O restante do meu domingo foi dedicado a tentar esquecer os problemas por um momento, mas infelizmente meu cérebro não é fácil de ser enganado. Eu pulei alguns anos da escola, consegui admissão antecipada e me formei na Harvard Business School aos 20 com especialização em Marketing. Fui hiperestimulada por diversas atividades desde muito pequena, minha mãe me colocaria em qualquer coisa com tanto que ela não precisasse olhar para mim, mas isso combinado com a minha memória eidética e o meu QI de 176 formam o que as pessoas costumam chamar de superdotada. Parece loucura, mas o que eu queria mesmo era a física teórica, estudar o universo e o que faz de nós especiais. Mas aparentemente isso não era adequado para alguém como eu. Para alguém que passou por experiências traumáticas, não ter a habilidade de esquecer é um martírio diário. Eu fiz tudo que estava ao meu alcance para desafogar a minha mente, li um livro, escutei música, abri todas as caixas restantes da mudança (encontrei o
Eu nem tinha estacionado o Mustang na frente da casa quando vi Maya sorrindo e correndo pela grama em direção ao carro. - Meu Deus mulher, você está divina, simplesmente maravilhosa! -digo enquanto ela entra no carro.Maya usava uma roupa toda preta, com botas, chapéu e um corset modelando o torso. - De onde surgiu tudo isso? -digo com as duas mãos abertas apontada em direção aos seios dela. Ela puxa os ombros do casaco e me olha de lado.- Gostou, isso é tudo para você. Não aguentamos e caímos na risada enquanto eu saio com o carro. Seguimos conversando e rindo durante todo o trajeto. - A Mel ficou com o pai? -pergunto. - Ela está com os meus pais desde ontem, quis ficar hoje também. Ela só fala dessa festa de aniversário, eu a amo, mas se ouvir falar mais uma coisa sobre balões, comida e docinhos eu vou perder a cabeça.- E o Mark?- O Mark queria vir junto, mas eu disse não, hoje é a noite das garotas. - Porque? Ele pode vir, quanto mais gente melhor, eu preciso me distrair
De repente o tempo começa a passar de forma diferente, é como se tudo se movesse em câmera lenta. Eu não consigo me mover, eu não consigo piscar, eu não consigo respirar. Como uma deusa diante dos meus olhos vejo Rain montada em um touro de mentira com as pernas completamente expostas, apenas uma faixa jeans sobre a cintura que cobre muito pouco e a cada movimento do touro parece que ela vai cobrir menos ainda. É fisicamente doloroso tirar os olhos dela, mas sinto o braço de Giny apertando mais o meu e retorno a realidade. - O que eles estão fazendo? credo. - ela diz. - Eles estão apenas se divertindo, você deveria experimentar um dia desses. - meu irmão fala irônico. - Mark, por favor. - repreendo. - Com licença, vou ver a minha mulher. -ele sai e vai em direção ao grupo. Olho para ela de novo e impressionantemente ela segue em cima do touro embalada pelos gritos do pessoal em volta. - Vamos sentar ali no canto? - Como? - olho para Giny sem ter processado o que
- Ele viu ela cantando depois do Baile na sexta. Ela canta bem não é? - meu irmão fala e eu respiro aliviado. - Acho que vamos descobrir isso agora. As luzes do palco se acedem e as três outras mulheres, também vestidas a caráter, estão paradas ao redor de Rain como se fossem fazer uma coreografia super ensaiada. Então uma melodia que todo mundo conhece ecoa pelo bar, elas vão cantar Jolene. Essa mulher tem a voz de um anjo, eu poderia ouvi-la cantar para sempre. Eu poderia olhar para ela para sempre também. Seus quadris se movem de forma sincronizada com a melodia e os pés sabem exatamente para onde ir. Ela usa um colete amarrado por uma espécie de cordão na frente, deixando todo o decote exposto, e com a mesa posicionada bem em frente ao palco, eu consigo ver até a pequena cicatriz do tiro. Eu gostaria de saber mais dessa história, do que aconteceu de verdade. Olho em volta e vejo todos os homens olhandos, vidrados, e consigo imaginar exatamente o que está passando na mente de
