Bianca Almeida
— Não sei os seus planos, mas por enquanto tem carta-branca para continuar. — Sra. Molloy diz quando entramos na cozinha. — Desde que os pequenos Brewer não sejam prejudicados e machucados, tudo bem.Faz pouco tempo que havia chagado com as crianças. Christopher está trabalhando de casa. Mesmo que sejam crianças atentadas, não faria mal nenhum a elas. Claro que precisamos chamar atenção, mas não sou pai e mãe de ninguém para usar outras formas que acredita dar certo na educação. Essas crianças precisam de limites e darei o meu melhor para ajudá-los. Christopher está na sala de cinema com seus filhos e por hora não preciso fazer nada já que a minha única função é cuidar das crianças, então aproveito esse momento para me inteirar sobre a vida delas. Não fiquei surpresa quando a Sra. Molloy me entregou outro dossiê, ela deve ter várias cópias guardadas para cada funcionário novo que chegar.Coloquei o dossiê em cima da mesa da cozinha e me sentei para poder estudar aquelas crianças. Parece que meu problema principal é a Danielle, a pequena Lilia é a mais calma e fácil de conversar. Pedro tem o temperamento do pai, mesmo que siga os passos da irmã. Tem que começar a conquistar da pequena para a maior, tentando desestabilizar a mais velha. Até porque se a Danielle começar a cooperar teremos paz nessa casa. Perdi meu tempo ali sentada lendo o máximo que podia sobre as crianças, parando um pouco para descansar, troquei algumas mensagens com a Claire avisando que consegui o emprego.— Espero que não esteja passando informações sobre os meus filhos. — Christopher fala entrando na cozinha.Acabei me assustando e deixando o celular cair em cima da mesa, coloquei a mão contra o peito e respirei fundo.— Você me assustou! Não podia ter feito algum barulho…— A casa é minha. — Christopher passa por mim indo até a geladeira. — E os meus filhos são minhas prioridades, espero que esteja ciente.De costas para mim, suas palavras soam como uma ameaça. Engoli em seco.— Eu… não…— É apenas um aviso. — Sr. Brewer pega a água na geladeira e pega um copo no armário. — Preciso de uma babá competente e se você machucar meus filhos…Ele me lembrou que a Sra. Molloy falou mais cedo. E já havíamos conversado sobre esse assunto na sua visita inesperada a minha casa.— Meu Deus, gente! — Jogo minhas mãos no ar. — Tenho cara de machuco crianças? — Christopher franziu levemente a testa, achando meus gestos exagerados. — Preciso do emprego. — Sou sincera com ele. — Não vou fazer mal algum com seus filhos, sou uma pessoa boa e não duvido que você já tenha investigado até meus antepassados…— Você é sempre tão bocuda assim? — Christopher massageou as têmporas.Me calei, olhei para ele preocupada.— Você está bem? Posso ajudar?Christopher me olha estranhando minha pergunta. Será que fiz algo errado?— Você é sempre tão prestativa? — Não gosto do deboche em sua voz.— E você é tão…Christopher aponta o copo em minha direção, estreitando os olhos.— Cuidado com as suas palavras mocinhas.Agora sou eu que estranho as suas palavras comigo. Christopher acabou de falar comigo como se fosse uma criança. Ele também percebe o jeito que falou comigo e nem com a cabeça, pronto para sair da cozinha, mas ainda acredito que não esteja bem e me levanto para perguntar novamente. Péssima decisão, me levanto no justo momento que Christopher passa por mim e acabei batendo em seu copo que vira fazendo a água cair em seu corpo, assustada me afastou e tropeço em meus pés. Christopher rapidamente passa seu braço pela minha cintura, trazendo meu corpo para perto do seu.Com as minhas mãos em seu peito, ergo meu rosto olhando em seus olhos. Sua respiração está pesada e Christopher aperta seus dedos em minha pele por cima da minha blusa, seu olhar desce para minha boca. Oh, droga! O que está acontecendo? Olhei para sua boca e um sentimento estranho desperta em mim. Ai. Meu. Deus. Ele é meu chefe!Christopher respirou tão fundo, mas tão fundo que fiquei tonta por ele.— Sai.E não precisa dizer duas vezes, sai de seus braços e peguei o dossiê, saindo correndo da cozinha. O combinado é que ficasse até às 18 horas da noite, as crianças não queriam me ver nem pintada de ouro e a qualquer oportunidade estavam com o pai. O que acabou de acontecer com Christopher foi coisa de momento e esquecerei! Andando pela casa me perdi quatro vezes, mas sempre aparecia um funcionário para me salvar. A casa é muito grande e fácil de se perder, um dos funcionários me confessou que nessa casa tem mais de 20 empregados. Área externa da casa encontrei com a família Brewer, fiquei escondida na entrada vendo severo Sr. Brewer ser uma manteiga derretida com seus filhos. As crianças nem pareciam minis terroristas.O celular de Christopher tocou e ele precisou se afastar das crianças para atender o telefone. Automaticamente o rosto das crianças se tornaram tristes e cada um se levantou para fazer alguma coisa do seu interesse. Resolvi aparecer, estranhando essa mudança de humor.