Túlio decidiu não insistir na pergunta. Ele sabia que, se Clarice estivesse grávida, mais cedo ou mais tarde ele descobriria. As palavras de Túlio fizeram Clarice apertar instintivamente os dedos ao redor da pequena caixa. O metal pressionava sua palma, causando uma dor leve. Será que Túlio sabia de sua gravidez? — Esqueça, finja que eu não perguntei. — Túlio disse, percebendo que a pergunta a deixara desconfortável. Ele não queria forçá-la e preferiu deixar o assunto para lá. Ao ver a expressão de desânimo que passou rapidamente pelo rosto de Túlio, Clarice sentiu um aperto no coração. Ela abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida por batidas na porta. — Quem é? — Túlio perguntou, com a voz firme. — Sou eu. — Sterling respondeu do lado de fora. Clarice olhou para Túlio e disse: — Vovô, eu vou indo agora. Ela se levantou, pronta para sair. — Tudo bem. Mas cuidado no caminho. Quando chegar em casa, me avise, senão vou ficar preocupado. — Túlio respondeu, sem i
Alguns segundos depois, Clarice abriu a mensagem. Era uma selfie de Teresa. No fundo da foto, na parede, estava pendurado um quadro com uma foto de casamento que Teresa havia mandado editar, colocando ela e Sterling como se fossem os noivos. Clarice lembrou que, quando ela mesma havia colocado a foto original naquele mesmo lugar, Sterling a ridicularizou com comentários sarcásticos. Mas, na época, ela ainda acreditava no casamento e queria construir uma vida longa e feliz ao lado dele, ignorando suas provocações. Por insistência dela, a foto ficou pendurada ali por três anos. No dia em que Clarice saiu da Mansão Davis, com toda a correria para organizar sua mudança, ela acabou esquecendo de tirar a foto e destruí-la. Agora, com o divórcio recém-assinado, Teresa já tinha se mudado para a mansão. Teresa parecia mesmo não ter perdido tempo. Clarice pensou na ironia da situação. Durante o jantar na Mansão Davis, Sterling ainda teve a audácia de provocá-la. Por sorte, ela já havia
Jaqueline estava tão preocupada com Clarice que, por um momento, até esqueceu a dor causada pela notícia do encontro de Simão. Clarice desligou o celular e desceu rapidamente as escadas para esperar Jaqueline. Enquanto isso, Jaqueline desligou a ligação, trocou de roupa às pressas e saiu apressada de casa. Mas, ao abrir a porta, deu de cara com o rosto familiar de Simão. — Tão tarde assim, para onde você está indo? — Simão perguntou, com a expressão claramente irritada. Jaqueline abaixou a cabeça, evitando olhar para ele. — Eu não quero te ver agora. Volte para casa! Ela precisava de um tempo para colocar os pensamentos em ordem. — Jaqueline, você está fazendo birra comigo? — O tom de Simão era áspero. — Eu te disse aquilo não para que você se afastasse de mim! Jaqueline levantou o rosto e olhou diretamente para ele. — Então quer dizer que, mesmo estando com ela, você não pensou em me deixar em paz, é isso? A ideia de Simão querer que ela aceitasse ser a outra, vive
— Clarice, estou grávida. Você precisa se divorciar do Sterling o quanto antes, senão, quando a criança nascer, vai crescer sem pai. Que crueldade seria! — A voz chorosa da mulher ecoava pelo telefone.Clarice Preston apertou as têmporas com os dedos, o rosto impassível enquanto respondia com frieza:— Teresa, quer dizer mais alguma coisa? Fale logo, assim eu gravo tudo de uma vez. Vai ser útil no processo de divórcio para eu pegar mais dinheiro dele.— Clarice, sua desgraçada! Está gravando?! — Teresa gritou, furiosa, antes de desligar abruptamente.O som do telefone mudo ficou no ar. Clarice abaixou o olhar para o teste de gravidez que segurava nas mãos. As palavras "quatro semanas" saltavam da folha como se estivessem em negrito. Aquilo parecia um golpe, mas, ao mesmo tempo, uma chance de redenção.Ela havia planejado contar a Sterling sobre a gravidez naquela mesma noite, mas agora sabia que isso era desnecessário. A decisão já estava tomada: aquele filho, apesar de vir em um momen
