Já era dia claro quando acordei ao som do meu despertador matinal. Os murmúrios de um choro baixo ressoando da babá eletrônica e me fizeram saltar da cama com destreza. Mesmo com todo o cansaço que me consumia momentos antes, eu já me encontrava totalmente desperta quando adentrei no quarto ao lado do meu. E observei minha pequena neném deitada em seu berço olhando para todos os lados. Quando me aproximei, instantaneamente o choro foi de alto para o tom baixo.- O que foi meu amor? - Perguntei com a voz mais melodiosa possível. Arqueei-me sobre o pequeno móvel e peguei Beatriz no colo, seus olhos brilharam em minha direção. Seus murmúrios eram agora mais baixos quando caminhei até a poltrona ao lado do berço. Senti suas mãozinhas pequenas apalparem meu seio em busca de seu alimento matutino. Acabei sorrindo para a minha companheira, ela é uma pequena joia preciosa que me admirava com seus grandes olhos de jabuticaba. Olhei para o relógio na parede que já eram seis da manhã. Soltei u
No mundo empresarial existem dois tipos de empresários, os que são considerados os melhores no seu ramo; e aqueles que são um fracasso total. Esses iniciam seus negócios e em menos de um ano fecham suas portas. Ao assumir a empresa internacional da minha família quatro anos antes, me vi sendo rotulado como fadado ao fracasso, ao embarcar para os Estados Unidos, prometi para mim mesmo que em menos de um ano, faria toda a minha família engolir em seco aquelas malditas expressões, pensamentos e palavras. Ao ser descrito como um CEO agressivo, arrogante e com medidas certeiras pela maior revista internacional, no ano passado; vi meu telefone tocar escutando a voz do meu pai do outro lado da linha, ao se pronunciar, as palavras foram “Volte para o Brasil e assuma completamente nosso império”. É claro que antes de aceitar o fiz me pedir desculpas e dizer que estava enganado com respeito a mim. Ele o fez. Porque ele tinha certeza que assim eu retornaria. Agora aqui estou, em meu novo apartam
Meus olhos queimavam de fúria enquanto encarava meu novo chefe, que me avaliava com desdém. Saí da sala de Fernando na companhia de Daniel. Era muito fácil cometer um assassinato agora mesmo, se tivesse que olhar para aquele rosto novamente em menos de uma hora. A companhia do meu amigo era agradável e ele apareceu em hora certa, o que me deixava um pouco mais confortável. Nunca me imaginei agredindo alguém, só que agora, isso me parecia mais que possível. Olhei para Victoria quando passamos por sua mesa, ela estava pálida e centrada encarando o computador, o que já me fazia pensar que era o efeito que um certo alguém tinha sobre as pessoas que estavam ao seu redor. Um efeito nada positivo por sinal. — Por que você quis almoçar comigo e não com o seu irmão? — Me virei para Daniel que parou de repente espantado com minha pergunta após tanto silêncio. Ele pareceu ficar tenso e depois relaxou. Com um sorriso gigantesco, ele indicou para que continuássemos andando, para depois falar:
Sempre fui focada em meu trabalho, principalmente na organização que ele envolvia. Desde que assumi essa responsabilidade de ser a secretaria de Fernando levei isso ainda mais a sério. Também tive que estudar toda a sua maneira de trabalho, para aprimorar ainda mais o meu. Então nesse exato momento, depois de demorar dias para organizar tudo para a sua chegada mesmo a uma certa distancia. Agora me via ansiosa pelo que ele falaria de tudo isso. Fernando estava concentrado olhando para tudo que estava a sua frente, enquanto eu ainda indicava tudo a ele. Como funcionaria sua rotina. Depois de longos minutos de silêncio, analisando por si só o conteúdo apresentado, finalmente ele ergueu o olhar até mim de uma maneira tão séria, que faria outra pessoa tremer, mas não eu. Já vivi ao lado de alguém pior que ele. — Sente-se, por favor... — Fernando apontou para a poltrona a sua frente, e eu me acomodei no assento, sem o questionar. — Andei refletindo... —Ele fez uma breve pausa e passo
