Christopher Brewer
Sentei minha cadeira massageando as têmporas. Problema e mais problemas, nunca pedi que a vida fosse um morango, mas custa muito ter um pouco de paz e esses funcionários fazerem o que são pagos para fazer? Paciência é uma virtude que não tenho. Se querem testar minha paciência, sinto que ela não existe. Minha secretária se atrapalha na minha frente ao colocar os papéis em cima da minha mesa, ajeitando óculos em seu rosto, ela se afasta da mesa esperando rapidamente as minhas próximas ordens.— Quero que o chefe do RH apareça na minha sala quanto antes. — Aviso, enquanto olha alguns papéis. — Vou fazer uma varredura nessa empresa. Perdemos mais de um milhão por conta da demora da entrega dos alimentos, tenho que fazer tudo para que essa empresa dê certo?! — Ela dá um pulo e coloca a mão com teu peito, se assustando. — Quero que revise a minha agenda e converse com meu assistente pessoal, teremos um evento beneficente organizado pela minha mãe. Cuide para a nossa empresa ser maior patrocinadora da festa, quero a lista de todos os patrocinadores.Minha secretária concorda com a cabeça repetidamente, solto ar pela boca. Que patética! Ela sente tanto medo de mim que com um simples olhar só falta mijar nas calças ela tem sorte por fazer um trabalho bem feito.— Hum… Sr. Brewer. — Respira fundo. — A senhorita Margot Zakema, avisou que estaria vindo te ver agora na parte da tarde.— Ela marcou horário? Ah, esquece. — Agito a mão no ar. — Vá, depois aviso quando poderá vir buscar os papéis.Minha secretária sai sem pensar duas vezes. Não queria me encontrar com Margot hoje, tenho muito trabalho para fazer e seria perda de tempo essa visita. Porém, não devo afastar a melhor amiga da minha falecida esposa. Conhecei Margot na faculdade , nos dávamos muito bem, mas quando casei Amanda e Margot se tornaram melhores amigas. Margot vem me ajudando muito com as crianças desde que Amanda faleceu, não posso afastar todas as pessoas que teve vínculo com a minha família há tantos anos. Por mais que já tenha descartado muita gente na minha vida com a morte da minha esposa, meus filhos não merecem isso. Então por eles mantêm poucas pessoas em contato direto conosco.As horas vão se passando aproveito o máximo para adiantar o meu trabalho, Margot se preocupa comigo e não quero ser rude com ela ao me preocupar com o trabalho enquanto ela perde algum tempo de sua vida vindo ver como eu estou. Ela havia acabado de chegar de viagem a trabalho e sempre que passava um tempo longe, vinha me ver e os meus filhos.— Não me imponto com o que você pense ou deixa de pensar. — Digo ao diretor do RH. — Essas pessoas vêm dando trabalho e não é de hoje. Só esse cara faltou metade do mês e você não fez nada! Acredita mesmo que pode favorecer os seus?!— Sr. Brewer… eu.. hum… — Outro que morre de medo de mim.— Talvez eu devesse te demite em vez deles. — Ele arregala os olhos e por dentro sorri. — Comece a fazer o seu trabalho direto ou não apenas vou te demitir por justa causa como cuidarei para precisar mudar de cidade para ter um novo emprego. Agora saia da minha sala!Tropeçando em seus próprios pés, ele sai correndo da minha sala quase caindo em cima da Margot ao abrir a porta, Margot olha assustada para ele ao entrar na minha sala. Quando me olhar ergue uma sobrancelha.— Aterrorizando seus funcionários de novo, Chris? — Fecha a porta atrás dela.Massageio as têmporas.— Que culpa tenho se não fazem o trabalho direito? — Me sentia esgotado.Margot suspira, preocupada. Ela dá a volta na minha mesa vindo para trás da minha cadeira, mesmo sabendo suas intenções deixo com que me faça encostar no encosto da minha cadeira e Margot começa a sua massagem em meus ombros.— Por Deus, Christopher! — Margot diz, levemente irritada. — Você está tenso demais.Me segura para não revelar os olhos com seu comentário, Margot é massagista por hobby. Houve um tempo que ela dedicou o seu tempo a essa área.