Laysla Albuquerque.
Estendendo minha mão, solto um suspiro sonolento quando tento pegar meu celular ao lado da mesa de cabeceira. O som do despertador é quase como uma sirene ensurdecedora todos os dias às 5:30 da manhã.
Abrindo meu olhos lentamente, vejo que tudo está escuro, exceto pelo maldito celular que vai tocar mais uma vez.
Chutando minha coberta, franzi a testa com pena de mim mesma após desativar o despertador do dia, e joguei meu celular sobre o colchão, fazendo força o suficiente para me levantar após um rápido alongamento que durou poucos segundos.
Meu corpo todo dói. Ainda sou jovem mas a lombar insiste em dizer que tenho 80 anos.
Me direcionando até o banheiro, me despi e entrei embaixo do chuveiro para um banho rápido, na tentativa de espantar aquela preguiça do corpo, pois confesso, não tem sido fácil.
Todo o trabalho duro, longas horas de trabalho e pouco tempo para dormir tem consumido muita energia.
Estou exausta até para respirar.
Já faz duas semanas que estamos trabalhando sem parar para recepcionar o novo diretor geral da empresa. O senhor Mavis Hoffmann, atual Ceo, está com a saúde muito delicada, e desde então tem me pedido para trabalhar em dobro e preparar tudo para o novo Ceo que por incrível que pareça, ainda não deu as caras.
Tanto trabalho e dedicação para receber uma pessoa que nem se deu o trabalho de nos ver com antecedência.
Esse homem que irá tomar o lugar do meu chefinho deve ser um pé no saco.
Um arrogante prepotente que não pensa no próprio pai. Tenho mantido contato com ele estritamente pelo trabalho, nada além de e-mails formais, e o homem parece ter um iceberg no lugar do coração, pois está do outro lado do mundo e em nenhum momento demonstrou insegurança ou medo de preencher o lugar do seu próprio pai em um momento tão delicado.
Engulo em seco o aperto que tomou meu peito só em pensar na possibilidade da saude do senhor Mavis piorar. Eu tenho muita gratidão pelo senhor Mavis, sem ele, eu não teria suportado a perda da minha irmã mais velha. Sem ele, eu teria sucumbido a uma tristeza extrema. Aquele homem, me manteve ocupada em meio a trabalhos produtivos, estudos e com conexões com pessoas boas e por isso amenizou um pouco o meu sofrimento.
Em meu coração só pesa o medo de ele não aguentar os sintomas da sua doença cardíaca.
Sacudindo a cabeça, peguei uma toalha seca e me enrolei enquanto caminhava em direção ao meu guarda-roupas, desejando afastar qualquer pensamento intrusivo ou pessimista em relação a saúde do senhor Mavis.
A verdade é que tenho medo de que o filho dele não seja nem metade do bom homem que o senhor Mavis é. Olhando do ponto de vista de funcionária, sei que ele foi um grande chefe, sempre justo e honesto e como pessoa, só tenho a agradecer pela bondade do senhor que só me fez progredir.
Olhando a silenciosa cidade que se estende abaixo de mim, comecei a correr devagar, enquanto sentia o impacto dos meus pés sobre a esteira já em movimento. Sentindo meus pensamentos se fragmentarem a cada metro corrido. Correr sempre foi algo que me fazia desligar de todo e qualquer problema que eu estivesse passando, e por isso tenho me dedicado nos últimos dias. Tudo tem sido irritante e muito cansativo para mim.
Estou considerando recarregar as energias nesse fim de semana.
Ir passar dois dias inteiros com a minha família na Flórida sem dúvidas vai me ajudar muito a desacelerar.
É o melhor a se fazer.
(...)
Assim que passei a mão pelo tecido da minha saia lápis, apertei a bolsa em meu ombro enquanto segurava algumas pastas em meu braço com um sorrisinho no rosto. Gosto muito de trabalhar nessa empresa. Já faz 5 anos desde que comecei a trabalhar como assistente do grande executivo Mavis Hoffmann, um homem gentil e de visão. Uma pessoa honesta e íntegra que apoia a todos quando enxerga esforço e proatividade.
Foi assim que consegui alcançar meus objetivos profissionais. Mavis sempre me apoiou nos estudos, sempre soube de todas as minhas situações financeiras e quando soube que minha irmã havia falecido no parto após complicações, me ajudou financeiramente e hoje consigo manter minha sobrinha com a ajuda dos meus pais.
