NaiaraMinha mãe foi embora e eu até agradeci aos céus, sei que ela ama meu pai, mas sua presença traz um peso estranho para o ambiente. Fico com ele por alguns minutos conversando, quando sou surpreendida com meu sogro abrindo a porta do quarto em um rompante para anunciar que os gêmeos haviam enviado uma nova mensagem informando que o navio partiria pela manhã no dia seguinte.Enry havia saído há poucas horas, mas já deveria estar pela metade do caminho.— Como poderemos avisar a Enry? — questiono.— Terei que partir imediatamente — anuncia o Alfa. — Não há como alcançar Enry, e ele não terá tempo de voltar.— Eu vou — falo me colocando de pé.— Não — falam meu pai e meu sogro ao mesmo tempo. Os encaro.— É perigoso para você, filha — meu pai completa, falando como se eu fosse uma criança indefesa.— Eu sei me defender — me pronuncio determinada, — Ele é meu marido, devo ajudá-lo.— Ele a deixou sob meus cuidados e eu digo que você não vai — ordena o alfa e eu estremeço, mas não ob
EnryEnquanto aguardo a partida do próximo navio, percebo outras pessoas atrasadas se aproximando. Estou distraído, olhando para o horizonte quando ouço alguém chamar meu nome.Quando olho na direção da voz, percebo que é minha esposa. Não vejo ninguém ao seu lado, ela está sozinha. Como ela chegou aqui? A que riscos se submeteu para que estivesse na minha frente agora? Meu pai permitiu que ela saísse sozinha? Duvido!— Naiara!Ela corre para mim e a seguro firme em meus braços. A saudade é avassaladora e meus lábios atingem os dela com fome.— Cheguei a achar que não viria — comenta com alívio em sua voz.— Me falaram que o navio partiria de manhã, não que sairia logo que amanhecesse. Quando cheguei ele já havia partido — explico.— Recebemos a mensagem de seus irmãos, chegou poucas horas depois de você sair. Eu vim assim que recebi a mensagem. — Ela explica sobre a mensagem dos gêmeos que receberam e estende sua mão e toca em minha face. — Estava preocupada com você. — Seus olhos de
MargotMeus irmãos e eu entramos em um dos prédios para nos esconder da ira de Handall. Se nos escondermos bem, ele não poderá nos achar. Esses lugares são como labirintos. São vários andares cheios de corredores e portas.Subimos vários andares e entramos em um dos corredores quando já estávamos cansados. Abrimos as várias portas e eram todas iguais: salas com uma mesa central e cadeiras na frente e ao lado. Todas vazias.No fim do corredor abro uma porta cuja sala é diferente das outras, esta tem um sofá como o que meus pais possuem, mas com um aspecto mais confortável. Tem coisas que não haviam nas outras salas.— O que é isso? — pergunta Killan, mexendo em algo que parece vidro, mas não é. — Parece que tem água dentro, mas não sei por onde tirar.Eles ficam procurando uma forma de tirar água do recipiente que encontraram, enquanto eu avanço pelo cômodo, explorando. Tem uma mesa com coisas em cima.— Vocês vão gostar disso — falo e ouço o barulho de água sendo derramada. — O que vo
MargotMeu coração se aperta ao ver a notícia, pois me sinto culpada. O meu poder foi o responsável por causar tudo de mal que estas pessoas estão vivendo agora.— Está se sentindo bem, irmãzinha? — Killan se aproxima, todo preocupado e carinhoso.Percebo o motivo quando o seu dedo passa por minha face, limpando uma lágrima que escorre livremente.— Eu sou a culpada disso — sussurro com a voz embargada.— Não — responde Hiran e ele se aproxima também. — Não diga isso. Você é mais uma vítima daquele bruxo dos infernos.Balanço a cabeça em negativa.— Mas é o meu poder que fez isso! — exclamo, chorando, as lágrimas garnahnado mais vigor.— Você não teve controle sobre isso, foi usada — Hiran interveio, seus olhos azuis brilhando de emoção e tristeza assim como os meus.— Esse colar em seu pescoço — Killan toca na coisa em mim. — A torna tão escrava quanto as outras pessoas. Temos que dar um jeito de tirar isso.— Mas como? — pergunto. — Já tentei, isso não sai de jeito nenhum, só com a
