Jamile narrando :Entrei no meu quarto e fechei a porta com força, meu coração disparado. Minhas mãos tremiam enquanto eu procurava alguma coisa no armário para vestir. Eu precisava sair dali antes que Guilherme me obrigasse a ir naquele médico.Meu Deus… o que eu fui fazer?Joguei algumas roupas na cama e tentei respirar fundo, mas o desespero só aumentava. Eu não estava grávida. Nunca estive.Eu paguei uma mulher na minha cidade pra fazer o exame no meu nome. Uma mulher qualquer, que precisava de dinheiro, e aceitou me ajudar nessa mentira. Foi tudo tão fácil… fácil até agora.Guilherme nunca quis ficar comigo de verdade, eu sabia disso. Ele sempre amou aquela vadia da Camila. Mas quando eu soube que ela tinha aparecido de novo, que ele tinha uma filha com ela, eu surtei!Eu precisava segurá-lo de alguma forma.E foi aí que tive a ideia. Se eu tivesse um filho dele, ele nunca me deixaria.Mas agora… agora tudo estava desmoronando. Ele quer me levar num médico. Como vou sair dessa?S
Guilherme narrando :Eu fiquei ali, parado, olhando para a tela do ultrassom, ouvindo aquele som acelerado e ritmado. O coração do bebê. Meu filho.Senti algo estranho dentro de mim. Era um misto de surpresa, responsabilidade e, acima de tudo, confusão. Eu ia ser pai de novo.— Sete semanas… — murmurei, tentando calcular mentalmente.O tempo bateu certinho com os últimos meses que passei com a Jamile. Eu não tinha dúvidas de que esse bebê era meu. Ou pelo menos, era isso que eu pensava.— O bebê está bem? — perguntei ao médico, sem tirar os olhos da tela.— Sim, tudo indica que está se desenvolvendo perfeitamente — ele respondeu, ajustando o som para que pudéssemos ouvir o coração batendo.Aquele som me pegou de jeito. Me trouxe de volta pro momento em que descobri sobre a Gabi, minha filha com a Camila. Me fez lembrar de tudo que perdi, do tempo que nunca mais voltaria. E eu não queria cometer os mesmos erros.Olhei para Jamile. Ela estava pálida, como se tivesse acabado de receber a
Jamile narrando : Desci do carro dele e subi pro meu apartamento, minhas mãos tremiam enquanto eu apertava o botão do elevador. Minha cabeça girava. Como isso aconteceu? Como deixei chegar nesse ponto? A porta do elevador se abriu, e eu entrei rápido, apertando o andar do meu apartamento. Encostei na parede fria, tentando recuperar o fôlego. Guilherme quer o exame. — Droga… — murmurei baixinho, passando as mãos pelo rosto. Ele nunca duvidou de mim antes, sempre confiou no que eu dizia. Mas agora… agora ele tava determinado a descobrir a verdade. E eu não podia deixar isso acontecer. Quando cheguei no meu andar, saí apressada, abri a porta do apartamento e joguei minha bolsa no sofá. Andei de um lado pro outro, tentando pensar em alguma solução. Eu precisava tirar essa ideia da cabeça dele. Peguei meu celular e disquei rápido o número de uma pessoa que devia um favor pra mim e pra minha sorte ela poderia me ajudar, já que também estava aqui no rio. — Oi, é a Luísa… – Sim
Camila narrando:Caminhava pelas ruas como fazia todos os dias depois para deixar a Gabi na escola. O sol da manhã aquecia meu rosto, mas meu peito ainda estava pesado. A confusão que se instalou na minha cabeça desde ontem não me deixava em paz.— Mamãe? — Gabi me chamou, segurando minha mão enquanto caminhávamos até o portão da escola.— Oi, filha?Ela mordeu o lábio, meio pensativa.— O papai vem me buscar hoje?Senti um aperto no coração. Eu não sabia o que responder. Depois do que aconteceu no shopping, Guilherme não me mandou nenhuma mensagem, e eu também não fui atrás.Suspirei e me abaixei na altura dela.— Eu não sei, meu amor… Mas, se ele não puder vir, eu venho, tá bom?Ela fez um biquinho, claramente desapontada, mas assentiu.— Tá bom, mamãe… mas eu queria que ele viesse — disse baixinho.Senti um aperto no peito. Eu entendia o lado dela. Durante sete anos, minha filha sonhou com a presença do pai, e agora que ele apareceu, ela só queria aproveitar cada momento.Acariciei
