MargotSinto meu corpo dolorido, uma friagem estranha ultrapassa minha pele a dói em meus ossos. Minha mente está turva e minha cabeça dói. Por alguns segundos fico tentando me lembrar do que aconteceu, de onde estou.Sento-me e então vejo que estou em uma lugar escuro e frio com cheiro de sujeira. Descubro o motivo pelo qual senti dor e frio nos ossos: eu estava deitada sobre pedras duras e geladas. Um mínimo de movimento que faço é suficiente para minha cabeça doer como um inferno. O que está acontecendo?— Então você é Margot, a filha mais nova do antigo rei alfa Yan Kall Fury? — uma voz masculina corta a distância entre mim e ele, mas não vejo nada, tudo está um verdadeiro negrume.Então uma tocha é acesa e colocada em uma arandela presa na parede, em seguida mais uma e então outra. Com três tochas acesas, consigo ver melhor o que há na minha frente. Estou em uma cela. Aquela verdade me faz estremecer até os ossos e lágrimas sobem aos meus olhos. Onde está minha mãe? Meu pai e meu
EnryNão vejo minha irmã há algum tempo. Estou sentado com minha família, comemorando meu casamento, mas a sua ausência me incomoda à medida que o tempo passa e ela não aparece.— Pai, Margot está sumida há tempo demais. Será que não aconteceu alguma coisa?— Ela deve estar andando por aí, Enry — meu pai responde mordendo um belo pedaço de carne.— Eu não sei — suspiro, a carne perdendo o seu sabor em minha boca conforme o tempo passa. — Os pais da minha mulher somem, depois Margot some também.Quando pronuncio tais palavras sinto todos os olhares sobre mim.— Você acha que meus pais fariam alguma coisa com sua irmã... por vingança? — Naiara inquire.Não queria culpar ninguém, mas é inevitável começar a juntar algumas peças.— Eu vou dar uma olhada por aí — oferece meu irmão Killan.— Eu vou com você, irmão. — Seu gêmeo se ergue da cadeira e o acompanha.Mesmo sabendo que meus irmãos estão indo atrás da minha irmãzinha, não consigo controlar o nervosismo e ansiedade.— Ela deve estar
EnryMeu tio Liam estava deitado no meio de nossa sala e o curandeiro cuidava de sua ferida. Toda a festa de casamento havia sido esquecida e as pessoas se dispersaram.Vik chora ao lado do marido, murmurando que ele vai ficar bem e então percebo o quanto ela o ama. Na verdade, com tudo o que já ouvi, os dois se completam de formas diversas. Mas no momento a minha mente está completamente voltada para a minha irmã.Depois de alguns minutos, o curandeiro se ergue limpando suas mãos em uma toalha úmida e anuncia o estado de saúde de meu tio.— O estado dele ainda necessita de cuidados — avisa. — Perdeu muito sangue e não é aconselhado que volte a sua forma humana agora. A forma de lobo permitirá que ele se recupere mais rápido.— Outra vez não! — Grita Vik em desespero, ao que parece meu tio já esteve em uma situação semelhante.Fico andando de um lado a outro, passando a mão por meus cabelos, pois tudo o que quero é descobrir onde Margot está e o que está acontecendo com ela.Meu tio é
EnryMeus olhos procuram por qualquer traço que possa indicar que eles estão ali, mas é em vão. Não há nada que possa entregar a posição dos dois. Até chego a questionar se eles estão mesmo ali ou se eles se transportaram para outro lugar.Será possível?— Onde estão? O que aconteceu? — minha mãe se pergunta, mas o questionamento é feito em voz alta.Então como um passe de mágica, os dois estão de volta exatamente no mesmo lugar.— Como é possível? — sussurro ainda incrédulo com o que vejo na minha frente.— Descobrimos quando éramos crianças — Hiran começa a explicar. — Nossa mãe estava atrás de nós porque quebramos o vaso dela. Estávamos cercados, ela iria nos achar e então aconteceu.— Ela chegou bem na nossa frente e não nos viu — Completou Killan.— Pelos céus! — Minha mãe coloca a mão sobre a boca.— Nunca consideraram em contar isso para nós? — meu pai esbraveja.— Pensamos várias vezes, mas carregar o poder de retirar vidas, assim como nossa mãe, já era um fardo a se carregar —
