Estava olhando espantada para Fernando nesse exato momento em que fiquei em pé e me afastei um pouco. Seus olhos me interrogavam em uma pergunta silenciosa que eu mal entendia. — Essa é a minha filha, por isso tem um bebê na foto. — Dei uma pausa um pouco constrangedora para que ele assimilasse o que estava falando. O que claramente não deu certo. — Essa é a Beatriz. Apontei para o celular que agora estava em cima da mesa, ainda com a imagem de Beatriz sentadinha no sofá apoiada por almofadas, com um laço rosa na cabeça, e um enorme sorriso banguela. Seus olhos encaravam a foto como se tentasse entender como isso tinha acontecido. Mas se Fernando falou que não era contra eu ser mãe, então porque estava me olhando de maneira esquisita? Como se o que acabei de falar fosse uma equação nada simples... Até pagar os custos adicionais do nosso plano suspeitava que fora ele ele quem pagou, então agora era eu que estava confusa com essa sua reação pouco normal. Com um pigarro Fernando f
Já passava das três da tarde quando meu celular vibrou, e eu recebi uma mensagem de Ana. Era um vídeo de Beatriz dando o suas famosas gargalhadas. Ela estava com seu vestidinho rosa, e seus pezinhos se mexiam incessantemente. Minha vontade era largar tudo e correr para ficar com ela. Vi essa filmagem diversas vezes, até pausar e acariciar seu rostinho congelado na tela. Meus olhos já estavam marejados com as lembranças que me vieram à mente. Com o susto que passei nos últimos dias. Depois que cheguei em casa no sábado, notei que Beatriz não estava muito bem, ela estava muito quente. Percebi que era febre no mesmo instante, e quase entrei em colapso quando vi seus olhinhos me encarando com uma expressão triste. Fiquei em pânico e corri com ela para o hospital, onde encontrei com seu pediatra. Dr. Rodrigo. Estava tão desesperada que quase nem acreditei quando ele me informou que isso era normal para a idade dela, porque seus dentinhos estavam nascendo. Mesmo assim não me senti totalme
Dor uma palavra tão pequena, mas que trás uma carga de sentimentos pesada. Sentimos dor quando algo nos machuca e isso pode ser tanto física quanto na alma, no meu caso apesar de ser quem sou, carrego uma dor imensa em minha alma. Por quê? Sou rico, famoso, tenho uma família, amigos e, além disso, estudo; de quê adianta tudo isso se passa apenas de fachada? Ninguém é completo quando um buraco imenso se faz presente em seu coração. E no meu caso é exatamente assim que funciona, um paraíso escuro, é assim que eu definiria toda a minha vida, quando mais novo sempre tentei encobrir esses sentimentos com bebidas, festas e garotas tão vazias quanto a mim. Hoje em dia o preencho com trabalho, vivo para isso e mais nada ou ninguém, então um paraíso perfeito não existe, ás pessoas apenas acreditam que ele existe na vida dos outros. O convite de Júlia foi tão repentino, contudo me trouxe um sentimento diferente em meu peito, algo que não experimentava a tantos anos, "expectativa"; você imagina
Achei que depois daquela festa em que acompanhei Fernando, jamais tornaria a me sentir fraca e impotente. Mas agora estava sentindo isso, e dez vezes a mais do que antes. Toda vez que os olhos castanhos de Guilherme encontravam os meus, era como sentir um soco no estômago e a náusea me consumir por inteira. Podia facilmente ter vomitado no meio daquela sala de reunião, pelo mal estar que senti. Agora que ás coisas estavam começando a se ajeitar mais uma vez, ele tinha que aparecer para me deixar transtornada novamente? Passei mais de uma vez água em meu rosto, me sentindo feliz por não ter passado maquiagem para vir trabalhar. A sensação de gotas de suor se formando em minha testa deixava ainda mais visível meu crescente terror. E só me acalmei quando Fernando afirmou que não entraram em acordo algum. Porém, a maneira que meu chefe me olhava não me deixava nenhum pouco confortável. Ainda mais depois de sua pergunta...Fico em choque olhando para Fernando, sem saber o que falar ou o q
