Fazia tempo que Harry não via tantas pessoas dançando alegremente. Ele sorriu quando o som dos instrumentos invadiu seus ouvidos. A dança era diferente daquelas das quais estava acostumado. Por sorte, naquela mesma semana, Kath e Elizabeth deram uma aula para todos os hóspedes, para que pudessem aproveitar mais a festa e se divertir. Era como se tivessem voltado no tempo. As mulheres rodopiavam pelo imenso salão, e com o movimento, suas saias se levantavam suavemente. Esther estava com um enorme sorriso no rosto quando Harry a puxou para uma dança. Ao girar, ela não se conteve e soltou uma gargalhada alta, da qual ninguém ali parecia se importar. — Você também sente como se estivesse entrando em um dos livros da Julia Quinn? Se dermos sorte, encontraremos Daphne e Simon se agarrando no jardim – Esther brincou.— Sim, sinto que a qualquer momento irão anunciar a chegada de algum conde ou duque saído dos livros de romance de época que você tanto lê – Harry brincou.— Tudo está perfe
Tudo estava tão quieto e escuro. Ele ligou a luz e procurou por cada canto, até mesmo as coisas de Esther não estavam mais ali. Ele não sabia o que fazer a seguir. Esther pediu que se afastasse, ela precisava de um tempo, mas o desespero o fazia acreditar que a havia perdido para sempre. Harry saiu do quarto em busca de ar fresco. Tudo ali o fazia pensar nela, nas memórias que, até algumas horas atrás, eram felizes, mas agora só faziam seu coração se apertar de tristeza. Quando passou pela biblioteca, ouviu um barulho. Nem mesmo sabia por que seus pés o haviam levado até lá, mas as palavras da mulher que ele encontrou alguns dias atrás ainda pairavam em sua mente. Ele precisava ter esperança novamente e sentia que estava no lugar certo. Depois daquele encontro, procurou pela mulher, mas nem mesmo sabia o seu nome. Era como se ela não existisse. Ninguém estava familiarizado com a descrição que ele havia dado, o que era estranho. Mas algo lhe dizia que ainda a encontraria em algum
Demorou um tempo para Harry se recompor. Quando se levantou, compreendeu o que estava acontecendo. Por mais que parecesse impossível, aquela linha de raciocínio fazia sentido. Ele havia sonhado com uma vida diferente da sua. O estranho era que o sonho parecia detalhado demais, ele podia sentir tudo como se estivesse vivendo aquilo em tempo real. Era impossível, pois levaria anos para viver tudo aquilo. Harry tinha apenas dezoito anos e estava prestes a começar a faculdade. Tudo aquilo era loucura. Ainda sentado no chão, com os olhos arregalados, a imagem de Esther veio à sua mente, assombrando-o.— Como isso é possível? Eu criei pessoas em minha mente. Se fechar os olhos, ainda posso sentir o toque e o sabor dos lábios de Esther nos meus – Harry sussurrou, falando sozinho, como se tentasse convencer seu cérebro de que ele estava ali, sentado no banheiro, e não no sonho que havia vivido naquela noite.— Nunca tive um sonho como esse. Parecia tão real, como se tivesse vivido anos de
— Obrigado, tenho sorte de ter uma academia à disposição na casa dos meus pais – Harry brincou. Nem sequer havia percebido que estavam distantes do grupo no qual a loira estava acompanhada.— Meu nome é Penélope, e é um prazer conhecê-los – ela falou, parando de correr e olhando para o seu grupo, que havia ficado para trás. Penélope gritou algo para uma garota que correu até eles, enquanto as outras desviavam o percurso.— Esta é Lilly – a loira sorriu novamente, apresentando sua amiga a eles. Harry a observou. Lilly era bem diferente da amiga. Tinha cabelos longos e cacheados, pele levemente bronzeada e lábios carnudos. Ele passou um tempo admirando suas curvas enquanto a cumprimentava.— Lilly é nova por aqui, também não é muito fã de acordar cedo. Quem sabe vocês possam se ajudar e levantar o astral um do outro? – a loira mordeu os lábios e piscou. Harry sorriu ao perceber as bochechas de Lilly corarem levemente.— O que acham de irmos para um lugar mais privado? – Lilly p
