Os sentimentos em meu peito se encontravam muito próximos de explodir, é natural sentir medo ou receio, é algo que todo ser humano carrega em seu peito e em seu interior, sabe qual é o problema? Sentir esse medo próximo de pessoas nas quais desejamos impressionar, ou daqueles dos quais desejamos mostrar toda a nossa imponência. Ao entrar na minha BMW, tudo o que consegui fazer por uns vinte minutos foi encarar o nada, pisquei algumas vezes recordando o que havia acontecido no elevador a poucos segundos, a minha total e completa humilhação. Por alguns instantes considerei a gentileza dela com o meu pânico; em seguida aquele sentimento de diminuição subiu para o meu peito, assim como uma raiva da qual eu não sei de onde surgiu. Comecei a socar o volante do carro com a buzina soando alto no estacionamento. Me remexi, bati, soltei maldizeres para aquele momento.
BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII_ MALDIÇÃO! - Saia de meus lábios enquanto a fúria enchia o meu peito. - Sou Fernando Murbeck como posso ter um ataque estérico na frente de uma mulher tãoooo……. Tãoooooo….. haaaaaaaaa – voltei a bater no volante.BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIEcoava da BMW que se remexia com meus movimentos bruscos, foi então que eu escutei uma batida soar em meus ouvidos, toc, toc… Olhei para o lado, um guarda me encarava espantado; arregalei aos meus olhos e então ajeitei o meu cabelo, em seguida abri o vidro olhando para ele com uma seriedade como se nada tivesse acontecido._ Está tudo bem com o senhor? - Questionou o homem me observando com atenção._ Está - Falei curto e seco._ Há sim… - Respondeu ele ainda parecendo estar em dúvida – Achei que um inseto havia invadido o seu automóvel… mas acho que me enganei… - O encarei sem compreender então ele mesmo me respondeu – Abelhas… - Balançou a cabeça como se recorda-se algo._ Abelhas? - Questiono com um ar de incredulidade na face._ Sim, isso já aconteceu comigo… - Ele achou que a minha pergunta era um incentivo, o dia não poderia terminar mais estranho do que isso – Uma abelha.. Invadiu o meu automóvel então comecei uma luta brava e corajosa contra o inseto… - Novamente o guarda pareceu se perder em pensamentos, no entanto em um estalo ele retomou a palavra – Então quando o vi… se debater assim… - Ele me imitou feito um doido, sem parar e então se recompôs rapidamente dizendo – Achei que isso havia acontecido com o senhor também. - O homem piscou, só então percebi que o mesmo esperava uma resposta._ Oh, não… é… - Respirei fundo, o que diria para ele? O olhei me encarando e esperando uma resposta, soltei um suspirar e então falei – Era um inseto mesmo. - Observei ao nome dele no crachá e então retomei a palavra – Mais como pode ver eu venci a batalha senhor Abílio – Ele sorriu satisfeito para mim – Obrigado pela preocupação, agora se me der licença, preciso ir._ Há claro patrão, tenha uma boa noite.. - Fechei o vidro e então comecei a dirigir para casa.No dia seguinte logo cedo a campainha da minha casa tocou, achei realmente estranho, no entanto a noite fora péssima e eu não preguei o olho, com ás últimas palavras dela martelando em minha mente, assim que abro a porta Daniel está parado em frente a mesma com suas mãos nos bolsos, assim que suas íris encontraram ás minhas uma incógnita se fez presente no meu rosto, dei espaço para que ele entra-se. Em seguida fechei a porta caminhando atrás do mais novo, parei no bar servindo um café para mim e para ele, entreguei a xícara nas mãos dele e em seguida me sentei na poltrona repousando meu pé em cima da minha perna, o encarei com um sobrancelha elevada._ O que o traz aqui tão cedo? - Ele tomou um gole do café que soltava fumaça devido a temperatura elevada._ Precisamos conversar… - Pisquei algumas vezes sem compreender._ Sobre? - Ele repousou a xícara em cima da mesa e então me analisou seriamente por vários instantes._ Sobre a Júlia. - Respirei profundamente, e então o olhei irritado._ Deixa-me compreender bem.. - levei o dedo até meu queixo passando as pontas dos meus dedos na pele áspera – Na minha chegada, você me mandou uma mensagem, nem veio me ver, mau nos falamos no trabalho, e agora você veio até aqui ás 6:00 horas da manhã para falar da minha secretária, é isso? - Daniel respirou profundamente passando a mão por seus cabelos castanhos claros em seguida me respondeu._ Sinto muito por isso… - Mostrei um sorriso sarcástico que o irritou – Ela é uma ótima funcionária, além disso é minha amiga, eu não quero que você a humilhe