— Não me culpe, mas o trabalho vem levantar um tempo e tem sido estressante. — Suspirei.Consegui relaxar quase instantaneamente quando ela apertou com mais força o meu ombro.— Precisa descansar, Chris. Cadê Joseph que não te ajuda…— Joseph não está preparado.— Então deveria começa a prepará-lo, Chris. — Margot para massagem e senta na minha mesa de frente para mim, sua perna roça na minha. — Daqui a um mês você estará fazendo trinta e sete anos, não vou deixar que passe trabalhando. Joseph tem trinta anos, está mais do que na hora de ganhar responsabilidades a mais. Talvez ser o vice-presidente.— Margot, ele não consegue parar com uma mulher. — A risada no fundo da minha garganta sai involuntária. — Imagina cuidar da empresa da família? Tenho três filhos que seriam mais responsáveis do que ele.Margot encolhe seus ombros cruzando seus braços.— Depois que Joseph falou que perdeu um grande amor, ele nunca mais se recuperou.— Exato! — Me levanto, vestindo o casaco do meu terno. — Amor esse que nunca soubemos que existia. Até que me mostre ser um homem maduro, não deixarei que tenha tamanha responsabilidade aqui dentro.Fecho meu notebook e Margot me acompanha ao sair da sala. Decidi ir embora mais cedo hoje, minha cabeça doía e ficar sentado atrás daquela mesa não me ajuda em nada. Magort segura na minha mão depois que chamo o elevador.— Você precisa descansar, Christopher. — Com o polegar acaricia minha mão. — Estou preocupada com você, principalmente com as crianças. Você sabe que eles são muito apegados a você.Deixo um pequeno sorriso surgi em meu rosto, pensa nos meus filhos é algo que me traz uma paz profunda. Hoje Sra. Molloy contratou uma nova babá. Pedro e Danielle destruiu o cabelo da pobre mulher enquanto dormia, Lilia, que me contou na manhã seguinte. Meus filhos são uma benção, mas são terríveis quando querem também. Mas é apenas uma fase.— Não tem porque se preocupar. — O elevador chega. — E deveria ir vê-los, sentem a sua falta.Margot sorri alegremente ao solta minha mão, entramos no elevador.— Ah, nem me fale. Estou com uma saudade imensa deles. — Seu sorriso diminui. — Infelizmente não vou agora, porque tenho que passar na casa dos meus pais. Depois de uma longa viagem preciso organizar minha vida deixada aqui.Sorri, entendendo pelo que está passando. Nos despedimos no elevador e cada um seguiu para seu carro, meu motorista dirigia tranquilamente pelas ruas de Nova York. Durante o caminho precisei fazer uma reunião online, o que fez meu estresse ser maior. No meu condomínio, saio do carro pisando tão firme no chão que meus dedos doem. Não dou chances de falar com Sra. Molloy que vinha atrás de mim, dizendo alguma coisa que não faço questão de ouvir.Paro.Olho ao redor.— Sr. Brewer…— Saia daqui Molloy!A senhora sai sem pensar duas vezes. No meio da sala só tinha a mulher que esbarrei hoje mais cedo. Seu cabelo está úmido e preso em um coque baixo, também trocou de roupa. O seu banho foi recente. Ela tinha um pequeno sorriso no rosto, mas podia ver o quanto estava nervosa na minha presença. Olho mais uma vez ao redor percebendo que minha casa está arrumada e que não tem nenhum empregado pedindo demissão. O que aconteceu tantas vezes que até sai em um site de fofoca questionando se não estava escravizando os meus funcionários.Estreito meus olhos em sua direção.— Como você fez meus filhos obedecerem?Bianca AlmeidaRespirei fundo vendo que estou toda ensopada de tinta, minhas roupas não teriam salvação. Pelo cheiro forte da tinta é um sinal nítido que não sairiam facilmente na água. Levanto o meu olhar lentamente para aqueles pestinhas, todos me olhavam com um sorrisinho no rosto e a risadinha que seria a coisa mais fofa se não tivesse acabado comigo com essa tinta. Rapidamente surge a lembrança daquela mulher de quando cheguei na mansão e ela passou por mim correndo e chorando.