Um sorriso de lado surgiu nos lábios de Fernando e Camilla desviou o olhar até mim, estava ainda mais corada quando me olhava. Talvez a irritação que eu estava sentindo fosse incrivelmente visível em meus olhos, pois ela nem ousou sustentar meu olhar. - Vou manda-los o mais rápido possível senhor Murbeck, não se preocupe. Ela saiu rapidamente, e Fernando a ficou encarando por um tempo curto. Sua expressão indecifrável. Quando por fim ele notou minha presença, ele apenas me mediu por um segundo. Virou ás costas, e entrou em seu escritório batendo a porta. As duas semanas seguintes passou a ser da mesma maneira, Fernando me ignorava o tempo todo, nem olhava em minha direção. Só conversávamos assuntos completamente profissionais, e ele apenas ouvia minhas instruções de como se portar perto de cada investidor. Tirando isso, nossas horas de trabalho eram estranhamente silenciosas, e ele andava irritado com todos na empresa. Nem de Beatriz ele me perguntou, nem quando precisei sair mais c
As portas estavam fechando quando vi mais um sorrisinho de minha amiga, sabia que no fundo ela estava preocupada comigo, mas não tinha como eu contar a ela o que estava se passando, se ela nem sabia o que tinha acontecido no meu passado. Estava exausta, ou me sentia assim. Depois de tanto tempo sem vê-lo, qual era o motivo para agora ele resolver aparecer? Minha mão tremia e eu não conseguia controlar essa raiva que me consumia por completo. Nem parecia que estava em meu corpo, mal sentia meus passos, ou conseguia controlar a discussão interna que tinha começado dentro da minha cabeça. Mal reparei que já estava no carro, que figuras conhecidas se aproximavam de mim, e me encaravam a distância com cautela. Nem olhei para Fernando ou Daniel quando passei por eles, minha cabeça estava muito distante. Só tive consciência das minhas ações, quando abri a porta do escritório de Guilherme, o mesmo que ajudei a decorar anos antes. Seus olhos estavam perplexos quando me encararam, e eu não de
E com isso saí do escritório batendo a porta com firmeza atrás de mim. Preferi não ficar para ver como Guilherme reagiria a todas as palavras que vomitei bem a sua frente. Sentia-me com raiva o suficiente para cometer um assassinato, minha cabeça estava quente demais. Quando passei pelos dois homens que estavam na recepção aguardando para retornar ao escritório, tive a vontade de mostrar meu dedo do meio para eles, pois me encararam por tempo demais, mas fui apita o suficiente para controlar meu impulso premeditado. Só pensava em chegar em casa e esfriar minha cabeça, para que ela não explodisse com a dor que estava sentindo.Não compareci ao trabalho no dia seguinte, com a desculpa de a intoxicação alimentar que na verdade era uma virose. Não quis entrar em detalhes com mais ninguém, pois meu humor não estava dos melhores. Só contei para a Ana o que aconteceu com Guilherme que soltou vários palavrões que me eram desconhecidos, e evitei qualquer menção a esse nome depois disso. Até a
Frestas brilhantes entraram pelas minhas íris fechadas, um ardor se fez presente no mesmo instante, aos poucos os abri percebendo que o dia finalmente nasceu, pisquei tentando me acostumar com os raios de sol, tentei levantar, no entanto a dor pulsante que veio em minha cabeça no mesmo minuto me obrigou a deitar rapidamente, o que eu tinha feito durante a noite? Tentei recordar, sem sucesso, a dor retornou me impedindo de recordar qualquer coisa que fosse, respirei profundamente acalmando os meus pensamentos assim como a pulsação que eu sentia na fonte, assim que me senti melhor notei um aroma de café invadir os meus sentidos, era diferente daquele que eu fazia todas ás manhãs, era intenso, me lembrava de um passado distante quando ainda era adolescente, com esperanças e sonhos; observei agora o cômodo onde me encontrava, me recordava dessa decoração, como poderia esquecer? Me sentei no sofá em tom pastel agora encarando a figura de uma mulher em pé com um bebê no colo, em suma, sua e