Amabíli é uma doce menina que acabou de completar 4 anos de muita saúde e inteligência, graças a Deus. Temos conseguido suprir todas as necessidades dela desde que nasceu, o que não significa ter feito ela esquecer da minha irmã, na verdade nunca desejamos isso. Sempre que falamos a respeito dela, seus olhinhos brilham e é naquele momento que meu coração se parte, pois eu vejo a minha irmã através da minha sobrinha. Em muito as duas se parecem e isso sempre me quebra por dentro. Por saber que Liah não vai ter a chance de ver nossa pequena crescer e se desenvolver.
Laysla AlbuquerqueDe volta a minha rotina atarefada, resolvi deixar meus problemas pessoais de lado por um momento e me concnetrar na sobrevivencia do dia, o que tem já tem sido uma prova e tanto.Assim que o elevador parou no último andar, depositei a minha bolsa, e pastas em cima da mesa, e logo me direcionei até a sala do meu chefe para averiguar se tudo esta em ordem. Todos os dias, eu chego 15 minutos antes do horário para garantir que está tudo impecável como deixei no dia anterior. Mesmo que Mavis não venha até a empresa, eu tomo os devidos cuidados, só não contava que no momento em que eu acionasse a maçaneta, a porta seria aberta para dentro, me puxando abruptamente para frente, me fazendo cair de joelhos no chão com força e desengonçadamente e em seguida um som estalado me arrancar do meu próprio susto e torpor.Esse som foi da minha saia rasgando?Droga…Nem percebi quando fui puxada para cima segundos depois. Mãos firmes, quentes e okay... bem grandes me fizeram engolir o
Nollan HoffmannNada tira da minha cabeça que meu pai está inventando esse problema cardíaco somente para me trazer de volta para Nova York.Sei que já faz mais de 10 anos desde que fui embora para Londres, mas aqui estou eu mais uma vez. Sendo obrigado a cuidar de uma empresa que não queria para mim.Em meus 36 anos de vida, nunca pensei que seria trazido de volta à realidade americana. Dias caóticos, e cheios de gente correndo atrás dos seus próprios propósitos. Eu estava habituado a um outro ritmo de vida. Trabalhava e ia direto para minha cobertura onde ninguém mais tinha acesso a mim até o dia seguinte, e agora, estou aqui, em uma sala que dá acesso a uma das mais importantes empresas do país.Sei que sou bom o suficiente para fazer essa empresa prosperar ainda mais, porém, não me sinto satisfeito com isso. Ter que largar meus deveres em Londres e ter que me adaptar com uma nova rotina, novas pessoas e novos hábitos só me faz ter uma sensação assombrosa de irritação.Olhando a pol
Nollan HoffmannNada tira da minha cabeça que meu pai está inventando esse problema cardíaco somente para me trazer de volta para Nova York.Sei que já faz mais de 10 anos desde que fui embora para Londres, mas aqui estou eu mais uma vez. Sendo obrigado a cuidar de uma empresa que não queria para mim.Em meus 36 anos de vida, nunca pensei que seria trazido de volta à realidade americana. Dias caóticos, e cheios de gente correndo atrás dos seus próprios propósitos. Eu estava habituado a um outro ritmo de vida. Trabalhava e ia direto para minha cobertura onde ninguém mais tinha acesso a mim até o dia seguinte, e agora, estou aqui, em uma sala que dá acesso a uma das mais importantes empresas do país.Sei que sou bom o suficiente para fazer essa empresa prosperar ainda mais, porém, não me sinto satisfeito com isso. Ter que largar meus deveres em Londres e ter que me adaptar com uma nova rotina, novas pessoas e novos hábitos só me faz ter uma sensação assombrosa de irritação.Olhando a pol
Laysla AlbuquerqueSoltando um suspiro cansado, me direcionei pelo corredor da minha pequena casa desejando muito um banho e a minha cama.O dia de hoje teve inúmeros incidentes nos quais eu não estava preparada psicologicamente para resolver.Teve um cano quebrado na cozinha da empresa, duas mulheres saíram nos t***s no setor de cobrança e teve um gerente que foi demitido por ter sido pego em flagrante enquanto estava aos amassos com sua secretária e isso tudo sem contar meu encontro desastroso que resultou em uma saia rasgada, uma mão esmagada pelo vidro do carro e uma cena nada sensual em que paguei calcinha no estacionamento.Fechando meus olhos, me joguei no sofá não acreditando que o dia finalmente chegou ao fim.Sentando no meu sofá, joguei a cabeça para trás e comecei a lembrar das guloseimas que tenho na geladeira e rapidamente me animei.Me direcionando até a cozinha, abri a geladeira e encontrei a sobremesa que eu havia feito ontem a noite. Se chama bombom na travessa e é um