EnryContinuo caminhando com minha esposa para casa. Seguro firme em sua mão e a levo até a boca, deixando um beijo delicado, mas firme. Eu sei que o natural é que depois de nosso casamento se instale o período de frenezi, mas com toda essa tensão, não sei o que será.A noite caiu e a lua sobe até o centro do céu lentamente. Deitamos na grama aparada da frente de nossa casa e ficamos admirando a lua redonda e brilhante. As estrelas ao seu redor parecem até perder o brilho de tão intensa ela está hoje.A brisa fria toca minha pele e sinto minha esposa estremecer ao meu lado. Puxo-a para mais perto de mim, abraçando seu corpo para quecê-la.— A lua está tão linda esta noite, não é? — sussurra ela ao meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer meu corpo, e não é de frio.Passo minha mão livre por seu braço, percorrendo-o lentamente.— Diria até que é um presente — respondo a ela com franqueza, porém temo que eu não tenha recebido presentes agradáveis em meu casamento.— Eu também diria se s
MargotDepois de passar uma noite no cativeiro, fui levada para um quarto amplo, iluminado e confortável, porém, não queria nada daquilo. Eu só queria voltar para a minha casa.Já pensei em fugir, mas as portas e janelas são guardadas por homens do bruxo, e minha dama de companhia não me deixa um segundo sozinha. E além disso, há a tal coleira em meu pescoço que não me permite me transformar.Cercada desta forma e sem poder me transformar em lobo, minhas chances de fuga são nulas, além do fato de que o castelo é enfeitiçado e ninguém entra ou sai sem a permissão do rei.— Não adianta ficar parada na janela o dia todo — Lily se aproxima, me tirando de meu breve momento de paz.— Quero ficar sozinha — sussurro.Essa mulher não sai de perto de mim e eu não quero sua companhia. Ela mentiu para mim, fingiu ser inocente para ganhar minha confiança, e agora estou cativa.— É melhor descansar, viajaremos amanhã bem cedo. — Viro-me bruscamente ao ouvir suas palavras.— Já? — Fico alarmada, poi
HiranPassamos a noite toda viajando para a cidade dos bruxos. Lá chegando, usamos algumas das nossas últimas moedas para nos instalarmos.— Podemos terminar a noite aqui — meu irmão sugere ao pararmos na frente de uma estalagem.O som do lado de dentro, apesar de abafado, ainda parece bem animado. Talvez até mesmos possamos conseguir alguma pista nas conversas dos homens bêbados.— Acho que pode ser uma boa ideia. Podemos tentar escutar as conversas — sugiro e meu irmão concorda.— Ótima ideia.— Nada de mulher esta noite. Vamos descansar e estar com a mente focada no nosso dever amanhã. — Sou direto, pois eu sei que devemos estar focados, e mulher pode ser uma distração que não precisamos agora.— Mas uma cervejinha não faz mal — replica.— Temos que economizar, terá de ser cerveja quente, a gelada custa caro demais — respondo, sendo prático.Nosso objetivo hoje não é diversão, mas sim tentar encontrar alguma pista sobre o paradeiro de nossa irmã.— Tá certo, irmão.Seguimos para o
EnryA noite passou de uma forma que eu nem a vi passar. Quando dei por mim, já estava amanhecendo. Nos recolhemos e dormimos um pouco, até que fui despertado por um som alto.Me sentei bruscamente, despertando Naiara comigo.— O que houve, amor? — pergunta ela, ainda cansada e sonolenta, não muito diferente de mim.— Ouvi um barulho e...Antes que eu pudesse concluir o som soou pela casa novamente e pecebi que era o som de alguém batendo na porta de nossa casa e estava batendo com força.— Estão batendo na porta — constada minha esposa.Salto da cama e me enfio na primeira calça que vejo, antes de ir atendê-la.— Para vir nos incomodar, deve ser algo muito importante — respondo e vou rapidamente para a porta, e o som de batidas fortes soam novamente. — Estou chegando!Salto os últimos degraus da escada e logo minhas mãos estão na tranca da porta. A abro e então vejo meus pais parados na minha frente.— O que aconteceu? — pergunto.— Uhg, que fedor... — Meu pai balança a mão na frente