-O que me conta? Começa você, não sabe esconder quando está mal - comenta.O triste é que ele dizia a verdade. Eu era péssima controlando minhas emoções e escondendo-as.-Parece que todo mundo lá fora sabe que vamos nos casar. E... estão me tratando suspeitamente bem. Até a Maite brincou que eu ia convidá-la pro casamento - explico.Luciano inclina a cabeça, estranhando.-Com o anel no seu dedo, e o jeito que dançamos no casamento da nossa irmã, teriam que ser idiotas pra não perceber - diz tirando a manta.Deixo de me sentir como um bicho esquisito, pra me sentir como um bicho esquisito envergonhado.-Você poderia nunca mais se referir à Amanda como "nossa irmã"? - exijo.-Não sei, agora que penso melhor, me dá tesão - brinca ele maliciosamente.Finjo um chorinho olhando pro céu, e Luciano ri como o cara de pau que é. Depois, tira de uma gaveta um envelope preto, que me oferece e pego.-O que é isso?-Nosso acordo pré-nupcial. Leia, analise com quem quiser, vamos assinar esta semana -
-Acho que entendi. Você se incomodaria com uma cerimônia no exterior?-Não me incomodaria. À noite te passo minha lista de convidados - comenta antes de atender seu celular. Ligaram pra ele e se concentra nisso com uma cara de irritação.Contenho meu sorriso enquanto saio da sala dele com uma grande missão nos ombros. Organizar um casamento express em menos de um mês......Dos primeiros passos pra se casar, tem que ser encontrar o lugar onde você vai fazer. Escrevi pra vários salões e clubes pedindo uma visita, sendo este o que mais rápido me respondeu. É um clube de iates pelo qual estou passeando com Giana e a coordenadora de eventos pelo deck.-A cerimônia civil pode ser realizada em nossos jardins e a recepção dentro - explica a mulher.Este clube é distinção e luxo à parte. É lindo de qualquer ângulo e grita dinheiro, mesmo assim, vejo como pode ser daqueles lugares "reservados". Que tarefa mais difícil o Luciano tinha me dado.-Poderiam fazer as duas do lado de fora? - pergunta
O que deveria ser uma tarefa divertida, se transformou em uma cena de pesadelo. Estou sendo encurralada contra a parede de um banheiro por uma desconhecida que parece me odiar, e nem a conheço. A pressão de suas unhas longas nas minhas bochechas e o jeito que sei que está me xingando em um idioma que também não conheço, me machuca.—Me solta!—exijo à velha empurrando ela pelo peito. Ela não desiste.—Mal comecei com você!—grita furiosa—Com o que você está chantageando ele? Está grávida? Você é uma criança!—Meu relacionamento não é problema seu! Me solta ou vou chamar a segurança!—tento tirar suas garras da minha cara, mas seu aperto é forte.A mulher dá uma risada macabra, como se achasse graça da minha ameaça. Seus olhos azuis e cabelo loiro me dão uma sensação fria e cortante. Dá medo e eu queria estar em qualquer lugar menos aqui. Queria estar na beira de um penhasco, melhor que aqui.Um raio de esperança aparece pela porta de entrada do banheiro. Dois homens muito altos e vestidos
Sim, somos escoltadas pelas funcionárias e outros seguranças do local. Assim que fecham o portão atrás de nós, nossas expressões de dignidade sucumbem ao medo.—Por que acabaram de te ameaçar de morte?—pergunta Giana tremendo.Não é a única que está tremendo.—O pior é que... não sei...—respondo igual ou mais trêmula que ela.....Os tremores pararam eventualmente em nossa viagem de táxi de volta. Foi uma viagem silenciosa e com muitas perguntas no ar, das quais nenhuma teria resposta pela origem delas. Quando o taxista deixa Giana em seu apartamento, peço que em vez de me levar pro meu me leve à origem do problema.Luciano Brown.Por isso estou na porta do apartamento dele, tocando a campainha e esperando que me abra. A porta se abre rapidamente, não com ele, mas com uma mulher que deduzo trabalhar na limpeza, usa uniforme.—Senhorita Marianne. Entre, espere um momento, o senhor Luciano está tomando banho—informa ela.Entro no apartamento pra constatar que quem me abriu a porta não é
