Capítulo 25Camila narrando:Acordei com o som do despertador, aquele barulho irritante que sempre parece ser mais forte quando você não está com vontade de levantar. Olhei pro lado e vi a luz do sol entrando pela janela, iluminando a cama. Levantei devagar, ainda com preguiça. O dia já começava a clarear, e eu sabia que o tempo não ia esperar. Era hora de me arrumar.Fui até o banheiro, me encarei no espelho e dei um suspiro. O dia anterior ainda estava fresco na minha memória, o beijo de Guilherme, as palavras que ele tinha dito. Ele era diferente, e eu sentia isso, mas algo dentro de mim me dizia que eu tinha que continuar com a minha rotina. A vida não podia parar.Tirei o pijama e entrei no banho quente, deixando a água me relaxar por um momento. Quando saí, me sequei e peguei o uniforme da escola. Coloquei a blusa, a saia e, por fim, o tênis. Meu cabelo estava um pouco bagunçado, então passei a escova rapidamente, ajeitando um pouco o visual. Não queria perder a hora, mas també
Capítulo 26Camila narrando :Assim que o sinal bateu, eu e Guilherme nos olhamos rápido, como se tivéssemos sido arrancados à força daquele momento só nosso. Ele segurou minha mão e me deu um último aperto antes da gente se separar.— Depois a gente conversa mais, tá? — ele disse baixinho, olhando dentro dos meus olhos.Eu concordei com a cabeça e soltei um suspiro pesado.— Tá bom... Mas fica perto de mim no intervalo — pedi, e ele sorriu.— Sempre fico.A gente entrou na escola juntos, e eu sentia o coração ainda acelerado. Caminhamos até a sala de mãos dadas, sem pressa, como se aquele corredor fosse nosso. Quando chegamos, soltei um suspiro e sentei no meu lugar. Guilherme sentou logo atrás de mim, como sempre.O professor entrou na sala e começou a aula, mas minha mente tava longe. Eu tentava prestar atenção, mas tudo o que passava pela minha cabeça era a conversa com meu pai mais cedo e a proposta do Guilherme. Meu coração tava dividido entre o medo do que poderia acontecer e a
Capítulo 27Camila narrando :Continuação :Cruzei os braços e encarei a Nanda de cima a baixo, segurando a vontade de voar no pescoço dela.— E você, Nanda? Até quando vai continuar sendo essa pessoa podre? — cuspi as palavras, sem paciência pra falsidade dela.Ela revirou os olhos, debochada.— Ah, Camila, fala sério. Você sabe que esse tipo de gente não é pra você. Olha pra ele! — apontou pro Guilherme, como se ele fosse inferior.Senti meu sangue ferver. Antes que eu respondesse, Guilherme apertou minha mão, tentando me acalmar.— Deixa pra lá, Camila. Essa garota não merece sua energia.Mas eu não conseguia deixar passar. Dei um passo à frente, olhando bem na cara da Nanda.— Sabe o que não é pra mim? Gente nojenta como você. Que acha que vale alguma coisa só porque tem dinheiro. Você pode ter o sobrenome bonito, mas é podre por dentro.O sorriso dela sumiu na hora. Algumas pessoas ao redor começaram a olhar, percebendo a treta se formando.— Você não me conhece, Camila. Tá se ac
Capítulo 28Camila narrando :Continuação :Ele tamborilou os dedos na mesa, o olhar pesado me perfurando. Fechei a porta atrás de mim e fiquei parada ali, esperando ele falar. O silêncio foi cortado por um suspiro irritado.— Onde você estava, Camila? — a voz dele era dura, sem paciência.Engoli em seco, mantendo a postura firme.— Na escola. Onde mais eu estaria?Ele soltou uma risada seca, como se já estivesse farto antes mesmo da conversa começar.— Não se faça de sonsa. Eu sei que você saiu com aquele moleque. Sabe quantas pessoas me viram sua cena ridícula no meio da rua?Meu estômago revirou, mas tentei não demonstrar.— Eu não fiz nada de mais, pai. Eu só fui até o ponto com ele.Ele se levantou, ajeitando a gravata como se precisasse se controlar.— Isso precisa acabar, Camila. Esse garoto não é pra você. Você tem um nome a zelar, uma família, um futuro. E esse futuro não inclui um... um qualquer.Meu sangue ferveu.— Ele tem nome! Guilherme. E ele é muito mais digno do que m
