Harry não estava exagerando. Garotos como ele, com a cabeça cheia de planos e preocupações com o futuro, não se importavam com sentimentos. Uma semana atrás, se alguém tivesse falado que ele estaria nessa situação, ele teria rido, não, ele teria gargalhado e acusado a pessoa que falou isso de estar sob efeito de alguma droga. Uma parte de si, a mais racional, dizia para simplesmente deixar Esther ali e seguir o mais longe possível dela. Esquecer a garota e seguir em frente. Mas havia outra parte — a parte que ele estava começando a odiar — que sentia uma necessidade irracional de estar perto dela, de tentar entender o sonho, os sentimentos e os pensamentos insanos que ela havia provocado nele. Merda, ele estava ferrado. Harry controlou a vontade de bater com a cabeça no volante ou em qualquer parede, tentando recuperar o controle da sua mente. Talvez fosse o caso de procurar um especialista, fazer terapia ou algo do tipo. Mas o que ele diria? “Oi, eu dormi e sonhei que estava vi
— Não queria ser estraga-prazer, mas você já sabe – Harry disse, observando a mudança de expressão de Leandro assim que Mia entrou na casa e desapareceu de vista.— Tudo bem, terei outra chance com ela. Trocamos números de telefone. Confesso que estava empolgado com a ideia de levá-la para casa. Harry estava cansado, mas não pelo motivo certo. Queria estar exausto por aproveitar a festa como pretendia, mas em vez disso, estava esgotado pelos pensamentos que o atormentavam. A única coisa que queria agora era calar a mente e ignorar tudo. Leandro seguiu o caminho todo rindo enquanto trocava mensagens com Mia. Quando chegaram no prédio em que moravam, Harry falou, tentando desviar a atenção da situação.— Não vai deixar a garota descansar? O “modo pai” de Harry estava de volta. Ele evitou grunhir ao perceber o que acabou de dizer.— Você está certo. Mia não está acostumada a beber tanto, assim como Esther. Já estava reclamando dos efeitos horríveis da bebida, apesar de não ter bebido
Jamais seria aquele Harry, disso tinha certeza. Por mais que seus sentimentos por Esther ou qualquer garota se aprofundassem, ele não deixaria que isso o sufocasse. Seu maior objetivo sempre foi viver a vida intensamente, agora aquele Harry do sonho parecia estar preso ao passado, era como se algo acorrentasse seus pés no chão. Só podia ser o universo ou uma força sobrenatural dando um sinal para ele de qual caminho não seguir. Iria se aproximar de Esther para tentar compreender tudo isso, mas agora esse sonho não o assustava tanto quanto minutos atrás. Quando pegou no sono, sussurrou novamente a si: “nunca serei aquele Harry”.****************** — Por que vocês estão gritando? – Adam resmungou, sentando-se na mesa enquanto observava Leandro e Harry cozinhar.— Não estamos gritando – Harry respondeu.— Então falem mais baixo. Deus, porque tudo está girando – ele voltou a reclamar, apoiando a mão na cabeça. Leandro e Harry se encararam segurando o riso.— O que foi aquele barulh
— Não precisamos nos preocupar com isso, nem mesmo tenho interesse em namorar agora, acabamos de entrar na faculdade e não sabemos como será o dia de amanhã – Leandro disse convencido de suas palavras. Ele tinha razão, mas até Harry sabia que não dá para controlar os sentimentos. Quando chegou a sua vez na fila fizeram o pedido, em pouco tempo ficou pronto.— Gostaria de alugar a barraca por um dia – Harry acertou o valor com o dono da barraca e explicou onde Esther estava para que ele a seguisse o dia todo.— Essa me parece uma atitude de um homem apaixonado, o que acabamos de conversar, Harry? – Leandro o provocou.— Não estou apaixonado, teremos um encontro essa semana e quero que ela tenha uma boa impressão sobre mim – ele deu de ombros. Leandro gargalhou continuando com as suas provocações. Pouco tempo depois, Harry recebeu uma mensagem de Esther e ignorou o amigo.“Porque o seu contato está salvo como Harry gostoso no meu celular e porque tem um cara com uma barraca de café me
