Guilherme narrandoMeu corpo ainda estava colado ao dela, minha respiração pesada, tentando se normalizar depois da intensidade do que acabamos de viver. Camila estava debaixo de mim, os olhos fechados, a pele corada, os lábios entreabertos, como se estivesse absorvendo cada sensação.Passei a mão pelo rosto dela, afastando uma mecha de cabelo, e ela abriu os olhos devagar, me encarando com aquele olhar que sempre me prendeu.— Isso nunca acabou… — repeti baixinho, sentindo meu peito apertar com a verdade que aquelas palavras carregavam.Camila respirou fundo, desviando o olhar, e eu soube que ela estava tentando organizar os pensamentos. Mas eu não queria que ela fugisse de novo.Me afastei apenas o suficiente para deitar ao lado dela, puxando-a para meu peito. Ficamos ali, em silêncio, apenas sentindo o calor um do outro.— No que você tá pensando? — perguntei, deslizando os dedos suavemente por sua cintura.Ela demorou um pouco para responder, como se estivesse escolhendo as palavr
Guilherme narrando :Ficamos ali por alguns minutos, nossos corpos ainda colados, a água quente escorrendo sobre nós, lavando tudo ao redor, menos a intensidade do que acabamos de viver. Meu coração ainda batia forte, a respiração dela ainda estava acelerada contra meu peito.Segurei o rosto de Camila com as mãos, forçando-a a me encarar. Seus olhos estavam brilhando, misturando desejo, confusão e algo mais que eu não conseguia decifrar.— Eu não quero que isso seja só um momento, Camila — falei baixo, com sinceridade.Ela piscou algumas vezes, como se tentasse processar minhas palavras, e suspirou, desviando o olhar por um segundo.— Guilherme… — começou, mordendo o lábio, como se escolhesse as palavras certas. — A gente se perdeu uma vez, e eu tenho medo de acontecer de novo.Passei o polegar suavemente por sua bochecha, sentindo sua pele quente.— A gente se perdeu porque armaram para separar a gente — corrigi. — Mas agora, eu não vou deixar mais nada nos afastar.Ela fechou os olh
Camila narrando :Olhei para trás e vi Gabi sentada na cadeirinha, balançando as perninhas com um sorriso enorme no rosto. O jeito que ela olhava para Guilherme, cheia de admiração, me dava um nó na garganta. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, esse momento chegaria, mas vê-los juntos assim, como pai e filha, ainda era algo que mexia muito comigo.— Tá feliz, filha? — perguntei, sorrindo para ela pelo retrovisor.— Muito! Eu vou comer camarão de verdade, mamãe! O papai disse que eu posso comer quantos eu quiser!Revirei os olhos, rindo baixinho.— Você vai acabar passando mal de tanto comer.— Nada! — ela retrucou, rindo. — Eu sou forte!Guilherme soltou uma risada ao meu lado, me lançando um olhar divertido.— Deixa ela aproveitar, Camila.Suspirei, cruzando os braços.— Você vai mimar essa menina, eu tô vendo.— Claro que vou! Eu perdi sete anos da vida dela, agora tenho que compensar.Engoli em seco, desviando o olhar pela janela. Ele sempre falava disso, e por mais que fosse ve
Camila narrandoChegamos ao shopping e, assim que entramos, Gabi começou a olhar tudo com os olhos brilhando. Para ela, aquilo era um parque de diversões.— Onde vende tablet, papai? — ela perguntou, segurando a mão de Guilherme e quase puxando ele pra frente.Ele riu, apertando os dedinhos dela.— Calma, princesa. Vamos primeiro ver um modelo legal, escolher direitinho.Gabi concordou, mas já estava cheia de energia, olhando as vitrines com curiosidade.Eu caminhava ao lado deles, um pouco em silêncio. Era estranho estar ali, como uma família, depois de tantos anos. As pessoas que olhassem de fora jamais imaginariam a bagunça que tinha sido a nossa história.Entramos em uma loja de eletrônicos, e um vendedor logo veio nos atender.— Boa tarde! Como posso ajudar?Gabi nem esperou a gente falar.— Eu quero um tablet!O vendedor riu, lançando um olhar divertido para nós.— E qual você quer, mocinha?— Um bem legal, que tenha joguinhos e dê pra ver vídeos!Guilherme se abaixou ao lado de
