Capítulo 4

Christopher Brewer

— Então quer dizer que você gostou da nova babá. — Bruno dá uma risadinha no outro lado da linha.

— Não é nada disso. — Afloxei a gravata em meu pescoço. — Estou querendo dizer que pela primeira vez na vida não veio uma mulher aos pratos falando quanto meus filhos a maltratam ou recebi algum processo quanto a isso.

Bruno Portinari é um amigo no tempo da faculdade, é um dos poucos que ainda mantém o contato além da Margot. Ele escolheu ir embora para Alemanha e ter a sua vida lá, gostava da sua companhia por mais que ele seja um chato. Bruno tem uma vida agitada e reconheço ser um péssimo padrinho em questão de vim ver os seus afilhados, mas em questão de mimá-los com presentes e viagens esse é um cargo que ele consegue exercer muito bem.

Sentei e minha poltrona sentindo meus músculos se contraírem, hoje não passei nem perto da academia. Minha cabeça dói e parece que nos últimos dias a única coisa que fiz foi levantar peso, não trabalhei e nada mais. E a história é completamente diferente. Os trabalhos vêm me sufocando, cada dia um problema mais para resolver. Faz alguns minutos desde que me despedi da senhorita Almeida e voltei para casa.

Queria ver como era a sua reação ao estarmos sozinha comigo por um curto tempo. Estou intrigado em relação a ela com os meus filhos, Bianca é uma mulher sem escrúpulos. É uma mulher bocuda e não abaixa a cabeça, talvez seja esse o motivo que esteja me entregando. Estou acostumado com que todos tenham medo de mim e ela não tem.

— Consigo perceber todos os seus sentimentos quando está ao meu lado. Fica nervosa e por vezes trêmula…

Gosto de ter o controle de quem entra e sai da vida dos meus filhos, além de tudo que chega a eles.

— Claro! Você dá medo em qualquer um. — Bruno ri mais uma vez. — Qual é Christopher? Finalmente encontrou uma babá para os seus filhos…

— Hoje ainda é o segundo dia…

— Você pode ter encontrado a babá certa para os seus filhos. — continua falando e me ignora. — Todos sabemos que quando o assunto são seus filhos você é um pai protetor. E sabemos que essa proteção aumentou depois da morte da Amanda. Posso não ser um padrinho presente, mas amo seus filhos. — Bruno suspira. — Se Bianca tivesse cometido algum erro na vida, você já teria mandado embora. Então o que te perturba…

— Ela tem um namorado.

Levantei todas as informações sobre a vida de Bianca Almeida, sei que sem trabalho ela será deportada para o Brasil. Bruno sempre fez questão de ajudar na escolha da babá das crianças, então Bianca Almeida também passou pelas suas pesquisas. Antes da sua amiga Claire seria a nossa opção, mas ela teve uma oportunidade em uma peça de teatro. A última empresa em que Bianca trabalhou faliu, um sócio roubou todo o dinheiro e fugiu com a amante. Com a garantia de um trabalho, Bianca poderá se manter em Nova York, ela ainda não conseguiu a sua cidadania permanente.

— Você está brincando, não é? — a voz arrastada de Bruno me irrita.

— Não. Se essa mulher inventa de colocar esse homem na minha casa enquanto estiver viajando… Pior! Esteja planejando um sequestro dos meus filhos…

— Meu Deus. — Sussurrou.

— Pode ser uma quadrilha e lentamente está persuadindo os meus filhos a passar para o seu lado para depois sequestrá-los. — Pensar nessa possível ideia me faz ficar alterado. Me levantei andando pelo meu escritório e respirando fundo. — Tenho que tomar todos os cuidados possíveis.

— Sabe o que penso? — Escuto um barulho do outro lado da linha, mas não consegui identificar o que era.

Uma risada sem emoção já sabendo das suas palavras.

— Que estou ficando maluco? — Revirei os meus olhos, não gostando da tamanha petulância que esse homem tem.

— Não, o que penso é que você está traído pela Bianca Almeida. — Bruno fala com toda a certeza.

— Você ficou maluco?! — Grito com ele.

Não era a minha intenção gritar com Bruno, mas suas palavras me pegaram completamente de surpresa. Ele dá uma risada alta.

— Christopher, finalmente esse pinto vai ter emoção…

— Bruno!

— O que foi meu amigo? — Sua risada foi parando lentamente. — Uma coisa é transar por transar, outra coisa é realmente estar atraído por alguém. A conexão é completamente diferente. Você sabe disso.

Passei a mão pelo rosto me perguntando por que ainda não tenho contato com esse homem. Bruno gosta de trabalhar tanto quanto eu, é o que temos muito em comum. Decidi ter a minha família com Amanda, a mulher que amei durante a faculdade e queria estar com ela durante a minha vida toda. Bruno, por outro lado, terminou seu relacionamento e foi curtir a vida sem se apegar a ninguém, é claro que durante esses anos ele já teve um relacionamento sério. Porém, com seus 33 anos, ainda não havia se casado.

— Vou desligar…

— Não vai não! Logo agora que finalmente estou me divertindo com essa conversa. — Xingo Bruno e sua risada me irrita novamente. Está muito risonho hoje. — Não faz nem dois dias que você conhece essa mulher e agora descobre que ela tem um namorado. Namorado esse que você descobriu entrando em contato com alguém, que entrou em contato com outro alguém e assim por diante. Caraca, Christopher! Desde quando você ficou tão obsessivo assim?

Não sou obsessivo.

— Você nunca pesquisou o básico, mas a ponto de ir até a casa da mulher tentar saber se tem um homem na vida dela…

— Não fui por causa disso!

Bruno não está me ouvindo e está criando teorias muito loucas nessa cabeça oca que ele tem. Sinceramente me questiono como ele é tão bem-sucedido em sua empresa.

— Sim, foi sim! Você ainda não deve entender exatamente o que está te deixando atraído por essa mulher, mas está…

— Não vou colocar uma mulher na minha casa…

— A Amanda morreu, Christopher! — Não havia mais risada em sua voz. — Faz dois anos e você precisa aceitar. A Amanda que conhecemos quer que você seja feliz, não feche os seus olhos e finja que o que estou falando é algo sem noção. Estou preocupado com você meu amigo, precisa seguir em frente não é apenas pelos seus filhos. É por você!

Não consigo argumentar e dizer que ele está errado. Não… falar da Amanda me deixa completamente destabilizado. Bruno poderia estar certo em algumas coisas, mas não estou atraído por Bianca. Sua presença me desperta curiosidade, apenas. Pelo que o meu investigador me deixou ciente, ele andou conversando com umas colegas do outro trabalho de Bianca, elas a viram Bianca frequentemente como um cara, mas nada que fosse muito sério.

Bruno não precisava saber desse detalhe.

Minha curiosidade é apenas ver que Bianca tem muito tempo para namorar para uma pessoa que estava prestes a ser deportada, deveria estar se preocupando com trabalho e não namorando. Que seja! Estou perdendo meu tempo com essa conversa inútil, não estou atraído pela Bianca e não facilitarei para essa mulher.

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