Adam não perdia tempo, segurando a cintura de uma loira que sorria para ele. Quando Harry se aproximou, seu amigo gritou, chamando sua atenção e o apresentando a um grupo ao redor da mesa. Antes mesmo de levar a bebida que segurava aos lábios, Harry nem sequer escutou o que Adam dizia, foi quando viu a morena passar próximo a eles. Parecia que o mundo ao seu redor tinha parado enquanto ela andava em câmera lenta. Pelo menos era essa a imagem distorcida que seus olhos levavam ao seu cérebro, que parecia estar próximo de um colapso. Sua mão, que segurava o copo plástico, começou a suar e tremer, enquanto a outra, que estava ao lado do corpo, tentava se segurar na bancada da cozinha. Seu coração estava mais acelerado do que o normal, seus olhos arregalados, e sua mente parecia dar um salto de 360 graus, com vários pensamentos acelerados que não o deixavam compreender o que estava acontecendo à sua frente. — Esther, aqui – uma voz feminina o tirou daquela terrível tortura. Harry
O que ele estava fazendo? Sentia-se um idiota. Harry nunca foi do tipo emocionado, nunca nem mesmo havia se apaixonado por alguém. Não que aquele sentimento em seu peito fosse paixão. Conheceu Esther há menos de meia hora, não tinha como estar apaixonado, seu coração idiota ainda estava sob efeito daquele sonho maldito. Ele grunhiu insatisfeito enquanto virava o rosto, tentando evitar olhar para ela. Mesmo assim, Harry conseguiu sentir o olhar de Esther o analisando, enquanto Leandro chamava sua atenção, já que era o próximo a jogar. Em sua primeira jogada, a bola caiu no copo. Já havia feito isso diversas vezes e poderia se descrever como alguém com bastante espírito competitivo. Harry não gostava de perder em nada, mas quem gosta disso? Harry não era do tipo que surtava e atrapalhava a festa de todos quando perdia, como uma criança birrenta, que infelizmente muitos adultos se comportam assim. Não, jamais. Harry ficava quieto, na dele, e aproveitava o resto das festas nas pou
Ao seu redor, alguns rapazes davam sorrisos com segundas intenções olhando para Esther. Ele travou o maxilar enquanto ainda segurava a cintura dela. Com a mão livre, Esther estava pronta para beber a última dose, mas Harry puxou a bebida de sua mão e a bebeu, ouvindo a reclamação de Esther, que parecia brava.— Eu ia beber isso – ela resmungou, cutucando-o.— Eu estava com a garganta seca e precisava mais disso do que você.— Harry Miller é o vencedor! – Leandro gritou, tirando o foco de Harry do olhar intenso que Esther o direcionava.— Mais uma partida, pessoal? – Brian perguntou.— Não, já chega para mim – Harry avisou.— Já que perdi, o que preciso fazer? – Esther chamou sua atenção com um sorriso travesso, enquanto tinha dificuldade para falar devido ao seu estado de embriaguez.— Um encontro comigo – ele respondeu. De repente, parecia que não havia mais ninguém ali além deles. A sobrancelha de Esther se levantou, surpresa, enquanto sua boca formava um pequeno biquinho, o que
Harry não estava exagerando. Garotos como ele, com a cabeça cheia de planos e preocupações com o futuro, não se importavam com sentimentos. Uma semana atrás, se alguém tivesse falado que ele estaria nessa situação, ele teria rido, não, ele teria gargalhado e acusado a pessoa que falou isso de estar sob efeito de alguma droga. Uma parte de si, a mais racional, dizia para simplesmente deixar Esther ali e seguir o mais longe possível dela. Esquecer a garota e seguir em frente. Mas havia outra parte — a parte que ele estava começando a odiar — que sentia uma necessidade irracional de estar perto dela, de tentar entender o sonho, os sentimentos e os pensamentos insanos que ela havia provocado nele. Merda, ele estava ferrado. Harry controlou a vontade de bater com a cabeça no volante ou em qualquer parede, tentando recuperar o controle da sua mente. Talvez fosse o caso de procurar um especialista, fazer terapia ou algo do tipo. Mas o que ele diria? “Oi, eu dormi e sonhei que estava vi