Camila narrando :Peguei a mão da Gabi e saí dali o mais rápido que pude, meu coração martelando no peito, minha visão embaçada pelas lágrimas que eu tentava segurar.— Camila, espera! Vamos conversar! — Guilherme veio atrás de mim, sua voz carregada de desespero.Mas eu não parei. Eu não queria ouvir mais nada.— Mamãe, por que a gente tá correndo? — Gabi perguntou, tentando acompanhar meu passo apressado.Respirei fundo, tentando manter a calma para não assustá-la.— A gente só tá indo pra casa, filha — respondi, a voz embargada.— Camila, por favor! — Guilherme insistiu, me alcançando e segurando meu braço com delicadeza, mas firme.Parei no meio do estacionamento e virei para ele, sentindo o sangue ferver.— O que foi, Guilherme?! O que mais você quer? Me humilhar mais um pouco?!Ele passou a mão pelo cabelo, frustrado.— Eu ia te contar! Eu só... Eu só não sabia como!— Ah, que ótimo, né? — Ri sem humor. — Ia me contar quando? Depois que a gente já tivesse junto de novo? Depois q
Guilherme narrando:Saí do prédio da Camila sentindo um peso no peito, como se estivesse carregando o mundo nas costas. Entrei no carro e bati a porta com força, soltando um suspiro pesado.Minha cabeça estava uma confusão. Eu sabia que essa conversa ia ser difícil, mas ver o olhar da Camila, a decepção, a raiva… aquilo me destruiu.Dirigi até o hotel sem nem prestar atenção no caminho. Meus pensamentos estavam a mil. Camila precisava de tempo, e eu ia dar isso a ela, mas não ia desistir. Eu nunca desisti de nada na minha vida, e não seria agora que eu faria isso.Estacionei o carro no subsolo do hotel e fui direto para o meu quarto. Assim que entrei, joguei as chaves na mesa e passei as mãos pelo rosto, tentando controlar a raiva que começava a crescer dentro de mim.Jamile.Ela fez isso de propósito. Ela esperou o pior momento possível pra jogar aquela bomba na Camila, pra estragar tudo. Ela sabia o que estava fazendo.Tirei a camisa e joguei no chão, indo direto pro banheiro. Ligue
Camila narrando:Cheguei em casa com a cabeça a mil, e logo vi a dona Maria vindo pra sala, me olhando com aquele olhar de quem já sabia que algo tinha acontecido.— E a Gabi? — perguntei, tentando desviar o foco.— Já troquei ela e já se deitou pra dormir — ela respondeu, me analisando. — Agora me diz, o que aconteceu, Camila?Soltei um suspiro pesado e me joguei no sofá, sentindo o peso do dia nas minhas costas.— Eu e o Guilherme… a gente tinha se acertado. Ficamos a manhã juntos, foi tudo tão bom… — minha voz foi ficando mais baixa. — E agora à tarde, a gente foi passear com a Gabi. Ela tava tão feliz… Mas quando estávamos saindo do shopping, aquela doida da namorada dele apareceu e jogou na minha cara que tá grávida dele.Dona Maria arregalou os olhos, levando a mão à boca.— Minha nossa…Assenti, sentindo um nó na garganta.— Eu não sei o que fazer. Não sei como lidar com isso. Achei que depois de tudo, finalmente ia dar certo entre a gente… mas agora tem outra criança na histór
Jamile narrando :Entrei no meu quarto e fechei a porta com força, meu coração disparado. Minhas mãos tremiam enquanto eu procurava alguma coisa no armário para vestir. Eu precisava sair dali antes que Guilherme me obrigasse a ir naquele médico.Meu Deus… o que eu fui fazer?Joguei algumas roupas na cama e tentei respirar fundo, mas o desespero só aumentava. Eu não estava grávida. Nunca estive.Eu paguei uma mulher na minha cidade pra fazer o exame no meu nome. Uma mulher qualquer, que precisava de dinheiro, e aceitou me ajudar nessa mentira. Foi tudo tão fácil… fácil até agora.Guilherme nunca quis ficar comigo de verdade, eu sabia disso. Ele sempre amou aquela vadia da Camila. Mas quando eu soube que ela tinha aparecido de novo, que ele tinha uma filha com ela, eu surtei!Eu precisava segurá-lo de alguma forma.E foi aí que tive a ideia. Se eu tivesse um filho dele, ele nunca me deixaria.Mas agora… agora tudo estava desmoronando. Ele quer me levar num médico. Como vou sair dessa?S