O que deveria ser uma tarefa divertida, se transformou em uma cena de pesadelo. Estou sendo encurralada contra a parede de um banheiro por uma desconhecida que parece me odiar, e nem a conheço. A pressão de suas unhas longas nas minhas bochechas e o jeito que sei que está me xingando em um idioma que também não conheço, me machuca.—Me solta!—exijo à velha empurrando ela pelo peito. Ela não desiste.—Mal comecei com você!—grita furiosa—Com o que você está chantageando ele? Está grávida? Você é uma criança!—Meu relacionamento não é problema seu! Me solta ou vou chamar a segurança!—tento tirar suas garras da minha cara, mas seu aperto é forte.A mulher dá uma risada macabra, como se achasse graça da minha ameaça. Seus olhos azuis e cabelo loiro me dão uma sensação fria e cortante. Dá medo e eu queria estar em qualquer lugar menos aqui. Queria estar na beira de um penhasco, melhor que aqui.Um raio de esperança aparece pela porta de entrada do banheiro. Dois homens muito altos e vestidos
Sim, somos escoltadas pelas funcionárias e outros seguranças do local. Assim que fecham o portão atrás de nós, nossas expressões de dignidade sucumbem ao medo.—Por que acabaram de te ameaçar de morte?—pergunta Giana tremendo.Não é a única que está tremendo.—O pior é que... não sei...—respondo igual ou mais trêmula que ela.....Os tremores pararam eventualmente em nossa viagem de táxi de volta. Foi uma viagem silenciosa e com muitas perguntas no ar, das quais nenhuma teria resposta pela origem delas. Quando o taxista deixa Giana em seu apartamento, peço que em vez de me levar pro meu me leve à origem do problema.Luciano Brown.Por isso estou na porta do apartamento dele, tocando a campainha e esperando que me abra. A porta se abre rapidamente, não com ele, mas com uma mulher que deduzo trabalhar na limpeza, usa uniforme.—Senhorita Marianne. Entre, espere um momento, o senhor Luciano está tomando banho—informa ela.Entro no apartamento pra constatar que quem me abriu a porta não é
Ele não responde mais nada.—Você terminou com ela? Ou não e daí vem essa cena?—quero saber.Ele não quer me responder de novo. Minha irritação cresce no meu estômago e me leva ao chuveiro. Pego a porta de vidro e abro. Com isso, pequenas gotas de água molham meu rosto e a roupa. Como ele nem se mexe, eu tomo a iniciativa, entro no chuveiro e seguro seu ombro para que se vire.É uma jogada ruim da minha parte.Luciano se vira, mas não para falar comigo e sim para vir pra cima de mim. Me segura pela cintura, pelo pescoço e me arrasta pra água. Conseguindo que eu fique completamente encharcada, presa em seus braços e em seus lábios.Está me beijando invasivamente e afundando suas mãos fortes na minha bunda. Tento resistir com minhas mãos empurrando ele pra que se separe de mim. É inútil por mais que eu resista, não consigo afastá—lo de mim por sua força corporal. Também não consigo afastá—lo de mim pelos efeitos que gera no meu corpo. Admitindo que essa suposta imunidade é falsa, me deix
A vida depois de uma ameaça de morte não pode voltar a ser normal. Com essa mesma paranoia não consegui pregar o olho à noite, também fui capaz de colocar uma mesa atrás da minha porta de entrada e manter todas as luzes apagadas durante a noite.Outro sinal da minha paranoia é que paguei um táxi para me trazer ao escritório, e aqui estou, em uma das cabines individuais de videoconferência. Estou conversando com um cliente antigo da Belmonte Raízes sobre os impostos de uma das propriedades que comprou conosco para sua aposentadoria.—Desculpe por fazer você perder tempo Marianne. Mas você é a única que tem paciência comigo—comenta o senhor Aguilar que tem idade pra ser meu avô.—Não se preocupe. Estamos aqui pra ajudar. Vou passar o número da Ariana, ela vai orientá—lo melhor sobre a documentação diretamente da receita. Tem mais dúvidas?—Por enquanto não, se depois eu tiver posso te ligar?—Me mande uma mensagem, e resolvemos. Como sempre fazemos na Belmonte Raízes. Até logo, se cuide—