— Ei, por que está assim? — Olho na direção que Sr. Brewer foi. — Não vão esperar o pai de vocês?Danielle passa por mim sem dizer nada, não antes de bater seu ombro no meu. Achei que Pedro teria a mesma reação, mas parou na minha frente com Lilia.— Sempre que papai atende o celular significa que o nosso tempo com ele acabou. — O seu rostinho triste parte meu coração.— Papai trabalha muito, Pedro. — Lilia coloca a mão no ombro do irmão. — Mas ele ama a gente…Pedro afastou a mão da irmã e o sorriso triste virou raiva em seu rosto.— Será mesmo? — Pedro sai em passos firmes.Lilia abaixou a cabeça, se segurando para não chorar. Me abaixei na sua frente segurando seu queixo com delicadeza, fazendo a pequena olhar para mim.— Ei, não chora, princesa…— Papai ama eu e meus irmãos, não é tia Bi? — Tia Bi, ela me chamando assim, é tão fofo e engraçado ao mesmo tempo. Porém, na frente dos seus irmãos, Lilia fingia nem saber meu nome.— É claro que ama. — Faço cócegas nela e Lilia rir. — O pai de vocês ama demais vocês.— Então por que ele trabalha muito? Quando a minha mamãe era viva a gente viajava um montão. — Lilia abriu os braços o máximo que podia. — E agora… papai só sabe trabalhar.A carinha de choro veio novamente. Abracei Lilia, pedindo que não chorasse enquanto massageava suas costas. Parece que o grande bilionário Sr. Brewer não é tão presente na vida dos filhos, escolhendo o trabalho como prioridade. Isso explica muito. Seus filhos estão revoltados desse jeito sem deixar que parasse nenhuma babá, porque querem chamar atenção do pai. Talvez, garantir o meu emprego e selar a paz com essas crianças seja ajudá-la a ter a atenção do pai novamente.Ah, não vai ser nada fácil.Bianca Almeida— Danielle, eu não estou de brincadeira! — Bato em sua porta mais duas vezes.E sua resposta foi tocar a música da Ariana Grande – Thank U, Next. Ela trocava os nomes citados na música, o que me deixa horrorosa. Essa garota está sofrendo por quantos garotos? Na idade dela ainda brincava de Barbie, forcei a fechadura mais uma vez e nada da porta abrir. Sra. Molloy parece que se sente bem o suficiente para me deixar sozinha com as crianças depois de três dias de trabalho, não tive mais nenhum momento desastroso com Christopher e é maravilhoso. Porque lidar com essas crianças já é arriscado perder meu emprego, imagina com quem me paga.Pedro tem uma prova para fazer na escola e deixou seu caderno de anotações no quarto da irmã mais velha, Danielle tem uma prova de física para fazer e está cantando toda desafinada em vez de pegar suas coisas e ir para escola. O responsável por todo o horário das crianças, garantir que elas comprem toda a carga horária da sua agenda. Eu não
Bianca AlmeidaEstamos no hospital. Bem, antes o hospital do que a delegacia. A mãe do Fernandinho surtou quando a Lilia deu um soco no olho do seu filho, então precisei agir. Fingir tropeça na calça e cai batendo o braço no chão sem dar um grito bem exagerado. Pedro acordou em um segundo e veio até mim desesperado, nunca vir esse menino tão desestabilizado. Lilia pareceu, o motorista também e logo um monte de gente. Virei a palhaça no final de treno? Sim, mas evitei uma discussão com a mãe do Fernandinho.— Você não deveria ter feito…— Te ajudei bobão! — Lilia estava irritadíssima, nunca a vi assim.— Olha a boca. — Corrijo-a.Estou com o braço todo arranhado e meu tornozelo doendo. Meus cálculos foram piores do que o imaginado e me machuquei muito.— Que vergonha! — Pedro passa a mão pelo rosto de um jeito dramático. — Que vergonha! Fui defendido pela minha irmã mais nova, CINCO ANOS e tenho uma babá maluca.— Ei! — Me senti ofendida.— Mal-agradecido. — Lilia cruza os seus braços
Bianca AlmeidaEstou no escritório da casa do Sr. Brewer, neste momento estou sozinha e no caminho para a casa da sua família tomei liberdade em mandar uma mensagem para minha melhor amiga para preparar meu funeral. Claire conseguiu o papel que tanto sonhou, sendo um teatro da Broadway a sua rotina mudou completamente. Fico muito feliz pela minha amiga, mas confesso que sinto sua falta. Ela saberia muito bem como sair dessa encrenca que me meti ou agora estaria na cadeia, segunda opção é bem provável.No banco de trás as crianças ficaram quietinha, Pedro sentou entre mim e a Danielle, Lilia sentou no meu colo. Percebi quando Christopher olhava para nós pelo retrovisor. Agora estou em um escritório sombrio na espera do meu chefe. Margot não fez questão de me olhar quando chegamos na casa da família Brewer, não posso arrumar problema com essa mulher. Talvez esteja com Christopher agora para decidi minha sentença. A porta é abre e dou um pulinho, me assustando.— Não sabia que te causava
