No mundo empresarial existem dois tipos de empresários, os que são considerados os melhores no seu ramo; e aqueles que são um fracasso total. Esses iniciam seus negócios e em menos de um ano fecham suas portas. Ao assumir a empresa internacional da minha família quatro anos antes, me vi sendo rotulado como fadado ao fracasso, ao embarcar para os Estados Unidos, prometi para mim mesmo que em menos de um ano, faria toda a minha família engolir em seco aquelas malditas expressões, pensamentos e palavras. Ao ser descrito como um CEO agressivo, arrogante e com medidas certeiras pela maior revista internacional, no ano passado; vi meu telefone tocar escutando a voz do meu pai do outro lado da linha, ao se pronunciar, as palavras foram “Volte para o Brasil e assuma completamente nosso império”. É claro que antes de aceitar o fiz me pedir desculpas e dizer que estava enganado com respeito a mim. Ele o fez. Porque ele tinha certeza que assim eu retornaria. Agora aqui estou, em meu novo apartamento, meus dedos deslizam pela gravata de alta qualidade; meus olhos encaram a minha figura no espelho, encaixo o tecido perfeitamente no colarinho, meus dedos logo sobem para meus cabelos ajeitando os fios em um penteado alinhado. Meus olhos voltaram-se para a mesa de vidro onde existem relógios de marca, esses que meus pais enviaram como boas vindas. Se vieram me ver? Não. Me ligaram? Também não. Se importam realmente comigo? Não tenho certeza. No entanto me acostumei com essa sensação de vazio que carrego no meu peito assim como a de estar sempre sozinho.
O único da família que tem a decência de entrar em contato comigo é Daniel, meu irmão; não somos extremamente próximos, mas é o mais perto de uma família que eu posso considerar. Coloquei o objeto em meu pulso, ajeitando e analisando-o, em seguida joguei o paletó completando o visual comum aos meus olhos. Andei até a cozinha onde preparei o café preto como todas ás manhãs. Sem açúcar ou adoçante. Amargo na realidade como a minha vida. Assim que concluí ás etapas iniciais do meu dia. Deixei meu apartamento com a pasta em minhas mãos. Ao entrar BMW, iniciei o caminho para a empresa. M.Y.B.I. É uma das maiores empresas do país, porém segundo ás analises do meu pai; se encontrava em maus lençóis devido a má administração do meu irmão, Daniel é ótimo contudo ser um chefe, e cuidar das finanças não é o forte dele. Por isso a solicitação para o meu retorno. Sou ótimo com números, além de ser frio e calculista, isso me tornam muito bom no que eu faço. Ao avistar a faixada do prédio, parei por alguns instantes o veículo observando a estrutura do local, recordei que a quatro anos atrás na frente deste edifício tive a pior discussão com meu pai, ele desferiu um tapa na minha face e me chamou de “perdedor”; nunca vou esquecer daquelas palavras – Coloquei você no mundo para ser um ganhador, não esse maldito perdedor que está diante de mim, vou o mandar para os Estados Unidos, só volte se tiver sucesso, caso ao contrário irei retirar meu sobrenome de você! - Me senti humilhado, sem rumo, e profundamente sozinho, ao passar por tantas coisas finalmente pude voltar para Curitiba e agora; ele depende de mim.Ao entrar no edifício entreguei a pasta para um mulher que veio diretamente na minha direção, sua saia contornava ao corpo esguio, o óculos caía vez ou outra de sua face enquanto a mesma tentava acompanhar os meus passos, minha mão desceu para o meu bolso, enquanto os olhares femininos me acompanhavam com suspiros vez ou outra devido a minha aparência. Já estou acostumado, afinal sou extremamente bonito, praticamente perfeito aos olhos deles, quanto aos homens, muitos tem inveja de mim e outros querem ser como eu. Entrei no elevador, a mulher apertou ao botão para a cobertura, em seguida se pronunciou._ Sr. Murbeck sou Camilla, é um prazer poder trabalhar com o senhor… - A interrompi._ Vamos pular essa parte – Falo encarando a porta fechada a minha frente – Contate ao chefe do financeiro, assim como a todos os chefes de departamentos. - A mulher se calou no mesmo instante, pegou ao aparelho celular em sua mão e então mandou uma mensagem. O elevador parou em dois setores, dois homens entraram com suas cabeças baixas. Nós três chegamos a cobertura, o elevador parou e então retorno a caminhar ouvindo ás orientações da mulher que gaguejava._ Se.. seu