—Não me diga que é comum que uma ex sei lá o quê, te ameace de morte, te encurrale junto com dois caras num banheiro, e esses dois caras até se atrevam a machucar sua amiga. Não fui a única machucada, a Giana também se machucou enquanto a seguravam pra que não interferisse. Não vai me manipular pra que eu acredite que isso não foi nada, já cansei dessa m****.Estou irritada, muito irritada com a atitude do Luciano. E o que eu dizia era a verdade. Tinha saído de um relacionamento em que meu namorado me fazia acreditar que eu sempre era a exagerada, e a culpada de cada discussão, quando não era assim. Não voltaria ao mesmo.—Ah, as garras você tem que mostrar comigo que te defendi até não poder mais—comenta totalmente sarcástico, e sei que irritado.—Agora você é que está irritado?—zombo.—Não estou irritado. Estou de saco cheio de você. O que você quer que eu faça? Acha que planejei que machucariam vocês duas? Anfisa é parte desse passado que quero deixar pra trás. Você como alguém que
—Você está falando de sentimentos? Porque desses nunca te dei garantia, a única coisa que te dei garantia foram fatos. Você e eu temos um acordo que agora não pode descumprir—exige.Dou de ombros para irritá—lo mais.—O que você vai fazer se eu não cumprir? Me ameaçar como a senhora Kosnikova?—dou mais um passo em sua direção.—Deveria te dar umas boas palmadas para você aprender o que é estar realmente em risco—ele dá mais um passo em minha direção.—Como se eu já não tivesse estado... POR SUA CULPA—mais um passo e estou bem perto dele.—Como se você já não tivesse estado POR CULPA DA SUA FAMÍLIA—Luciano dá mais um passo e com isso estamos o mais próximos possível.Nossas respirações se misturam, assim como posso sentir o calor do seu corpo emanando. Deveria estar irritada pelo que ele me fez, mas sinceramente, não sei se fico irritada ou excitada como começo a ficar. Em minha mente vêm lembranças das coisas que fizemos ontem, de seus dedos entre minhas pernas, e de sua semente em meu
Controlo minha respiração e mantenho meu pescoço imóvel. Não preciso ser óbvia com meu sentimento interno, não preciso deixar em evidência os nervos efervescentes que estão me dominando agora. Por que estou nervosa? Porque estou vendo como o portão gigante da famosa mansão Brown está se abrindo, tudo isso desde este banco traseiro na companhia de Luciano.O fim de semana chegou mais rápido do que esperava, e a facilidade que é ter dinheiro agilizou para que voássemos como se atravessar um oceano fosse mais um passeio à praia da esquina. Mantive minha "atitude irritada e distante" durante a semana, também na viagem de avião. Devo ter sido a companheira de voo mais chata que Luciano já teve, mas não me arrependo.Do único que estou me arrependendo é de ter vindo a este lugar. Quanto mais avançamos, mais nos aprofundamos no verde da floresta, e quanto mais avançamos, mais nítidas ficam as proporções de uma casa que parece saída de um livro de história.Não é uma mansão qualquer, posso des
—Não, obrigada, vou me manter afastada. Será suficiente—garanto desconfortável.O carro para, e um funcionário abre a porta para mim. Esse mesmo funcionário se surpreende ligeiramente ao me ver no carro. É um homem mais velho que está uniformizado.—Jovem Luciano, não sabia que traria companhia desta vez...—cumprimenta o homem.—Você me conhece, Gregório. Gosto de dar surpresas—é a saudação de Luciano—Quer uma ainda maior?—Se é sua vontade me dar, é meu dever recebê—la—menciona o senhor com um tom cansado que acho muito engraçado—Peguem a bagagem e avisem da presença da senhorita para preparar seu quarto.Essa é a indicação que Gregório dá a dois rapazes bem mais jovens, eles vão diligentemente fazer o que lhes é pedido. Tanto Luciano quanto eu saímos do carro.—Não será necessário preparar outro quarto. Ela ficará no meu—pede Luciano.Os rapazes ficam paralisados me olhando, Gregório também. Isso é muito mais que constrangedor, é como se ele tivesse dito aos três que iríamos transar