Bianca Almeida Logo na entrada do prédio onde aconteceria a apresentação encontramos com a Claire. A loira esbanja sorrisos ao nos ver. Minha amiga parecia estar bem animada, além do normal. Parece que os últimos dias têm sido bem movimentados em sua vida e estou louca para saber dos detalhes.— Olá, pequeninos. — Claire ignorada com sucesso, faz uma cara. — Lindos, mas mal-educados.Sra. Molloy dá um sorriso discreto, sabemos que essas crianças não são fáceis. Lilia ignora a loira e se despede correndo para uma das professoras. Dou um abraço na minha amiga e agradeço por vir. Sra. Molloy tentou entrar em contato com o tio das crianças, Joseph Brewer, irmão de Christopher. Infelizmente ele está fora da cidade e não poderia vir assistir à sobrinha, a parte boa é que ele chegou a ir em duas apresentações dos quatro que teve esse ano.Nos apressamos para sentar em nos nossos lugares. Sra. Molloy está com a câmera ligada, outra novidade que fiquei sabendo é que Christopher não vinha, mas
Christopher BrewerEsse lugar já teve um atendimento melhor. Não é sempre que trago a minha família aqui, mas eles sabem quem sou eu?! É claro que meus seguranças estão espalhados pelo estabelecimento, não deixarei meus filhos exposto para algum engraçadinho. Na supervisão dos seguranças ou estaríamos todos aqui no andar de cima esperando. Lilia ama esse lugar, Amanda costumava trazer as crianças aqui com frequência. Tudo era mais fácil e eficiente quando estava conosco.— Por Deus, Sr. Brewer. — Bianca choraminga. — Pare de andar de um lado para o outro. Está me deixando tonta.E nervosa também, porque Bianca estava se segurando para não reclamar. No fim, não aguentou. Minutos atrás quase tive a oportunidade de sentir o gosto de sua boca. Essa mulher vem me fazendo sentir algo estranho, quero gritar com ela e ser tão rude como sou com os outros. Mas não faço, quase nunca.— Fique quieta. — Olho para qualquer canto, menos para ela. — Deveria está irritada com eles.— Tem muita gente a
Christopher BrewerNão entendo esse chilique todo, não tem como agradar essa mulher? Não que eu queira agradá-la. Só não quero que morra na hora do expediente. Na mesa tem dois x-burgues, três mistos quentes, um hambúrguer, duas latas de guarana para que ela consiga engolir tudo. Também tem dois pedaços de pizzas e pensei em completar com doces, Bianca tem cara que gosta de doces, então comprei um pedaço de bolo de chocolate, um brigadeiro, um botinho de doce de leite e um milkshake de morango.— Já sei! Você está fazendo dieta. — Nego com a cabeça, essas mulheres. — Infelizmente não tem muitas coisas saudades aqui. Para haver um equilíbrio comprei duas saladas de frutas, você é tolerante a lact
Bianca AlmeidaÉ como se eu tivesse recebido uma grande quantidade de anestesia e não corresponde ao beijo do Christopher, não no primeiro momento. Senti seus lábios no meu no primeiro instante foi como se visse toda minha vida diante dos meus olhos, sabe quando a pessoa diz que antes da morte passa um filme da sua vida? Então! E nessa foi como ver a parte ruim de beijar o meu chefe, Christopher é um homem lindo e gostoso. Não tem como falar do contrário! É claro que sinto atração por ele. E esse beijo foi algo totalmente inesperado, parecia errado e Christopher percebeu também. Ele iria se afastar. Porém, foi a minha vez de reagir.Deixei com que o copo caísse no chão, não se importando com o gosto nada agradável do Gim.Envolvi meus braços em volta do seu pescoço e ao mesmo tempo empurrando seu corpo para trás fazendo com que sentasse novamente. Com uma perna cada lado do seu corpo, sentei em seu colo. Não sou a mulher mais ousada que conheço, mas sentia meu corpo esquentar e a cor
Bianca AlmeidaA semana seguiu e queria poder dizer que foi uma semana tranquila. Pedro quase colocou fogo na escola e uma experiência de ciência feita em sala de aula. Lilia correu pela casa e acabou quebrando o braço. Danielle cismou que quer ir passar o final de semana na casa de campo dos pais da sua melhor amiga, e o casal passaria o final de semana fora e convidou a Danielle por ser melhor amiga da sua filha. O problema é que Christopher nunca deixou esse tipo de evento acontecer. E no caso iria apenas a Daniele e os mais novos não, sou babá dos três. O Sr. e a Sra. Wise garantiu toda a segurança e que teria duas babás, sendo uma para cada.— Mas papai…— Sem mais, Danielle. — Christopher dá um olhar severo para a filha. — Você não vai e já discutimos sobre esse assunto durante a semana.Danielle fecha seus punhos com tanta força que imagino que tenha sentido dor.— Eu te odeio! — grita e corro para seu quarto.— Eu também te amo. — Christopher revira os olhos e tira o seu tern