escritório é por aqui por favor… - Encarei o dedo dela que mostrava a direção na qual eu deveria seguir, continuei sem dizer nada._ O senhor tem alguma dúvida? Posso ajudar de alguma forma… - Elevei a mão novamente a interrompendo._ Aguarde até chegarmos no meu escritório. - Nada mais ela disse.Caminhei na direção guiada por ela até que chegamos em frente ao local onde seria o meu escritório, uma mulher se encontrava parada em frente a minha porta, ao lado de uma mesa grande, ela tinha ás mãos repousadas em frente ao seu corpo enquanto seu olhar se encontrava sob mim, sua feição era de ansiedade pude notar, contudo analisei muito mais detalhes enquanto a fitava, seu rosto era delicado, seus olhos castanhos brilhantes, cabelos compridos, e silhueta esguia, uma mulher de uma beleza excepcional; maldição, odeio distrações. Assim que concluí a minha análise, voltei a minha atenção para Camilla, questionando de quem se tratava. Ótimo! É minha secretária! Questionei se ela foi a melhor candidata porque sua aparência não condiz com um currículo excepcional. Entramos no meu escritório. Caminhei até a minha poltrona, sentando em frente a minha mesa; olhei para ás pessoas que se encontravam me observando em silêncio e com ansiedade._ Quem é responsável pelo departamento financeiro? - Um homem alto e com cabelos ruivos deu um passo a frente se pronunciando._ Sou eu… - Disse ele, no entanto não permiti que continua-se, elevei a minha mão o interrompendo._ Está demitido. - Ele arregalou os olhos na minha direção._ Mas… - Soltou entre dentes._ Sem mas… - Respirei fundo com desdém – Você deu vários furos nas finanças em dois anos, elevei meus dedos chamando Camilla que trouxe a minha pasta, a abri e peguei vários documentos colocando-os sob a mesa. - Em 2018 você perdeu 3% das nossas ações em um empreendimento que não deu certo, ano passado você insistiu em investir novamente perdendo 1%, está demitido e ponto final. - Ele saiu do meu escritório soltando várias palavras inapropriadas, retomei a palavra olhando para os outros – Quem é o responsável pelo departamento de Marketing? - A mulher loira deu um passo a frente, no auge dos seus 50 anos ela não me parece tão responsável com suas vestimentas curtas – Está demitida também. - Ela abriu a boca para me questionar mais não deixei – Nosso marketing está terrível e as propagandas são sem graça. - A mesma saiu do meu escritório chorando. Em seguida olhei para os outros. - A Camilla e o último chefe, o do departamento de comunicação. Vocês dois continuam. - Os dois suspiraram aliviados – Mas não trabalharem corretamente na próxima avaliação daqui seis meses, serão cortados. - Eles assentiram e então se retiraram do meu escritório.Soltei o ar que prendia nos pulmões e então encarei o local onde me encontrava. Estava perfeitamente arrumado, os papéis alinhados, em ordem mensal, assim como meu computador possuía pastas com arquivos organizados. Olhei pelo livro que na verdade era parede de frente do cômodo, e observei a minha secretária, deveria ter sido ela quem organizou tudo. Talvez tenha me enganado ao julgá-la. Prendi minha atenção nos documentos por alguns minutos, quando escutei batidas na porta, era ela. A mesma entrou caminhando firme na minha direção. Sua feição se encontrava fechada, as sobrancelhas unidas me encaravam nesse instante como se pudessem apertar o meu pescoço em pensamento.Me ajeitei na poltrona a encarando com firmeza, em silêncio, nós dois permanecemos nessa guerra de olhares até que ela colocou um papel na minha frente, analisei o documento vendo que era seu currículo; li ás descrições ali, sua idade, nome Julia Moura, qualificações, nada muito impressionante na minha visão; contudo tem experiência, não como secretaria diretamente, havia trabalhado por um bom tempo como auxiliar, isso não lhe dá muito para ser a secretária do presidente da empresa, coloquei o papel na mesa novamente._ Está ai o motivo pelo qual fui contratada – Ela cruzou os braços em frente ao corpo._ Você não tem experiência como secretária, apenas como auxiliar, na realidade não é muito impressionante, como conseguiu essa vaga? - Neste momento ela ficou vermelha, provavelmente de ódio.No mesmo instante, Daniel entrou no meu escritório com aquele sorriso típico dele, despreocupado e distraído, suas palavras foram._ Seja, bem-vindo, Fernando. - Tombei