Capítulo 27Camila narrando :Continuação :Cruzei os braços e encarei a Nanda de cima a baixo, segurando a vontade de voar no pescoço dela.— E você, Nanda? Até quando vai continuar sendo essa pessoa podre? — cuspi as palavras, sem paciência pra falsidade dela.Ela revirou os olhos, debochada.— Ah, Camila, fala sério. Você sabe que esse tipo de gente não é pra você. Olha pra ele! — apontou pro Guilherme, como se ele fosse inferior.Senti meu sangue ferver. Antes que eu respondesse, Guilherme apertou minha mão, tentando me acalmar.— Deixa pra lá, Camila. Essa garota não merece sua energia.Mas eu não conseguia deixar passar. Dei um passo à frente, olhando bem na cara da Nanda.— Sabe o que não é pra mim? Gente nojenta como você. Que acha que vale alguma coisa só porque tem dinheiro. Você pode ter o sobrenome bonito, mas é podre por dentro.O sorriso dela sumiu na hora. Algumas pessoas ao redor começaram a olhar, percebendo a treta se formando.— Você não me conhece, Camila. Tá se ac
Capítulo 28Camila narrando :Continuação :Ele tamborilou os dedos na mesa, o olhar pesado me perfurando. Fechei a porta atrás de mim e fiquei parada ali, esperando ele falar. O silêncio foi cortado por um suspiro irritado.— Onde você estava, Camila? — a voz dele era dura, sem paciência.Engoli em seco, mantendo a postura firme.— Na escola. Onde mais eu estaria?Ele soltou uma risada seca, como se já estivesse farto antes mesmo da conversa começar.— Não se faça de sonsa. Eu sei que você saiu com aquele moleque. Sabe quantas pessoas me viram sua cena ridícula no meio da rua?Meu estômago revirou, mas tentei não demonstrar.— Eu não fiz nada de mais, pai. Eu só fui até o ponto com ele.Ele se levantou, ajeitando a gravata como se precisasse se controlar.— Isso precisa acabar, Camila. Esse garoto não é pra você. Você tem um nome a zelar, uma família, um futuro. E esse futuro não inclui um... um qualquer.Meu sangue ferveu.— Ele tem nome! Guilherme. E ele é muito mais digno do que m
Capítulo 29Camila narrando :Vesti um vestido simples e passei uma maquiagem leve para disfarçar a cara de choro. Respirei fundo, tentando reunir forças para descer. Eu sabia que não tinha escolha, então endireitei a postura e saí do quarto. Meus passos ecoavam no corredor, e a cada degrau que eu descia, sentia meu peito apertar ainda mais.Ao chegar na sala de jantar, meu pai estava sentado à cabeceira da mesa, conversando com os pais do Albert. Assim que me viu, Albert se levantou e veio até mim, um sorriso polido no rosto.— Oi, Camila — ele disse, me dando um beijo no rosto.— Oi, Albert — murmurei, tentando parecer natural.Ele me analisou por um instante e franziu levemente a testa.— Você estava chorando? — perguntou baixo, inclinando-se um pouco para me encarar melhor.Balancei a cabeça rapidamente.— Não, só estou com enxaqueca — respondi, forçando um sorriso.Antes que ele pudesse insistir no assunto, a mãe dele se aproximou com um olhar gentil.— Oi, querida! Que linda voc
Capítulo 30Guilherme narrando :Passei a tarde toda no café trabalhando, mas minha cabeça tava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa. Camila.As palavras dela não saíam da minha mente. O jeito que ela falou do pai, da pressão que tava sentindo… aquilo me deixou inquieto. Eu sabia que a família dela era cheia de regras e expectativas, mas não imaginava que fosse tão pesado assim.Cheguei em casa exausto, joguei minha mochila no canto da sala e fui direto pra cozinha, onde minha mãe tava terminando de preparar o jantar. O cheiro de comida boa preencheu o ar, mas nem isso acalmava a inquietação dentro de mim.— Mãe… preciso conversar com você.Ela levantou o olhar, preocupada.— O que foi, filho? Tá tudo bem?Suspirei e puxei uma cadeira, sentando de frente pra ela.— É sobre a Camila… e o pai dela.Minha mãe enxugou as mãos no pano de prato e se sentou também.— O que aconteceu?Passei a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos.— Ele não aceita a gente. Não quer que ela
