmas e uma recomendação para que largasse o hábito. Quando subo de volta ao andar da minha sala encontro Robert parado para o lado de fora da porta. -Você está bem? -ele levanta a minha mão e olha para o pequeno curativo. -Não foi nada, é tão pequeno que nem se qualifica como um machucado, apenas me cortei no canto da mesa. -minto. -Como você ficou sabendo?-Todo mundo sabe de tudo por aqui. Anne disse que você entrou como um verdadeiro furacão no gabinete. As notícias por aqui tem asas e voam mais rápido que uma águia.-Foi só um mal entendido. Já resolvemos tudo. -falo. -Agora preciso voltar para o trabalho e você também. -Me manda mensagem mais tarde? - enquanto ele fala a porta da sala é aberta. -Se quiser… -Will fica parado na porta e encara nós dois. -Conversar comigo?Ignoro a presença da figura parada na entrada da sala. -Claro! -respondo. Colo
Como essa mulher consegue ser tão irritante?Achei que chegaria hoje pela manhã e ela evitaria até mesmo olhar na minha direção depois do que aconteceu na noite passada, mas pelo contrário. Primeiro ela me olhou com ódio, o que devo admitir seja a minha culpa porque provoquei e não me arrependo nem um pouco. E então seu olhar voltou a ser desafiador e provocante. Parece que a nossa relação virou uma espécie de jogo e nenhum dos lados está disposto a ceder. Ela me deixou sozinho na sala dela e não posso evitar dar uma bisbilhotada por aí. A mesa está meticulosamente organizada, apenas com o computador em cima, uma caixinha de cartões de visitas e um porta retrato. Lembro que não tenho o número de telefone dela, então pego um cartão e coloco no bolso. No porta retrato ao invés de uma foto de família, tem uma foto dela ao lado de Maya e segurando Melissa no colo, não consigo entender como essa relação se desenvolveu tão rápido, minha cunhada normalmente é muito fechada em relação a no
A sala permanecia em silêncio. -Você falou com um delegado? Em que momento? -meu pai quebra o silêncio. -Eu não falei, acabei de pesquisar o nome dele no google. Assim como não tenho nenhum amigo Juiz Federal. -ela dá de ombros. -O que eles fizeram foi errado, com tempo com certeza conseguiríamos essas coisas, se fossemos atrás. Mas a gente não tinha esse tempo, quanto mais tempo a matéria ficasse no ar, mais difundida e difícil de controlar. Eu só adiantei um pouco as coisas. Encarem como uma previsão e não uma mentira. -Como você sabia quem tinha escrito? -pergunto curioso. Ela tira um documento de dentro do bloco de notas e me entrega. Era uma oferta de emprego de Anthony para ela, datada de 5 meses atrás, e nela ele se referia ao meu pai como “falso profeta”. -Eu já te disse que não esqueço nada, só queria olhar de novo para ter certeza. -ela se volta ao restante das pessoas. -Então, ninguém quer ir comer? Após alguns minutos vemos a nota de retratação no ar, conferimos cada
Coisinha ardilosa? É sério que ele me chamou de coisinha ardilosa?Fico sem reação por um minuto, apenas com o calor passando nas minhas veias. A essa altura já não sei mais dizer se o calor ainda é ódio. -Não me provoque Rain. Entra nesse carro. Esquece o que eu disse, é ódio sim. -Eu não vou para lugar nenhum com você. -respondo. -Furacão.. -meu apelido sai da boca dele quase como um rosnado. Ele aperta ainda mais o meu corpo contra o dele. A mão que cobria a minha boca agora está no meu pescoço, apertando levemente. Então ela desce lentamente e para ao encontrar o meu seio por cima do collant. -Essa roupa…-ele fala e a mão me aperta mais forte.-Você devia usar apenas ela, todos os dias.Quando ele se afasta apenas um pouco, para olhar para mim, aproveito um momento de lucidez e acerto minha mão no rosto dele sem muita força.-Eu disse para me soltar. Ele ri e me solta levantando as mãos. -Você tem razão, me desculpe. -ele fala ainda me olhando nos olhos, mas com um tom mais