Clarice olhou para o homem que havia falado. Era Callum Martinez, amigo de infância de Sterling. A família Martinez era uma das mais tradicionais de Londa, e Callum sempre desprezara Clarice por sua origem humilde. Contudo, aquele típico playboy arrogante não passava de uma ferramenta nas mãos de Teresa, constantemente usado por ela para atacá-la.Pensando nisso, Clarice esboçou um leve sorriso. Seus lábios vermelhos se moveram com delicadeza, e sua voz soou suave:— A senhora Teresa de quem você fala é a esposa legítima do irmão mais velho do Sterling. Se alguém ouvir o que você acabou de dizer, pode acabar pensando que existe algo... Inapropriado entre eles.Callum havia falado de propósito para irritá-la, mas Clarice não via necessidade de poupar Sterling na frente de seus amigos. Ela o amava, sim, mas não ao ponto de aceitar humilhações.Teresa, que até então parecia satisfeita, imediatamente apertou os punhos ao ouvir aquelas palavras. Uma expressão sombria passou rapidamente por
— Você não disse que alguém queria te matar? Só liguei para confirmar se você já morreu. — A voz do homem era carregada de sarcasmo. Clarice apertou o celular com força, respondendo palavra por palavra: — Eu sou dura na queda. Não vou morrer tão fácil! Assim que terminou de falar, desligou a ligação e bloqueou o número de Sterling em um movimento rápido e decidido. …Na suíte VIP de um hospital pertencente ao Grupo Davis, Teresa estava deitada na cama. Sua pele parecia pálida demais, quase translúcida, como se uma brisa pudesse derrubá-la. Sterling estava encostado em uma das paredes, segurando o celular. Seu rosto estava impassível, difícil de ler. Teresa, nervosa, tentou medir suas palavras: — Sterling, a Clarice está bem? Ele guardou o celular no bolso, sem mudar a expressão: — Ela está bem. Por dentro, Teresa amaldiçoava Clarice, mas manteve a voz doce e preocupada: — Você deveria ir para casa ficar com ela. Aqui tem médicos e enfermeiros, não precisa se preoc
— Ela sofreu um acidente de carro? — Sterling perguntou, franzindo os lábios enquanto seus olhos escuros pousavam em Jaqueline. De repente, ele se lembrou da ligação que havia recebido de Clarice na noite anterior. E se fosse verdade...Nesse momento, a porta do quarto foi aberta. Clarice entrou com sua habitual elegância fria, irradiando uma aura distante. Teresa, ao vê-la, deixou transparecer por um breve momento uma expressão sombria, mas rapidamente a substituiu por uma máscara de preocupação. — Eu ouvi dizer que você sofreu um acidente! Venha cá, deixa eu ver se está tudo bem. Foi grave? — Teresa falou com uma urgência exagerada, como se realmente estivesse preocupada. Os olhos de Sterling escureceram ainda mais. Para ele, aquilo só podia significar uma coisa: Clarice e Jaqueline haviam se unido para enganá-lo. Clarice caminhou até Jaqueline e, com um gesto protetor, puxou-a para trás de si. — Volte para casa. Deixe isso comigo. — Disse ela com firmeza. Jaqueline, in
— Sacrificar a mim para ajudar Teresa? Nem sonhe, Sterling! — Clarice falou com um sorriso no rosto, mas com a dor rasgando seu peito. — Além disso, já decidi: quero o divórcio. Me diga quando terá tempo para irmos ao cartório resolver isso. O sorriso dela era radiante, mas quanto mais brilhava, mais dolorido era o vazio dentro dela. Ela sempre soube que Sterling favorecia Teresa, mas nunca imaginou que a preferência dele fosse tão descarada. No entanto, deixar Teresa se aproveitar dela para subir na vida? Nunca! — Quer o divórcio? Então resolva primeiro o assunto do trending topic de Teresa. Depois disso, eu te dou o que você quer. Mas se eu tiver que agir, não será tão simples quanto você fazer uma retratação. — Sterling respondeu com firmeza, sem nem pensar duas vezes. Para ele, o pedido de divórcio de Clarice era apenas uma estratégia para chamar sua atenção. Ele não acreditava que ela realmente quisesse terminar o casamento. Afinal, três anos atrás, Clarice havia usado t