EnryContinuo caminhando com minha esposa para casa. Seguro firme em sua mão e a levo até a boca, deixando um beijo delicado, mas firme. Eu sei que o natural é que depois de nosso casamento se instale o período de frenezi, mas com toda essa tensão, não sei o que será.A noite caiu e a lua sobe até o centro do céu lentamente. Deitamos na grama aparada da frente de nossa casa e ficamos admirando a lua redonda e brilhante. As estrelas ao seu redor parecem até perder o brilho de tão intensa ela está hoje.A brisa fria toca minha pele e sinto minha esposa estremecer ao meu lado. Puxo-a para mais perto de mim, abraçando seu corpo para quecê-la.— A lua está tão linda esta noite, não é? — sussurra ela ao meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer meu corpo, e não é de frio.Passo minha mão livre por seu braço, percorrendo-o lentamente.— Diria até que é um presente — respondo a ela com franqueza, porém temo que eu não tenha recebido presentes agradáveis em meu casamento.— Eu também diria se s
MargotDepois de passar uma noite no cativeiro, fui levada para um quarto amplo, iluminado e confortável, porém, não queria nada daquilo. Eu só queria voltar para a minha casa.Já pensei em fugir, mas as portas e janelas são guardadas por homens do bruxo, e minha dama de companhia não me deixa um segundo sozinha. E além disso, há a tal coleira em meu pescoço que não me permite me transformar.Cercada desta forma e sem poder me transformar em lobo, minhas chances de fuga são nulas, além do fato de que o castelo é enfeitiçado e ninguém entra ou sai sem a permissão do rei.— Não adianta ficar parada na janela o dia todo — Lily se aproxima, me tirando de meu breve momento de paz.— Quero ficar sozinha — sussurro.Essa mulher não sai de perto de mim e eu não quero sua companhia. Ela mentiu para mim, fingiu ser inocente para ganhar minha confiança, e agora estou cativa.— É melhor descansar, viajaremos amanhã bem cedo. — Viro-me bruscamente ao ouvir suas palavras.— Já? — Fico alarmada, poi
HiranPassamos a noite toda viajando para a cidade dos bruxos. Lá chegando, usamos algumas das nossas últimas moedas para nos instalarmos.— Podemos terminar a noite aqui — meu irmão sugere ao pararmos na frente de uma estalagem.O som do lado de dentro, apesar de abafado, ainda parece bem animado. Talvez até mesmos possamos conseguir alguma pista nas conversas dos homens bêbados.— Acho que pode ser uma boa ideia. Podemos tentar escutar as conversas — sugiro e meu irmão concorda.— Ótima ideia.— Nada de mulher esta noite. Vamos descansar e estar com a mente focada no nosso dever amanhã. — Sou direto, pois eu sei que devemos estar focados, e mulher pode ser uma distração que não precisamos agora.— Mas uma cervejinha não faz mal — replica.— Temos que economizar, terá de ser cerveja quente, a gelada custa caro demais — respondo, sendo prático.Nosso objetivo hoje não é diversão, mas sim tentar encontrar alguma pista sobre o paradeiro de nossa irmã.— Tá certo, irmão.Seguimos para o
EnryA noite passou de uma forma que eu nem a vi passar. Quando dei por mim, já estava amanhecendo. Nos recolhemos e dormimos um pouco, até que fui despertado por um som alto.Me sentei bruscamente, despertando Naiara comigo.— O que houve, amor? — pergunta ela, ainda cansada e sonolenta, não muito diferente de mim.— Ouvi um barulho e...Antes que eu pudesse concluir o som soou pela casa novamente e pecebi que era o som de alguém batendo na porta de nossa casa e estava batendo com força.— Estão batendo na porta — constada minha esposa.Salto da cama e me enfio na primeira calça que vejo, antes de ir atendê-la.— Para vir nos incomodar, deve ser algo muito importante — respondo e vou rapidamente para a porta, e o som de batidas fortes soam novamente. — Estou chegando!Salto os últimos degraus da escada e logo minhas mãos estão na tranca da porta. A abro e então vejo meus pais parados na minha frente.— O que aconteceu? — pergunto.— Uhg, que fedor... — Meu pai balança a mão na frente