meu rosto para vê-lo, já que a secretária estava na frente._ Obrigado, depois eu falo com você. - Ele balançou a cabeça em concordância e então soltou._ Ju, vamos almoçar juntos? - Franzi meu cenho analisando a situação, levei meus dedos para meu queixo observando ela se virar para responder Daniel.Agora eu entendia como ela havia conseguido uma vaga tão boa com pouca experiência, ela é amiga do meu irmão. E parece muito envolvida com a família Murbeck. Ao escutar os comentários dos dois pude concluir quê; ela tem uma grande influência aqui, agora como ela conseguiu isso? Minutos após ela ter saído com Daniel para almoçar peguei o currículo dela nos meus dedos e me questionei, devo ou não demiti-la?Meus olhos queimavam de fúria enquanto encarava meu novo chefe, que me avaliava com desdém. Saí da sala de Fernando na companhia de Daniel. Era muito fácil cometer um assassinato agora mesmo, se tivesse que olhar para aquele rosto novamente em menos de uma hora. A companhia do meu amigo era agradável e ele apareceu em hora certa, o que me deixava um pouco mais confortável. Nunca me imaginei agredindo alguém, só que agora, isso me parecia mais que possível. Olhei para Victoria quando passamos por sua mesa, ela estava pálida e centrada encarando o computador, o que já me fazia pensar que era o efeito que um certo alguém tinha sobre as pessoas que estavam ao seu redor. Um efeito nada positivo por sinal. — Por que você quis almoçar comigo e não com o seu irmão? — Me virei para Daniel que parou de repente espantado com minha pergunta após tanto silêncio. Ele pareceu ficar tenso e depois relaxou. Com um sorriso gigantesco, ele indicou para que continuássemos andando, para depois falar:
Sempre fui focada em meu trabalho, principalmente na organização que ele envolvia. Desde que assumi essa responsabilidade de ser a secretaria de Fernando levei isso ainda mais a sério. Também tive que estudar toda a sua maneira de trabalho, para aprimorar ainda mais o meu. Então nesse exato momento, depois de demorar dias para organizar tudo para a sua chegada mesmo a uma certa distancia. Agora me via ansiosa pelo que ele falaria de tudo isso. Fernando estava concentrado olhando para tudo que estava a sua frente, enquanto eu ainda indicava tudo a ele. Como funcionaria sua rotina. Depois de longos minutos de silêncio, analisando por si só o conteúdo apresentado, finalmente ele ergueu o olhar até mim de uma maneira tão séria, que faria outra pessoa tremer, mas não eu. Já vivi ao lado de alguém pior que ele. — Sente-se, por favor... — Fernando apontou para a poltrona a sua frente, e eu me acomodei no assento, sem o questionar. — Andei refletindo... —Ele fez uma breve pausa e passo
Os sentimentos em meu peito se encontravam muito próximos de explodir, é natural sentir medo ou receio, é algo que todo ser humano carrega em seu peito e em seu interior, sabe qual é o problema? Sentir esse medo próximo de pessoas nas quais desejamos impressionar, ou daqueles dos quais desejamos mostrar toda a nossa imponência. Ao entrar na minha BMW, tudo o que consegui fazer por uns vinte minutos foi encarar o nada, pisquei algumas vezes recordando o que havia acontecido no elevador a poucos segundos, a minha total e completa humilhação. Por alguns instantes considerei a gentileza dela com o meu pânico; em seguida aquele sentimento de diminuição subiu para o meu peito, assim como uma raiva da qual eu não sei de onde surgiu. Comecei a socar o volante do carro com a buzina soando alto no estacionamento. Me remexi, bati, soltei maldizeres para aquele momento. BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII _ MALDIÇÃO! - Saia de meus lábios enquanto a fúria enchia o meu peito. - Sou Fernando Murbeck c
Não consigo parar de olha-lo, não consigo ao menos evitar. Frequentemente meus olhos param diretamente em Fernando, especialmente nos momentos que ele não pode notar. Tem sido assim nos últimos dias, principalmente quando pude perceber certa gentileza em seu olhar. Estou impressionada com a sua beleza, em como está estonteante na noite de hoje. Embora todos os dias eu o veja assim, tão bem arrumado, em especial nesse momento Fernando conseguiu se destacar em meio a todos. Roubando diversos olhares. A imagem do sorriso que mostrou ao me ver, não sai da minha cabeça, estou até quase sorrindo sozinha em resposta. Olhei mais uma vez para meu chefe, que estava sério conversando com o seu pai a uma grande distância. Ele tinha covinhas! Nunca reparei esse majestoso detalhe em sua face, mas também ele pouco sorria, e quase nunca dirigia a palavra a mim. Passávamos a maior parte do tempo concentrados em nossos afazeres, ele mais do que eu. Afinal tinha uma bebezinha linda que requeria ainda