entendeu? - Balancei a cabeça lentamente na direção dele, notando a alteração em sua voz, não me movi da oposição que ocupava na poltrona, mas o respondi com um humor obscuro._ Entendo, ela tem uma importância enorme para você mais do que eu. - Daniel piscou fortemente, no entanto, meu olhar caiu por alguns instantes para o tapete negro embaixo dos pés dele, tombei minha cabeça para o lado com uma expressão fria em minha face em seguida retornei a falar – Eu quero que você vá embora. - Ele sorriu irônico para mim._ Fernando nunca fomos irmãos de verdade. - Ai essa doeu na minha alma – Sempre fomos diferentes, nunca concordamos em nada, brigamos a vida inteira, então não aja como se isso o magoa-se. - Me levantei da poltrona caminhando até a porta e em seguida a abri._ Não magoa – Só cria cicatrizes profundas penso – Pode ir. - Ele anda até a porta e para na minha frente._ E quanto a Júlia? - O encarei profundamente nos olhos._ Pelo pouco que a conheço, ela irá me mostrar a capacidade por si mesma, não precisa que você a defenda. Além disso quando ela souber sobre isso… - O empurrei para fora – provavelmente ficará brava com você. - Fechei a porta na face dele.Caminhei até a enorme janela de vidro, parei diante da imagem em minha frente. Curitiba funcionava a todo vapor, os carros passando sob a paisagem, ônibus indo e vindo, todos muito preocupados com suas vidas, sem notar que no topo desse prédio de apartamentos, existe um homem extremamente rico, poderoso e completamente sozinho, sem ninguém; mesmo tendo tantas pessoas ao meu redor todos os dias, com uma alma fria e coração duro. Os dias correram rapidamente, como uma válvula de escape em alta velocidade dentro de um veículo correndo e cortando o vento. Permaneci por tanto tempo dentro do escritório, perdi noites de sono assim como refeições, no entanto o tempo que não tenho com ninguém em especial, me sobra para ocupar com trabalho, em questão de semanas a empresa estava nos maiores meios de comunicação do país devido a dedicação na qual eu me concentrava. A paciência te leva a um certo ponto, o sangue vai te levar ainda mais. A dor só vai endurecer seu coração. Alguém aí fora quer me ouvir? A tristeza é minha amiga, eu temo que o tempo me envelheça gentilmente, e eu andando sozinho por todos esses anos, parece que nós crescemos amigáveis. A felicidade é linda de se ver, mas não foi feita para mim. O evento não demorou a se aproximar, enquanto me arrumava para esse momento importante; do qual a empresa iria negociar com pessoas poderosas, tudo o que rondava na minha mente foi aquela única noite, onde uma única pessoa se mostrou gentil comigo, mesmo sendo a minha maior humilhação. Desde aquele momento passei a observá-la com mais atenção, sua rotina era simples, assim como seus atos, ou a gentileza que dela emanava. Sua organização se mostrará precisa e profunda, assim como tudo o que fazia, agora eu compreendia porque Daniel a admirava tanto. Como esperado ela se tornou uma distração satisfatória, porém me pegava sempre condenando meu comportamento em observar seus movimentos, por isso a alguns dias a evitava sempre que necessário, no entanto hoje seria difícil fazer isso, ao vislumbrar enquanto Júlia caminhava em minha direção no meio de tantas pessoas, com seu vestido rosé, seus cabelos perfeitamente emoldurados em sua face, a maquiagem que realça seu rosto belo, deixando claro o quanto a mesma é absurdamente linda, senti o fôlego fugir dos meus pulmões por alguns instantes, até que ela parou a minha frente, a encarei com uma expressão concentrada, ela sorriu e então por alguns instantes meu peito se derreteu, acabei sorrindo em resposta enquanto piscava por revelando ás covinhas em minha bochecha, nosso momento foi interrompido por um casal que se aproximou de nós._ Boa noite senhor Murbeck – Disse a mulher na minha direção – É muito bom vê-la também senhorita Julia… - Ela pareceu sorrir mais largo._ Boa noite.. - Comprimento educadamente no entanto Júlia se mostra rápida ao dizer._ Boa noite senhor e senhora Belinatti, deixa-me apresentá-los melhor.. - Ela olhou para mim e deu uma piscadela – Este é Fernando Murbeck um dos maiores CEOs da atualidade, Senhor Murbeck, estes são Antonella e Anton Belinatti, dois dos maiores exportadores de madeira do Brasil. - A senhora sorriu satisfeita com a apresentação, sorri para ambos no entanto a senhora se direcionou para Júlia._ Chegou a pensar na nossa proposta querida Júlia? - Elevei a sobrancelha surpreso com a pergunta, voltei meus olhos para a minha secretária