Ela vai em direção ao balcão, mas ao invés de ir ao caixa se impulsiona e senta sobre o bar. - Eu quero 6 doses de tequila, uma para cada mês que eu moro em Roseburg. -ela pede para o garçom. - Garota, vamos para casa. AGORA. -sou enfático. - Acho que você esqueceu que não pode mandar em mim. -ela fala baixinho -E UMA DOSE DE TEQUILA PRA TODO MUNDO, POR MINHA CONTA. Todos levantam o copo pra ela e riem. O garçom coloca as seis doses dela sobre a mesa e me alcança uma. - Não obriga, estou dirigindo. - Eu bebo a dele. -ela pega a bebida da mão do garçom e alinha com as dela.Bebendo uma de cada vez, cada uma em apenas um gole, em um instantes ela já tinha terminado com todas. No primeiro passo em direção ao balcão ela cambaleia e eu tento segura-lá mas sou impedido. - Não toca em mim. Levanto as mãos em sinal de rendimento. Ela vai até o caixa e paga uma conta de impressionantes quase 10 mil dólares antes de irmos em direção a porta. - Como vocês gastaram tudo isso? -pergunto
Acordei me sentindo nova em folha. Completamente renovada. Uma das maiores bênçãos que recebi foi a habilidade de não sentir ressaca. Sempre me disseram que isso acontecia porque eu era jovem, mas os anos estão passando e não ganho nem uma dor de cabeça após uma noitada. E por mais idiotice que possa parecer, não sinto um pingo de arrependimento pelo “episódio” da madrugada passada. Au contraire. É divertido vê-lo perder a pose e ficar desconcertado. Óbvio que eu não iria dormir com ele, só queria provocar. Dei a ele algo para pensar nos próximos dias. Atrasada (como sempre) pego o meu collant, as minhas sapatilhas e coloco dentro da mochila, hoje dou aulas no centro infantil no meu intervalo da tarde. Trabalho em alguns horários a mais para compensar as duas tardes na semana que estou em classe. Passo correndo pela Rosa, que trabalha aqui em casa, roubo uma panqueca do prato e saio correndo. -Pode pelo menos sentar para comer menina? O seu café tá pronto. - ela grita enquanto eu
Precisei de dois pontos pequenos na palma da mão, levei um sermão por causa das outras pequenas cicatrizes que e já tinha nas palmas e uma recomendação para que largasse o hábito. Quando subo de volta ao andar da minha sala encontro Robert parado para o lado de fora da porta. -Você está bem? -ele levanta a minha mão e olha para o pequeno curativo. -Não foi nada, é tão pequeno que nem se qualifica como um machucado, apenas me cortei no canto da mesa. -minto. -Como você ficou sabendo?-Todo mundo sabe de tudo por aqui. Anne disse que você entrou como um verdadeiro furacão no gabinete. As notícias por aqui tem asas e voam mais rápido que uma águia.-Foi só um mal entendido. Já resolvemos tudo. -falo. -Agora preciso voltar para o trabalho e você também. -Me manda mensagem mais tarde? - enquanto ele fala a porta da sala é aberta. -Se quiser… -Will fica parado na porta e encara nós dois. -Conversar comigo?Ignoro a presença da figura parada na entrada da sala. -Claro! -respondo. Colo
Como essa mulher consegue ser tão irritante?Achei que chegaria hoje pela manhã e ela evitaria até mesmo olhar na minha direção depois do que aconteceu na noite passada, mas pelo contrário. Primeiro ela me olhou com ódio, o que devo admitir seja a minha culpa porque provoquei e não me arrependo nem um pouco. E então seu olhar voltou a ser desafiador e provocante. Parece que a nossa relação virou uma espécie de jogo e nenhum dos lados está disposto a ceder. Ela me deixou sozinho na sala dela e não posso evitar dar uma bisbilhotada por aí. A mesa está meticulosamente organizada, apenas com o computador em cima, uma caixinha de cartões de visitas e um porta retrato. Lembro que não tenho o número de telefone dela, então pego um cartão e coloco no bolso. No porta retrato ao invés de uma foto de família, tem uma foto dela ao lado de Maya e segurando Melissa no colo, não consigo entender como essa relação se desenvolveu tão rápido, minha cunhada normalmente é muito fechada em relação a no