Antony estava falando algo com seus filhos, voltando ao assunto principal, ou seja, a empresa. Então o clima pareceu diminuir, porém Fernando ainda parecia irritado. Senti que estava sendo observada e olhei para Helena que me encarava seriamente com a sobrancelha arqueada em uma interrogação silenciosa, que parecia ser mais voltada para ela, do que para mim. Apenas dei de ombros, e voltei a prestar a atenção no que falavam. Antony se dirigia a Fernando nesse momento:— Nunca imaginei que um imprestável, como você Fernando se tornaria alguém tão importante. — Antony falou como se não fosse nada e levou sua taça a boca degustando um pouco mais de champanhe antes de continuar a falar com seu filho. — Sempre botei mais fé no seu irmão, Daniel que sempre foi mais parecido comigo em tudo. Desde sempre eu visualizei seu irmão como um perfeito CEO, e não você.Os olhos de Fernando gelaram ao encarar o seu pai, e meu próprio sangue pareceu ferver. A relação de pai e filho nunca foi das melhor
O ambiente trazia um clima tranquilo e leve, as conversas aconteciam e os murmúrios eram fáceis de se distinguir; a música suave preenchia meus ouvidos até a voz do meu pai roubar a atenção e me trazer para a realidade, levei a taça até meus lábios tomando um gole lento enquanto o mais velho dizia asneiras sobre negócios que se encontravam resolvidos. Quando notou a minha falta de vontade em prestar a atenção o senhor Murbeck rosnou baixinho, com uma expressão de desdém na minha direção. _ Como sempre nunca me escuta… - Seu nariz se franziu daquela maneira irritante o que me fez rebater logo em seguida. _ Por este motivo sou bem-sucedido atualmente. - Ao pontuar essa frase ele ergueu seu dedo roliço na minha direção pronunciando. _ Hora seu… - Se calou no mesmo instante ao ver alguém se aproximar, assim que Júlia se colocou ao meu lado, o homem mudou sua expressão para um sorriso largo demais, atencioso ao extremo, suas íris brilharam ao conversar com a minha secretária, ela tinha
Estava olhando espantada para Fernando nesse exato momento em que fiquei em pé e me afastei um pouco. Seus olhos me interrogavam em uma pergunta silenciosa que eu mal entendia. — Essa é a minha filha, por isso tem um bebê na foto. — Dei uma pausa um pouco constrangedora para que ele assimilasse o que estava falando. O que claramente não deu certo. — Essa é a Beatriz. Apontei para o celular que agora estava em cima da mesa, ainda com a imagem de Beatriz sentadinha no sofá apoiada por almofadas, com um laço rosa na cabeça, e um enorme sorriso banguela. Seus olhos encaravam a foto como se tentasse entender como isso tinha acontecido. Mas se Fernando falou que não era contra eu ser mãe, então porque estava me olhando de maneira esquisita? Como se o que acabei de falar fosse uma equação nada simples... Até pagar os custos adicionais do nosso plano suspeitava que fora ele ele quem pagou, então agora era eu que estava confusa com essa sua reação pouco normal. Com um pigarro Fernando f
Já passava das três da tarde quando meu celular vibrou, e eu recebi uma mensagem de Ana. Era um vídeo de Beatriz dando o suas famosas gargalhadas. Ela estava com seu vestidinho rosa, e seus pezinhos se mexiam incessantemente. Minha vontade era largar tudo e correr para ficar com ela. Vi essa filmagem diversas vezes, até pausar e acariciar seu rostinho congelado na tela. Meus olhos já estavam marejados com as lembranças que me vieram à mente. Com o susto que passei nos últimos dias. Depois que cheguei em casa no sábado, notei que Beatriz não estava muito bem, ela estava muito quente. Percebi que era febre no mesmo instante, e quase entrei em colapso quando vi seus olhinhos me encarando com uma expressão triste. Fiquei em pânico e corri com ela para o hospital, onde encontrei com seu pediatra. Dr. Rodrigo. Estava tão desesperada que quase nem acreditei quando ele me informou que isso era normal para a idade dela, porque seus dentinhos estavam nascendo. Mesmo assim não me senti totalme