HandallA felicidade acabou quando cheguei ao navio. Estava um tremendo caos, os guardas apavorados não sabiam o que fazer. Muitos daqueles que foram direcionados para o navio com a magia, foram lançados ao mar. As pessoas estavam atordoadas demais para se lembrar de nadar, então muitos afundavam e os guardas tentaram resgatar o máximo possível, mas eram muitos.Quando cheguei tentei usar meu poder para resgatar alguns sobreviventes. Infelizmente, vi que funciona, mas é necessário algum ajuste. Preciso saber o que aconteceu, o que levou a esse erro? Brado com meus guardas, despejando sobre eles a minha frustração e o pior acontece.Toda a movimentação do navio fez com que o convés ficasse desprotegido e Margot fugiu. Esfrego o rosto em frustração e urro de ódio, sinto uma onda de magia deixar meu corpo como resposta. Preciso ir atrás de Margot.***Não foi difícil encontrar a jovem, ela não tinha ido longe. Senti a sua magia e segui seu rastro. Ela se escondeu em um dos prédios, teria
EnryO navio ancorou um porto antes do que Handall usou, uma forma de garantir que o bruxo não nos visse. Afinal, o navio havia partido sem a permissão do homem.Ao deixarmos o navio, estávamos a própria sorte, mas não tínhamos opção. Segurando firme a mão de minha esposa, desembarquei naquele mundo estranho. Não foi necessário nem mesmo um passo para notar que este mundo é completamente diferente do meu,— Como vamos saber onde encontrar a sua irmã, Enry? Aqui é completamente diferente, não faço ideia de para onde seguir! — Naiara fala, completamente apavorada. Não imaginava que a veria tão assustada assim quando chegássemos.— O homem disse que Handall está no próximo porto. Só precisamos chagar até lá.Percebo algumas das pessoas que desembarcaram seguindo em uma mesma direção, suponho que estejam indo todos para o mesmo lugar que eu desejo ir.— Vamos segui-los — anuncio e minha esposa acena com a cabeça.— Eles devem estar seguindo para o próximo porto, assim como nós desejamos.
MargotO cansaço me abateu depois que cheguei da fuga com meus irmãos. O bruxo retirou de mim muito de meu poder sem nem eu mesma perceber, e depois, toda a correria da fuga me deixou esgotada. Acabei dormindo com a mesma roupa de couro que estava usando. E ao que parece Handall é incansável e acha que todos são como ele.Sou acordada horas depois de cair no sono, mas para meu corpo cansado essas horas são como meros minutos. Ainda não estou disposta, mas o homem não se importa. O guarda recrutado para me levar até o bruxo não aceitou os meus protestos, e sou praticamente arrastada pelo convés.Quando finalmente chego na sala de Handall, ele tem um sorriso que odeio em sua face. Isso indica que ele conseguiu o que queria. Deve ter identificado o problema com a ajuda de seus aliados, e agora está pronto para fazer tudo outra vez. Não estou pronta para ter mais uma onda de poder escapando de meu corpo sem meu controle.— Devo dizer que está meio abatida, querida — comenta o bruxo, saben
EnryHiran e Killan me levaram para onde nossa irmã estava. Com cuidado, andando sempre pela escuridão, fugindo da claridade que vinham de lâmpadas, algo que não sei o que significa, mas que clareia tudo ao seu redor, mais do que uma lamparina.Porém, no corredor que levava para a tal sala, não havia onde nos esconder, era tudo muito claro, como se ainda fosse dia. Damos alguns passos naquela direção, ouvindo vozes abafadas escaparem da porta, até que o grito de Margot me alerta.— Temos que entrar agora — sussurro, já me preparando para me transformar.Meus irmãos e Margot acenam em concordância, porém não quero arriscar a vida de minha esposa.— Meu amor, é melhor nos esperar aqui fora... — começo a falar, mas Naiara me interrompe.— Nem termine de falar, Enry! — A sua face ficou vermelha, mostrando que não gostou da minha atitude. — Não sou de vidro, não vou me quebrar se entrar lá com vocês.Ela mostra tanta certeza quando fala que eu realmente acredito que ela é forte o bastante