Killan— Quem vai? — pergunto ao meu irmão que acabou de enviar a mensagem para nosso pai sobre o navio que partirá em breve.— Eu não sei — responde observando a fila de trabalhadores que estão se colocando a disposição para o dia de hoje. — Vamos tirar na sorte.Hiran pega uma moeda e segura sobre o punho fechado.— Cara ou coroa? — pergunta.— Cara — respondo.— Então eu sou coroa. O que sair vai se candidatar ao trabalho de hoje — declara e joga a moeda para cima.Ele a apanha e bate sobre a mão esquerda e revela quem irá se candidatar ao serviço hoje.— Saiu cara — revela e eu balanço a cabeça em concordância.— Perfeito, então eu vou e você fica de olho em tudo.— Não se esqueça de que nosso nome é Hugo.Aceno em concordância, pois sempre trabalhamos sob um nome falso e o mesmo nome para os dois. A cor dos olhos sempre foi o que fazia as pessoas questionarem por que um dia estava azul e no outro estava preto. Mas já tínhamos uma resposta preparada. Nosso tom de azul era tão escu
EnryDecidi que minha esposa ficaria melhor na casa de meus pais até que eu retornasse, por isso arrumamos nossas malas e eu a levei para casa do alfa.— Tem certeza que é melhor se afastar neste momento? — ela questiona insegura.Eu sei que mal tivemos a chance de consumar o nosso casamento e já precisaremos nos afastar, mas infelizmente meu casamento foi marcado pelo desaparecimento de minha irmã.— É o melhor a se fazer, quando souber que o navio zarpou, retorno já com a solução para irmos atrás de meus irmãos.Passo a mão por seus ombros e a puxo para mais perto de mim, deixando um beijo em sua cabeça.— Eu tenho medo que algo aconteça a você, Enry — sussurra, a voz apertada pelo temor.Jogo nossas malas sobre meus ombros enquanto caminhamos rumo à casa de meus pais.— Não vai acontecer nada. Vou trazer meus irmãos de volta, isso é o que vai acontecer. Aquele velho não vai conseguir o que quer.Ela acena, tentando se convencer de que eu tenho razão, mas sei que ela está insegura.
MargotPassei a noite em claro. Não consegui pregar os olhos um só segundo, imaginando que logo serei levada para longe do alcance da minha família.O castelo é enfeitiçado e ninguém sem permissão sai ou entra nele, o que impossibilita que alguém o invada para me livrar de meu cativeiro. Além disso estou impossibilitada de me transformar, pois a coleira em torno de meu pescoço me impede. Tudo isso me deixa derrotada, com um sentimento de impotência que não estou conseguindo lidar.Só consigo pensar em meus pais e em meus irmãos, em como eles estão lidando com o meu desaparecimento. O som da porta se abrindo me tira de meus devaneios e viro a cabeça para ver quem adentra o cômodo. Ao contemplar a mulher de cabelos grisalhos que entra no ambiente, suspiro pesadamente e volto a me deitar. O olhar perdido em algum lugar do quarto que foi designado a mim.— Anime-se, minha querida. Em breve partiremos!Gostaria de saber por que essa mulher acha que eu deveria estar animada em ser levada
EnryCavalgo em direção à cidade dos bruxos, sei que levarei algumas horas para chegar e que a melhor forma de conseguir informações ainda hoje é me hospedando em alguma taverna. As moedas guardadas me serão úteis agora.Quando finalmente cheguei na cidade, o sol da tarde havia me esgotado. A fome e sede me assolam, a exaustão de estar horas sobre um cavalo também me invade, e tudo o que quero agora é comer, beber e dormir.Amarro o animal do lado de fora da taverna que costumava frequentar quando vinha até aqui e adentro o ambiente. Este não é o momento mais lotado, pois muitos ainda estão trabalhando a esta hora.Me direciono ao balcão a peço um quarto, água e comida. Depois de pagar e pegar a chave do meu quarto onde irei descansar, me sento à mesa, esperando por minha refeição.A tigela de guisado e a bandeja de pães são colocadas à minha frente, juntamente com uma moringa de barro, contendo água fresca. Me sirvo e como ávidamente. Está uma delícia.Ao fim da refeição, o cansaço p