Capítulo 3

Nollan Hoffmann

Nada tira da minha cabeça que meu pai está inventando esse problema cardíaco somente para me trazer de volta para Nova York.

Sei que já faz mais de 10 anos desde que fui embora para Londres, mas aqui estou eu mais uma vez. Sendo obrigado a cuidar de uma empresa que não queria para mim.

Em meus 36 anos de vida, nunca pensei que seria trazido de volta à realidade americana. Dias caóticos, e cheios de gente correndo atrás dos seus próprios propósitos. Eu estava habituado a um outro ritmo de vida. Trabalhava e ia direto para minha cobertura onde ninguém mais tinha acesso a mim até o dia seguinte, e agora, estou aqui, em uma sala que dá acesso a uma das mais importantes empresas do país.

Sei que sou bom o suficiente para fazer essa empresa prosperar ainda mais, porém, não me sinto satisfeito com isso. Ter que largar meus deveres em Londres e ter que me adaptar com uma nova rotina, novas pessoas e novos hábitos só me faz ter uma sensação assombrosa de irritação.

Olhando a poltrona do meu pai, lembro-me da última vez em que ele me ligou por chamada de vídeo. Sua expressão estava intragável. Mais uma vez ele iria me fazer odiar nossa relação desajustada como pai e filho.

      — Preciso que você volte para a cidade, Nollan.

Ele falou autoritário, e assinando um último documento, eu neguei em um gesto firme e respondi.

      — Você acha que posso me afastar de tudo só por que você quer me ver depois de 10 anos?

Ele se encostou em sua cadeira e respondeu.

      — Não me obrigue a tomar medidas drásticas.

Ele nem esperou eu responder, logo desligou a chamada e fechando meus olhos, puxei o ar com força para manter minha paciência intacta. Algo ele estava aprontando mas não vou deixar passar batido. Cada um que decidir infernizar minha vida, terá que lidar com meu pior.

Sei que posso ser bem irritante, indiferente e até mesmo arrogante quando quero, e sem dúvidas, farei cada um arrancar todos os fios de cabelo.

(...)

Com a mão fechadas em punho, atravessei o corredor após dar de cara com a assistente do meu pai. Eu realmente torcia para que fosse uma mulher mais velha e mal amada para que não me distraísse mas além de grosseira, também é a tentação em pessoa e o pior, me irrita para um caralho por que me faz sentir a necessidade de irrita-la como se a doença do meu pai não pesasse em nada na minha vida.

Sem dúvidas ela deve pensar que sou um sem coração, o que também não me interessa muito, já que tenho 75% de certeza de que meu pai está ótimo de saúde, e que tudo isso foi apenas uma forma de me obrigar a voltar para casa.

Soltando um suspiro, atravessei o hall de entrada da empresa e me direcionei até a vaga em que eu havia deixado meu carro e logo que me acomodei no acento, vejo Laysla Albuquerque olhando a sua volta enquanto andava apressada até um carro escuro e arqueando a sobrancelha, acompanhei ela entrando desesperada.

O carro tinha película escura, mas não era escura o suficiente e de onde estou, foi possível ver que ela iria trocar a saia dentro do minúsculo carro e coçando a garganta, desci do meu carro e me direcionei ate onde ela estava e dei algumas batidas no vidro sem olhar. No mesmo instante o carro parou de ranger e isso quer dizer que o carro é tão velho que já está rangendo com qualquer movimento.

Descabelada, a mulher abriu o vidro traseiros e levou um susto quando me viu ali parado.

— Eu sabia que tinha algo estranho com você, mas eu não tenho dinheiro para dar, então pode ir...

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