Capítulo 29Camila narrando :Vesti um vestido simples e passei uma maquiagem leve para disfarçar a cara de choro. Respirei fundo, tentando reunir forças para descer. Eu sabia que não tinha escolha, então endireitei a postura e saí do quarto. Meus passos ecoavam no corredor, e a cada degrau que eu descia, sentia meu peito apertar ainda mais.Ao chegar na sala de jantar, meu pai estava sentado à cabeceira da mesa, conversando com os pais do Albert. Assim que me viu, Albert se levantou e veio até mim, um sorriso polido no rosto.— Oi, Camila — ele disse, me dando um beijo no rosto.— Oi, Albert — murmurei, tentando parecer natural.Ele me analisou por um instante e franziu levemente a testa.— Você estava chorando? — perguntou baixo, inclinando-se um pouco para me encarar melhor.Balancei a cabeça rapidamente.— Não, só estou com enxaqueca — respondi, forçando um sorriso.Antes que ele pudesse insistir no assunto, a mãe dele se aproximou com um olhar gentil.— Oi, querida! Que linda voc
Capítulo 30Guilherme narrando :Passei a tarde toda no café trabalhando, mas minha cabeça tava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa. Camila.As palavras dela não saíam da minha mente. O jeito que ela falou do pai, da pressão que tava sentindo… aquilo me deixou inquieto. Eu sabia que a família dela era cheia de regras e expectativas, mas não imaginava que fosse tão pesado assim.Cheguei em casa exausto, joguei minha mochila no canto da sala e fui direto pra cozinha, onde minha mãe tava terminando de preparar o jantar. O cheiro de comida boa preencheu o ar, mas nem isso acalmava a inquietação dentro de mim.— Mãe… preciso conversar com você.Ela levantou o olhar, preocupada.— O que foi, filho? Tá tudo bem?Suspirei e puxei uma cadeira, sentando de frente pra ela.— É sobre a Camila… e o pai dela.Minha mãe enxugou as mãos no pano de prato e se sentou também.— O que aconteceu?Passei a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos.— Ele não aceita a gente. Não quer que ela
Capítulo 31Camila narrando Quando o Guilherme disse que eu podia ficar, senti um alívio tão grande que quase chorei de novo. Mas me segurei. Já tinha chorado demais por hoje.Me ajeitei no sofá, passando as mãos no vestido meio amassado. Minha cabeça ainda estava uma bagunça, e o silêncio do apartamento fazia tudo parecer ainda mais real.Guilherme sentou do meu lado, os olhos atentos em mim.— Quer falar sobre isso? — ele perguntou.Suspirei, apoiando os cotovelos nos joelhos.— Meu pai… ele não quer que eu escolha nada. Ele só decide e pronto. E eu não posso fazer nada, porque ele tem tudo planejado, tem o dinheiro, tem o poder… E eu? Eu sou só a filha dele, e tenho que obedecer.Senti a raiva crescendo dentro de mim, mas também uma tristeza imensa.— Ele acha que eu sou um objeto, que pode me dar pra quem ele quiser.Apertei as mãos com força. O rosto do Albert veio na minha mente, aquele jeito dele de achar que já tinha tudo garantido, como se eu fosse parte do contrato.— Eu nã
Capítulo 32 Guilherme narrando: Eu estava tão imerso em tudo o que estava acontecendo que quase não consegui processar o que estava ali. O olhar dela, o jeito que me tocava, parecia que o tempo tinha parado. Quando ela sorriu e se levantou, não pensei duas vezes. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela já estava nos meus braços, me envolvendo com força, como se tivesse medo de que eu pudesse sumir. Ela me olhou nos olhos, e eu vi algo ali. Algo que eu não sabia se era medo, insegurança ou um pedido silencioso para não deixá-la ir. A proximidade entre nós parecia aumentar a cada segundo, e, sem conseguir mais segurar, eu a beijei. A primeira vez foi como um alívio. A segunda, mais intensa, mais apaixonada, como se nossos corpos estivessem pedindo isso um do outro. Eu apertava sua cintura, a puxava para mais perto, querendo sentir sua presença de um jeito quase desesperado. Ela se entregou, e a sensação de tê-la ali, tão próxima, era tudo o que eu precisava. Tudo o que eu que