Camila narrando :Fiquei ali, parada, olhando para Guilherme como se finalmente enxergasse o que eu precisava ver esse tempo todo. Ele estava disposto a lutar por mim. Por nós.Suspirei profundamente, sentindo o peso de tudo sobre meus ombros. Mas, no fundo, uma chama de esperança começou a crescer. Eu não queria mais fugir. Não queria mais viver com medo do passado.— Tá bom, Guilherme — minha voz saiu firme, mais do que eu esperava. — Eu vou lutar por você. Pela gente. Pela nossa família.Os olhos dele brilharam, um sorriso leve surgiu em seus lábios antes que ele segurasse minhas mãos com força.— É só isso que eu quero, Camila. Que a gente fique juntos, que a gente enfrente tudo lado a lado.Assenti, sentindo um nó na garganta.— Mas eu preciso que você me prometa uma coisa.Ele franziu o cenho, esperando.— Não me decepcione de novo — minha voz saiu mais baixa, mas carregada de sentimento.Guilherme passou a mão no meu rosto, deslizando o polegar na minha bochecha de leve.— Eu n
Guilherme narrandoOlhei para Camila sentada na cadeira do escritório, absorvendo tudo. Ela estava tentando disfarçar, mas eu via nos olhos dela o peso da decisão. Eu sabia que ela ainda estava insegura, com medo de que tudo isso fosse passageiro, de que eu fosse desaparecer de novo. Mas isso não ia acontecer. Nunca mais.Aproximei-me devagar e me encostei na mesa, ficando de frente para ela.— Eu sei que tudo isso tá acontecendo rápido demais pra você — falei, cruzando os braços. — Mas quero que entenda uma coisa: isso aqui, essa empresa, esse futuro… tudo isso também é seu, Camila.Ela balançou a cabeça, suspirando.— Eu não quero nada, Guilherme. Eu só quero que a Gabi tenha tudo o que ela merece.Abaixei um pouco a cabeça e soltei um riso leve, negando com a cabeça.— Você ainda não entendeu, né? Tudo que é meu é da nossa filha. Mas alguém precisa ajudar ela a cuidar disso no futuro. E esse alguém é você.Os olhos dela se arregalaram levemente.— Eu nunca me envolvi com esse tipo
Camila narrando :Quando vi aquela mulher descendo do carro com aquele sorriso nojento no rosto, já senti o sangue ferver. Eu sabia que ela não prestava, mas precisava mesmo vir até minha casa pra tentar jogar veneno?Não ia deixar barato.Cruzei os braços, tentando manter a calma, mas já pronta pra atacar.— E você veio aqui fazer o quê, Jamile? — soltei, estreitando os olhos. — Não teve show suficiente ontem no shopping?Ela deu um risinho debochado e jogou o cabelo pro lado, como se estivesse em vantagem.— Ah, Camila... Eu só vim garantir que você saiba onde tá se metendo.Guilherme, que até então tava só observando, bufou, já perdendo a paciência.— Jamile, já deu. Sai daqui. — A voz dele saiu dura, fria, sem paciência pra mais uma cena.Mas ela ignorou ele completamente e se virou pra mim, com aquele olhar de superioridade que me dava nojo.— Eu tô grávida, sabia?Eu dei um passo à frente, mantendo a expressão fria.— E eu com isso?Ela piscou, surpresa, como se esperasse que eu
Camila narrando :O almoço seguiu tranquilo, e, eu me senti em paz. Guilherme tava ali, comendo na mesma mesa que eu e nossa filha, se enturmando com Dona Maria, e até parecia que tudo sempre tinha sido assim. Ele contava algumas histórias da infância e ria com Gabi, que olhava pra ele com aquele brilho nos olhos, como se fosse o herói dela.Dona Maria observava tudo em silêncio, de vez em quando lançando um olhar avaliador pra Guilherme, como se quisesse ter certeza de que ele tava ali pra ficar.— Então, Guilherme... Quais são seus planos agora? — ela perguntou, colocando mais suco no copo da Gabi.Ele olhou pra mim, depois pra ela, e soltou um suspiro.— Quero cuidar da minha filha. Quero ser um pai presente, dar a ela tudo o que ela merece. — Ele sorriu, bagunçando o cabelo de Gabi, que riu. — E quero reconquistar a Camila... Se ela deixar.Meu coração acelerou, mas tentei manter a expressão neutra. Dona Maria cruzou os braços, avaliando ele por alguns segundos antes de falar:— S