— Não queria ser estraga-prazer, mas você já sabe – Harry disse, observando a mudança de expressão de Leandro assim que Mia entrou na casa e desapareceu de vista.— Tudo bem, terei outra chance com ela. Trocamos números de telefone. Confesso que estava empolgado com a ideia de levá-la para casa. Harry estava cansado, mas não pelo motivo certo. Queria estar exausto por aproveitar a festa como pretendia, mas em vez disso, estava esgotado pelos pensamentos que o atormentavam. A única coisa que queria agora era calar a mente e ignorar tudo. Leandro seguiu o caminho todo rindo enquanto trocava mensagens com Mia. Quando chegaram no prédio em que moravam, Harry falou, tentando desviar a atenção da situação.— Não vai deixar a garota descansar? O “modo pai” de Harry estava de volta. Ele evitou grunhir ao perceber o que acabou de dizer.— Você está certo. Mia não está acostumada a beber tanto, assim como Esther. Já estava reclamando dos efeitos horríveis da bebida, apesar de não ter bebido
Jamais seria aquele Harry, disso tinha certeza. Por mais que seus sentimentos por Esther ou qualquer garota se aprofundassem, ele não deixaria que isso o sufocasse. Seu maior objetivo sempre foi viver a vida intensamente, agora aquele Harry do sonho parecia estar preso ao passado, era como se algo acorrentasse seus pés no chão. Só podia ser o universo ou uma força sobrenatural dando um sinal para ele de qual caminho não seguir. Iria se aproximar de Esther para tentar compreender tudo isso, mas agora esse sonho não o assustava tanto quanto minutos atrás. Quando pegou no sono, sussurrou novamente a si: “nunca serei aquele Harry”.****************** — Por que vocês estão gritando? – Adam resmungou, sentando-se na mesa enquanto observava Leandro e Harry cozinhar.— Não estamos gritando – Harry respondeu.— Então falem mais baixo. Deus, porque tudo está girando – ele voltou a reclamar, apoiando a mão na cabeça. Leandro e Harry se encararam segurando o riso.— O que foi aquele barulh
— Não precisamos nos preocupar com isso, nem mesmo tenho interesse em namorar agora, acabamos de entrar na faculdade e não sabemos como será o dia de amanhã – Leandro disse convencido de suas palavras. Ele tinha razão, mas até Harry sabia que não dá para controlar os sentimentos. Quando chegou a sua vez na fila fizeram o pedido, em pouco tempo ficou pronto.— Gostaria de alugar a barraca por um dia – Harry acertou o valor com o dono da barraca e explicou onde Esther estava para que ele a seguisse o dia todo.— Essa me parece uma atitude de um homem apaixonado, o que acabamos de conversar, Harry? – Leandro o provocou.— Não estou apaixonado, teremos um encontro essa semana e quero que ela tenha uma boa impressão sobre mim – ele deu de ombros. Leandro gargalhou continuando com as suas provocações. Pouco tempo depois, Harry recebeu uma mensagem de Esther e ignorou o amigo.“Porque o seu contato está salvo como Harry gostoso no meu celular e porque tem um cara com uma barraca de café me
Quando estava prestes a sair do campus avistou a barraca de café, Harry gargalhou ao ver Esther com os ombros caídos como se tentasse não ser vista, o que era impossível. Harry se aproximou a pegando de surpresa, suas bochechas coraram no mesmo instante.— Gostou do presente? — Se pretende me conquistar, está no caminho certo, Harry Miller, sou apaixonada por café – ela mordeu os lábios.— Imaginei, você exala a mesma essência de uma Gilmore.— Você acabou de fazer uma referência a Gilmore Girls? Foi assim que tirou a ideia da barraca de café?— Talvez – ele deu de ombros — Mas é comum alugar barracas como essa para outra pessoa. Esther gargalhou.— Aceita um café? – ela ofereceu.******************— Já bebi tanto café que não ficarei surpresa caso não consiga dormir a noite – Esther sorriu.— Cuidado, não é bom beber tanto café – Harry alertou.— Estou bem, decidi experimentar cada um do cardápio – ela deu de ombros — Devo agradecê-lo novamente, você animou o meu dia e o de Mia