Ele não responde mais nada.—Você terminou com ela? Ou não e daí vem essa cena?—quero saber.Ele não quer me responder de novo. Minha irritação cresce no meu estômago e me leva ao chuveiro. Pego a porta de vidro e abro. Com isso, pequenas gotas de água molham meu rosto e a roupa. Como ele nem se mexe, eu tomo a iniciativa, entro no chuveiro e seguro seu ombro para que se vire.É uma jogada ruim da minha parte.Luciano se vira, mas não para falar comigo e sim para vir pra cima de mim. Me segura pela cintura, pelo pescoço e me arrasta pra água. Conseguindo que eu fique completamente encharcada, presa em seus braços e em seus lábios.Está me beijando invasivamente e afundando suas mãos fortes na minha bunda. Tento resistir com minhas mãos empurrando ele pra que se separe de mim. É inútil por mais que eu resista, não consigo afastá—lo de mim por sua força corporal. Também não consigo afastá—lo de mim pelos efeitos que gera no meu corpo. Admitindo que essa suposta imunidade é falsa, me deix
A vida depois de uma ameaça de morte não pode voltar a ser normal. Com essa mesma paranoia não consegui pregar o olho à noite, também fui capaz de colocar uma mesa atrás da minha porta de entrada e manter todas as luzes apagadas durante a noite.Outro sinal da minha paranoia é que paguei um táxi para me trazer ao escritório, e aqui estou, em uma das cabines individuais de videoconferência. Estou conversando com um cliente antigo da Belmonte Raízes sobre os impostos de uma das propriedades que comprou conosco para sua aposentadoria.—Desculpe por fazer você perder tempo Marianne. Mas você é a única que tem paciência comigo—comenta o senhor Aguilar que tem idade pra ser meu avô.—Não se preocupe. Estamos aqui pra ajudar. Vou passar o número da Ariana, ela vai orientá—lo melhor sobre a documentação diretamente da receita. Tem mais dúvidas?—Por enquanto não, se depois eu tiver posso te ligar?—Me mande uma mensagem, e resolvemos. Como sempre fazemos na Belmonte Raízes. Até logo, se cuide—
—Não me diga que é comum que uma ex sei lá o quê, te ameace de morte, te encurrale junto com dois caras num banheiro, e esses dois caras até se atrevam a machucar sua amiga. Não fui a única machucada, a Giana também se machucou enquanto a seguravam pra que não interferisse. Não vai me manipular pra que eu acredite que isso não foi nada, já cansei dessa m****.Estou irritada, muito irritada com a atitude do Luciano. E o que eu dizia era a verdade. Tinha saído de um relacionamento em que meu namorado me fazia acreditar que eu sempre era a exagerada, e a culpada de cada discussão, quando não era assim. Não voltaria ao mesmo.—Ah, as garras você tem que mostrar comigo que te defendi até não poder mais—comenta totalmente sarcástico, e sei que irritado.—Agora você é que está irritado?—zombo.—Não estou irritado. Estou de saco cheio de você. O que você quer que eu faça? Acha que planejei que machucariam vocês duas? Anfisa é parte desse passado que quero deixar pra trás. Você como alguém que
—Você está falando de sentimentos? Porque desses nunca te dei garantia, a única coisa que te dei garantia foram fatos. Você e eu temos um acordo que agora não pode descumprir—exige.Dou de ombros para irritá—lo mais.—O que você vai fazer se eu não cumprir? Me ameaçar como a senhora Kosnikova?—dou mais um passo em sua direção.—Deveria te dar umas boas palmadas para você aprender o que é estar realmente em risco—ele dá mais um passo em minha direção.—Como se eu já não tivesse estado... POR SUA CULPA—mais um passo e estou bem perto dele.—Como se você já não tivesse estado POR CULPA DA SUA FAMÍLIA—Luciano dá mais um passo e com isso estamos o mais próximos possível.Nossas respirações se misturam, assim como posso sentir o calor do seu corpo emanando. Deveria estar irritada pelo que ele me fez, mas sinceramente, não sei se fico irritada ou excitada como começo a ficar. Em minha mente vêm lembranças das coisas que fizemos ontem, de seus dedos entre minhas pernas, e de sua semente em meu