Quando estava prestes a sair do campus avistou a barraca de café, Harry gargalhou ao ver Esther com os ombros caídos como se tentasse não ser vista, o que era impossível. Harry se aproximou a pegando de surpresa, suas bochechas coraram no mesmo instante.— Gostou do presente? — Se pretende me conquistar, está no caminho certo, Harry Miller, sou apaixonada por café – ela mordeu os lábios.— Imaginei, você exala a mesma essência de uma Gilmore.— Você acabou de fazer uma referência a Gilmore Girls? Foi assim que tirou a ideia da barraca de café?— Talvez – ele deu de ombros — Mas é comum alugar barracas como essa para outra pessoa. Esther gargalhou.— Aceita um café? – ela ofereceu.******************— Já bebi tanto café que não ficarei surpresa caso não consiga dormir a noite – Esther sorriu.— Cuidado, não é bom beber tanto café – Harry alertou.— Estou bem, decidi experimentar cada um do cardápio – ela deu de ombros — Devo agradecê-lo novamente, você animou o meu dia e o de Mia
— Vocês sabem que tem dinheiro para pagar pessoas para lavar o carro e suas roupas – Leandro murmurou.— Mas não seria tão divertido assim – Harry sorriu antes de ligar o videogame. Houve um debate do que iriam jantar, enfim chegaram em comum acordo que seria algo que todos amavam: pizza.****************** Assim que deitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos, ele a viu, ela usava um vestido vermelho justo, com um batom que destacava seus lábios carnudos, seus cachos dos quais, Harry amava estavam volumosos, precisou controlar a vontade de mergulhar as mãos nos fios sedosos. Quando Esther se aproximou, Harry a puxou pela nuca e tomou os seus lábios nos dele. O sabor era o mesmo do qual ele se lembrava, ao mesmo tempo, sentia que nunca havia provado algo tão bom. Assim que se afastaram sentiu como se estivesse incompleto, seu corpo queria a proximidade dela, queria sentir seu calor e se envolver nele. O que estava acontecendo? Não era real. Aquela não era Esther que conheceu
— Bebi tanto café ontem que continuo sentindo os efeitos da cafeína – Esther forçou um sorriso.— Cuidado, pode entrar em abstinência – ele brincou.— A culpa seria sua.— Então devo riscar esse presente da minha lista quando pretender fazer outro gesto para te impressionar.— Nem pense nisso, Harry Miller – ela apontou o dedo para ele, o fazendo gargalhar.— Estou liberado para fazer isso de novo? — Com toda certeza. Eu não reclamaria.— Ótimo. Assim que parou o carro em frente ao restaurante, Esther arregalou os olhos surpresa.— É aqui que vamos jantar?— Sim, algum problema?— Não – ela balançou a cabeça.— Pode deixar as flores, ficarão seguras aqui. Esther concordou antes de saírem do carro. O vento soprou seus cabelos para trás enquanto ela tirava uma mecha que caiu no olho. Harry tinha a sensação que viu várias versões de Esther e todas elas faziam seu coração acelerar daquela maneira. Ele não imaginou que seria possível ela ficar mais linda até vê-la com aquele vestido, po
A garota sorriu agradecendo, enquanto o garçom também estampava um sorriso bobo no rosto. Isso bastou para Harry beber todo o conteúdo de sua taça. Harry suspirou assim que viu o homem virar as costas e se distanciar da mesa. Já estava na hora de voltar ao normal e aproveitar o encontro com Esther. Deve ter sido o vinho que o encorajou, pois agora Esther sorria com algo bobo que ele mencionou. Nota mental: fazê-la rir mais vezes, ela tem um lindo sorriso. Não é como se não tivesse reparado nisso antes, mas dessa vez o sorriso parecia mais espontâneo, genuíno e livre.— Qual curso você faz? – ele perguntou.— Gastronomia – Esther respondeu antes de beber.— Uau, daqui a alguns anos espero ter o privilégio de jantar em seu restaurante. O sorriso de Esther se alegrou.— É um grande sonho, mas sei que precisarei lutar muito para conquistar isso. O jantar foi servido. Dessa vez, Harry ignorou completamente o garçom sem noção. Apenas murmurou um agradecimento, pois era educado, mas s