que me pareceu sem graça._ Na verdade estou refletindo ainda… - Ela respondeu, não pude deixar de interferir na conversa delas._ É minha impressão senhora Belinatti ou está tentando roubar a minha funcionária? - A mais velha sorriu condescendente na minha direção._ Oh querido, foi essa a impressão que passei? - Ela sorriu largamente na minha direção – Pois era isso mesmo! - Ela piscou – Melhor cuidar dela, Júlia é como um tesouro escondido do qual todos os empresários desejam… - Sorri largamente para a senhora que sinceramente roubou minha admiração._ Não é necessário cuidar… - Os três olharam para mim – Não quando ela tem um emprego fixo, com um salário alto e a certeza de quê não será demitida… - Júlia me olhou fixamente surpresa com ás minhas palavras, ergui a taça na direção dos três e então falei educadamente – Me deem licença por favor, preciso ir falar com uma pessoa… - Meus olhos pousaram do outro lado do salão de onde meu pai me observava, Júlia permaneceu ali juntamente com a senhora Belinatti, no entanto quase pude ter certeza de quê ela comemorava em silêncio o meu anúncio.Não consigo parar de olha-lo, não consigo ao menos evitar. Frequentemente meus olhos param diretamente em Fernando, especialmente nos momentos que ele não pode notar. Tem sido assim nos últimos dias, principalmente quando pude perceber certa gentileza em seu olhar. Estou impressionada com a sua beleza, em como está estonteante na noite de hoje. Embora todos os dias eu o veja assim, tão bem arrumado, em especial nesse momento Fernando conseguiu se destacar em meio a todos. Roubando diversos olhares. A imagem do sorriso que mostrou ao me ver, não sai da minha cabeça, estou até quase sorrindo sozinha em resposta. Olhei mais uma vez para meu chefe, que estava sério conversando com o seu pai a uma grande distância. Ele tinha covinhas! Nunca reparei esse majestoso detalhe em sua face, mas também ele pouco sorria, e quase nunca dirigia a palavra a mim. Passávamos a maior parte do tempo concentrados em nossos afazeres, ele mais do que eu. Afinal tinha uma bebezinha linda que requeria ainda
Antony estava falando algo com seus filhos, voltando ao assunto principal, ou seja, a empresa. Então o clima pareceu diminuir, porém Fernando ainda parecia irritado. Senti que estava sendo observada e olhei para Helena que me encarava seriamente com a sobrancelha arqueada em uma interrogação silenciosa, que parecia ser mais voltada para ela, do que para mim. Apenas dei de ombros, e voltei a prestar a atenção no que falavam. Antony se dirigia a Fernando nesse momento:— Nunca imaginei que um imprestável, como você Fernando se tornaria alguém tão importante. — Antony falou como se não fosse nada e levou sua taça a boca degustando um pouco mais de champanhe antes de continuar a falar com seu filho. — Sempre botei mais fé no seu irmão, Daniel que sempre foi mais parecido comigo em tudo. Desde sempre eu visualizei seu irmão como um perfeito CEO, e não você.Os olhos de Fernando gelaram ao encarar o seu pai, e meu próprio sangue pareceu ferver. A relação de pai e filho nunca foi das melhor
O ambiente trazia um clima tranquilo e leve, as conversas aconteciam e os murmúrios eram fáceis de se distinguir; a música suave preenchia meus ouvidos até a voz do meu pai roubar a atenção e me trazer para a realidade, levei a taça até meus lábios tomando um gole lento enquanto o mais velho dizia asneiras sobre negócios que se encontravam resolvidos. Quando notou a minha falta de vontade em prestar a atenção o senhor Murbeck rosnou baixinho, com uma expressão de desdém na minha direção. _ Como sempre nunca me escuta… - Seu nariz se franziu daquela maneira irritante o que me fez rebater logo em seguida. _ Por este motivo sou bem-sucedido atualmente. - Ao pontuar essa frase ele ergueu seu dedo roliço na minha direção pronunciando. _ Hora seu… - Se calou no mesmo instante ao ver alguém se aproximar, assim que Júlia se colocou ao meu lado, o homem mudou sua expressão para um sorriso largo demais, atencioso ao extremo, suas íris brilharam ao conversar com a minha secretária, ela tinha