Puxando o ar com força, atravessei o hall de entrada da empresa e vi que o ritmo estava frenético, o que não indicava coisa boa. Andando diretamente para o elevador, segurei minha bolsa pela alça enquanto apertava no botão do 20° andar.Assim que as portas metálicas se abriram, me surpreendi com a quantidade de homens vestidos de preto espalhados em pontos estratégicos pelo corredor.A gerente de recursos humanos que parecia se sentir pressionada, ergueu a cabeça e logo pude ver o alívio em sua expressão assim que me encontrou. — Laysla, que bom que você chegou.Sua voz parecia carregada de nervosismo e ajustando a postura, eu franzi a testa ao responder. — O que houve, Marcela?Olhei a nossa volta enquanto encarava os brutamontes e ela se aproximou com algumas pastas em mãos e disse. — O assistente do novo Ceo está aqui, e está a pedindo para falar com você.Sua expressão estava séria, e me entregando as pastas, ela continuou. — Ele disse que precisa resolver essas pend
Nollan HoffmannMeus olhos estavam fixos na expressão desapontada de Laysla. Estava com uma aparência tão cansada que por um momento me senti culpado por estar causando essa bagunça toda. — Eu ainda não sabia qual seria minha função até hoje de manhã.Respondi sendo verdadeiro, e segurando a troca de olhares, Laysla soltou o ar ao se levantar e disse. — Desculpe pela minha explosão, eu só… Assentindo, me afastei dela e me acomodei em minha própria mesa e respondi. — Está tudo bem. Estou aqui para ajudar.Ela assentiu com a cabeça e murmurou. — Vou buscar café para nós e depois disso, começaremos a trabalhar, okay?Confirmando com um gesto, sorri e enviei uma piscadela em sua direção e sorrindo, ela se levantou e saiu andando rumo ao elevador.A verdade é que fui até a casa do meu pai ontem e pude ver com meus próprios olhos que ele não está doente. Ele estava com uma ótima aparência, e na verdade parecia bastante entediado. Em um momento de descuido, ele se levantou e me d
Laysla AlbuquerqueNão sei o que está acontecendo comigo mas já faz 5 minutos que estou parada na cozinha e meu café já esfriou nesse meio tempo, ainda sinto meu corpo estremecer por inteiro depois daquela sensação tão estranha logo que Lann apertou minha mão.A verdade é que tudo está soando estranho demais e só piora quando eu paro para analisar a seguinte situação. Como um homem igual ao Lann se tornou um assistente?Não estou menosprezando a função, é que o homem tem um porte atlético, boa postura e uma dicção perfeita na qual só me faz pensar no que o levou a escolher essa profissão. É muito nítido que ele poderia exercer qualquer profissão com o visual e porte que tem.Absolutamente nada está encaixando nessa história.Agora, aqui sentada de frente para meu computador, tento manter minha atenção focada apenas na tela do meu notebook, mas algo me fez olhar o homem que está a alguns metros de distância de mim.De relance, vejo um sorriso surgir em seu rosto e o silêncio logo se que
Laysla AlbuquerqueEu passei a língua devagar pelos lábios sensíveis e assenti com um gesto, e sorrindo, ele se levantou e me guiou para a mesa mais uma vez, e pegando seu copo de café, ele se direcionou para sua mesa enquanto eu fiquei o analisando em silêncio, tentando entender o motivo de eu ter ficado desse jeito com a aproximação dele.— Então, quais são os planos para o fim de semana?Ouço Lann perguntar enquanto eu ainda estou na mesma posição em que ele me deixou e tentando voltar a raciocinar, eu respondi.— Sexta-feira à noite estarei indo para a Flórida. Vou passar o fim de semana com meus pais.Arqueando a sobrancelha, ele assentiu e sorriu ao dizer.— Bom, dessa forma você vai recarregar as energias após uma semana agitada.Ao pensar na possibilidade de descansar com minha família, soltei o ar com força e sorri ao responder.— Agitada é apelido, mas sim, preciso vê-los. Estou com saudade de casa.Nesse momento ele pareceu fixar sua atenção em mim, e por alguns segundos, vi