Capítulo 31Camila narrando Quando o Guilherme disse que eu podia ficar, senti um alívio tão grande que quase chorei de novo. Mas me segurei. Já tinha chorado demais por hoje.Me ajeitei no sofá, passando as mãos no vestido meio amassado. Minha cabeça ainda estava uma bagunça, e o silêncio do apartamento fazia tudo parecer ainda mais real.Guilherme sentou do meu lado, os olhos atentos em mim.— Quer falar sobre isso? — ele perguntou.Suspirei, apoiando os cotovelos nos joelhos.— Meu pai… ele não quer que eu escolha nada. Ele só decide e pronto. E eu não posso fazer nada, porque ele tem tudo planejado, tem o dinheiro, tem o poder… E eu? Eu sou só a filha dele, e tenho que obedecer.Senti a raiva crescendo dentro de mim, mas também uma tristeza imensa.— Ele acha que eu sou um objeto, que pode me dar pra quem ele quiser.Apertei as mãos com força. O rosto do Albert veio na minha mente, aquele jeito dele de achar que já tinha tudo garantido, como se eu fosse parte do contrato.— Eu nã
Capítulo 32 Guilherme narrando: Eu estava tão imerso em tudo o que estava acontecendo que quase não consegui processar o que estava ali. O olhar dela, o jeito que me tocava, parecia que o tempo tinha parado. Quando ela sorriu e se levantou, não pensei duas vezes. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela já estava nos meus braços, me envolvendo com força, como se tivesse medo de que eu pudesse sumir. Ela me olhou nos olhos, e eu vi algo ali. Algo que eu não sabia se era medo, insegurança ou um pedido silencioso para não deixá-la ir. A proximidade entre nós parecia aumentar a cada segundo, e, sem conseguir mais segurar, eu a beijei. A primeira vez foi como um alívio. A segunda, mais intensa, mais apaixonada, como se nossos corpos estivessem pedindo isso um do outro. Eu apertava sua cintura, a puxava para mais perto, querendo sentir sua presença de um jeito quase desesperado. Ela se entregou, e a sensação de tê-la ali, tão próxima, era tudo o que eu precisava. Tudo o que eu que
Capítulo 33Camila narrando:Acordei no outro dia escutando o despertador do Guilherme tocando. Ele logo desligou e me olhou, sorrindo.— Bom dia.— Bom dia — eu respondi, morrendo de preguiça. Ele me puxou pra um beijo demorado, e eu senti o corpo todo dolorido da noite passada, quase não dormimos essa noite, mas não queria reclamar. Aquele beijo era mais do que suficiente pra me fazer esquecer do cansaço.— Temos que ir pra escola — ele disse, ainda me abraçando.— Guilherme, eu não trouxe minha mochila... Acho que vou pra casa — eu falei, meio desconfortável com a situação.Ele me encarou, pensativo.— A gente tem que ver o que fazer. Não dá pra ficar assim, Camila — ele disse com um tom sério. Eu sabia que ele tinha razão.Suspirei e pensei por um momento, tentando organizar os meus pensamentos.— Eu sei disso, mas não adianta eu ficar fugindo do meu pai, isso não vai resolver nada — eu falei, e ele assentiu, concordando comigo. A sensação de estar perdida no meio dessa confusão
Capítulo 34Guilherme narrando:Peguei o ônibus e fui até o terminal, depois peguei mais um pra ir pra escola. O trajeto foi longo, mas minha cabeça tava longe dali. Pensava na Camila, no jeito que ela saiu, no medo nos olhos dela.Cheguei na escola e, logo que pisei no pátio, bateu o sinal. Respirei fundo e fui pro corredor. A aula não é a mesma sem a Camila. O tempo parece se arrastar, e eu só consigo me perguntar se ela tá bem. A aula foi passando, arrastada. Eu mal conseguia prestar atenção em qualquer coisa, minha cabeça tava em outro lugar. Quando chegou meio-dia, nem perdi tempo. Peguei minha mochila e saí dali direto pro café onde trabalho.O caminho até lá foi rápido, mas minha mente continuava pesada. Eu só queria resolver logo essa parada do celular e falar com a Camila. Saber se ela tava bem, se precisava de alguma coisa. Algo me dizia que as coisas na casa dela não tavam nada tranquilas.A tarde foi passando devagar, o movimento no café tava tranquilo, mas minha cabeça t