Estava olhando espantada para Fernando nesse exato momento em que fiquei em pé e me afastei um pouco. Seus olhos me interrogavam em uma pergunta silenciosa que eu mal entendia. — Essa é a minha filha, por isso tem um bebê na foto. — Dei uma pausa um pouco constrangedora para que ele assimilasse o que estava falando. O que claramente não deu certo. — Essa é a Beatriz. Apontei para o celular que agora estava em cima da mesa, ainda com a imagem de Beatriz sentadinha no sofá apoiada por almofadas, com um laço rosa na cabeça, e um enorme sorriso banguela. Seus olhos encaravam a foto como se tentasse entender como isso tinha acontecido. Mas se Fernando falou que não era contra eu ser mãe, então porque estava me olhando de maneira esquisita? Como se o que acabei de falar fosse uma equação nada simples... Até pagar os custos adicionais do nosso plano suspeitava que fora ele ele quem pagou, então agora era eu que estava confusa com essa sua reação pouco normal. Com um pigarro Fernando f
Já passava das três da tarde quando meu celular vibrou, e eu recebi uma mensagem de Ana. Era um vídeo de Beatriz dando o suas famosas gargalhadas. Ela estava com seu vestidinho rosa, e seus pezinhos se mexiam incessantemente. Minha vontade era largar tudo e correr para ficar com ela. Vi essa filmagem diversas vezes, até pausar e acariciar seu rostinho congelado na tela. Meus olhos já estavam marejados com as lembranças que me vieram à mente. Com o susto que passei nos últimos dias. Depois que cheguei em casa no sábado, notei que Beatriz não estava muito bem, ela estava muito quente. Percebi que era febre no mesmo instante, e quase entrei em colapso quando vi seus olhinhos me encarando com uma expressão triste. Fiquei em pânico e corri com ela para o hospital, onde encontrei com seu pediatra. Dr. Rodrigo. Estava tão desesperada que quase nem acreditei quando ele me informou que isso era normal para a idade dela, porque seus dentinhos estavam nascendo. Mesmo assim não me senti totalme
Dor uma palavra tão pequena, mas que trás uma carga de sentimentos pesada. Sentimos dor quando algo nos machuca e isso pode ser tanto física quanto na alma, no meu caso apesar de ser quem sou, carrego uma dor imensa em minha alma. Por quê? Sou rico, famoso, tenho uma família, amigos e, além disso, estudo; de quê adianta tudo isso se passa apenas de fachada? Ninguém é completo quando um buraco imenso se faz presente em seu coração. E no meu caso é exatamente assim que funciona, um paraíso escuro, é assim que eu definiria toda a minha vida, quando mais novo sempre tentei encobrir esses sentimentos com bebidas, festas e garotas tão vazias quanto a mim. Hoje em dia o preencho com trabalho, vivo para isso e mais nada ou ninguém, então um paraíso perfeito não existe, ás pessoas apenas acreditam que ele existe na vida dos outros. O convite de Júlia foi tão repentino, contudo me trouxe um sentimento diferente em meu peito, algo que não experimentava a tantos anos, "expectativa"; você imagina
Achei que depois daquela festa em que acompanhei Fernando, jamais tornaria a me sentir fraca e impotente. Mas agora estava sentindo isso, e dez vezes a mais do que antes. Toda vez que os olhos castanhos de Guilherme encontravam os meus, era como sentir um soco no estômago e a náusea me consumir por inteira. Podia facilmente ter vomitado no meio daquela sala de reunião, pelo mal estar que senti. Agora que ás coisas estavam começando a se ajeitar mais uma vez, ele tinha que aparecer para me deixar transtornada novamente? Passei mais de uma vez água em meu rosto, me sentindo feliz por não ter passado maquiagem para vir trabalhar. A sensação de gotas de suor se formando em minha testa deixava ainda mais visível meu crescente terror. E só me acalmei quando Fernando afirmou que não entraram em acordo algum. Porém, a maneira que meu chefe me olhava não me deixava nenhum pouco confortável. Ainda mais depois de sua pergunta...Fico em choque olhando para Fernando, sem saber o que falar ou o q
Um sorriso de lado surgiu nos lábios de Fernando e Camilla desviou o olhar até mim, estava ainda mais corada quando me olhava. Talvez a irritação que eu estava sentindo fosse incrivelmente visível em meus olhos, pois ela nem ousou sustentar meu olhar. - Vou manda-los o mais rápido possível senhor Murbeck, não se preocupe. Ela saiu rapidamente, e Fernando a ficou encarando por um tempo curto. Sua expressão indecifrável. Quando por fim ele notou minha presença, ele apenas me mediu por um segundo. Virou ás costas, e entrou em seu escritório batendo a porta. As duas semanas seguintes passou a ser da mesma maneira, Fernando me ignorava o tempo todo, nem olhava em minha direção. Só conversávamos assuntos completamente profissionais, e ele apenas ouvia minhas instruções de como se portar perto de cada investidor. Tirando isso, nossas horas de trabalho eram estranhamente silenciosas, e ele andava irritado com todos na empresa. Nem de Beatriz ele me perguntou, nem quando precisei sair mais c