— Cerca de uma hora atrás, uma mulher saiu daqui chorando. — Olho para cada um com atenção. — Você tem alguma coisa a ver com isso?Parando para pensar e analisar toda a situação, é muito provável que aquela mulher tenha tido as mesmas chances que eu. Essas três lindas criaturas que estão na minha frente aprontou com ela a ponto de fazê-la chorar, pobre coitada preferiu não arriscar passar uma semana hoje. Danielle deu de ombros e olhou para os irmãos rindo.— Tem algumas que são mais fáceis. — Ela me olha
Christopher Brewer— Então quer dizer que você gostou da nova babá. — Bruno dá uma risadinha no outro lado da linha.— Não é nada disso. — Afloxei a gravata em meu pescoço. — Estou querendo dizer que pela primeira vez na vida não veio uma mulher aos pratos falando quanto meus filhos a maltratam ou recebi algum processo quanto a isso.Bruno Portinari é um amigo no tempo da faculdade, é um dos poucos que ainda mantém o contato além da Margot. Ele escolheu ir embora para Alemanha e ter a sua vida lá, gostava da sua companhia por mais que ele seja um chato. Bruno tem uma vida agitada e reconheço ser um péssimo padrinho em questão de vim ver os seus afilhados, mas em questão de mimá-los com presentes e viagens esse é um cargo que ele consegue exercer muito bem.Sentei e minha poltrona sentindo meus músculos se contraírem, hoje não passei nem perto da academia. Minha cabeça dói e parece que nos últimos dias a única coisa que fiz foi levantar peso, não trabalhei e nada mais. E a história é c
Bianca Almeida— Não sei os seus planos, mas por enquanto tem carta-branca para continuar. — Sra. Molloy diz quando entramos na cozinha. — Desde que os pequenos Brewer não sejam prejudicados e machucados, tudo bem.Faz pouco tempo que havia chagado com as crianças. Christopher está trabalhando de casa. Mesmo que sejam crianças atentadas, não faria mal nenhum a elas. Claro que precisamos chamar atenção, mas não sou pai e mãe de ninguém para usar outras formas que acredita dar certo na educação. Essas crianças precisam de limites e darei o meu melhor para ajudá-los. Christopher está na sala de cinema com seus filhos e por hora não preciso fazer nada já que a minha única função é cuidar das crianças, então aproveito esse momento para me inteirar sobre a vida delas. Não fiquei surpresa quando a Sra. Molloy me entregou outro dossiê, ela deve ter várias cópias guardadas para cada funcionário novo que chegar.Coloquei o dossiê em cima da mesa da cozinha e me sentei para poder estudar aquelas
Bianca Almeida— Danielle, eu não estou de brincadeira! — Bato em sua porta mais duas vezes.E sua resposta foi tocar a música da Ariana Grande – Thank U, Next. Ela trocava os nomes citados na música, o que me deixa horrorosa. Essa garota está sofrendo por quantos garotos? Na idade dela ainda brincava de Barbie, forcei a fechadura mais uma vez e nada da porta abrir. Sra. Molloy parece que se sente bem o suficiente para me deixar sozinha com as crianças depois de três dias de trabalho, não tive mais nenhum momento desastroso com Christopher e é maravilhoso. Porque lidar com essas crianças já é arriscado perder meu emprego, imagina com quem me paga.Pedro tem uma prova para fazer na escola e deixou seu caderno de anotações no quarto da irmã mais velha, Danielle tem uma prova de física para fazer e está cantando toda desafinada em vez de pegar suas coisas e ir para escola. O responsável por todo o horário das crianças, garantir que elas comprem toda a carga horária da sua agenda. Eu não