— Concordo, mas o seu pai tem razão. Estamos com o dia todo livre. Podemos pegar nossa carteirinha de estudante, assistir a alguma palestra e depois aproveitar como bem entendermos – Harry afirmou. Eles passaram por várias mesas onde as fraternidades estavam recrutando. Harry não estava interessado em entrar para nenhuma delas, muito menos Adam. Isso o surpreendeu, pois seu amigo sempre foi extrovertido, e ele tinha quase certeza de que Adam estaria ansioso para participar de alguma.— Não precisamos entrar para nenhuma fraternidade. Podemos fazer amizades por aqui e aproveitar a companhia de belas garotas. Esses são os meus únicos interesses.— E estudar também – Harry completou, sorrindo ao ver a maneira como Adam descrevia a faculdade como se fosse apenas um lugar para se rodear de mulheres bonitas, festas e diversão.— Isso também, mas não é o meu foco principal – Adam deu de ombros. — Você tem a impressão de que esses caras de fraternidade nunca se desgrudam? Gosto de ter amigo
— As moças já estão prontas? – Adam perguntou sorrindo, após buzinar várias vezes em frente ao apartamento. Harry mostrou o dedo do meio enquanto seguia até o carro, Leandro soltou um palavrão e Adam parecia se divertir às suas custas.— Rapazes, hoje serei seu motorista particular – Adam falou enquanto ajeitava o cabelo no espelho, com um sorriso convencido no rosto. Depois, piscou para ele mesmo.— Nunca vi uma pessoa que gosta tanto de se admirar no espelho – Leandro disse, fazendo uma careta.— Você jamais conseguiria entender. Sou lindo e sei muito bem disso.— Deveríamos empacotar a sua autoestima e vender. Ficaríamos milionários – Harry falou enquanto Adam revirava os olhos.— É uma ótima ideia, assim ajudamos aqueles que precisam. Todos gostariam de ser como eu.— Não exagere – Harry riu.— Sinceramente, eu não sei porque ainda sou seu amigo – Leandro resmungou no banco de trás.— Todos me amam, todos querem ser meu amigo – Adam voltou a provocá-lo.— Se você não fosse o mot
Adam não perdia tempo, segurando a cintura de uma loira que sorria para ele. Quando Harry se aproximou, seu amigo gritou, chamando sua atenção e o apresentando a um grupo ao redor da mesa. Antes mesmo de levar a bebida que segurava aos lábios, Harry nem sequer escutou o que Adam dizia, foi quando viu a morena passar próximo a eles. Parecia que o mundo ao seu redor tinha parado enquanto ela andava em câmera lenta. Pelo menos era essa a imagem distorcida que seus olhos levavam ao seu cérebro, que parecia estar próximo de um colapso. Sua mão, que segurava o copo plástico, começou a suar e tremer, enquanto a outra, que estava ao lado do corpo, tentava se segurar na bancada da cozinha. Seu coração estava mais acelerado do que o normal, seus olhos arregalados, e sua mente parecia dar um salto de 360 graus, com vários pensamentos acelerados que não o deixavam compreender o que estava acontecendo à sua frente. — Esther, aqui – uma voz feminina o tirou daquela terrível tortura. Harry
O que ele estava fazendo? Sentia-se um idiota. Harry nunca foi do tipo emocionado, nunca nem mesmo havia se apaixonado por alguém. Não que aquele sentimento em seu peito fosse paixão. Conheceu Esther há menos de meia hora, não tinha como estar apaixonado, seu coração idiota ainda estava sob efeito daquele sonho maldito. Ele grunhiu insatisfeito enquanto virava o rosto, tentando evitar olhar para ela. Mesmo assim, Harry conseguiu sentir o olhar de Esther o analisando, enquanto Leandro chamava sua atenção, já que era o próximo a jogar. Em sua primeira jogada, a bola caiu no copo. Já havia feito isso diversas vezes e poderia se descrever como alguém com bastante espírito competitivo. Harry não gostava de perder em nada, mas quem gosta disso? Harry não era do tipo que surtava e atrapalhava a festa de todos quando perdia, como uma criança birrenta, que infelizmente muitos adultos se comportam assim. Não, jamais. Harry ficava quieto, na dele, e aproveitava o resto das festas nas pou