Os sentimentos em meu peito se encontravam muito próximos de explodir, é natural sentir medo ou receio, é algo que todo ser humano carrega em seu peito e em seu interior, sabe qual é o problema? Sentir esse medo próximo de pessoas nas quais desejamos impressionar, ou daqueles dos quais desejamos mostrar toda a nossa imponência. Ao entrar na minha BMW, tudo o que consegui fazer por uns vinte minutos foi encarar o nada, pisquei algumas vezes recordando o que havia acontecido no elevador a poucos segundos, a minha total e completa humilhação. Por alguns instantes considerei a gentileza dela com o meu pânico; em seguida aquele sentimento de diminuição subiu para o meu peito, assim como uma raiva da qual eu não sei de onde surgiu. Comecei a socar o volante do carro com a buzina soando alto no estacionamento. Me remexi, bati, soltei maldizeres para aquele momento. BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII _ MALDIÇÃO! - Saia de meus lábios enquanto a fúria enchia o meu peito. - Sou Fernando Murbeck c
Não consigo parar de olha-lo, não consigo ao menos evitar. Frequentemente meus olhos param diretamente em Fernando, especialmente nos momentos que ele não pode notar. Tem sido assim nos últimos dias, principalmente quando pude perceber certa gentileza em seu olhar. Estou impressionada com a sua beleza, em como está estonteante na noite de hoje. Embora todos os dias eu o veja assim, tão bem arrumado, em especial nesse momento Fernando conseguiu se destacar em meio a todos. Roubando diversos olhares. A imagem do sorriso que mostrou ao me ver, não sai da minha cabeça, estou até quase sorrindo sozinha em resposta. Olhei mais uma vez para meu chefe, que estava sério conversando com o seu pai a uma grande distância. Ele tinha covinhas! Nunca reparei esse majestoso detalhe em sua face, mas também ele pouco sorria, e quase nunca dirigia a palavra a mim. Passávamos a maior parte do tempo concentrados em nossos afazeres, ele mais do que eu. Afinal tinha uma bebezinha linda que requeria ainda
Antony estava falando algo com seus filhos, voltando ao assunto principal, ou seja, a empresa. Então o clima pareceu diminuir, porém Fernando ainda parecia irritado. Senti que estava sendo observada e olhei para Helena que me encarava seriamente com a sobrancelha arqueada em uma interrogação silenciosa, que parecia ser mais voltada para ela, do que para mim. Apenas dei de ombros, e voltei a prestar a atenção no que falavam. Antony se dirigia a Fernando nesse momento:— Nunca imaginei que um imprestável, como você Fernando se tornaria alguém tão importante. — Antony falou como se não fosse nada e levou sua taça a boca degustando um pouco mais de champanhe antes de continuar a falar com seu filho. — Sempre botei mais fé no seu irmão, Daniel que sempre foi mais parecido comigo em tudo. Desde sempre eu visualizei seu irmão como um perfeito CEO, e não você.Os olhos de Fernando gelaram ao encarar o seu pai, e meu próprio sangue pareceu ferver. A relação de pai e filho nunca foi das melhor
O ambiente trazia um clima tranquilo e leve, as conversas aconteciam e os murmúrios eram fáceis de se distinguir; a música suave preenchia meus ouvidos até a voz do meu pai roubar a atenção e me trazer para a realidade, levei a taça até meus lábios tomando um gole lento enquanto o mais velho dizia asneiras sobre negócios que se encontravam resolvidos. Quando notou a minha falta de vontade em prestar a atenção o senhor Murbeck rosnou baixinho, com uma expressão de desdém na minha direção. _ Como sempre nunca me escuta… - Seu nariz se franziu daquela maneira irritante o que me fez rebater logo em seguida. _ Por este motivo sou bem-sucedido atualmente. - Ao pontuar essa frase ele ergueu seu dedo roliço na minha direção pronunciando. _ Hora seu… - Se calou no mesmo instante ao ver alguém se aproximar, assim que Júlia se colocou ao meu lado, o homem mudou sua expressão para um sorriso largo demais, atencioso ao extremo, suas íris brilharam ao conversar com a minha secretária, ela tinha