Bianca AlmeidaEstamos no hospital. Bem, antes o hospital do que a delegacia. A mãe do Fernandinho surtou quando a Lilia deu um soco no olho do seu filho, então precisei agir. Fingir tropeça na calça e cai batendo o braço no chão sem dar um grito bem exagerado. Pedro acordou em um segundo e veio até mim desesperado, nunca vir esse menino tão desestabilizado. Lilia pareceu, o motorista também e logo um monte de gente. Virei a palhaça no final de treno? Sim, mas evitei uma discussão com a mãe do Fernandinho.— Você não deveria ter feito…— Te ajudei bobão! — Lilia estava irritadíssima, nunca a vi assim.— Olha a boca. — Corrijo-a.Estou com o braço todo arranhado e meu tornozelo doendo. Meus cálculos foram piores do que o imaginado e me machuquei muito.— Que vergonha! — Pedro passa a mão pelo rosto de um jeito dramático. — Que vergonha! Fui defendido pela minha irmã mais nova, CINCO ANOS e tenho uma babá maluca.— Ei! — Me senti ofendida.— Mal-agradecido. — Lilia cruza os seus braços
Bianca AlmeidaEstou no escritório da casa do Sr. Brewer, neste momento estou sozinha e no caminho para a casa da sua família tomei liberdade em mandar uma mensagem para minha melhor amiga para preparar meu funeral. Claire conseguiu o papel que tanto sonhou, sendo um teatro da Broadway a sua rotina mudou completamente. Fico muito feliz pela minha amiga, mas confesso que sinto sua falta. Ela saberia muito bem como sair dessa encrenca que me meti ou agora estaria na cadeia, segunda opção é bem provável.No banco de trás as crianças ficaram quietinha, Pedro sentou entre mim e a Danielle, Lilia sentou no meu colo. Percebi quando Christopher olhava para nós pelo retrovisor. Agora estou em um escritório sombrio na espera do meu chefe. Margot não fez questão de me olhar quando chegamos na casa da família Brewer, não posso arrumar problema com essa mulher. Talvez esteja com Christopher agora para decidi minha sentença. A porta é abre e dou um pulinho, me assustando.— Não sabia que te causava
Bianca Almeida Logo na entrada do prédio onde aconteceria a apresentação encontramos com a Claire. A loira esbanja sorrisos ao nos ver. Minha amiga parecia estar bem animada, além do normal. Parece que os últimos dias têm sido bem movimentados em sua vida e estou louca para saber dos detalhes.— Olá, pequeninos. — Claire ignorada com sucesso, faz uma cara. — Lindos, mas mal-educados.Sra. Molloy dá um sorriso discreto, sabemos que essas crianças não são fáceis. Lilia ignora a loira e se despede correndo para uma das professoras. Dou um abraço na minha amiga e agradeço por vir. Sra. Molloy tentou entrar em contato com o tio das crianças, Joseph Brewer, irmão de Christopher. Infelizmente ele está fora da cidade e não poderia vir assistir à sobrinha, a parte boa é que ele chegou a ir em duas apresentações dos quatro que teve esse ano.Nos apressamos para sentar em nos nossos lugares. Sra. Molloy está com a câmera ligada, outra novidade que fiquei sabendo é que Christopher não vinha, mas
Christopher BrewerEsse lugar já teve um atendimento melhor. Não é sempre que trago a minha família aqui, mas eles sabem quem sou eu?! É claro que meus seguranças estão espalhados pelo estabelecimento, não deixarei meus filhos exposto para algum engraçadinho. Na supervisão dos seguranças ou estaríamos todos aqui no andar de cima esperando. Lilia ama esse lugar, Amanda costumava trazer as crianças aqui com frequência. Tudo era mais fácil e eficiente quando estava conosco.— Por Deus, Sr. Brewer. — Bianca choraminga. — Pare de andar de um lado para o outro. Está me deixando tonta.E nervosa também, porque Bianca estava se segurando para não reclamar. No fim, não aguentou. Minutos atrás quase tive a oportunidade de sentir o gosto de sua boca. Essa mulher vem me fazendo sentir algo estranho, quero gritar com ela e ser tão rude como sou com os outros. Mas não faço, quase nunca.— Fique quieta. — Olho para qualquer canto, menos para ela. — Deveria está irritada com eles.— Tem muita gente a